Nós, espectadores

seg, 01/08/11
por Zeca Camargo |
categoria Todas

Existem duas maneiras de decifrar o “enigma londrino” que propus na última quinta-feira. A primeira, claro, é a mais simples – que muitos dos que passaram aqui para deixar um comentário sobre esse post executaram com louvor: mergulharam aqui mesmo na internet e, cientes (talvez) de que eu estava a semana passada em Londres, por conta, entre outras coisas, de uma reportagem sobre a morte de Amy Winehouse, tentaram ver o que acontecia na vida cultural da cidade nesses dias. E chegaram sem dificuldades às pistas seguintes, seguindo a ordem das imagens que apresentei: 1) que na Whitechapel Gallery , está montada uma exposição do sensacional fotógrafo alemão Thomas Struth; 2) que fui conferir as homenagens que fãs de Amy Winehouse fizeram na frente de sua casa, em Camden, o bairro onde ela vivia; 3) que está em cartaz, no teatro Wyndham, no West End, uma elogiada versão de “Muito barulho por nada”, de William Shakespeare – se não exatamente revolucionária, pelo menos elogiadíssima.

É possível ainda, a partir dessas três pistas, fazer um sem-número de conexões – e muitas pessoas chegaram perto, com boas tentativas (a do Gabriel Lima, por exemplo, é um primor). Os que, como ele (mas de maneira mais simples), sugeriram que a morte de Amy Winehouse teria gerado “muito barulho por nada”, também chegaram perto – assim como quem pesquisou fundo na obra de Struth para arriscar que, ao fotografar visitantes de museus observando grandes obras (como ele fez num período de sua carreira), eu estava insinuando uma ligação entre o público e as celebridades. A segunda maneira de decifrar o enigma que propus passa exatamente por isso – por um exercício (que, espero, tenha sido desafiador), de “unir os pontos” de três fortes referências culturais. Mas o próprio significado de tudo isso, que eu tirei de uma  reflexão bem pessoal, só mesmo eu poderia oferecer – fruto de ideias que essas três experiências (que vivi no mesmo dia, na última quarta-feira) geraram. E é exatamente isso que ofereço a você agora, que é meu leitor assíduo – ou minha leitura assídua.

(Sem medo, aliás, de ter envolvido até aqui os melindrados de plantão que não se interessam em nada além do que ler o primeiro parágrafo de um texto com mais linhas do que eles jamais esperam escrever durante todo o ano, e que insistem que só existe um formato para quem quer escrever na internet – será que essas pessoas sabem que é possível ler um livro inteiro aqui mesmo na rede? Ou melhor, será que elas sabem o que é um livro? De qualquer maneira, antes que eu comece a divagar, acho que esses dois primeiros parágrafos já afugentaram esse gênero de leitor – e agora, mesmo que eu quisesse fazer as críticas mais severas, ou mesmo absurdas, à cantora que foi encontrada morta no último dia 23, eles já não estariam aqui para ler. O que é, claro, um alívio… Mas agora, finalmente, eu divago – e vamos então voltar para nosso enigma).

No próprio dia em que cheguei a Londres desta vez – terça-feira passada -, fui conferir o movimento em frente à casa onde Amy morava havia apenas alguns meses. Fui sem equipe de TV (só gravaria por lá no dia seguinte), movido apenas pela curiosidade de ver de perto como as pessoas estavam manifestando o luto pela perda de uma celebridade querida – um estranho ritual moderno que, como escreveu com muita perspicácia uma jornalista do “The Guardian”, hoje em dia envolve deixar retratos (de preferência tirados com o artista em questão), bilhetes, flores, eventualmente garrafas de bebida, e tirar fotos em frente do local…

Tudo isso, de fato, acontecia por lá, ao mesmo tempo em que uma movimentação de fotógrafos “oficiais” registravam tudo – sabe-se lá para que veículo (uma senhora grisalha, que parecia tudo, menos fã de Amy, me contou que trabalhava para um jornal da “sua pequena cidade a oeste de Londres”, sem dar mais detalhes antes de prosseguir com seu “trabalho”, como que para não deixar esfriar a articulações dos seus dedos que furiosamente disparavam sua câmera digital). Eu sabia que voltaria para lá no dia seguinte – para as gravações propriamente ditas – e então tratei de chegar logo ao hotel, para dormir cedo e tentar driblar o fuso de quatro horas para frente. Eu estava praticamente me forçando a cumprir o que havia planejado para o dia seguinte, antes de me apresentar ao trabalho: uma corrida no Hyde Park (quem disse que eu parei de me exercitar só porque o quadro do “Fantástico” já acabou?), e uma rápida visita à Whitechapel.

