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Por Marco Condez

Lee Smith/Reuters

O Real Madrid, mais uma vez, é o dono da taça da Champions League. A equipe merengue chegou pela décima quinta vez ao título da Liga dos Campeões 2023/2024, quebrando mais um recorde, pois não perdeu nenhum jogo nesta temporada. Foram 9 vitórias e 4 empates, com o brasileiro Vini Jr. sendo o artilheiro da equipe, com 6 gols marcados e considerado o melhor jogador da competição.

Mas, na verdade, acredito que o grande nome deste título foi o técnico Carlo Ancelotti, que foi capaz de reinventar o time em várias ocasiões, tornando as oscilações não tão fatais a ponto de causar derrotas.

É necessário muito mais que oscilações para desbancar o Real Madrid na Champions. Todo adversário que enfrenta a equipe merengue tem que estar focado cem por cento em sua performance tática e não deixar a mínima oportunidade para que o Real se recupere dentro do jogo.

Foi isso que o Borussia Dortmund fez no primeiro tempo do jogo final, mas empilhou oportunidades e não conseguiu abrir o placar. Pode parecer clichê, mas o velho ditado de "Quem não faz, toma" ajuda a descrever o cenário dessa decisão.

A própria inquietude de Ancelotti para arrumar o time, que claramente não fazia um bom primeiro tempo contra o Borussia Dortmund, mostra que o treinador leu corretamente o cenário do jogo, que foi alterado radicalmente, sem mudanças de peças, mas com alterações de posicionamentos. Na segunda etapa, o Real, com as linhas mais baixas e mais próximas, possibilitou a mudança na postura tática da equipe.

Vejo o atual Real Madrid como o resultado da simbiose entre os conceitos do treinador e a perfeita execução pelos jogadores do esquema proposto. Além disso, o enorme domínio que o treinador tem sobre o grupo lhe permite exercer seu excelente poder de improvisação, que rende resultados positivos devido à qualidade dos jogadores e à confiança que o grupo deposita no trabalho que é desenvolvido.

A mudança do posicionamento de Vini Jr. foi uma das melhores sacadas de Ancelotti. A versatilidade que Vini tem mostrado, agregando o papel tático de centroavante de referência, tem auxiliado tanto a equipe quanto o jogador, que tem se tornado mais completo.

Além disso, o técnico efetivou o brasileiro Rodrygo como titular, que também faz a mesma função de camisa 9, apesar de estar mais habituado a jogar na outra ponta. A falta de um jogador de qualidade para ocupar a função de camisa 9 obrigou Ancelotti a fazer “improvisações”, após a saída de Benzema, que deixou o comando do ataque vago.

Pode parecer confuso, mas neste Real Madrid versão 23/24, a função de volante e meio-campista articulador se confundem, pois não são bem definidas. Ora Bellingham assumia como principal articulador do meio-campo, ora Kroos era mais recuado para auxiliar no início da construção de jogadas ofensivas, e Modric, como substituto oficial de Kroos, se revezava na função de volante para tornar a saída de bola mais qualificada.

A sorte também caminhou ao lado do time espanhol, pois em vários momentos das fases decisivas da competição, o Real flertou com a eliminação. Podemos dizer que este flerte quase se concretizou no jogo contra o Manchester City, frente ao Bayern de Munique e no jogo final contra o Borussia Dortmund. Daí entraram em cena os craques do elenco, que, com seus desempenhos individuais marcantes e decisivos, o mantiveram vivo na competição.

Os goleiros, tanto Courtois como Lunin, tiveram atuação destacada para a conquista deste título. Lunin teve a grata satisfação de substituir Courtois, que ficou ausente em boa parte da temporada devido a lesão, e não titubeou. Garantiu que o time merengue permanecesse na competição em diversas ocasiões, inclusive nas cobranças de pênaltis no jogo contra o Manchester City, nas quartas de final.

Courtois voltou para o jogo decisivo da final e fez defesas que somente um goleiro da sua qualidade é capaz de efetuar. Nos momentos em que o Real Madrid não conseguia ter uma performance coletivamente aceitável, assegurou que o Borussia Dortmund não transformasse o seu maior volume de jogo em números reais no placar.

Vini Jr., que decisivamente faz a melhor temporada de sua carreira no futebol europeu, foi agraciado com a mudança de posicionamento em campo, que evidenciou sua característica de artilheiro. O resultado foi que Vini Jr. se tornou o rosto da vitória da Champions League 2023/24.

Mas um time vencedor não é feito apenas de atuações individuais. Vários são os heróis improváveis que também se destacaram nessa campanha. O lateral-direito Carvajal, que abriu o placar depois de um primeiro tempo no qual a situação não estava nada confortável para o Real, auxiliou na mudança de cenário do jogo final. Nas semifinais, Joselu foi o grande destaque, fazendo dois gols, deixando o time madrileño vivo e ajudando a comprovar que a mística do Real Madrid com a Champions existe.

Além dos fatores táticos, o mais impressionante é a fome do elenco merengue na busca constante do melhor desempenho. Outro comportamento agregador é que, independentemente do status que o jogador ocupa hoje, ele poderá amanhã estar na reserva ou dividindo sua função com outro atleta, sem desconforto para nenhum dos lados.

Assim, a gestão de grupo do Real Madrid é também um diferencial que visa o melhor para o time, principalmente porque o elenco está sempre em renovação e não permite acomodações. Está confirmada a aposentadoria de Kroos e se aproximando as saídas de Carvajal e Modric. Mas estão chegando Mbappé e Endrick (do Palmeiras).

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