Por Guilherme Santos, Leslie Leitão, Felipe Freire, TV Globo


Polícia Civil investiga a morte de Vitória, que teria morrido após beber milkshake — Foto: Reprodução

A Polícia Civil chegou a Deivid Nascimento Santana, preso pela morte de Vitória Conceição, de 23 anos, por meio do cruzamento de informações sobre uma identidade falsa que era usada por ele para dar golpes. A busca envolveu uma foto mandada por Whatsapp e até uma viagem feita em um aplicativo de mensagens. O nome era de um amigo com o qual se apresentou na lanchonete onde a vítima tomou um milkshake que estaria envenenado.

O homem contou aos agentes da 82ª DP (Maricá) que não sabia que o nome dele era usado por outra pessoa e colaborou com as investigações. Ele foi conduzido até a delegacia e contou que conhecia Deivid pelo apelido de “Baiano”.

“No curso da investigação, tentamos descobrir se esse nome com o qual ele se apresentava era uma pessoa real ou uma pessoa inventada. E descobrimos que era uma pessoa real, um morador de Maricá. O Deivid usava o nome dele sem saber para aplicar os golpes”, afirmou o delegado Bruno Gilaberte.

Os policiais afirmaram que Deivid chegou a aplicar outros golpes, como a venda ilegal de um terreno para várias pessoas.

Os investigadores o descrevem como sendo uma pessoa simples que teve os documentos levados pelo suspeito para que ele pudesse ser inscrito no CRAS mais próximo em programas sociais.

Localização

Partículas granuladas foram encontradas no fundo do copo do milkshake — Foto: Divulgação/Polícia Civil

O homem que teve a identidade usada afirmou aos policiais que Deivid dormia em um terreno dele, próximo de onde ele mora.

Após a morte de Vitória, Deivid sumiu da região. Depois do crime, o amigo recebeu pelo Whatsapp a foto de um bar com a legenda “malicia”. Os agentes interpretaram que era uma grafia incorreta da palavra “milícia”.

No celular, analisado com a autorização do dono, os policiais encontraram instalado um aplicativo de transporte que tinha apenas uma corrida cujo destino era Rio das Pedras, na Zona Oeste do Rio de Janeiro.

“Pedimos que ele mostrasse a mensagem, ele autorizou, inclusive por escrito, para mostrar que não tinha nada com a história”, disse o delegado.

A foto do perfil do Whatsapp que enviou a mensagem foi encaminhada para o Instituto Félix Pacheco, que identificou o dono do celular, que realmente vivia em Rio das Pedras.

Policiais fizeram buscas no endereço e encontraram Deivid sozinho no local. Ele foi preso na terça-feira (6) e não manifestou resistência. O amigo que o abrigava na Zona Oeste do Rio será investigado.

Em depoimento aos policiais, Deivid ficou calado.

O passo a passo do crime

Polícia Civil investiga morte de jovem por milkshake envenenado; ex-namorado é o principal suspeito

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De acordo com os investigadores, primeiro, Deivid chegou sozinho à lanchonete e depois encontrou o homem, a quem pediu que fosse entregar o lanche para Vitória. Como a bebida ficou pronta primeiro, ele deixou o homem esperando batatas fritas e saiu do estabelecimento com o milkshake na mão.

Nesse momento, ele foi sozinho até um sobrado com a bebida e retornou cinco minutos depois. A testemunha afirmou para a polícia que chegou a vê-lo entrar nesse imóvel.

A Polícia investiga se Deivid colocou veneno de rato neste momento.

Segundo a investigação, como tinha uma medida protetiva e não podia se aproximar da vítima, Deivid usou outras duas pessoas para entregar a bebida envenenada. Uma delas era o dono de uma casa para onde foi contratada uma faxina que seria feita pela vítima. Outro fez a ponte entre a vítima e o dono da casa.

Vítima pediu socorro

A moça procurou a polícia há pouco mais de uma semana dizendo que, no dia 28 de julho, Deivid invadiu a casa dela em Maricá, na Região Metropolitana do Rio, armado com uma faca.

Em depoimento, ela contou que estava com o atual namorado dormindo na residência e que o homem acabou ferido no braço, mas que a faca quebrou. Nesse momento, Deivid teria ido em um vizinho e buscado uma foice, mas foi espantado pelo homem, que se meteu na briga.

Na ocasião, ela solicitou as medidas protetivas - que foram concedidas pela Justiça. Mas, ela acreditava que ele não tinha recebido o oficial de justiça para ciência das medidas cautelares e, por telefone, disse que estava na Bahia.

Três dias depois, no dia 31 de julho - cinco dias antes da sua morte - ela voltou à delegacia para denunciar perseguição. A jovem contou que estava recebendo mensagens de diversos números e que acreditava ser o ex, que não aceitava o fim do relacionamento.

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