Acordei cedo e meio com sono – mas mesmo assim, fui bem na primeira parte (incrível com a gente aprende a gostar de correr!), fazendo um circuito generoso que passava pelo Albert Memorial, pela Serpentine Gallery (que eu só visitaria a fundo no dia seguinte, conforme minha programação), pela fonte “memorial” da Princesa Diana – e até pelas fontes italianas no parque. Entusiasmado com o percurso, acabei me atrasando para a Whitechapel. Ao chegar lá, porém, preocupado com o tempo, tive uma espécie de “choque de reconhecimento”. A primeira imagem que recebe o visitante na galeria principal é um díptico enorme, justamente da fase do fotógrafo em exposição sobre visitantes de museu. E comecei a pensar…

Struth é um artista extremamente versátil – e ironicamente coerente (se bem que dificilmente percebemos essa coerência num primeiro encontro com sua obra). Na retrospectiva da Whitechapel, como descobri em seguida, conheci várias outras fases suas – duas especialmente interessantes (uma de ruas urbanas vazias e outra de imagens de famílias pelo mundo). Sua fixação, relativamente recente, por ambientes aparentemente caóticos e inabitados (salas de laboratório, turbinas gigantescas, alas amontoadas de tubulações) teve um efeito quase hipnótico sobre mim. Mas o que ainda me mais me impressionou mesmo (e impressiona ainda) é seu trabalho nos museus – que, aliás, o tornou conhecido mundialmente.

Quando vi aquele primeiro díptico, fui imediatamente remetido às cenas do dia anterior na frente da casa de Amy – e me vi exercitando, espontaneamente, o mesmo olhar do fotógrafo. Eram situações diferentes, claro, mas com curiosos pontos de ligação. Percebi que os olhares daqueles turistas captados por Struth eram tão perdidos quanto os das pessoas que circulavam pela vizinhança de Amy. Nos dois casos, a sensação era a de que estavam diante de algo grande, quase extraordinário – de uma presença muito além da física (no caso do museu, as obras; no caso de Amy, suas memórias) -, mas que não conseguiam explicar. E nos dois casos – dos turistas e dos fãs – espectadores e espetáculo pareciam se misturar.

Ao voltar a Camden na hora do almoço, logo depois de minha visita à Whitechapel, quando reencontrei as mesmas cenas do dia anterior, a conexão ficou ainda mais forte. Os fãs, como se tivessem sido “clicados” por Struth, tornavam-se a própria atração. Iam lá viver seu luto e deixar suas homenagens à cantora morta, mas involuntariamente transformavam-se também no próprio espetáculo.

Já gravando “para valer”, conversei com pessoas que nem sabiam o que as tinha levado até lá – sentiam apenas que “precisavam ter ido”. Por exemplo, uma família de turistas brasileiros, de passagem por Londres nas suas férias, estavam lá por uma recomendação inesperada da guia de turismo que a acompanhava. “Ela disse que todo mundo estava vindo para cá”, contou-me uma adolescente do grupo, “então nós viemos”. O “velório informal” de Amy havia virado uma atração – que recebia pessoas que nem tinham uma intenção formal de ir lá. Não muito diferente, aliás, de hordas de turistas que visitam museus e monumentos (muitos deles escolhidos como cenário por Struth) sem a menor intenção de conhecer de fato o valor artístico que eles contêm. Você talvez já tenha presenciado isso numa viagem: grupos de visitantes que vagam de ala em ala em um museu estrangeiro com o mesmo interesse quer teriam em conferir as placas de ruas que encontram ao longo de um trajeto de táxi por uma cidade desconhecida…

Nada contra, claro. Acho que uma visita – a qualquer museu – nunca é inconsequente. Mesmo nos rostos mais indiferentes registrados por Struth, é possível imaginar um registro, ainda que tênue, de uma interatividade com a arte. Mas muitas vezes, uma experiência como essa se reduz a “momentos de deslumbramentos programados” – em que somo “obrigados” a admirar coisas (obras de arte também) que já fomos pré-programados para admirar. Sabe aquela visita relâmpago ao Louvre, em Paris, em que você só entra para conferir as três “pièces de résistance” – a Mona Lisa, a Vênus de Milo, e a Vitória de Samotrácia… Então, imagine esse roteiro multiplicado por todos os museus do mundo… (Um dia gostaria de escrever um guia de alas desconhecidas de museus que gosto de visitar – mas eu divago… de novo…).

