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Por Ruan Melo — Salvador


Dentre as provocações que tomaram conta dos clássicos disputados entre Bahia e Vitória em 2024 está sempre a referência ao poder financeiro do Tricolor, comandado pelo Grupo City. O tal do tostão x milhão. Afinal de contas, o Esquadrão investiu, somente na primeira janela de transferências, cerca de R$ 50 milhões, enquanto o Rubro-Negro algo em torno de R$ 7,5 milhões. A disparidade econômica, porém, não se viu dentro de campo. Na verdade, foi o Leão que teve grande superioridade.

Confira os gols de Bahia 1 X 1 Vitória pelo Campeonato Baiano

Confira os gols de Bahia 1 X 1 Vitória pelo Campeonato Baiano

O título do Vitória do Campeonato Baiano, o 30º de sua história, foi confirmado no Ba-Vi deste domingo, ao empatar em 1 a 1. Mas a sensação era de que já tinha acontecido uma semana antes, na virada incrível que conquistou dentro do Barradão após chegar a perder por 2 a 0. E olha que se o torcedor buscar um pouco mais na memória vai lembrar que o Rubro-Negro já fez outros dois bons clássicos em 2024: venceu um por 3 a 2 jogando melhor e perdeu outro bem equilibrado por 2 a 1.

O que não deixa de ser surpreendente também. O Vitória chegou para o Campeonato Baiano ainda em êxtase com o inédito título da Série B do Campeonato Brasileiro, com a base mantida, mas também sob desconfiança. Afinal de contas, a equipe sequer passou de fase nas últimas cinco edições que disputou de um estadual com nível técnico bem baixo. Em 2024, porém, foi outra história.

Jogadores do Vitória comemoram título do Baianão 2024 — Foto: Victor Ferreira / EC Vitória

Números do Vitória no Baianão:

  • Jogos: 13
    Vitórias: 9
  • Derrotas: duas
  • Empates: dois
  • Aproveitamento: 74%
  • Gols marcados: 24
  • Gols sofridos: 9
  • Artilheiro do Vitória: Osvaldo e Alerrandro (cinco)
  • Maior garçom do Vitória: Matheusinho (três)

Início da caminhada com bons sinais

Jogadores do Vitória reunidos antes de Ba-Vi — Foto: Victor Ferreira / EC Vitória

Embora com um tropeço ou outro, a campanha do Vitória no Campeonato Baiano foi consistente. A equipe abriu a competição com dois triunfos seguidos e caminhou na zona de classificação para as semifinais do início ao fim.

A maior dificuldade do Vitória esteve nos jogos fora de casa na primeira fase do Baianão. Após amargar uma sequência com duas derrotas e um empate, o Rubro-Negro foi para o primeiro Ba-Vi de 2024 sob risco de deixar o G-4 em caso de resultado ruim.

Mas aquele Ba-Vi do dia 18 de fevereiro já mostrava uma qualidade do Vitória que iria fazer toda a diferença no momento decisivo do Campeonato Baiano. Após abrir o placar e sair na frente, o Rubro-Negro sofreu a virada, mas não se abalou e, no embalo do Barradão, lutou até ficar à frente do placar novamente. A confirmação da classificação veio só na última rodada, contra o Itabuna, mas sem maiores sustos.

Emoção, expulsões e viradas: Vitória leva a melhor no primeiro Ba-Vi da temporada

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Superação em momento difícil

O Vitória também não teve dificuldade para passar pelo Barcelona de Ilhéus, com dois triunfos nos dois jogos das semifinais, sendo o último por 4 a 1. Restava, então, o Bahia, que também caminhou de forma tranquila até a final, inclusive com a melhor campanha do Campeonato Baiano.

Mateus Gonçalves comemora gol em Vitória x Bahia — Foto: Jhony Pinho/AGIF

O Vitória foi para o primeiro jogo da final do Campeonato Baiano em semana de eliminação na primeira fase da Copa do Nordeste. A situação pressionou o time de Léo Condé, que viu o estadual virar prioridade e única possibilidade de título no primeiro semestre.

Mas isso não foi problema para o Vitória. A pressão, na verdade, foi quase que um amigo íntimo do Rubro-Negro. Assim como no primeiro Ba-Vi no Barradão, o time precisou virar um jogo sobre o maior rival, mas, desta vez, perdendo por 2 a 0 e com novos protagonistas. No primeiro Ba-Vi, Alerrandro e Osvaldo foram destaques; no jogo de ida da final, o brilho foi bem mais inesperado.

Com churrasco e caixa d´água, torcida do Vitória vai ao êxtase com virada no Ba-Vi

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Mateus Gonçalves, que foi expulso com dois minutos em campo em clássico na Arena Fonte Nova, mudou a história do primeiro Ba-Vi da final ao anotar dois gols. O terceiro foi de Iury Castilho, que também veio do banco de reservas.

Todos eles "velhos" conhecidos da torcida, que viu outros remanescentes de 2023 brilharem. Camutanga e Wagner Leonardo foram mais uma vez impecáveis; Dudu foi dominante nas duas fases do jogo, e Matheusinho o motor da equipe. Na frente, o "menino" Osvaldo entregou gols e dedicação.

Somado aos novos e velhos protagonistas esteve o Barradão, a maior força do Vitória. Sem perder há dez meses dentro de casa, o Rubro-Negro completou 23 jogos de invencibilidade no seu estádio, a segunda maior de sua história.

Na partida de volta, o Rubro-Negro contou contou com mais uma atuação madura. Wagner Leonardo abriu o placar, e Everton Ribeiro deixou tudo igual. A expulsão de Rezende, ainda no primeiro tempo, complicou ainda mais a vida dos mandantes, que viram o Vitória dominar o jogo e desperdiçar chances de "matar" a final.

Mas seria injusto dizer que a expulsão foi determinante para o titulo estadual do Vitória. Os comandados de Léo Condé já eram superiores ao Bahia com 11 jogadores. E a expulsão só veio "facilitar" um caminho desenhado desde o primeiro Ba-Vi.

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