Os 23 (+1) melhores álbuns que você não ouviu em 2017
Lana del Rey, Björk, Taylor Swift, Beck, Lorde, Demi Lovato, P!nk, Ed Sheeran, Drake, JCD Soundsystem, Kesha, The xx, Paramore, St. Vincent, Harry Styles, Jay-Z, Kendrick Lamar - tanta gente lançou tanta coisa boa este ano que não foi fácil chamar atenção com um trabalho original.
Não obstante, este também foi um ano de muitas novidades - que se não conseguiram chegar a "causar" com o grande público, pelo menos agradou este incansável explorador do pop que vos escreve. Tudo, como sempre, é questão de ter a mente aberta - seja para uma coletânea de música árabe ou para um "maluco" que decide fazer um álbum em cima do seu teste de DNA (ou outro que grava 50 músicas pra comemorar 50 anos!).
E como esse espaço é infinito, que seja eu mais uma vez seu guia nessa viagem musical ligeiramente alternativa. Não há regras - nem mesmo no total de músicas na lista: eu costumava fazer com 20 títulos, mas dessa vez quis fechar com 23... Algum problema? A ordem aqui não é de preferência, mas apenas para colocar um pouco de ordem. E se quiser "provar" um pouco de cada um desses álbuns, fiz um playlist com uma faixa de cada um deles no meu perfil zecacamargomusic no Spotify: Ainda Não Ouviu? 2017 - vai lá... é bom se arriscar...
1) "Habibi Funk 007: an eclectic selecion of music from the Arab World",vários artistas - por onde começar? Por Fadoul com sua estranhamente familiar "Bsslama Hbibt"? Pelo funk de Ahmed Malek misteriosamente identificado como "Tape 19.11"? Pelo embalo irresistível de Kamal Keila em "Al asafir"? Comece por onde quiser, mas não pare de ouvir essa compilação, de fato, eclética do pop árabe. E eu digo mais: pode mergulhar sem susto no playlist com o mesmo nome, "Habib Funk" no Spotify. Uma fonte eterna de inspiração e a prova definitiva de que quanto mais longe de casa você vai, mais interessante fica a música que você ouve...
2) "Boomerang", Jidenna - tecnicamente é só um EP. Jidenna também lançou um álbum propriamente dito em 2017, o excelente "The chief" - pode ouvir sem susto, só cuidado para não ser hipnotizado pela faixa "Adaora"... Mas aí veio esse EP, pra rechear uma pequena obra prima de um single chamado "Boomerang". Pronto! Tem um cara chamado Drake que deve tá ouvindo essa faixa sem parar e se perguntando: como eu faço pra gravar uma coisa melhor agora? Mas não pare só em "Boomerang": desafio você a ficar parado com "Little bit more" ou não sentir algo estranho ao ouvir "Out of body". Seis faixas quase perfeitas.
3) "50 song memoir", The Magnetic Fields - que tal escrever uma música para cada ano que você viveu? Quem dera eu tivesse um talento pra tal façanha - mas o bom é que Stephin Merritt tem e fez exatamente isso para comemorar seus 50 anos. É bom lembrar que esse é o cara que já tinha conquistado meu coração quando gravou "69 love songs" (1999) - sim, "99 canções de amor", se você precisa mesmo de tradução eheh! Nesse tributo a ele mesmo, o nome por trás do Magnetic Fields vai do "mambo infantil" ("67: Come back as a cockroach") ao "trash disco" ("97: Eurodisco trio"), sem esquecer da "balada minimalista" ("03: The Ex and I"). Um trabalho de gênio que eu ainda não absorvi por inteiro...
4) "Residente", Residente - por falar em projetos "malucos", que tal fazer um disco em cima do seu teste de DNA. Por que não? Um músico de Porto Rico, Juan Pérez (que talvez você conheça por seu trabalho em Calle 13) foi pesquisar suas origens e elas serviram de inspiração para um dos conjuntos de música mais criativos que ouvi este ano - talvez nesta década. Pérez/Residente foi fundo nas suas raízes, a ponto de usar até ópera chinesa numa faixa ("Una leyenda China") - e esse não é nem o melhor ingrediente que ele tem na manga. Ainda estou anestesiado pelo efeito de ouvir "Dagombas en Tamale" mais de dez vezes seguidas - e de boca aberta com o clima de mistério (dançante!) de "La sombra". Não tem uma faixa ruim, nem mais ou menos - cada canção abre uma porta de possibilidades e é vibração atrás de vibração. Uma celebração mais que bem descrita em "Somos anormales". Graças a Deus!
