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Por Cláudia Croitor

Este post não é exatamente um ranking (ia demorar tempo demais decidindo qual é minha série favorita e tal), mas uma lista das séries que me marcaram neste difícil ano de 2021, para o bem (a grande maioria) ou para o mal (umas séries horrendas que a gente não precisava ter visto). 

1. "Hacks" (HBO Max) - Uma comediante consagrada mas já meio em fim de carreira (Jean Smart, que só melhora a cada papel) aceita trabalhar com uma jovem e promissora roteirista de comédia que acaba de ser cancelada por uma piada considerada homofóbica. O que poderia ser o clichezão "conflito de gerações que no fim termina em uma bela amizade" vira uma belíssima série sobre, sim, conflito de gerações e um possível surgimento de uma amizade, mas baseada em duas atuações matadoras, um texto foda e discussões excelentes sobre feminismo, os limites da comédia, assédio e sororidade. É muito, muito boa. 

2. "Only Murders in the Building" (Star +) -  Durante 10 semanas, minhas terças-feiras foram mais felizes porque era o dia em que o Star+ colocava no ar os episódios dessa comédia lindinha e divertidíssima sobre três vizinhos (Selena Gomes, Martin Short e Steve Martin, pensa) que resolvem gravar um podcast de true crime enquanto investigam a morte de um morador do prédio deles, um edifício badaladíssimo de Manhattan (até o Sting mora lá e vira um dos suspeitos). Tem uns momentos bobos de comédia, é verdade, mas o roteiro se desenvolve lindamente, os personagens são exagerados e ótimos, o mistério vai se desenrolando de um jeito bem inesperado e a série ainda tem um excelente gancho pra segunda temporada (que vai vir, eba). 

3. "Reservation Dogs" (Star +) - Essa aqui eu descobri aos 45 do segundo tempo e já virou uma das coisas mais legais que eu vi neste ano. É a vida de adolescentes indígenas numa cidadezinha que faz parte de uma comunidade de nativos americanos. É tão, mas tão legal e fofa e divertida. Quase nada acontece efetivamente, a gente fica ali vendo eles serem adolescentes, basicamente. E é uma das coisas mais cool que eu vejo em anos. Apaixonei. 

4. "Mare of Easttown" (HBO Max) - Sei que é meio lugar comum falar isso, mas Kate Winslet está magistral nessa minissérie, no papel de uma policial numa cidadezinha de interior que investiga um crime brutal enquanto tenta manter a própria sanidade depois de uma tragédia em sua família. Os personagens são excelentes e as atuações são tão boas que a história (ótima também) acaba meio que ficando em segundo plano. Em resumo, imperdível. 

Master of None — Foto: Divulgação/Netflix

5. "Master of None (Moments in Love)" (Netflix) - Veja bem: eu detesto as primeiras temporadas dessa série. Acho a primeira ruim, não consegui passar do começo da segunda. Mas com Aziz Ansar meio que cancelado, essa terceira temporada é protagonizada por Lena White (que vive a Denise nas duas primeiras), que também assina o roteiro. Os cinco episódios mostram a relação amorosa de Denise e sua mulher, Alicia, que passam a viver numa casona no interior. Você vai achar que estou exagerando, mas não estou: é uma das melhores coisas do ano.

6. "Dopesick" (Star+) - Essa série que estreou no finalzinho do ano com um tema pesadíssimo me ganhou tipo nos primeiros dez minutos do primeiro episódio. É sobre o começo da epidemia de opióides que já matou mais de 500 mil pessoas nos EUA, desde que uma farmacêutica conseguiu o direito de vender milhões de comprimidos de um remédio contra a dor altamente viciante ao mentir dizendo que não viciava. A série é bem impactante, mostra a vida de um monte de gente sendo devastada, a luta de investigadores e promotores para responsabilizar a empresa e os bilionários donos da farmacêutica só ficando mais bilionários. Tem uma atuação belíssima do Michael Keaton, minha aposta pra prêmios de melhor ator do ano que vem.  

7. "Ted Lasso" (Apple TV+) - O troféu de série good vibe de 2021 vai para essa fofíssima comédia que, à primeira vista, parece só a história de um cara muito bocó. Mas o treinador bonzinho e bigodudo vivido por Jason Sudeikis é um dos personagens mais legais do ano (junto com seu time, dirigentes e comissão técnica), e cada episódio dessa série sobre um time de futebol inglês deixou a gente um pouquinho mais feliz num ano tão bosta como foi este. 