De certa maneira, essa estranha manipulação do nosso gosto acontece em outras áreas da expressão artística também. Somos constantemente bombardeados com indicações do que “devemos gostar” – do que é “cool”, do que é “hot”, do que é “in”, do que é “it”… E pouco paramos para refletir o quanto gostamos dessas coisas apenas por inércia ou se genuinamente absorvemos aquilo por uma escolha discriminada e pessoal…

Passei o dia com essa inquietação – e já estava pensando em escrever sobre ela, quando uma terceira experiência mexeu ainda mais comigo. Depois das gravações, ao pegar o metrô em direção a Leicester Square – sem saber direito o que faria, mas ciente de que ali, como descobri há décadas, na minha primeira visita a Londres, eu encontraria alguma espécie de entretenimento -, desci naquela estação e saí bem em frente do Wyndham, onde a marquise anunciava: “Much ado about nothing” (o título original de “Muito barulho por nada”). Eu havia lido sobre essa montagem no avião a caminho de Londres, numa reportagem do “The New York Times” , e vi, na “Time Out” londrina, que essa era uma das peças mais recomendadas da temporada. E, por isso mesmo, com lotação esgotada. Contudo, passando pela porta do teatro, vi que havia uma fila modesta atrás de uma placa de “returns” – pessoas que haviam desistido do bilhete que haviam reservado. Contei seis pessoas na minha frente – e como não tinha nenhum compromisso, pensei: por que não?

Esperei apenas meia hora ali até meu ingresso “aparecer” – e em seguida, como o próprio Shakespeare teria aprovado, ao sabor do acaso, lá estava eu assistindo a uma de suas melhores comédias, numa montagem que era de fato original (transportada para os dias de hoje – ou talvez para os anos 80! -, porém sem excessos de modernidade, e conservando o texto original). Era Shakespeare, claro – e mesmo alguém orgulhoso de sua fluência no inglês (meu caso!) aborda uma montagem original de suas peças (mesmo as comédias) com um certo cuidado. Digamos que eu compreendi cerca de 40% do que era dito no palco – o que já é um ganho da última vez que passei por algo assim (em Londres mesmo, com “Hamlet”). Mas, justamente porque se trata de Shakespeare, dono de um repertório bastante conhecido, quem tem um mínimo de interesse pelo “bardo” conhece mais ou menos suas histórias. Ainda mais a divertida “Muito barulho”, onde os “amantes relutantes”, Beatrice e Benedick, acabam juntos depois de uma série de mal-entendidos. (Sim, eu sei que resumir uma comédia tão brilhante a essa linha apenas é ridículo, mas…).

Interpretados, respectivamente, por David Tennant e Catherine Tate (dois atores queridos pelo público por conta do seriado de ficção científica na TV, “Dr. Who”), os dois personagens oferecem um prazer redescoberto. Não vou aqui discorrer sobre a peça – quem dera eu tivesse gabarito para isso! Mas evoco “Muito barulho por nada” como uma continuação das experiências que eu havia tido durante o dia. A trama, que finalmente envolve Beatrice e Benedick – dois solteiros notórios que detestam sequer pensar na ideia de casamento – numa grande paixão, é um elogio (e ao mesmo tempo uma crítica) ao poder da manipulação. O que Shakespeare mostra com essa peça – e que está em tantas outras também (especialmente nas comédias), mas mais explicitamente em “Barulho” – é como somos frágeis diante do que estamos sentindo. E, dentro dessa fragilidade, como somos facilmente manipulados por essa nossa fraqueza.

Nós, pobres humanos, somos reféns perenes das nossas paixões. Por mais espertos que sejamos – ou que pensemos que somos -, tornamo-nos sempre presas fáceis daqueles que detectam qualquer variação em nosso sentimentos. A faceta mais visível disso, tem a ver com nossos corações. Quão tolos já fomos – e estou falando de mim, de você – quando nos apaixonamos? Quantas loucuras já fomos capazes de fazer quando somos privados de toda razão e nos entregamos aos caprichos de nossas emoções – ou pior, às pessoas que querem se aproveitar dessa nossa condição tão vulnerável?

Quando falamos de paixão, quase sempre pensamos nas nossas conquistas (ou não-conquistas) amorosas. Mas sempre colocamos paixão em todas as relações que estabelecemos: das obras de artes que gostamos (ou mesmo no trabalho ao qual nos dedicamos) aos artistas que admiramos. Mas quanto somos de fato “apaixonados” por essas coisas, por essas pessoas? E quanto somos apenas sugestionados a nos apaixonar por elas? Dos fãs da Amy aos “inocentes” Benedick e Beatrice – passando pelos turistas de Struth nos museus -, o quanto somos donos de nossa paixão?