5) "Black origami", Jlin - quantas vezes ultimamente você ouviu um álbum e se perguntou: o que aconteceu comigo, o que eu acabei de escutar? Jlin fez isso com meus ouvidos - e continua a fazer, a cada vez que escuto. Não sei se isso é o futuro da música eletrônica, mas eu acho que quem está pensando em levar esse gênero adiante deve prestar atenção a "Black origami". A faixa título, que abre o disco, já é atordoante: você ouve e fica procurando algum corrimão pra se apoiar. Felizmente, não encontra. E segue assim pelo menos até "Kyanite". Mas aí quando entra alguns vocais tipo coral - nesse trabalho fortemente instrumental - você tem a certeza de que está diante de um trabalho maior.
6) "Galanga live", Rincon Sapiência - simplesmente o disco mais presente, mais importante, mais interessante e mais presciente do pop brasileiro em 2017. Não é que cada faixa da estreia desse poeta seja explosiva. Todo o álbum tem uma urgência de fazer corar até o Racionais MC. Estou vendo Kendrick Lamar mais uma vez (e justamente) ser celebrado como um dos álbuns do ano nos EUA (se não "o" álbum do ano"). Num mundo perfeito, Sapiência estaria ganhando a mesma celebração por aqui. Pegue um verso qualquer, tipo "quanto vale uma vida? / pensa no seu pivete / na bolsa tem a bíblia / também tem canivete", de "A volta pra casa". É genial. Ou toda a letra de "Ostentação à pobreza", que vira a mesa na tal ostentação ("muitos estão na velha classe merda") em cima de uma batida original. "Galanga live" vale cada rima que sai da boca de Rincon...
7) "World Spirituality Classics 1: The ecstatic music of Alice Coltrane" - ainda bem que sempre tem o mestre David Byrne para nos salvar. Seu selo Luaka Bop - que mostrou, entre outros, nosso Tom Zé para o mundo - lançou esta pérola em 2017, ressuscitando a carreira pra lá de marginal da "senhora Coltrane", a segunda mulher de um dos maiores saxofonistas (e compositores) de jazz de todos os tempos, John Coltrane. Gravado de maneira ultra independente nos anos 80, essa obra era privilégio de amigos e conhecidos de Alice - e Byrne mais uma vez empresta sua genialidade para redescobrir um tesouro escondido. Com forte sotaque indiano - ouve-se uns bons mantras cá e lá - esse foi o disco que mais me fez viajar este ano. E que viagem boa que foi...
8) "Survivor", Tshegue - lá vem mais um EP... Mas que culpa tenho eu se as pessoas nem esperam mais lançar um álbum? Na verdade, Thsegue entraria nesta lista mesmo com uma faixa só - a própria "Thsegue": um canto hipnótico e sedutor. A dupla por trás desse duo é francesa - parisiense. Mas é claro que as raízes desta música estão bem fincadas na África, com alguns galhos enredados no punk. Se "Suvivor" é um pouco "étnica demais", "When you walk" e "Muanapoto" fazem a reputação da banda crescer na experimentação. Você vai se apaixonar por elas também - isto é, se conseguir tirar o coro "Êh... Tshegue" da cabeça. Se alguém pegar esse refrão e samplear no nosso verão, acho que vai dar samba...
9) "Aromanticism", Moses Sumney - vamos então falar de música, como ela deve ser feita. Há sempre o que a gente chama de "elemento espontâneo" em qualquer criação musical. Mas aí tem também os "trabalhadores da música", que parecem construir cada melodia com camadas e camadas de um talento absurdo, aplicadas umas sobre as outras com a delicadeza de um ourives. Moses Sumney está exatamente nessa categoria - e teria ganho o título de "álbum mais cheio de texturas" se Björk não estivesse no páreo este ano (seu "Utopia", claro, não está nesta lista porque você certamente já o ouviu várias vezes, como eu). "Plastic" é de longe a melhor faixa, num curioso paralelo com uma faixa com o mesmo nome (ou quase), do próximo álbum da lista...
