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Por Lari Carvalho — Rio de Janeiro, RJ


Isabella Carlos mudou de país para viver um grande amor. O objeto de paixão, no caso, não é uma pessoa, mas um time de basquete. E não é qualquer time! É o Boston Celtics, que se tornou campeão da NBA pela 18ª vez na noite desta segunda-feira (17). A engenheira brasileira de 31 anos, natural de Três Rios, no interior do Rio de Janeiro, deixou o Brasil e foi morar em Boston, nos Estados Unidos, há dois anos, para poder acompanhar de perto o time do coração. Ela é frequentadora assídua do TD Garden, arena dos Celtics, e tem até foto com Jaylen Brown, um dos protagonistas da equipe e maior ídolo dela no elenco atual. No último jogo da série final, nessa segunda-feira (18), ela estava lá.

Isabella durante o jogo 5 entre Boston Celtics x Dallas Mavericks

Isabella durante o jogo 5 entre Boston Celtics x Dallas Mavericks

A brasileira não conseguiu ir aos dois primeiros jogos dos playoffs finais da NBA. Os Celtics ganharam o terceiro, em Dallas, e poderiam ser campeões lá, no jogo 4, longe de Isabella. Mas perderam o jogo 4, o que forçou o jogo 5 no TD Garden. Dessa vez, ela conseguiu o sonhado e disputado ingresso, assistindo pessoalmente ao título aguardado pelo Boston há 16 anos. A conquista foi a 18ª da franquia, que agora é o time mais vencedor da NBA, superando os Lakers, que têm 17. Isabella afirma que, da arquibancada, conseguia sentir que seu ídolo, Jaylen Brown, seria o MVP. No vídeo, é possível ouvi-la gritando o nome dele segundos antes do anúncio.

— A sensação foi surreal. Eu só conseguia gritar. (risos) Meu cérebro não estava formando palavras coerentes. Qualquer coisa que eu disser só vai me fazer parecer ainda mais fanática… Mas se todo mundo pudesse sentir um dia o que eu senti ontem, eu desejo do fundo do meu coração que todos tenham um fanatismo também.

Isabella no jogo 5 entre Celtics x Dallas — Foto: Arquivo Pessoal

A mudança de vida

A paixão de Isabella por basquete começou quando ela tinha 13 anos e praticava o esporte na escola. Na mesma época, começou a acompanhar NBA e se apaixonou pelo Boston Celtics. Com isso, surgiu o sonho de assistir pessoalmente a um jogo da liga. Mas, não podia ser em qualquer lugar. Tinha que ser no TD Garden.

— Em 2019, arrumei uma desculpa e vim pra cá (Boston) passar um mês. A desculpa era vir estudar inglês, mas todo mundo sabe que eu vim assistir ao jogo (risos). Assisti a todos os quatro jogos que aconteceram aqui nesse período e foi maravilhoso. A ideia de um dia sair do trabalho e ir direto pra um jogo era surreal. Lembro de estar passeando e passar por uma ponte, com o TD Garden do lado, e eu pensei: eu quero isso todos os dias da minha vida.

Isabella realizou o sonho de ver o TD Garden todos os dias — Foto: Arquivo Pessoal

Depois disso, Isabella voltou ao Rio de Janeiro com a ideia na cabeça e começou a se programar para poder retornar à cidade americana. Ela buscou uma oportunidade de mestrado que fosse em Boston e se mudou em setembro de 2022. Ao fim da pós-graduação, conseguiu um emprego e se firmou de vez por lá.

— Agora, todos os dias, indo e voltando do trabalho eu vejo o TD Garden — diz, emocionada.

Isabella já foi de courtside (na primeira fileira) algumas vezes — Foto: Arquivo Pessoal

O encontro com o ídolo: Jaylen Brown

Em dezembro de 2022, na véspera de Natal, o astro do Boston Jaylen Brown realizou uma campanha com o objetivo de arrecadar doações de brinquedos para crianças carentes. O ala permaneceu o dia todo na '7 Juice', loja que ele tinha em Seaport, em Boston. Ao saber disso, Isabella logo correu para lá, em busca de encontrar o ídolo. E conseguiu.

Isabella conheceu Jaylen Brown, astro dos Celtics — Foto: Arquivo Pessoal

Brown é um dos protagonistas da equipe. No ano passado, ele renovou com o Boston Celtics por US$ 304 milhões (R$ 1,6 bilhão, na cotação atual), o contrato mais rico da história da NBA. MVP dos playoffs da Conferência Leste, ele teve com média de 22,8 pontos no primeiro turno, 23,8 nas semifinais e 29,8 na final da Conferência Leste. São os melhores números que ele já teve pelo clube, onde está desde 2016. Mas, não é somente pelas estatísticas que ele é ídolo da Isabella.

Fora das quadras, Jaylen Brown é engajado em causas sociais. Ele é dono da "7uice Foundation", uma instituição que oferece oportunidades educacionais e esportivas para crianças negras de comunidades carentes nos Estados Unidos. O projeto busca romper com o histórico de racismo sistêmico dos Estados Unidos, que cria barreiras de oportunidades, de mobilidade e de bem-estar para a comunidade negra.

Camisa da marca "Juice", do Jaylen Brown, autografada por ele — Foto: Arquivo Pessoal

— Além de ser o jogador sensacional que ele é, com um talento e uma garra fora do normal, o impacto que ele tem fora de quadra é ainda maior. Todo mundo aqui reconhece o quanto ele faz pela comunidade e o quanto ele realmente se preocupa em tornar o mundo um lugar melhor e com oportunidades iguais pra todos. Ele é um cara inteligentíssimo, com uma consciência de classe e um senso de sociedade admiráveis.

Do interior do Rio de Janeiro ao telão do The Garden

Brasileira aparece no telão durante jogo do Boston Celtics

Brasileira aparece no telão durante jogo do Boston Celtics

A brasileira mora na cidade americana há dois anos e vai a mais de 20 partidas por temporada, incluindo a fase regular e os playoffs. Já até apareceu no telão, em pleno TD Garden. Além de torcedora frequente na arena, Isa também coleciona camisas, objetos e itens variados do clube.

— Eu tenho um tênis da Nike que foi uma edição especial de St. Patricks, ele é verde e tem um trevinho branco. É muito Celtics. Tenho um Funko do Jaylen Brown, uma camisa da marca dele (Juice) autografada, um chaveiro, um crachá que eles deram de presente no primeiro jogo da temporada passada em homenagem ao Bill Russel, uma meia do Larry Bird e também um kit de maquiagem.

Coleção de camisas e demais objetos da Isabella — Foto: Arquivo Pessoal

Hoje, Isabella trabalha em Boston e vive a paixão pelo basquete todos os dias, seja na arena dos Celtics, seja na quadra ao lado de sua casa, onde bate uma bolinha para descontrair. Uma história de amor com final feliz por um time e por um esporte.

Quadra de basquete ao lado da casa de Isabella, onde ela joga às vezes como um passatempo — Foto: Arquivo Pessoal

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