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Fabiane de Paula/SVM

O equilíbrio marcou mais uma vez um duelo entre Ceará e Fortaleza. Seguindo a tônica do primeiro jogo da final, pequenos detalhes definiram a merecida conquista alvinegra, que atuou melhor que o maior rival durante a competição. A balança de desempenho nos quatro enfrentamentos entre os clubes também pende para o lado do Vozão.

Num jogo de tantos ataques em velocidade e pouca construção ofensiva pausada, não surpreendeu que a expulsão de Bruno Pacheco tenha ocorrido justamente num lance assim, e num momento determinante do jogo. O Ceará mostrou que pode sonhar com o acesso para a Série A e vai lutar por mais uma conquista da Copa do Nordeste.

Escalações

Vagner Mancini não teve Guilherme Castilho nas melhores condições. Por isso Lucas Mugni foi titular no meio-campo mais uma vez. Ramon foi confirmado normalmente na zaga, e Saulo Mineiro ganhou a vaga de Barceló no ataque.

Já Juan Pablo Vojvoda só fez duas mexidas em relação ao time que iniciou o primeiro jogo. Tinga esteve disponível novamente e assumiu a ala-direita, Dudu voltou para o banco. Marinho ganhou a posição de Moisés e compôs a dupla de ataque do 3-5-2 do Leão do Pici.

Como Ceará e Fortaleza iniciaram o duelo que decidiu o Campeonato Estadual 2024 — Foto: Rodrigo Coutinho

O jogo

Muita marcação e foco nos dois lados, entradas duras, chances raras de gol e pouco trabalho de bola. O 1º tempo do Clássico-Rei deste sábado se assemelhou em muitas coisas com o de semana passada, incluindo a estratégia das duas equipes. O Fortaleza foi um time mais direto, explorando passes longos para chegar ao ataque. E o Ceará tentou as dobras pelos flancos.

Não dá para dizer quem foi melhor. O equilíbrio acabou sendo a tônica antes do intervalo, mas ao menos o Fortaleza chegou mais perto de abrir o placar. Nas duas jogadas, Zé Welison foi importante. Na primeira, cortou uma ligação direta do Vozão que quase terminou em gol de Lucas Sasha. Richard foi bem. E na segunda, se apresentou rapidamente no campo de ataque para chutar a direita da meta.

Definir os ataques sem tanta elaboração era a proposta Tricolor. Raramente avançou trocando passes curtos. Usou lançamentos para Lucero disputar a ''primeira bola'' pelo alto, e manteve um meio muito físico, com Hércules, Welison e Sasha para controlar a ''segunda bola''. Marinho era a peça a acelerar neste segundo momento. Tal qual fez no 2º tempo da primeira partida, se moveu com agressividade.

Ceará, Fortaleza — Foto: Fabiane de Paula/SVM

O Ceará alongou menos os passes. Mas mostrou-se ansioso quando as conexões não surgiam naturalmente no meio-campo. Richardson, Lourenço e Mugni tiveram que lidar com encaixes intensos de marcação do trio central adversário, mas em alguns momentos conseguiram acionar os lados, principalmente o esquerdo, que novamente contou com Erick Pulga e Matheus Bahia entrosados.

O ponta recuava para receber e conduzir para cima de Tinga ou Britez, o lateral fazia a ultrapassagem bem aberto. Bons momentos foram gerados a partir desta interação, mas nenhum lance de real perigo. A melhor chance do Vozão na 1ª etapa foi criada por Saulo Mineiro pela esquerda, num raro ataque com espaços nas costas da defesa do Leão. O atacante chegou a acertar a trave.

Em síntese, quem conseguia levar a melhor em duelos físicos e acelerava com eficiência na sequência, levava problemas ao oponente. O caráter do duelo ficou comprovado logo aos dois minutos do 2º tempo.

Richardson acabou com um contragolpe do Fortaleza ao desarmar no meio-campo, dando origem a um outro contra-ataque, só que para o Ceará. Matheus Bahia encontrou Saulo Mineiro nas costas da defesa do Leão e ele marcou. Excelente diagonal entre Kuscevic e Titi antes de finalizar no ângulo.

Ceará, Fortaleza, Saulo Mineiro — Foto: Fabiane de Paula/SVM

A resposta do Leão foi rápida e em forma de bola parada. Escanteio ensaiado, com cobrança rasante de Marinho na primeira trave, e desvio de Bruno Pacheco para Lucero anotar na segunda trave. Quando parecia que o Tricolor cresceria e empurraria o rival para trás com mais posse, novamente um contra-ataque deu novos contornos ao jogo.

Aylon foi derrubado por trás por Bruno Pacheco, que já tinha amarelo e acabou expulso corretamente. Vojvoda a princípio não mexeu. Reorganizou sua equipe num 4-4-1. Britez passou a ser o lateral-esquerdo. Titi e Kuscevic a dupla de zaga, e Tinga o lateral pela direita. Hércules e Marinho jogaram abertos na linha de meio-campo, e Sasha e Zé Welison formaram a dupla de volantes.

O Ceará logicamente teria a bola no campo rival e superioridade numérica por 37 minutos até o apito final. Era hora de Vagner Mancini mexer na estrutura alvinegra. Sacou seu único volante de contenção. Guilherme Castilho substituiu Richarlison. O apagado Mugni também deu lugar a Recalde. O Vozão passou a um 4-2-4, com Recalde e Saulo Mineiro pelo centro do ataque.

Ceará, Fortaleza — Foto: Thiago Gadelha/SVM

Por incrível que pareça o Fortaleza conseguiu se defender melhor com um jogador a menos. Evitou o jogo de trocação que era a realidade anterior e teve segurança, além de não permitir acessos à sua área. O final de jogo do alvinegro foi decepcionante. Não conseguiu sequer gerar volume com a bola rolando, apenas chegou perto de assustar em levantamentos na área

A imprecisão acabou reinando nas cobranças de pênalti, assim como a capacidade dos goleiros. Richard viu Tinga isolar e defendeu as cobranças de Yago Pikachu e Machuca - esta, a última. João Ricardo pegou as de Matheus Felipe e Castilho, e quase parou Recalde também, mas levou o azar e viu o título ir para o Alvinegro de Porangabaçu.

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