10) "Process", Sampha - ... e falando em "Plastic", Sampha abre seu trabalho incrível com uma faixa quase homônima. E dali pra frente é só alegria - se bem que uma alegria bem sutil. Aos som de harpas - ninguém usou melhor este instrumento no pop desde Björk - Sampha vai introduzindo aos poucos sua voz e seus ritmos, de maneira que lá pela meio do disco você já está completamente encantado com um novo universo musical. Sim, a lindíssima "(No one knows me) Like the piano" dá uma boa quebrada nesse encanto, tocando partes da sua emoção que nem Alicia Keys já foi capaz de alcançar com seu piano. O álbum todo é como uma grande oração - e Sampha mergulha nas suas inquietações para oferecer um conjunto musical nada menos que eterno - eu certamente quero ouvir "Timmy's prayer", por exemplo, até o fim dos dias...
11) "Exit", Dado Villa-Lobos - num ano em que eu estive tão envolvido com o Renato Russo (fazendo os textos para o catálogo da maravilhosa exposição que estreou no Museu da Imagem e do Som, em São Paulo), seria apenas natural que um novo trabalho de Dado Villa-Lobos chamasse minha atenção. Mas eu acabei gostando de "Exit" - e gostando demais - não por essa proximidade com a presença/ausência de Renato, mas justamente pela distância dela. Começando com um tom ácido e forte em "7 x 1", o álbum traz belezas diferentes a cada faixa. Bom ver que o talento que Dado empresta a tantas bandas que produz está, em "Exit", canalizado para o próprio artista desta vez, com resultados tão sublimes como "Então vem" - que deveria ser o hino oficial da chegada de 2018...
12) "Sweet as broken dates: Lost Somali tapes from the Horn of Africa", Vários Artistas - muitos lamentam o fechamento da Colette, a loja mais legal de Paris, pela ausência que vai fazer no mundo da moda. Eu fico triste porque vou perder uma "bússola musical". Sempre que ia à Colette, chegava lá no fundo e via o que eles sugeriam de música na temporada. Estive lá em novembro para uma última consulta ao oráculo e trouxe coisas inacreditáveis - a mais especial delas, esta compilação de "sucessos perdidos" em fitas K-7 da Somália! Eu sei... Tudo parece um pouco exótico demais mas deixe seu preconceito de lado. Isso é música boa - e inesperadamente boa. Eu queria, por exemplo, um certo Ali Nuur pra animar uma festa minha com sua faixa que nem tem nome. Ou a Sharaf Band ( que também está na playlist "Habib Funk") para me embalar numa noite preguiçosa... Uma viagem em todos os sentidos.
13) "Kelly Lee Owens", Kelly Lee Owens - a quarta faixa deste trabalho de estreia chama-se "Lucid". E é quase uma ironia, uma vez que lucidez é a última coisa que lhe resta depois de ouvir esse álbum maravilhoso. Toda a atmosfera é de sonho - eu sei que esse é um elogio preguiçoso, mas ouça a própria "Lucid" três vezes seguidas e me diga como você se sente. O que essa inglesa fez com a música eletrônica é impressionante. Seu disco saiu em março e eu fiquei tão maluco com ele que queria escrever essa lista logo naquela altura do ano. Felizmente o entusiasmo passou - e no lugar dele surgiu um elogio consolidado. Como bônus, procure também por sua faixa "Arthur", que ela gravou como um tributo ao grande mestre da música eletrônica, Arth ur Russel...
14) "Ash", Ibeyi - você deve estar achando que a lista deste ano tem uma forte tendência africana - certíssimo. Parece que essa inspiração, que sempre é forte, foi retomada com gosto em 2017, mas com nuances tão brilhantes como as da dupla Ibeyi. Essas duas irmãs - gêmeas! - têm um pé na África Yorubá e outro no moderno pop francês... e um "terceiro pé" em Cuba. O resultado? Uma mistura completamente original e moderna. Se fosse um disco todo a capella, já seria extraordinário, uma ver que a combinação das duas vozes é contrastante e complementar. Com os sons de uma produção moderna então... E num belíssimo hino à afirmação feminina, "No man is big enough for my arms" ainda acertou na temperatura dos movimentos sociais deste ano. Em algum canto dos EUA, Lauryn Hill está sorrindo...
