28/06/2015 11h40 - Atualizado em 28/06/2015 13h47

Ciclovia deixa cidade mais bonita, diz ciclista na Avenida Paulista

Via ficou cheia de bicicletas na inauguração da pista exclusiva neste domingo.
Grupos carregavam balões brancos e houve homenagem a ciclistas mortos.

Vivian ReisDo G1 São Paulo

Advogado pedala na Avenida Paulista neste domingo (Foto: Vivian Reis/G1)Advogado Roberto Valtorta pedala na Avenida
Paulista neste domingo (Foto: Vivian Reis/G1)

Ciclistas se reuniram neste domingo (28) na Avenida Paulista para comemorar a inauguração da pista exclusiva para bicicletas, aberta oficialmente nesta manhã. O advogado Roberto Valtorta diz que pensa em utilizar a ciclovia para ir trabalhar todos os dias.

Veja as fotos da inauguração da ciclovia

“Caminho quatro quilômetros por dia até o trabalho para evitar o trânsito e penso em pedalar agora para chegar mais rápido. Não acho que o trânsito vá melhorar com a ciclovia, mas deixa a cidade mais bonita”, disse. Ele conta que mora perto e costuma andar de bicicleta na região.

O pintor Márcio Alves de Oliveira e o auxiliar de serviços gerais Ednaldo Simplício de Souza também estiveram na inauguração. Eles são ciclistas profissionais e costumam participar de competições no interior de São Paulo. “Não usamos a ciclovia [na Paulista], mas viemos para incentivar”, disse Souza.

As amigas Miranda Brasil e Débora Nascimento chegaram cedo à Avenida Paulista. “Pedalamos desde antes das ciclovias e viemos hoje porque é um dia especial", disse Miranda. Elas posaram perto de uma homenagem a uma ciclista que morreu na via. Bicicletas com flores foram colocadas em pontos onde houve acidentes nos últimos anos. Grupos também chegaram à Avenida Paulista nesta manhã carregando balões brancos. 

Família foi pedalar junta na Avenida Paulista neste domingo (Foto: Vivian Reis/G1)Família foi pedalar junta na Avenida Paulista
neste domingo (Foto: Vivian Reis/G1)

Os professores Rafael Burato e Cristiano Pedro Rosa vieram do Paraná para a inauguração e chegaram por volta das 6h.  "Nos engajamos por diversas razões, questão ambiental, saúde, espaço e até econômica, já que não gastamos com combustível e estacionamento", explicou Burato.

Elson, Silmara, Giovanna e o cachorro da família vieram da Zona Norte para a abertura da ciclovia. Eles contam que costumam pedalar na região em que moram e gostariam que a Avenida Paulista fosse fechada todos os domingos. "É legal porque reúne muita gente, melhora o relacionamento entre os paulistanos", opinou ele.

O aposentado Antônio Rodrigues mora com a mulher, Ana Maria Santos, na Avenida Paulista, onde caminham todos os dias. Ele conta que foi campeão estadual de ciclismo e apoia a abertura da pista exclusiva. “Agora não ando de bicicleta, mas acho a ciclovia legal para que as pessoas se divirtam. No meu tempo, havia três, quatro campos de futebol por bairro. Hoje as pessoas não têm para onde ir quando querem se divertir”, acredita.

Amigas posam perto de homenagem a ciclista que morreu na Paulista (Foto: Vivian Reis/G1)Amigas posam perto de homenagem a ciclista que morreu na Paulista (Foto: Vivian Reis/G1)

 

Inauguração
A ciclovia da Avenida Paulista foi inaugurada na manhã deste domingo (28) em uma cerimônia que contou com a presença do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), e do secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto. Por volta das 10h, a via foi interditada ao trânsito nos dois sentidos. Os bloqueios podem ir até as 17h.

O prefeito disse que a ciclovia é um "símbolo de qualidade de vida". Ele justificou o fechamento da Avenida Paulista para o evento dizendo que o espaço é público. Durante a coletiva, o prefeito enfrentou protestos de pessoas contrárias ao PT, que gritavam frases contra ele e a presidente Dilma Rousseff. Simpatizantes do prefeito o defenderam gritando contra o grupo.

Por volta das 9h, funcionários da Prefeitura limpavam um trecho da pista, na altura do prédio da Fiesp, porque tinta azul foi jogada na ciclovia. Não havia informações sobre o responsável pelo ato de vandalismo.

O secretário municipal de Educação, Gabriel Chalita, foi até a Avenida Paulista para a inauguração. Ele acredita que a ciclovia é uma iniciativa que demora até as pessoas se acostumarem, até por isso há muitas críticas. “A juventude olha com bons olhos essas novidades e quer se apropriar dos espaços da cidade. Os jovens nem querem ter carro.”

Com 2,7 km de extensão e construída no canteiro central, a pista exclusiva está entre a Praça Oswaldo Cruz e a Avenida Angélica. A ciclovia tem quatro metros de largura e fica a uma altura de 18 cm em relação às faixas de rolamento ao seu lado.

