Por Poliana Casemiro, g1


Anticoncepcional pode acabar com a vontade de fazer sexo?

Anticoncepcional pode acabar com a vontade de fazer sexo?

O TikTok está cheio de vídeos com o título “inimigos da libido” que mostram uma lista de anticoncepcionais orais, as famosas pílulas, alegando que eles acabam com a vontade da mulher de fazer sexo. Mas, será que isso é verdade?

Segundo ginecologistas, a resposta é que a pílula pode sim gerar alterações que diminuem a vontade da mulher de fazer sexo, mas não é esse vilão que dizem ser.

Vídeos no TikTok apontam anticoncepcionais como vilões da libido — Foto: Reprodução/Redes Sociais

  • 💊 Tudo tem a ver com o princípio da própria pílula: O anticoncepcional é uma dose de hormônio diária. Com essa quantidade no corpo, enviamos um sinal para a hipófise – que controla nossas glândulas endócrinas – avisando que não é necessário produzir os hormônios que levam a ovulação, evitando a gravidez.
  • 💊 O ônus está, justamente, nessa ação: a ovulação é, justamente, o período em que a mulher fica com a libido mais alta. Nessa fase do ciclo, há um pico de estrogênio e a progesterona, que estão ligados ao desejo sexual. Essa oscilação aumenta a vontade de transar e também melhora a lubrificação natural, que facilita a relação sexual.

A pílula não deixa esse pico acontecer, então aquela fase em que o desejo sexual é mais alto não acontece, mas ela não acaba com a libido feminina. A ovulação é um período só diante de um ciclo inteiro.
— Karen de Marca, médica endócrino e diretora da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.

Pílula anticoncepcional — Foto: Reproductive Health Supplies Coalition

➡️ Ou seja, isso pode acontecer, mas em um período e não como algo permanente. A médica ainda alerta que os impactos são individuais, porque ainda pode ter a interferência de outras medicações, como antidepressivos, por exemplo. Por isso, é importante o diálogo sem tabus com o médico.

“As reações são muito particulares porque cada corpo é um corpo. Por isso, é importante conversar com o médico e não ignorar a sexualidade, que é um ponto importante. Há vários métodos contraceptivos, então tem como recorrer a outras alternativas”, explica Karen.

O médico ginecologista Doutor Carlos Alberto Politano, membro da comissão anticoncepção da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) reforça que o uso de contraceptivo dá liberdade sexual à mulher, protegendo da gravidez, e que a falta de libido constante precisa de acompanhamento médico.

“A falta de libido exige uma investigação complexa porque o desejo sexual envolve vários fatores. Questões emocionais, do relacionamento, a questão profissional e até doenças, como a endometriose. É preciso uma longa avaliação antes de achar que o problema é o anticoncepcional”, explica.

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💊 Como saber se o método contraceptivo pode ser o problema?

A sexualidade é complexa e as pessoas têm características individuais. Problemas na relação, no trabalho, na família e várias questões fora da cama podem afetar o desejo de transar. Para além disso, ainda é preciso avaliar em que fase a mulher está.

➡️ No climatério, por exemplo, mais perto da menopausa, a mulher tem alterações físicas, como redução da lubrificação e até casos de atrofia vaginal, em que a mulher sente dor durante a relação sexual. (Leia mais aqui)

Levando em conta esses pontos, se não há desejo sexual por mais de seis meses é preciso acompanhamento médico. A falta de desejo prolongado é um distúrbio e tem nome: Transtorno de Desejo Sexual Hipoativo.

➡️ É um tipo de disfunção sexual em que a pessoa não tem vontade de transar e, além disso, o corpo não responde a estímulos sexuais. Isso pode acontecer por questões hormonais, emocionais e doenças que afetam o ciclo hormonal.

Segundo os médicos, isso tudo vem antes da avaliação do contraceptivo. Ou seja, antes de pensar em trocar o método, consulte o ginecologista para saber se é uma questão de distúrbio ou pontual.

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