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Por Rodrigo Coutinho — Rio de Janeiro/RJ

Maxi Franzoi/AGIF

Vencer três jogos de Libertadores em um intervalo de dez dias. Isso depois de um mês sem entrar em campo e mais de uma semana sem treinar em meio ao maior desastre ambiental do estado do clube. Este era o tamanho do desafio do Grêmio, que por cerca de 15 minutos não conseguiu concluir com êxito a missão de bater o Estudiantes na noite deste sábado, novamente no Couto Pereira.

A importância de avaliar o desempenho do time fica em segundo plano neste momento. Por mais que o Tricolor tenha feito grande jogo contra o The Strongest e atuado bem por uma etapa diante do Huachipato, terminar com a segunda posição da chave era improvável dentro do contexto vivido recentemente. Este foi apenas o quatro jogo depois da tragédia com as chuvas de maio.

Escalações

Renato Gaúcho teve o retorno de Pavón, e esta foi a única diferença da base que vinha atuando pós-paralisação. Everton Galdino foi para o banco. Já Eduardo Dominguez optou por Manyoma na ponta-direita e Benedetti na lateral-esquerda, posições em que mantinha dúvidas antes da partida.

Como Grêmio e Estudiantes entraram em campo no jogo que finalizou o Grupo C da Libertadores 2024 — Foto: Rodrigo Coutinho

O jogo

Mesmo sem sequer ter chances de classificação para o playoff da Copa Sul-Americana, o Estudiantes, não facilitou a vida do Grêmio. As dez faltas ao todo em menos de 20 minutos de jogo ajudam na leitura de um confronto com marcações intensas nos dois lados, mas com encaixe melhor na parte argentina.

A principal dificuldade tricolor foi entender o combate aos volantes do Estudiantes. Enzo Pérez e Zuqui flutuavam por trás de Cristaldo e Diego Costa, homens do primeiro combate gaúcho, e recebiam a bola dos zagueiros antes da abordagem de Dodi e Pepê chegar. Trabalhavam rapidamente os passes e descobriam companheiros mais bem posicionados.

Piatti, nas costas dos volantes do Imortal, acabava atraindo Rodrigo Ely para fora da linha defensiva. Correa fazia o mesmo em determinados lances com Kannemann. Cetré e Manyoma infiltravam a partir dos lados. O ''efeito cascata'' gerado pelos encaixes de marcação mal definidos impediu que o Grêmio conseguisse ficar mais tempo com a bola em seus pés. Desarmou só cinco vezes em 47 minutos.

Grêmio enfrenta o Estudiantes no Couto Pereira — Foto: Robson Mafra/AGIF

O trabalho de cobertura perto da própria meta, no entanto, era bom, inibindo um volume de chances dos argentinos. Mas o jogo passava longe de estar controlado. Nas poucas vezes em que roubou bolas em condições de puxar contragolpes, o Tricolor acionava Diego Costa, que tinha mais uma ótima atuação. Clareava as jogadas e vencia constantemente os duelos contra os zagueiros.

Foi do centroavante, inclusive, o passe que gerou a melhor chance criada em toda a 1ª etapa. Recebeu de Dodi e devolveu de letra para o volante bater prensado com o goleiro Mansilla. Defensivamente, o time argentino era firme nos combates. Começava a marcar em bloco médio e pressionava a bola de maneira intensa e regular. Forçou erros de um afoito Grêmio.

Soteldo, homem que poderia desequilibrar para os gaúchos, passou grande parte da 1ª etapa no campo de defesa. Teve que descer bastante o gramado no encaixe com o ofensivo lateral Mancuso. E como o Tricolor mantinha pouco a bola na intermediária ofensiva, não dava tempo do venezuelano se apresentar com mais regularidade no ataque.

O 2º tempo não demorou a trazer a melhor condição aos gremistas. Logo no primeiro minuto o time conseguiu fazer uma boa pressão na saída de bola do Estudiantes, algo raro na 1ª etapa, e obteve efeito. Ficou com a posse e viu Diego Costa servir Cristaldo, que marcou ao bater na saída de Mansilla.

Diego Costa em Grêmio x Estudiantes — Foto: João Victor Teixeira

A má notícia veio na sequência. O centroavante sentiu lesão muscular no adutor da coxa e preocupa para as próximas semanas. JP Galvão entrou. O Grêmio conseguiu ajustar a marcação nos volantes adversários no 2º tempo, mas seguia sem ter as rédeas da partida. Em desvantagem, o time argentino passou a ter ainda tempo a bola nos pés, e chegava com perigo de forma esporádica.

Mesmo com contra-ataques perigosos finalizados por Cristaldo e JP Galvão, o Estudiantes não deixava de se lançar ao ataque. Renato reforçou o meio com a entrada de Carballo. Cristaldo saiu. Nathan Fernandes e Gustavo Nunes passaram a ser os homens de lado de campo. Muita velocidade para aproveitar o mesmo contexto em que a dupla funcionou tão bem no duelo da Argentina.

Eduardo Dominguez também utilizou suas armas de banco para chegar ao empate. E conseguiu! Zapíola, antes disso, já tinha acertado o travessão. José Sosa e Mauro Méndez aumentaram a precisão da equipe e fizeram a dobradinha do gol em escanteio cobrado pela direita. Erro de João Pedro, que foi antecipado pelo centroavante uruguaio no lance.

Mesmo com a entrada de Everton Galdino no lugar de Pepê nos últimos minutos, uma tentativa de aumentar a ofensividade gremista, o time da casa não conseguiu pressionar de forma eficaz e terminou com o empate que deu a segunda posição no Grupo C. O Fluminense será o adversário nas oitavas de final.

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