Devido ao alargamento do canteiro central, as faixas das duas pistas, tanto no sentido Consolação quanto no sentido Brigadeiro, precisaram ser reajustadas e diminuíram a largura de 3 metros para 2,8 metros. Já a faixa de ônibus, à direita da pista, perdeu 20 centímetros, passando de 3,5 metros para 3,3 metros.

A obra, que durou quase cerca de seis meses, custou R$ 12,2 milhões aos cofres públicos, no trecho entre as avenidas Paulista e Bernardino de Campos, incluindo a instalação de dutos para a passagem de fibra ótica sob a pista. Diferentemente da maioria das ciclovias, que são pintadas com tinta vermelha, a da Paulista é feita com concreto pigmentado com coloração.

Ciclistas comemoram inauguração de ciclovia com balões brancos (Foto: Caio Kenji/G1)Ciclistas comemoram inauguração de ciclovia com balões brancos (Foto: Caio Kenji/G1)

Com a implantação da ciclovia, foram retiradas as floreiras e relógios do canteiro central. Alguns relógios devem ser realocados posteriormente nas calçadas. Os pedestres ficarão na ilha de segurança durante a travessia.

“Nós aumentamos o espaço de pedestres no canteiro central. O pedestre tem o tempo semafórico. Se ele ficar no canteiro central, tem uma ilha de segurança que nós aumentamos”, afirmou o secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto. “Fizemos o recuo para pedestre, para o ciclista, tiramos os relógios por questão de segurança”, disse.

Apesar da inauguração da ciclovia, a ciclofaixa de lazer da Avenida Paulista, que funciona aos domingos e feriados, não será desativada. “Eu acho melhor deixar segregado (ciclofaixa de lazer). Se tiver muita gente, acaba um transtorno danado. A ideia é manter a ciclofaixa de lazer e o pedestre fica ao lado”, disse o secretário de Transportes.

A construção de ciclovias é uma das principais marcas da gestão do prefeito Fernando Haddad (PT), que pretende entregar 400 km de vias exclusivas para ciclistas até o fim deste ano. Atualmente, a cidade possui 298,6 km de ciclovias, sendo 238,3 km somente da gestão do prefeito Haddad. Na próximo domingo, São Paulo terá 307,4 km de ciclovias.



Aumento dos ciclistas
Segundo uma pesquisa do volume de bicicletas que circulam pela Paulista realizado pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), o número de ciclistas que passou a circular na Avenida Paulista durante a realização das obras da ciclovia subiu 51% no período da manhã, entre 7h e 10h. O estudo mostra que aumentou de 85 para 129 o número de ciclistas que passaram em ambos os sentidos no período de três horas antes e depois do início das obras.

Segundo Jilmar Tatto, a diminuição da velocidade dos veículos incentivou o uso da via. “Claro que eles [ciclistas] não usavam a ciclovia, que ainda estava em obra, mas as faixas de rolamento. Na medida em que a obra foi acontecendo, reduziu a velocidade dos carros, o que estimulou e encorajou os ciclistas a usarem a Paulista”, afirmou.

A pesquisa engloba três medições, realizadas nos horários da manhã e tarde. A primeira contagem foi anterior ao dia 9 de setembro do ano passado entre a Alameda Ministro Rocha Azevedo e Rua Padre João Manuel. A segunda medição ocorreu no dia 6 de maio. Já a terceira foi realizada em 10 de junho.

No período da manhã, a primeira medição mostra que o número de ciclistas aumentou em 35,29%, passando de 85 para 115.

Mapa das ciclovias de São Paulo (Foto: Editoria de Arte/G1)

Acidentes
Nos últimos anos, a Avenida Paulista registrou pelo menos duas mortes e um grave acidente envolvendo ciclistas. Segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), 39 ciclistas foram atropelados na Paulista entre 2005 e 2014.

Em outubro do ano passado, o ciclista Marlon Moreira, de 35 anos, morreu após ser atropelado por um ônibus na Avenida Paulista. Testemunhas relataram à polícia que o ônibus seguia no sentido bairro do corredor exclusivo para ônibus quando o ciclista atravessou na frente do veículo, realizando uma manobra proibida de conversão. A vítima foi socorrida ao Hospital das Clínicas, mas não resistiu aos ferimentos.

Em março de 2013, o operador de rapel David Santos Sousa, perdeu o braço direito ao ser atropelado na via (veja no vídeo acima). O motorista, o estudante de psicologia Alex Kosloff Siwek, jogou o braço de David em um córrego. Um exame clínico feito após o acidente apontou vestígios de álcool no motorista, mas concluiu que ele não estava embriagado no momento da colisão.

Uma ano antes, em março de 2012, uma ciclista profissional de 33 anos também morreu após ser atropelada por um ônibus na Paulista.

Ciclistas inauguram pista exclusiva na Avenida Paulista neste domingo (Foto: Caio Kenji/G1)Ciclistas inauguram pista exclusiva na Avenida Paulista neste domingo (Foto: Caio Kenji/G1)
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Ciclista pedala na Avenida Paulista neste domingo (Foto: Caio Kenji/G1)Ciclista pedala na Avenida Paulista neste domingo (Foto: Caio Kenji/G1)

 

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