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  • O medicamento chamado Perdão

    Feridos por Amor – lV

    Em ferimentos leves, aqui classificados como pequenas traições, paixões fulminantes que não duram muito, desinteresse sexual passageiro, deve-se aplicar com generosidade e rapidez o medicamento chamado Perdão.

    Uma vez este medicamento aplicado, não se deve voltar atrás uma só vez, e o tema precisa estar completamente esquecido, jamais sendo utilizado como argumento em uma briga ou em um momento de ódio.

  • O amor é benção e também perigoso

    Feridos por Amor – I

    Todos os amantes, de qualquer sexo, ficam alertados que o amor, além de ser uma benção, é algo também extremamente perigoso, imprevisível, capaz de acarretar danos sérios. Conseqüentemente, quem se propõe a amar, deve saber que está expondo seu corpo e sua alma a vários tipos de ferimentos, e não poderá culpar seu parceiro em nenhum momento, já que o risco é o mesmo para ambos.

  • A grande certeza de que a morte é inevitável

    O homem é o único ser na natureza que tem consciência de que vai morrer, e o futuro da raça humana será muito melhor do que o seu presente. Mesmo sabendo que seus dias estão contados e tudo irá se acabar quando menos espera, o homem faz da vida uma luta digna de um ser eterno. O que as pessoas chamam de vaidade – deixar obras, filhos, fazer com que seu nome não seja esquecido – considero a máxima expressão da dignidade humana.

    Acontece que, criatura frágil, ele sempre tenta ocultar de si mesmo a grande certeza da Morte. Não vê que ela é que o motiva a fazer as melhores coisas de sua vida. Tem medo do passo no escuro, do grande terror do desconhecido, e sua única maneira de vencer este medo é esquecer que seus dias estão contados. Não percebe que, com a consciência da Morte, seria capaz de ousar muito mais, de ir muito mais longe nas suas conquistas diárias – porque não tem nada a perder, já que a Morte é inevitável.

  • Ferramentas são suas maiores aliadas

    Manual de conservar caminhos - II

    Honre seu caminho. Foi sua escolha, sua decisão, e na medida que você respeita o chão onde pisa, também este chão passa a respeitar seus pés. Faça sempre o que for melhor para conservar e manter seu caminho, e ele fará o mesmo por você. 

    Esteja bem equipado. Leve um ancinho, uma pá, um canivete. Entenda que para as folhas secas os canivetes são inúteis, e para as ervas muito enraizadas os ancinhos são inúteis. Saiba sempre que ferramenta utilizar a cada momento. E cuide delas, porque são suas maiores aliadas.

    O caminho vai para frente e para trás. Às vezes é preciso voltar porque foi perdido algo, ou uma mensagem que devia ser entregue foi esquecida no seu bolso. Um caminho bem cuidado permite que você volte atrás sem grandes problemas.

  • O guerreiro é gentil consigo mesmo

    Transcrevo aqui mais um texto de Carlos Castaneda: filósofo que teve grande importância para minha geração – e faço questão de relembrá-lo em minhas colunas.

    Um guerreiro nunca gasta seu precioso tempo pensando na opinião dos outros. Conhece pessoas que acham que são importantes, e por causa disso também são gordas, arrogantes, e sem flexibilidade.

    Para um guerreiro, a arte do combate deve ser combinada com leveza, ausência de tensão e de ambição.
    Um guerreiro é gentil com os outros porque, sobretudo, é gentil consigo mesmo.

  • A importância de se repetir a mesma coisa

    Uma ação é um pensamento que se manifesta. Um pequeno gesto nos denuncia, de modo que temos que aperfeiçoar tudo, pensar nos detalhes, aprender a técnica de tal maneira que ela se torne intuitiva. Intuição nada tem a ver com rotina, mas com um estado de espírito que está além da técnica.

    Assim, depois de muito praticar, já não pensamos em todos os movimentos necessários: eles passam a fazer parte da nossa própria existência. Mas para isso, é preciso treinar e repetir. E como se não bastasse, é preciso repetir e treinar. Observe um bom ferreiro trabalhando o aço. Para o olhar destreinado, ele está repetindo as mesmas marteladas.

    Mas quem conhece a importância do treinamento, sabe que cada vez que ele levanta o martelo e o faz descer, a intensidade do golpe é diferente. A mão repete o mesmo gesto, mas à medida que se aproxima do ferro, ela compreende que se deve tocá-lo com mais dureza ou mais suavidade.

    Observe o moinho. Para quem olha suas pás apenas uma vez, ele parece girar com a mesma velocidade, repetindo sempre o mesmo movimento. Mas aquele que conhece os moinhos sabe que eles estão condicionados ao vento, e mudam de direção sempre que for necessário.

    A mão do ferreiro foi educada depois que ele repetiu milhares de vezes o gesto de martelar. As pás do moinho são capazes de se moverem com velocidade depois que o vento soprou muito, e fez com que suas engrenagens ficassem polidas.

    O arqueiro permite que muitas flechas passem longe do seu objetivo, porque sabe que só irá aprender a importância do arco, da postura, da corda, e do alvo, depois que repetir seus gestos milhares de vezes, sem medo de errar. Até que chega o momento em que não é mais preciso pensar no que se está fazendo. A partir daí, o arqueiro passa a ser seu arco, sua flecha, e seu alvo.

Autores

  • Paulo Coelho

    Imortal da Academia Brasileira de Letras e Mensageiro da Paz da ONU, autor do fenômeno literário “O Alquimista”, livro brasileiro mais vendido de todos os tempos.

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Imortal da Academia Brasileira de Letras e Mensageiro da Paz da ONU, autor do fenômeno literário “O Alquimista”, livro brasileiro mais vendido de todos os tempos.