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Por Rodrigo Coutinho — Rio de Janeiro


Desde que passou a pertencer à Red Bull, o Bragantino completa em 2024 a quinta temporada consecutiva na Série A. As oscilações de ano para ano têm marcado este período de ascensão da franquia. São duas campanhas excelentes de 6º lugar e dois campeonatos de mais derrotas que vitórias. Superar essa gangorra é o desafio da vez.

E os primeiros meses têm sido provocadores neste sentido. A equipe perdeu o seu principal jogador. Léo Ortiz foi vendido para o Flamengo. E tem problemas para manter em condições de jogo ao mesmo tempo vários dos destaques dos últimos meses. O desempenho irregular em 2024 se explica por esse somatório de fatores. Bem diferente do que a equipe se acostumou a apresentar em 2023.

Pedro Caixinha segue dirigindo o Massa Bruta, e a base do modelo de jogo não mudou. Obedece a parâmetros muito próximos daquilo que é feito em outras franquias da empresa de energético. A começar pela baixa média de idade do elenco. Isso permite alta intensidade nas ações e um ritmo sufocante aos adversários, principalmente nos jogos em Bragança Paulista.

Por mais que o retrospecto como mandante em casa não seja expressivo na atual temporada, o comportamento é agudo. Sempre com o bloco de marcação adiantado, coordenado para pressionar e com a abordagem forte ao homem da bola. As reações pós-perda de posse também são enérgicas. O Bragantino quer a bola para controlar seus rivais.

Técnico Pedro Caixinha, do Bragantino, em partida contra o Santos — Foto: Ari Ferreira/Red Bull Bragantino

Um dos grandes problemas tem sido a contundência. O time consegue imprimir volume ofensivo. Ocupa o campo de ataque de forma bem organizada, circula a bola com velocidade, mas possui pouco potencial de transformar isso em quantidade de gols. Falta um atacante de mais peso na definição.

Eduardo Sasha é o titular do centro do ataque. Já balançou as redes seis vezes em 2024, entrega dinâmica e ótimos apoios nas costas do meio-campo, pode até jogar como meia mais avançado, mas não é um 9 de perfil goleador. Thiago Borbas é o reserva imediato. Muitas vezes recebe chances como titular. É um centroavante nato, físico, bom na bola aérea, mas muito jovem e inconstante.

O Brasileirão é uma competição que não costuma perdoar equipes sem eficiência nas duas áreas. E este problema o Bragantino tem que resolver. Além de marcar mais gols, o time se enfraqueceu defensivamente sem Léo Ortiz. Luan Cândido tem jogado improvisado como zagueiro e apresenta debilidades protegendo a área. Lucas Cunha não tem inspirado confiança.

Douglas Mendes, com passagem pela seleção brasileira de base, parece ganhar espaço no início do Brasileirão. Eduardo Santos fazia boa competição até se lesionar no ano passado. Ainda há o equatoriano Léo Realpe no elenco. Todos defensores de bom nível técnico e alguma capacidade de construção, mas irregulares em valências defensivas.

Um possível time ideal do Bragantino no Brasileirão 2024 — Foto: Rodrigo Coutinho

A atitude da equipe também pode ser um pouco diferente em determinados jogos. Muitas vezes falta o entendimento do cenário como um todo. Fruto da juventude de grande parte do elenco. Em outras temporadas, a relação entre atletas jovens e os mais experientes já foi mais equilibrada. Este é outro ponto fundamental para ser competitivo no Brasileirão.

Juninho Capixaba e Helinho têm sido os líderes técnicos da equipe. O lateral se descobriu como um jogador que ataca muitas vezes pelo meio, articula e serve os companheiros. Foi um dos melhores da posição no ano passado e segue bem. Já o ponta aumentou sua taxa de decisões certas em campo. Desta forma o seu talento tem aflorado mais.

Helinho é o líder de assistências do Bragantino em 2024. Muitas delas em escanteios e faltas laterais. Aliás, este é um ponto alto do time. Talvez seja a equipe com maior percentual de gols marcados desta forma entre todas as 20 da Série A. O camisa 11 tem se entendido muito bem com Nathan Mendes, lateral contratado junto ao São Paulo.

Os estilos deles combinam. E o fato de Nathan ser um lateral de muito vigor físico para chegar à linha de fundo, tem proporcionado mais movimentos a Helinho para o centro do campo, trabalhando entre o quarto-zagueiro e o lateral-esquerdo adversário. Mais perto do gol e podendo acionar Nathan em profundidade.

Posicionamento que o Bragantino assume corriqueiramente em fase ofensiva. 2-3-5 com o avanço de Nathan Mendes — Foto: Rodrigo Coutinho

Essas variações de posicionamento entre pontas e laterais têm sido mais comuns. A estrutura está menos rígida. Caixinha, por exemplo, chegou a escalar o meia Lincoln algumas vezes como um falso ponta pela esquerda. O jogador ganhou a camisa 10 e chegou do Fenerbahce após quatro temporadas na Europa. Ainda não conseguiu, porém, mostrar-se útil de forma regular ao time.

Assim como Lincoln, Lucas Evangelista, Eric Ramires, Matheus Fernandes e Mosquera tiveram problemas físicos e jamais estiveram ao mesmo tempo à disposição de Caixinha. Isso atrapalha na sintonia fina das jogadas nos metros finais do campo. Talvez ajude a explicar a contundência menor ao se aproximar da área e certamente influencia também nas transições defensivas.

A última linha de defesa do Bragantino tem ficado mais exposta que o costume em contragolpes rivais e sofre bastante para reocupar os espaços, principalmente para proteger a área. O fato de Luan Cândido estar se adaptando à função de zagueiro também pesa.

Variação de escalação com Eduardo Sasha de meia e Borbas no centro do ataque. Opção para ser ainda mais ofensivo — Foto: Rodrigo Coutinho

Um ponto positivo e importante de ser citado no time de Bragança Paulista é a quantidade de finalizações de fora da área. Algo pouco comum em muitas equipes brasileiras e que costuma render gols ao Massa Bruta. O time mantém muitos jogadores na entrada da área rival.

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