Extasiado pelas quase três horas da montagem que acabara de ver – a ainda um pouco cansado pela correria do dia (e do dia seguinte, que seria também cheio de gravações) -, saí do teatro com minha cabeça a mil. Todas essas conexões competiam com meu cansaço – e mesmo ciente da minha necessidade de sono, eu não conseguia dormir. E, por essa razão resolvi dividir essas inquietações com você – primeiro como um enigma, e agora nesta nada breve reflexão.

Bobagens de quem não tem mais o que fazer – diriam os mais cínicos (que eu até acreditava que não teriam me acompanhado até aqui…). Mas eu prefiro achar que tudo isso é apenas uma semente de uma discussão maior – que você talvez leve adiante com sua própria consciência: quem manda mesmo nas nossas paixões? Ah, se eu soubesse a resposta…

O refrão nosso de cada dia

“La le la”, Shikisha – vem da África do Sul esse refrão. Que por acaso eu descobri no Japão. Não tenho idéia do que elas cantam, mas não resisto a soltar a voz cada vez que essa música aparece no meu iPod. Um ótimo refresco para as labirínticas associações que hoje eu convidei você a fazer comigo no texto acima…

 

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59 Comentários para “Nós, espectadores”

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  1. 59
    Sara Cardoso:

    Oi Zeca!
    Olha queria deixar para você está mensagem, pois, acredito sinceramente que as imagens que tenho visto em um outro programa não refletem quem você verdadeiramente é.
    Acredito que deva ser péssimo ficar sendo perseguido em todo lugar mas tente ter cuidado com a forma de falar, pois, sinceramente vendo você apresentando o Fantástico transmiti uma pessoa super bacana, mas nos vídeos exibidos você demonstra arrogância extrema, ignarância e até uma falta de educação, e demonstra claramente uma falta de jogo de cintura para lidar com determinadas situações.
    Admiro muito o seu trabalho, sucesso.

    Grande Abraço.

  2. 58
    ederson motta:

    Zeca, não gosto muito de seus textos, você esta falando de alguma coisa, ai você não se contém e vai la pra frente do texto, volta de onde parou, depois vc fala de algo que não tem muito a ver… e vira uma zona e outra coisa, SEUS TEXTOS SÃO MUITO LONGOS, os temas são muito interessantes, mas eu nunca termino de le-lo todo, IMPACIÊNCIA.

    Resposta do Zeca – fala Ederson! Desculpe colocar sobre seus ombros o ônus da leitura! Quando eu tiver um twitter te aviso. Um abraço!

  3. 57
    Anônimo:

    Eu devo ter sido uma das poucas pessoas que chegaram a este post por causa da peça “Much Ado about nothing”…eu assisti a esta adaptação que você mencionou no inicio de agosto, já tinha assistido a versão do Shakespeare’s globe, mas o fato de David Tennant estar nesta adaptação fez com que eu tentasse também conseguir um destes ingressos “devolvidos”, valeu a pena, pois Tennant estava espetacular… e tenho que admitir que foi dificil entender o que eles queriam dizer…algumas piadas foram perdidas…mas o que fez com que eu escrevesse esse comentário foi o fato de concordar com você, acho que Shakespeare quis mostrar como podemos ser manipulados pela fragilidade de nossos sentimentos…. justamente o que aconteceu com Beatrice e Benedick…Obrigada por compartilhar conosco sua experiência.

  4. 56
    Laila Amorim:

    Olá Zeca,

    Sempre leio os seus textos e gosto muitíssimo! É muito bom ver a galera te elogiando e com comentários inteligentees também! Digo isso pelo que aconteceu no post sobre a Amy Winehouse…que a galera notadamente não leu o texto até o fim e não compreendeu o que você escreveu (uma pena…).

    Um grande abraço direto do ceará!

    Resposta do Zeca – fala Laila! Mas a gente escreve pra quem tem prazer em ler – como você! um abraço!

  5. 55
    Walleska Oliveira:

    Lindinho que saudades de postar comentários!!!
    Pois bem, como nossa sociedade é mestra na criação de seres duros, egoístas, frios, materialistas, insensíveis. Você já parou para observar como algumas exigências sociais nos impedem de desenvolver algumas de nossas melhores qualidades ou virtudes? Eu fico muito feliz quando vejo esses tipos de manifestação. E a maneira que encontramos de demonstrar nossa compaixão distingue claramente o amor e a generosidade por alguém que nunca conhecemos.
    Até porque se o amor tivesse explicação não seria amor, a graça do amor é o mistério que esta envolvido nele, na qual é impossível se descobrir ou seja o que nos pobre mortal tem que fazer é aproveitar a essência que nos foi dada, e faz o que queres, compadece-te e faz o que deves . …
    É hoje como o dia é todinho meu deixo meu trevo de quatro folhas. Bjs..

