Serviço de namoradas virtuais começa a aceitar moeda eletrônica bitcoin
Se o avanço da tecnologia foi o responsável por ferramentas que encurtaram distâncias e amenizaram a solidão, a penetração dela nos mais cotidianos dos atos tornaram possível a contratação de namoradas virtuais --de mentirinha, que só existem na internet-- usando moedas virtuais --que não pesam no bolso-- no pagamento pelos serviços prestados.
Isso porque o Namoro Fake passou a aceitar bitcoins no começo de julho. O negócio da startup é agenciar companheiros falsos, que só existem na vida digital, para simular em redes sociais um relacionamento com os clientes. Como se a coisa em si já não fosse bastante insólita, a empresa passou a aceitar, além do real, a moeda eletrônica, fechando um ciclo digno de distopia futurista. De real mesmo só as pessoas que alugam seus perfis em redes sociais para “virarem” namoradas e namorados --são cerca de 280.
A implementação do meio de pagamento foi um pedido dos próprios clientes, afirma o presidente-executivo da Namoro Fake, Flavio Estevam. Eram pelo menos seis e-mails por semana, contabiliza. “Um deles até falou, ‘Eu não quero que fique no meu extrato de cartão de crédito’. Eu expliquei que a gente usa uma conta sem o nome Namoro Fake. Ele falou, ‘Não interessa’. Por sigilo e tudo o mais”, conta. Tiro certo. Até a segunda-feira (21), 34 pessoas haviam pagado com bitcoins pelos pacotes.
Sem ex-namorada
Os valores no Namoro Fake variam de acordo com o tipo de plano: “ficante”, “namorada”, “namorada virtual” e “namorada top”. Este último é o pacote que oferece companheiros bonitões. O “ex-namorada” foi tirado de circulação há pouco tempo. A diferença entre eles é a frequência das postagens e o período pelo qual dura o serviço. Os preços variam de R$ 10 a R$ 120. São os próprios clientes que escrevem o que os acompanhantes digitais deverão postar na rede.
Para quem quer ocultar a contratação de um serviço como esse, o bitcoin é uma escolha e tanto. Os valores com a moeda virtual são transferidos ponto a ponto, sem que passem pelo sistema de alguma instituição financeira. Isso também faz com que o bitcoin não seja regulado por nenhum governo ou autoridade financeira. Apesar de toda transação ser registrada publicamente, tanto quem envia a moeda --os clientes de Estevam, por exemplo-- quanto quem a recebe --o Namoro Fake, digamos-- permanecem anônimos.
“A moeda no Brasil está começando, mas muita gente já está aderindo”, diz Estevam. O G1 já mostrou que alguns comerciantes brasileiros já começaram a aceitar o bitcoin e até já foi aberta no país a primeira loja física de venda da moeda.
Quanto ao Namoro Fake, o serviço há mais de um ano no ar não vem sendo usado apenas para simular relações amorosas que não existem. Segundo Estevam, tem se tornado mais uma ferramenta de marketing pessoal na internet. “As pessoas usam até para elogiar um produto, o profissional”, diz Estevam. Segundo conta, no lugar dos esperados “Adorei as flores no Dia dos Namorados” e “Você vem para o jantar, hoje?”, alguns clientes pedem para que sejam publicadas mensagens quase corporativas, como “Eu adorei seu serviço, vou indicar para todos os meus amigos”.
Foto 1: Serviço Namoro Fake começa a aceitar moeda virtual bitcoin. (Divulgação)
Foto 2: Flavio Estevam, presidente-executivo do Namoro Fake, que passou a aceitar bitcoins. (Divulgação)