Zapear, sim. Mas no celular. Uma equipe de executivos que trouxeram o Groupon para o Brasil–e com ele as compras coletivas– quer agora criar uma nova febre entre os brasileiros, a da TV social.

Apesar de já existir TVs inteligentes, que executam funções de fazer computadores queimarem os discos rígidos, há uma corrente no mundo da tecnologia que defende a interação em uma segunda tela (ou terceira, ou quarta, ou...) É isso o que faz o Sappos, um aplicativo que faz da programação de TV uma rede social.

"Na primeira tela você assiste o conteúdo e é na segunda tela onde acontecem as interações", explica Raphael Lejume, um dos cofundadores da empresa.

Além dos horários da grade, o app permite fazer check-in em um programa (sinalizar que está assistindo)e fazer comentários sobre ele. "Você pode falar sobre TV no Facebook ou no Twitter. Mas a gente está criando uma plataforma dedicada somente pra isso.”, diz Lejeune.

Dentro de 30 dias, diz, o app começará a vender produtos relacionados à programação da TV que o usuário diz estar vendo. “Um box de [da série] ‘Two and a Half Men’, a trilha sonora da novela ou a roupa de algum personagem está usando”, exemplifica Thiago Navarro Amorim, outro fundador. Além disso, está em fase de desenvolvimento uma funcionalidade que permitirá aos espectadores conversarem sobre determinado programa dentro do app (Veja o vídeo abaixo).

Disponível para iPhones e iPads, o app chega nesta semana para os aparelhos que rodam o sistema Android.

Pensando no app como a plataforma para se falar de TV, Lejeune compara o que poderá ser o Sappos com como o Instagram já é visto pelos apreciadores de fotografias. “A interação é construída pra falar sobre TV.”

Lejeune, ex-diretor de planejamento do Groupon, e Amorim, ex-diretor de novos negócios, fundaram o app junto de outros três ex-executivos do site de compras coletivas: Alex Takayma (tecnologia), Gutemberg Fragoso (financeiro) e o alemão Felix Scheuffelen, um dos fundadores do site.

“Estamos fazendo com a TV social mais ou menos o que fizemos com o Groupon”, diz Amorim. Aos navegantes de primeira viagem que ouviram falar em compras coletivas pela primeira vez em vídeos de humor: o Groupon foi o criador desse modelo de varejo, que explodiu no Mundo antes de aportar no Brasil e ser replicado em outros sites; em 2011, abriu capital na Bolsa, ao levantar US$ 700 milhões, no que foi a maior operação para uma empresa de internet desde o Google.

Nos Estados Unidos, o aplicativo Getblue já é um bom exemplo do que o Sappos quer fazer no Brasil. No Reino Unido, o Zeebox idem.

Com o intuito de cruzar duas paixões do brasileiro, a TV e as redes sociais, o Sappos possui uma vantagem. “A penetração da TV é muito grande. não existe essa relação do brasileiro com a TV na Europa”, diz Amorim. Além disso, a empresa quer surfar na onda dos smartphones, que caem cada vez mais no gosto do brasileiro –suas vendas superaram a de celulares tradicionais pela 1ª vez no segundo trimestre de 2013.

A aposta em uma empresa de um nicho completamente diferente também mostra que, no mundo das startups, mudar nem sempre é uma opção, mas, ás vezes, uma necessidade.