15) "The OOZ", King Krule - desde que coloquei "6 feet beneath the moon", o álbum de estreia de King Krule nesta mesma lista em 2013, eu esperava por esse momento: reconhecer que este cara não era só uma novidade. "The OOZ" não chega a ser uma partida radical daquele primeiro trabalho. Se Krule deu alguma polida no seu talento foi no acabamento de algumas faixas - aquelas primeiras, como você talvez se lembre, pareciam gravadas de qualquer jeito. Agora os sons vêm talvez um pouco mais claros, mas não menos assombradores. E para um ano que, como eu mesmo mostrei aqui, muita gente não avança além de um EP, King Krule oferece um banquete de 19 faixas, fechando com uma ode à madrugadas bêbadas chamada "La luna". Esperar agora pra ver em ano ele volta pra essa lista - 2018, talvez?
16) "The imperfect sea", Penguin Café - anos (décadas) atrás, quando meu orçamento como correspondente em Nova York só para comprar um CD na finada Tower Records, eu investi numa banda que tinha o nome de um lugar que eu gostava de frequentar: o Penguin Café Orchestra. E fiquei obcecado com esses caras. Sempre instrumentais, violinos e sanfonas conversando freneticamente com um piano, o Penguin Café era o som da felicidade para mim. Sumiram, claro, como tantas coisas dos anos 80, mas Arthur Jeffes, filho de um dos criadores da banda (Simon Jeffes) retomou o projeto, tirou o "Orchestra" do nome - mas não da alma da sua música. Que maravilha reencontrar essas sonoridades, sem saudosismo, mas com o frescor de uma redescoberta.
17) "Bedouine", Bedouine - você também talvez tenha reparado que a lista deste ano está bem, digamos, tranquila... Mas isso é quase uma consequência natural das turbulências que encontramos tanto pelo calendário de 2017... "Nice and quiet", a primeira canção de "Bedouine" é o antídoto perfeito para todas as loucuras que enfrentamos este ano - e para tantas outras que ainda virão! Que venha 2018 exatamente neste tom. No momento eu quero a voz de Azniv Korkejian pra me acalmar - ou quem sabe me levar para uma década onde tudo era mais simples, até mesmo uma música folk... Não perda a faixa "bônus" "Louise" - e tente entender, sem recorrer ao Google, em que língua ela canta essa coisa linda...
18) "Outro tempo: Electronic and Contemporary Music from Brazil, 1978-1982", Vários Artistas - onde eu estava quando Piry Reis lançou seu samba espacial, "O sol na janela"? Ou quando Maria Rita (não essa que você está pensando) saiu cantando "Kamairá" entre flautas e sintetizadores? Não faço ideia, mas felizmente essas lacunas do meu acervo pop brasileiro foram preenchidas graças a um colecionador chamado John Gomez, que juntou 17 raridades da música eletrônica brasileira nessa compilação surreal. Os únicos artistas que eu conheço são Os Mulheres Negras, presente com a ótima "Mãoscolorida". Mas que prazer navegar nessas águas totalmente desconhecidas - ainda que aqui na nossa própria costa...
19) "Moritz von Oswald & Ordo Sakhna", Moritz von Oswald, Ordo Sahkna - de um lado, um dos melhores produtores de música eletrônica do século 21. Do outro, um bando de músicos de Bishkek, no Quirguistão. Mistura improvável, concordo. O que, claro, só poderia dar música boa. A própria trupe do Quirguistão já é uma mistura danada, com influências de todos os cantos da Ásia - e pode por música chinesa e indiana também nessa conta. E Moritz pega esses tons e faz com que eles transcendam suas origens, em labirintos de "loops" e estranhas reverberações. Não há uma faixa sequer parecida com a outra - "Koirong ku" parece um duelo de cordas, "Tushumdo" é um lamento a capella e "Drums", bem, só percussão. Nunca foi tão bom se sentir desorientado com uma cascata musical como essa.
