Blog do Camarotti

Por Gerson Camarotti


As derrotas do governo Luiz Inácio Lula da Silva na votação dos vetos presidenciais e em outros temas sensíveis, nas últimas semanas, levaram interlocutores a avaliar que Lula precisa, mais uma vez, ampliar a pluralidade partidária na articulação política.

Nessa área, ao longo de quase um ano e meio de governo, reinam os indicados do próprio PT:

  • o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha;
  • o ministro da Casa Civil, Rui Costa;
  • o líder do governo na Câmara, José Guimarães;
  • e o líder do governo no Senado, Jaques Wagner.

Dos articuladores principais, a única exceção é o líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues. Ele está sem partido, ou seja, também não traz nenhuma bancada atrás de si para votar com o governo.

Interlocutores ouvidos pelo blog avaliam que Lula deveria fazer, agora, o mesmo que fez em seus governos anteriores: um rodízio na articulação política entre nomes não filiados ao Partido dos Trabalhadores.

Congresso derrubou o veto do presidente Lula e manteve restrições à saidinha

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Após a queda de José Dirceu da Casa Civil, em 2005, em meio às revelações do escândalo do mensalão, se sucederam no posto políticos como Aldo Rebelo (à época no PCdoB), Walfrido Mares Guia e José Múcio Monteiro (ambos então no PTB).

Lula sempre viu com clareza que o cargo de articulador político deveria ser de "alta rotatividade", em razão do desgaste inerente à função.

No início do ano, no entanto, após duras críticas públicas de Arthur Lira (PP-AL), disse que manteria Padilha no cargo "só por teimosia".

Ministérios ainda não renderam apoio

Os interlocutores de Lula afirmaram ao blog que o governo precisa cobrar maior apoio dos partidos que, atualmente, têm espaço na Esplanada dos Ministérios.

A percepção é de que as mudanças feitas no primeiro escalão no ano passado – com ministérios cedidos a nomes do centrão como André Fufuca (PP, Esportes), Silvio Costa Filho (Republicanos, Portos e Aeroportos) Celso Sabino (União Brasil, Turismo) – não surtiram efeito.

Mesmo antes da minirreforma ministerial, já havia integrantes de siglas como MDB, PSD e até do próprio União Brasil na Esplanada. Até agora, no entanto, o governo segue com dificuldades em consolidar uma base aliada.

Por isso, aliados de Lula avaliam que talvez essa representatividade partidária precise também atingir o chamado "núcleo duro do Planalto", ou seja, o entorno presidencial.

Por ali, só há filiados ao PT:

Padilha é visto por interlocutores como alguém de interlocução mais restrita, e por isso aliados de Lula consideram um erro a manutenção dele no cargo.

Mesmo o ex-presidente Jair Bolsonaro acabou cedendo à necessidade de negociar com partidos ao longo de seu mandato.

Fez isso, por exemplo, quando colocou Ciro Nogueira e Flávia Arruda na Casa Civil e na Secretaria-Geral da Presidência da República.

Lira defende maior participação de Lula na articulação política

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