Por Bruna Romão, Thais Souza, EPTV


Ribeirão Preto lidera lista de congelamentos de embriões humanos para reprodução assistida

Ribeirão Preto lidera lista de congelamentos de embriões humanos para reprodução assistida

Ribeirão Preto (SP), no interior de São Paulo, concentra 25% dos congelamentos de óvulos do Sudeste brasileiro e é a segunda cidade do país com mais procedimentos realizados em 2023, segundo dados atualizados este mês pelo Sistema Nacional de Produção de Embriões (SisEmbrio), da Anvisa.

De acordo com o ranking, o município, que só fica atrás de São Paulo, mantém em seus sistemas de criopreservação cerca de 20 mil embriões, o que equivale a 17,2% do território nacional e a 32% do estado de São Paulo, região que mais acumula congelamentos (veja mapa abaixo).

A fertilização in vitro é um tratamento de reprodução humana assistida que realiza a fecundação do óvulo com o espermatozóide em laboratório. Os embriões formados são selecionados, cultivados e depois transferidos para o útero.

Procura por fertilização in vitro aumenta no Brasil desde 2020 — Foto: Reprodução/EPTV

Segundo especialistas, o destaque nacional de Ribeirão Preto está associado ao fato de a cidade ser um importante centro de pesquisas e pela concentração de serviços especializados e profissionais habilitados em atender uma demanda em alta pela reprodução humana. Em levantamentos anteriores, a Anvisa já havia apontado a localidade como a primeira fora das capitais com mais clínicas de fertilização in vitro.

“Aos 16 anos eu descobri que tinha síndrome do ovário policístico, e eu já soube que possivelmente, quando eu quisesse engravidar, precisaria fazer a fertilização in vitro, e esse foi o procedimento que eu fiz para ter as meninas”, afirma a empresária de Ribeirão Preto Natália Luiz de Nadai Dorta.

Ela congelou os óvulos aos 26 anos e hoje é mãe de Clara, de 7 anos, e de Cecília, de seis meses.

Mulheres como ela têm ampliado os números não só no interior de São Paulo como em todo o país. Entre 2020 e 2023, houve um aumento de 32,8% nos procedimentos que levam a um total de 115,3 mil embriões congelados, 79.174 somente no Sudeste.

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Especialista em reprodução assistida, a ginecologista Camilla Vidal aponta que isso tem relação com diferentes fatores, entre eles uma gradativa e relativa abertura para esses procedimentos, com possibilidade de encaminhamento pelo SUS que os tornam mais acessíveis em alguns casos.

“Os tratamentos também vão se tornando cada vez mais acessíveis. Antes tinha todo um tabu, uma coisa em volta dos tratamentos de reprodução humana, que hoje a gente vai conseguindo quebrar e desmistificar. São procedimentos simples de o casal, de a paciente se submeter, e isso vem aumentando a procura pelos tratamentos”, diz.

O período da pandemia da Covid-19, segundo a médica, também levou a uma elevação na procura pela criopreservação, além dos avanços laboratoriais, que aumentam a segurança no congelamento e no descongelamento de óvulos.

"Houve um momento em que não era recomendado transferir embriões ao útero, então o casal passava pelo tratamento, mas até a etapa de formar o embrião e congelar pra aguardar a resolução desse momento da pandemia pra ter mais segurança pra transferir."

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