8. "Physical" (Apple TV+) - Rose Byrne (de "Damages", lembra?) arrasa demais como uma dona de casa frustrada, ansiosa e bulímica que descobre na ginástica aeróbica uma motivação para sair do seu ciclo autodestrutivo. A série, ambientada na Califórnia no começo dos anos 80, é uma das coisas mais originais e inesperadas do ano. Tristemente esquecida em muitas listas de melhores do ano. Não nesta aqui. Vá atrás. 

9. "The Other Two" (HBO Max) - Acho que nunca dei tanta risada em tão pouco tempo quanto quando vi os primeiros episódios dessa série sobre os irmãos mais velhos e meio losers de um prodígio da música estilo Justin Bieber. Daquelas comédias com 1200 referências pop por cena, dá pra rir em muitos níveis. Tem duas temporadas completas na HBO Max. E tem a casa do Justin Theroux. 

10. "White Lotus" (HBO Max) - Pra mim não chegou a ser a melhor coisa do ano, como andei vendo em umas listas por aí. Mas mesmo sem ter enxergado essa grandiosidade toda na história, foi bem divertido acompanhar uma semana na rotina de um resort de luxo no Havaí, a interação de hóspedes e funcionários, os personagens que em 90% do tempo se comportam como perfeitos idiotas, o privilégio eterno dos brancos ricos e o mistério "quem, afinal, vai morrer". E a suíte pineapple, claro.  

Ator Lee Jung-jae é o protagonista de "Round 6" — Foto: Divulgação

11. "Round 6" (Netflix) - Foi meio impossível conseguir ficar sem assistir à série mais badalada do ano - e a mais vista da história da Netflix. A série, sul-coreana, tem uma história bem pesada e violenta sobre um grupo de desempregados e endividados que aceita participar de gincanas mortais em troca de um prêmio milionário - só pra quem conseguir chegar vivo no final, obviamente. Tem uns episódios ótimos, fiquei extremamente apegada aos personagens, chorei copiosamente mais de uma vez e acho que se tiver uma segunda temporada lá estarei eu assistindo (contanto que não tenha os vips, claro). 

12. "Wandavision" (Disney +) - Contrariando todo mundo que dizia que para poder ver as séries de herói do Disney + é preciso ter visto todos os 40 filmes do MCU, não só vi como adorei "Wandavision", sem fazer a menor ideia de quem eram Wanda e Visão. Um casal de heróis está preso no que parece ser uma outra dimensão, vivendo uma vida de sitcom americana - a cada episódio, uma sitcom de uma década diferente. É tudo bem feito e maluco demais. Não curti muito o final de bruxas e lutas com raios e não sei o quê, é verdade, mas nada que tenha estragado a experiência. E nada que tenha me dado vontade de ver algum filme da Marvel, também. 

13. "Evil" (Globoplay) - Chegou este ano por aqui a segunda temporada dessa seriezinha bem boa estilo "caso do dia", sobre um trio que investiga eventos supostamente sobrenaturais a mando da igreja católica. Um padre (gato), uma psicóloga mãe de quatro filhas e um especialista em tecnologia passam os episódios investigando supostas possessões demoníacas, milagres, profecias e acontecimentos bizarros. Entre um caso e outro, a gente vai se apegando aos personagens e suas historinhas pessoais. Tem uns episódios bem perturbadores mas nunca perde a ternura. 

14. "Kevin can F* Himself" (Prime Video) - A série tem uma proposta ousada - misturar sitcom com drama para mostrar um relacionamento abusivo e uma esposa que planeja a morte do marido. Alison, vivida por Annie Murphy (de "Schitt's Creek"), é personagem de uma comédia machistona, daquelas com cenário fixo e  claque, sobre um casal desajustado, em que o marido paspalhão só liga pros amigos e trata a mulher como lixo. Quando ela sai da presença do marido, a série ganha tons sombrios e vira um drama em que ela planeja a morte do marido por overdose. Embora ainda falte uma conexão maior entre as duas partes - o que acontece só lá pro fim da temporada - "Kevin can F*" é interessantíssima e ousada e meio difícil de largar. 

