Há duas formas de ver a classificação da Inglaterra contra a organizada Eslováquia. A otimista exaltará o espírito de luta da equipe, e o talento de Bellingham e Harry Kane para buscar uma vitória nos acréscimos em jogo basicamente perdido. A pessimista ressaltará mais uma atuação ruim coletivamente e os gols da vitória buscados de forma aleatória. O tempo dirá quem está certo.
O English Team fez um 1º tempo péssimo e viu a Eslováquia abrir justa vantagem com o jogo mais efetivo que fazia. Conseguiu pressionar sem tanta ordem na 2ª etapa, esteve a dois minutos da eliminação, e colheu os frutos de ter dois dos melhores jogadores do mundo na atualidade.
Escalações
Gareth Southgate enfim se rendeu e escalou o jovem Mainoo ao lado de Rice e Bellingham no meio-campo. Gallagher foi sacado. O restante da equipe foi o mesmo. Já o italiano Francesco Calzona repetiu a base da Eslováquia na 1ª fase. Incluindo a manutenção de Strelec como o centroavante do trio de ataque da equipe.
O jogo
Quem acompanhou os outros jogos de Inglaterra e Eslováquia nesta Euro não pode dizer que se surpreendeu com a história do 1º tempo. Os azarões foram mais efetivos dentro do plano traçado e conseguiram a vitória parcial diante dos pouco criativos, mas favoritos ingleses. O principal ponto de desequilíbrio aos eslovacos esteve na verticalidade buscada desde os primeiros minutos.
Seja acelerando em retomadas de bola no campo de ataque ou em contragolpes, o caráter já estava nítido. E ficou ainda mais claro nos momentos de subida de marcação da Inglaterra. Ao invés de insistir na saída com passes curtos, a opção foi a bola longa.
Com um trio de frente muito físico, que ainda contou com o auxílio de Kucka e Duda na disputa de ''primeira'' e ''segunda'' bola, a Eslováquia levou vantagem diante de uma linha defensiva inglesa insegura. Até mesmo jogadores de elite como Stones e Walker fraquejaram em duelos individuais diante de Schranz, Haraslin e Strelec.
Guéhi já tinha impedido um gol de Haraslin em jogada oriunda de ligação direta de Dubravka para Strelec, mas o zagueiro do Crystal Palace acabou demorando a reocupar a sua zona em nova bola longa adversária logo depois, e viu Strelec servir Schranz. O gol eslovaco fez justiça ao time que mais esteve perto de marcar, e isso se estendeu até o fim da 1ª etapa.
A Inglaterra voltou a ser uma equipe sem regularidade para criar. Na maioria das vezes prendia Walker junto aos zagueiros na saída de bola e projetava Trippier bem aberto pela esquerda. A ideia era ter amplitude pela direita com Saka, maneira em que costuma desequilibrar, e promover flutuações de Foden para o meio, deixando o melhor jogador da última Premier League mais perto de Bellingham.
Além de o time não conseguir conectar as peças na ocupação de espaços descrita acima, o posicionamento dos jogadores variava em alguns momentos, mas sem tanta ordem ou coordenação nos movimentos a medida que a bola chegava nas proximidades da área. A posse circulava, mas sem tanta penetração diante de uma defesa compacta e dura nos combates.
Bellingham, Mainoo e Rice, em ações individuais e isoladas, somaram poucos bons momentos ao time, mas nada que conseguisse estabelecer uma pressão efetiva. Nenhuma bola no gol adversário foi chutada. Na 2ª etapa, porém, a situação mudaria. Desde os primeiros instantes pós-intervalo, os ingleses pareceram mais focados em obedecer o posicionamento de cada peça ao atacar.
Isso ficou nítido na linda jogada construída para o gol anulado de Foden logo aos quatro minutos. Giro rápido de lado, Kane recebendo na referência, Trippier avançando bem aberto pela esquerda, e Foden por dentro, atacando a área para marcar, mas em impedimento. De qualquer forma, já era um sopro de esperança e sinal de que a Inglaterra poderia ser mais contundente.
Percebendo a queda física de sua equipe, Francesco Calzona sacou Haraslin e Strelec. Suslov e Bozenik entraram no ataque. Southgate não quis esperar mais e tirou Trippier antes da metade da 2ª etapa. Cole Palmer entrou na ponta-direita e Saka foi improvisado na lateral-esquerda.
O time perdeu a pouca capacidade que apresentava de entrar na defesa adversária com a pelota no chão. Começou a alçar muitas bolas, algumas delas a esmo. A Eslováquia mantinha o bloco de marcação perto da própria área, tentava acumular jogadores nas zonas de finalização para cortar passes e bloquear os arremates ingleses.
Harry Kane perdeu grande chance de empatar ao cabecear para fora uma cobrança de falta de Foden. Rice, o melhor da Inglaterra, mandou um lindo chute na trave direita pouco depois. O ''abafa'' seguiu até os acréscimos, já com Eze e Toney nos lugares de Mainoo e Foden, e aí o empate foi conquistado com a linda bicicleta de Bellingham após ''casquinha'' de Guéhi em lateral cobrado na área.
O primeiro minuto de prorrogação confirmou a tese da diferença anímica das equipes naquele momento. A Inglaterra virou com Harry Kane, que desta vez finalizou bem uma bola preparada por Toney em nova jogada aérea.
A Eslováquia demorou a se recuperar e só voltou a atacar com perigo no último minuto do 1º tempo da prorrogação. A Inglaterra tinha o time bem desfigurado àquela altura pelas mexidas feitas por Southgate anteriormente. Saka atuava na ala-direita. No intervalo do tempo-extra ele tentou reequilibrar o time com as entradas de Konsa e Gallagher, mas sacou Bellingham e Harry Kane para isso.
Os eslovacos automaticamente pressionaram nos últimos 15 minutos, mas em um cenário de jogo pouco favorável às suas características e sem os principais jogadores da equipe - já substituídos -, não conseguiram alcançar o empate e terminaram eliminados.
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