01/02/2016 05h00 - Atualizado em 01/02/2016 12h58

Bônus na conta de água na Grande SP fica mais difícil a partir desta segunda

Sabesp alterou cálculo para desconto na fatura do cliente que economizar.
Regras de aplicação da multa para quem aumentar consumo não mudam.

Isabela LeiteDo G1 São Paulo

Racionamento Água São Paulo JG (Foto: Reprodução: TV Globo)Bônus na conta de água ficará mais difícil a partir de fevereiro em São Paulo (Foto: Reprodução: TV Globo)

A partir desta segunda-feira (1º), a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) fará um novo cálculo para o desconto na conta de água para os clientes da Grande São Paulo que conseguirem reduzir o consumo. As regras do programa de desconto foram autorizadas no fim do ano passado e ficará mais difícil para os consumidores obterem o bônus na fatura a partir de fevereiro.

O desconto foi uma das medidas adotadas para estimular a população a economizar água durante a crise hídrica. O novo cálculo do bônus consiste na adoção, para cada cliente, de um novo Consumo Médio de Referência (CMR). Até o fim de 2015, o CMR correspondia à média de consumo no período fevereiro 2013 a janeiro 2014. O novo CMR, para aplicação de bônus, será calculado pela multiplicação do antigo CMR por 0,78.

Na prática, pelo novo cálculo, quem já economizava água para ganhar o bônus, terá de economizar ainda mais.

 

Por exemplo: uma casa que consumiu em média 15 mil litros por mês (no período de fevereiro de 2013 a janeiro de 2014), terá a média para o cálculo reajustada em 11,7 mil litros por mês (15 mil litros multiplicado por 0,78). Por isso, para obter o desconto de pelo menos 10% na conta, esse mesmo imóvel precisará consumir, no máximo, 9,6 mil litros por mês. Um mil litros equivalem a 1 metro cúbico, unidade de medida que é usada na conta da Sabesp para o consumo.

Já as regras para a aplicação da tarifa de contingência - que é a cobrança de multas de clientes que aumentarem o consumo - não serão alteradas e continuarão até o fim de 2016. O cálculo continuará a ser feito em relação à média de consumo entre fevereiro de 2013 a janeiro de 2014. As residências que consomem até 20% além da média pagam conta 40% mais cara. Já as que excederem os gastos em mais de 20% recebem multa de 100% no fim do mês.

As regras foram aprovadas pela Agência Reguladora estadual de Saneamento e Energia de São Paulo (Arsesp) e valem até o fim de 2016. Para justificar os ajustes, a companhia de abastecimento disse que constatou que houve redução no consumo de 22% no período de análise mais recente, de outubro de 2014 a setembro de 2015.

Por isso, a empresa reajustou as médias de consumo nessa mesma proporção. Mas, em dezembro, mês em que o Sistema Cantareira saiu do volume morto, Grande São Paulo registrou a maior taxa de aumento no consumo de água em 2015.

Faixas para obter o bônus
Os níveis de economia para obter o bônus, porém, permanecem os mesmos. Os imóveis que economizarem entre 10% e 15% o consumo de água têm desconto de 10% na conta. Os que diminuírem o gasto entre 15% ou 20% recebem bônus de 20%. Já as residências que economizam 20% ou mais recebem desconto de 30% na conta de água.

Corte na redução de pressão
A Sabesp diminuiu, em média, sete horas diárias o período de redução de pressão na rede de abastecimento de água na capital paulista e em cidades da Grande São Paulo. A empresa disse que a prática é usual desde a década de 1990 para reduzir perdas por vazamentos, mas com a crise hídrica no estado a ação de racionamento oficial foi intensificada.

Até 18 de dezembro do ano passado, 12 dias antes de o Sistema Cantareira sair do volume morto, a redução de pressão durava, em média, 15 horas diárias, normalmente no período da tarde e noite. Com as mudanças, o período médio caiu para 8 horas diárias, no fim da tarde e madrugada.

A Sabesp disponibilizou na internet a relação dos bairros, por cidade, os horários em que haverá redução de pressão. A companhia recomenda que o morador tenha reserva de água adequada ao consumo dos usuários por 24 horas e que verifique se as instalações internas estão ligadas à caixa de água e não diretamente à rede da rua.

A redução de pressão representa 52% do consumo de água registrado na região metropolitana, segundo dados da companhia na primeira quinzena de 2016. Apesar de aliviar o racionamento, a Sabesp disse, em nota, que a prioridade continua sendo a recuperação dos mananciais.

Racionamento 'oficial'
Em janeiro do ano passado, a companhia admitiu, pela primeira vez desde o início da crise, que toda a Grande São Paulo estava com redução de pressão. Após um pedido da Justiça, a empresa divulgou um mapa das áreas afetadas.

Na época, a Sabesp afirmou que a redução ocorria “preponderantemente durante a noite/madrugada, período em que grande maioria da população dorme e as atividades econômicas praticamente inexistem”. Se o imóvel tiver caixa d'água, a redução da pressão na rede não é percebida, disse a Sabesp.

A realidade vivida pelos moradores, no entanto, foi outra. O G1 acompanhou as alternativas encontradas por famílias de São Paulo para enfrentar as torneiras secas (leia no blog Como Economizar Água os relatos dos moradores ao repórter Glauco Araújo). Segundo a Sabesp, a implantação de rodízio é evitada para não prejudicar, principalmente, a população localizada em regiões altas ou em final de rede.

No rodízio, a válvula é totalmente fechada. Por causa da extensão da rede de abastecimento, esses moradores, segundo a companhia, podem permanecer por período muito longo sem abastecimento, já que a água só vai chegar nestes locais depois de encher toda a rede e as caixas de água das áreas mais baixas. No racionamento, a válvula é fechada parcialmente, reduzindo o volume de água nas tubulações e, consequentemente, a pressão na rede.

Vista da represa Jaguari-Jacareí na cidade de Bragança Paulista, que integra o Sistema Cantareira de abastecimento de água, no interior paulista, no dia 21 de janeiro (Foto: Carlos Nardi/Estadão Conteúdo)Vista da represa Jaguari-Jacareí na cidade de Bragança Paulista, que integra o Sistema Cantareira de abastecimento de água, no interior paulista, no dia 21 de janeiro (Foto: Carlos Nardi/Estadão Conteúdo)

 

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