15. "For All Mankind" (Apple TV+) - A série grandiosa e rica da Apple (só a incrível trilha sonora já deve custar o orçamento de metade dessa lista) sobre uma realidade alternativa em que a corrida espacial entre EUA e Rússia continuou após a chegada à Lua é ótima, embora um tantinho cansativa. A primeira temporada é muito, muito boa, a segunda temporada - que dá um salto de uns dez anos - demora demais para engatar e tem mais personagem do que a gente consegue acompanhar como deveria. Mas termina de forma grandiosa e lá estarei eu para ver o terceiro ano. 

16. "Mythic Quest" (Apple TV +) - Comediazinha excelente sobre uma produtora de um game de RPG muito bombante, "Mythic Quest" é aquela série sobre ambiente tóxico no trabalho, gênios cheios de ego e muita gente sem noção. A primeira temporada é demais, a segunda se perde de leve, e a terceira já está garantida pra 2022. Vai, que vale. 

17. "Flack" (Paramount +) - Essa aqui nem é de 2021, mas descobri este ano então está valendo (já que a lista é minha, né). Anna Paquin  está ótima no papel de uma relações públicas que trabalha com gente muito famosa com muitos segredos a esconder enquanto ela mesma tem meio que uma vida dupla. Seriezinha boa para ver sem muito compromisso. Todos os personagens são bons e as histórias envolvendo os famosos em cada episódio são bem divertidas. Falta só o Paramount resolver estrear a segunda temporada. 

18. "Love Life" (HBO Max) - A segunda temporada da série sobre relacionamentos tem William Jackson Harper (o Chidi de "The Good Place") como um cara recém-separado em busca de um relacionamento (ou não) em Nova York. Ótimos personagens, historinhas bacanas, episódios curtinhos e sempre bem bons. Dá pra se apegar. 

19. "Falcão e o Soldado Invernal" (Disney +) - Outra das séries do tal universo Marvel, com personagens sobre os quais nunca tinha ouvido falar. E outra que achei divertidíssima. Um climinha meio de espionagem (me lembrou "Alias"), personagens carismáticos, uma história boa e mais uma prova de que referências são meio supervalorizadas às vezes. 

20. "Nine Perfect Strangers" (Prime Video) - Se tem uma série que veio cheia de expectativa foi essa: baseada num livro da autora que escreveu a incrível "Big Little Lies", com o mesmo produtor, grandes nomes no elenco (Nicole Kidman, peruca da Nicole Kidman, Melissa McCarthy, Bobby Cannavale, Michael Shannon etc etc), produção riquíssima. A série começa superbem, apesar do sotaque uó da Nicole Kidman, de sua peruca horrorosa e tal. Me empolguei bastante no começo, estava apegadíssima até o meio da temporada, mas ali pro final a coisa dá uma bela descambada e fica tudo meio ridículo.  

21. "Morning Show" (Apple TV +)  - A segunda temporada de "Morning Show" é a pior coisa que podia ter acontecido com a sensacional primeira temporada, que é impecável (se você não viu, vale ver fingindo que é uma minissérie, vai por mim). Estragaram a série num nível devastador. Atuações horrendas (Jennifer Aniston no pior momento de sua carreira, sem dúvida), histórias que não fazem o menor sentido ou são deixadas pela metade, e o pior final de todos os tempos. Que tristeza.

Tirando isso, tentei ver "Your Honor" (Paramount +), com o Bryan Cranston, mas larguei no meio; tentei ver "Y: The Last Men" (Star +), mas larguei no terceiro; assisti a "The Chair", a série da Sandra Oh no Netflix, mas que coisa mais bobinha; empolgada pelas séries acima citadas do Disney + fui ver "Loki", a coisa mais chata do ano, talvez;

Contrariando a febre mundial de achar essa série a coisa mais genial do mundo, nem terminei (ainda) a terceira temporada de "Succession" (HBO Max); finalmente terminei de ver "Better Call Saul" (Netflix) e a série vai melhorando bem ao longo das temporadas, mas ainda não enxerguei essa genialidade toda; ainda estou presa no meio da quarta temporada de "Search Party" (HBO Max), uma das séries mais geniais da vida mas na qual empaquei;

Estou empolgada mas com um pé atrás com a aparentemente ótima "Yellojackets" (Paramount +), uma mistura de "Lost" com "Friday Night Lights". E ansiosíssima para ver "Station Eleven" (HBO Max), baseada num livro ótimo.

Então é isso. Feliz ano novo.

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