20) "Any other way", Jackie Shane - e o pop nunca deixa de surpreender a gente... Primeiro tenho que agradecer a desbravadora série Numero Uno, que sempre me traz um ou dois lançamentos inesperados por ano (num cálculo conservador). Mas dessa vez eles se superaram. Eu nunca tinha ouvido falar de Jackie Shane até ter uma resenha desse lançamento, alguns meses atrás, celebrando "Any other way" como um marco na história do pop LGBT. Como assim? Bom, aparentemente Shane passou toda a carreira, ao longo dos anos 60 e começo dos 70, cantando como mulher, quando na verdade era um homem montado de drag. Ou mais ou menos isso... Tudo é um mistério na biografia desse artista - menos a qualidade da música: um soul impecável recuperado nessa antologia imperdível - com um disco inteiro só de performanc es ao vivo.
21) "Good for you", Aminé - provavelmente a capa mais repugnante do ano. Ou ainda, a imagem do rapper sentado numa privada lendo um jornal nem é tão terrível assim - é só gratuita. Exatamente o contrário do seu conteúdo. No compasso de vários trabalhos que entraram na lista este ano, "Good for you" é meio "lo-fi". Mas no fundo Aminé é bastante original - e se deu bem com a ótima "Caroline". Mas o álbum não é de um sucesso só. Tem uma despretensão em "Spice girl", por exemplo que é bem divertida. E "Slide" tem o "loop" mais cativante de todo 2017. Insito: esqueça a capa, entre na música.
22) "Mura Masa", Mura Masa - geralmente quando a gente sabe que um álbum reuniu um elenco de estrelas, dá até preguiça de ouvir... Mas não tenha receio de encarar as colaborações de Alex Crossan (de apenas 21 anos) com nomes da linha de Damon Albarn, Christine and the Queens, A$AP Rocky e Charli XCX. Esse rodízio de talentos virou a trilha sonora de uma festa perfeita - e que é também uma cápsula do tempo. Se daqui a alguns anos alguém quiser saber como era o pop em 2017, é só colocar Mura Masa pra tocar. Minhas faixas favoritas são "Nuggets" (com Bonzai), "Blu" (com Albarn, incrivelmente sedutor) e "helpline" (com Tom Tripp). Mas literalmente só tem coisa boa neste disco. Não quero nem pensar no que Crossan possa fazer um pouco mais velho...
23) "Capacity", Big Thief - em 2016 eles vieram com "Masterpiece". Eu mal me recuperei desse suave furacão e o Big Thief veio com "Capacity"... Que coração que aguentaComo resistir a essa mistura perfeita de folk, indie, punk e... até um pouco de bossa nova? Um pouco de Alanis Morrisette, um pouco de PJ Harvey, e uma pitada de Aimee Mann - eu fico tentando achar referências, mas desisto. A faixa de abertura, "Pretty things" é tão poderosa - no seu despojamento - que eu mal conseguia avançar dali na primeira vez que ouvi. Mas aí vem "Shark smile", "Capacity", "Coma", "Objects"... Bom, essa é a promessa de que eles não vão ficar quietos no futuro - tomara! - porque ele é mais que promissor...
E o melhor álbum de 2017 que você não ouviu é... de 1997: "OK Computer OKNOTOK 1997-2017". Doce ironia... É quase uma covardia, comparar qualquer disco que foi lançado este ano com essa obra-prima do passado. Mas quem disse que o mundo é justo? Não só as faixas originais de "OK Computer" sobrevivem intocadas, mas as "inéditas" (as aspas são porque muitas delas já eram conhecidas de performances ao vivo do Radiohead) são tão frescas como se estivessem sido compostas na semana passada. Como aliás, tudo que o Radiohead faz. Por ser um relançamento, duvido que muita gente tenha dado atenção, além dos fãs "hardcore" como eu (e talvez você) - por isso fiz questão de exaltá-lo nesta lista. E também pra sair um pouco do sério - que se não fica tudo muito chato... Um 2018 mais divertido pra todos nós!