• Adaptado do fabuloso Bhagavad Gita (Capitulo II, 16-26):

    “O homem não nasce, e também nunca morre. Tendo vindo a existir, jamais deixará de fazê-lo, porque é eterno e permanente”.

    “Assim como um homem descarta as roupas usadas e passa a usar roupas novas, a alma descarta o corpo velho e assume o corpo novo”.

    “Mas a alma é indestrutível; espadas não podem cortá-la, o fogo não a queima, a água não a molha, o vento jamais a resseca. Ela está além do poder de todas estas coisas”.

    “Como a alma do homem é indestrutível, ela é sempre vitoriosa, e por isso não deve lamentar-se jamais”.

    “Que o teu objetivo seja tua ação, e nunca a recompensa dela”.

  • Esta vida parece uma loucura

    O guerreiro da luz olha a vida com doçura e firmeza. Sabe que está diante de um mistério, cuja resposta encontrará um dia - mas ainda é cedo para respostas. Então procura comportar-se de acordo com as suas convicções e sua fé.

    Volta e meia, o guerreiro para e diz para si mesmo: “mas esta vida parece uma loucura”. Ele tem razão.

    Entregue ao milagre do cotidiano, ele percebe que nem sempre é capaz de prever as consequências de seus atos.

    Às vezes age sem saber que está agindo, salva sem saber que está salvando, sofre sem saber por que está triste.

    Sim, é uma loucura. Mas a grande sabedoria do guerreiro da luz consiste em escolher bem a sua loucura.

  • Onde Deus reside

    O grande rabino Yitzhak Meir, quando ainda estudava as tradições de seu povo, escutou um de seus amigos dizer, em tom de brincadeira:

    “Eu lhe dou uma moeda se você conseguir me dizer onde Deus mora”

    “E eu lhe darei duas moedas se você me disser onde Deus não mora”, respondeu Meir.

  • O vaso de porcelana e a rosa

    O grande mestre e o guardião dividiam a administração de um mosteiro zen. Certo dia, o guardião morreu e foi preciso substituí-lo.

    O grande mestre reuniu todos os discípulos para escolher quem teria a honra de trabalhar diretamente ao seu lado.

    “Vou apresentar um problema”, disse o grande mestre. “E aquele que o resolver primeiro, será o novo guardião do templo”.

    Terminado o seu curtíssimo discurso, colocou um banquinho no centro da sala. Em cima estava um vaso de porcelana caríssimo, com uma rosa vermelha a enfeitá-lo. “Eis o problema”, disse o grande mestre.

    Os discípulos contemplavam, perplexos, o que viam: os desenhos sofisticados e raros da porcelana, a frescura e a elegância da flor. O que representava aquilo? O que fazer? Qual seria o enigma?

    Depois de alguns minutos, um dos discípulos levantou-se, olhou o mestre e os alunos a sua volta. Depois, caminhou resolutamente até o vaso, e atirou-o no chão, destruíndo-o.

    “Você é o novo guardião”, disse o grande mestre para o aluno.

    Assim que ele voltou ao seu lugar, explicou: “eu fui bem claro: disse que vocês estavam diante de um problema. Não importa quão belo e fascinante seja, um problema tem que ser eliminado. Um problema é um problema; pode ser um vaso de porcelana muito raro, um lindo amor que já não faz mais sentido, um caminho que precisa ser abandonado, mas que insistimos em percorrê-lo porque nos traz conforto. Só existe uma maneira de lidar com um problema: atacando-o de frente. Nessas horas, não se pode ter piedade, nem ser tentado pelo lado fascinante que qualquer conflito carrega consigo”.

  • Paciência

    O grande escritor grego Nikos Kazantzakis (“Zorba, o grego”) conta que, quando criança, reparou num casulo preso a uma árvore, onde uma borboleta preparava-se para sair. Esperou algum tempo, mas - como estava demorando muito - resolveu acelerar o processo, e começou a esquentar o casulo com seu hálito. A borboleta terminou saindo, mas suas asas ainda estavam presas, e terminou por morrer pouco tempo depois.

    “Era necessária uma paciente maturação feita pelo sol, e eu não soube esperar”, diz Kazantzakis. “Aquele pequeno cadáver é, até hoje, um dos maiores pesos que tenho na consciência. Mas foi ele que me fez entender o que é um verdadeiro pecado mortal: forçar as grandes leis do universo. É preciso paciência, aguardar a hora certa, e seguir com confiança o ritmo que Deus escolheu para nossa vida”.

  • A suspeita transforma o homem

    O folclore alemão conta a história de um homem que, ao acordar, reparou que seu machado desaparecera. Furioso, acreditando que seu vizinho o tivesse roubado, passou o resto do dia observando-o.

    Viu que tinha jeito de ladrão, andava furtivamente como ladrão, sussurrava como um ladrão que deseja esconder seu roubo. Estava tão certo de sua suspeita, que resolveu entrar em casa, trocar de roupa, e ir até a delegacia dar queixa.

    Assim que entrou, porém, encontrou o machado – que sua mulher havia colocado em outro lugar. O homem tornou a sair, examinou de novo o vizinho, e viu que ele andava, falava e se comportava como qualquer pessoa honesta.

Autores

  • Paulo Coelho

    Imortal da Academia Brasileira de Letras e Mensageiro da Paz da ONU, autor do fenômeno literário “O Alquimista”, livro brasileiro mais vendido de todos os tempos.

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Imortal da Academia Brasileira de Letras e Mensageiro da Paz da ONU, autor do fenômeno literário “O Alquimista”, livro brasileiro mais vendido de todos os tempos.