A Polícia Federal (PF) já mostrou fartos indícios de que o ex-CEO da Americanas, Miguel Gutierrez, mentiu ao mercado sobre a situação contábil da empresa.
Agora, sabe-se também que, o ex-CEO das Americanas mentiu também em depoimento à Polícia Federal.
A conclusão está nas investigações do caso e é a própria PF que chama a atenção para a declaração "mentirosa” de Gutierrez , que foi desmontada a partir de provas obtidas no inquérito.
Executivos da Americanas criaram dois balanços financeiros: o real, chamado de 'A vida como ela é', e o fictício, onde aumentavam lucros da empresa
A PF diz que “ao contrário do afirmado pelo Sr. Miguel Gutierrez em seu depoimento prestado no bojo do inquérito policial de que 'nunca chegou ao conhecimento do declarante fatos relacionados as denominadas inconsistências contábeis’, as anotações extraídas do backup de seu IPAD demonstram não apenas que ele de fato tinha conhecimento, como acompanhava de perto o principal mecanismo da fraude.”
A PF apontou que as chamadas "operações de risco sacado" não constavam do balanço da empresa e foram escondidas do mercado.
▶️ Risco sacado é uma operação muito comum entre companhias, principalmente do setor de varejo. Segundo especialistas, essa prática consiste em repassar dívidas com fornecedores para bancos, fundos ou outras instituições financeiras.
“Sendo, portanto, mentirosa a afirmação de Miguel Gutierrez de que 'nunca chegou ao conhecimento do declarante fatos relacionados as denominadas inconsistências contábeis’”, destacou a Polícia Federal.
Operação da PF
Nesta semana, a Polícia Federal cumpriu 15 mandados de busca e apreensão nas casas de ex-diretores da Americanas. E a Justiça determinou a prisão preventiva dos principais envolvidos no esquema que melhorava os resultados financeiros da empresa.
Quanto mais a empresa lucrava – segundo a contabilidade inflacionada por esses executivos – mais a alta cúpula ganhava prêmios milionários anualmente.
Dois ex-diretores da companhia fizeram delação premiada e utilizaram como provas conversas e exemplares da contabilidade que mostraram que a alta cúpula criou dois balanços financeiros – o real e o fictício, utilizado para o pagamento desses bônus.
Miguel Gutierrez, ex-CEO e apontado pela investigação da PF como o principal beneficiado pelo esquema de fraudes, foi preso em Madri, onde mora, na sexta-feira (28), mas foi solto um dia depois. Ele não voltará ao Brasil, mas deverá se apresentar à Justiça espanhola a cada duas semanas.