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Por Marco Condez

Rafael Ribeiro / CBF

O saldo dos dois amistosos da Seleção Brasileira mostrou que o trabalho de Dorival Júnior ainda é incipiente. Se contra o México a fragilidade foi a questão criativa, contra os EUA o setor defensivo foi o que mostrou maior vulnerabilidade. De um modo geral, houve falta de equilíbrio tático, o que prejudicou a equipe coletivamente.

As falhas estruturais são, até certo ponto, normais, considerando que Dorival está iniciando seu trabalho e o grupo convocado não está habituado com a filosofia do treinador, que é menos ofensiva que a de Diniz e menos conservadora que a de Tite. A forma como Dorival trabalha é diferente, pois alia controle de jogo com verticalidade e preza pela segurança defensiva, com marcação alta, facilitando a compactação da equipe.

Foi o quarto jogo com Dorival Júnior no comando técnico e a equipe sofreu 6 gols, o que denota que o setor defensivo não está completamente adaptado e mostra fragilidades. Contra a Seleção dos EUA, o goleiro Alisson foi muito exigido e, apesar de ter falhado no lance do gol adversário, teve atuação de destaque no decorrer do jogo, fazendo, pelo menos, três defesas importantes, que mantiveram o empate até o final.

Em vários momentos dos Amistosos da Seleção Brasileira 2024, a equipe brasileira apresentou espaços entre os setores, que foram bem aproveitados pelos adversários e geraram desconforto tático. Contra os americanos, as substituições deram maior dinamismo à equipe brasileira. Com Bruno Guimarães e João Gomes ajudando na armação de jogadas e Lucas Paquetá sendo o principal articulador, o meio-campo se tornou leve e a equipe mais técnica, mas perde capacidade de marcação.

Vale ressaltar que a equipe ficou previsível, com a procura excessiva pela participação de Vini Jr. na ala esquerda, tornando o jogador a principal alternativa ofensiva. A entrada do atacante Savinho deixou a equipe mais equilibrada, pois o lado direito passou a ser alternativa interessante, diminuindo a previsibilidade do time.

Dorival tem mudado a escalação da Seleção Brasileira para testar alternativas e, no quarto jogo contra os EUA, parece já ter uma base titular, com Paquetá na função de organizador do meio-campo, sendo o substituto natural de Neymar. Vini Jr., Rodrygo e Raphinha completam o setor de ataque. Na zaga, Marquinhos ainda não tem companheiro definido e na lateral Danilo e Wendell parecem ser os preferidos.

O protagonismo tático da equipe também deixou a desejar contra a Seleção dos Estados Unidos, pois houve dificuldade na troca de passes, que em determinados momentos foram lentos e não ajudaram a tornar a posse de bola efetiva. Nos jogos amistosos, tanto México quanto EUA aproximaram as linhas de marcação, tentando diminuir ao máximo o espaço do meio-campo. Enfrentar essas equipes com postura conservadora foram testes interessantes, uma vez que devem ser estratégias comuns na primeira fase da Copa América.

Para a Seleção Brasileira, a Copa América 2024 se inicia no dia 24 de junho, com o confronto contra a Costa Rica, que é uma equipe fraca técnica e taticamente e deverá adotar uma estratégia eminentemente reativa. A Seleção da Costa Rica fez sucesso na Copa do Mundo de 2014, mas sem atuação de destaque após aquela geração e, portanto, deverá jogar fechada, aguardando erro defensivo do adversário para atacar.

No segundo jogo da Copa América, o Brasil enfrentará o Paraguai, que também deverá adotar postura semelhante à da Costa Rica. Possui em seu elenco Gustavo Gómez, que atualmente joga no Palmeiras e possui bom posicionamento nas jogadas de bola parada ofensiva, que poderá ser o diferencial perigoso do Paraguai.

O Brasil fecha a primeira fase contra a forte Seleção da Colômbia, que tem James Rodríguez e Luis Díaz como principais destaques. O Brasil poderá ser beneficiado com a postura tática da Colômbia, que alia controle com verticalidade e tende a deixar espaços defensivos que poderão ser bem aproveitados, principalmente por Vini Jr. e Rodrygo.

A expectativa é que as arestas percebidas sejam aparadas neste período de treinamentos que antecedem a estreia da Seleção Brasileira na Copa América 2024 e que a pressão de estar disputando jogos oficiais traga maior concentração à equipe brasileira.

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