  6. 54
    Flá Costa:

    Zeca,, como sempre mais um post primoroso!

    Mas confesso que na verdade este comentário vai para o post da Adele. Incrível como você conseguiu traduzir tudo aquilo que eu, uma jovem de 21 anos, pensa sobre Adele, Amy e música no mundo contemporâneo. Assino embaixo em tudo e respondo sua pergunta (ainda que tardiamente): o que a Adele tem de diferente das outras é pura e simplesmente o minimalismo. É ser famosa por ser cantora, e só por isso – não pela roupa, vida pessoal etc.

    Beijões

  7. 53
    Andréia:

    Oi Zeca!!
    Assunto deveras complexo este. Tanto que muitos pesquisadores, de diversas áreas, tentam explicar a paixão, sem chegar a um termo. Então, a mim, resta vivenciá-la!!
    Mas, na tentativa de ilustrar, uma consideração de Hegel a respeito:
    “Se chamarmos paixão – diz ele – ao interesse no qual a individualidade se entrega, esquecendo todos os demais interesses múltiplos que tenha e possa ter, e se fixa no objeto com todas as forças da sua vontade, concentrando neste fim todos os outros apetites e energias, temos de dizer que nada de grande se realizou no mundo sem paixão.”
    E, para finalizar, o que dizer desta matéria do G1, especial para fãs dos Smiths?
    https://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2011/08/morrissey-vira-superheroi-em-revista-em-quadrinhos-dos-smiths.html
    “Nos vemos” ;-)
    Um abraço!!

    Resposta do Zeca – fala Andréia! Ahahah – eu não tenho nada a ver com essa matéria do G1. Mas bem que eu gostei… Um abraço!

  8. 52
    Adriano Monteiro:

    Oi Zeca, boa noite.

    Não creio que as paixões apenas apareçam. Creio que haja uma razão para que ela exista. Me faço esse tipo de questionamento já há algum tempo e ainda não tirei – e nem acho que deva – conclusões.
    Fiz questão de responder para deixar registrada minha promessa de continuar meu estudo interno sobre o tema e assim que tiver um esboço compartilho com você.

    “Reféns perenes das nossas paixões”:
    - Então quer dizer que além da briga de ego com o conceito de destino imutável, aparece agora também essa história de “reféns” para desbancar o conceito do livre-arbítrio? É muito conceito para uma vida só. Mas será uma só mesmo? Afinal, reencarnação pode potencializar toda essa história de “paixões” e explicar da onde elas surgem. Enfim.

    Grande abraço,
    Adriano Monteiro

  9. 51
    Indyara:

    Olá Zeca,

    Que bom, cheguei perto no enigma! Suas inquietações me alegram, adorei o texo e a forma da escrita, tem muita gente que não escreve assim, mas deveria!
    Quem manda nas nossas paixões??
    Creio que ninguém, elas simplesmente aparecem. Não podemos julga-las pois cada um é de uma forma e como ele chegou nessa paixão é uma coisa muito mais interna do que externa. As vezes nem sabemos como chegamos em nossas paixões, ou descobrimos que sempre gostamos de algo.

    A divagação é um otimo ponto deste texto,

    Abraço.
    Até o próximo post.

  10. 50
    Marina Guimarães:

    Ah, as paixões…

    Lucrécio (anterior a Cristo) acreditava que a paixão cegava o homem e distorcia sua visão do ser amado, vendo beleza e bondade onde não havia – e que devíamos, por isso mesmo, evitar nos apaixonarmos.

    Mas o quê??? Estar no controle é muito chato… a vida fica muito mais colorida e empolgante com belas doses de paixão.

    Acho, Zeca, que quem manda mesmo nas nossas paixões são as nossas expectativas ;)

    Abração,
    Marina.

  11. 49
    Neo Charles:

    O quanto somos donos de uma paixão…

    Nem um pouco… apesar de nós a sentirmos e muitas vezes sabermos o porquê disso…

    Ironia e Sarcasmo:
    https://neoquiproquo.wordpress.com/

  12. 48
    Rosa Helena:

    Zeca,

    Assunto profundo e complicado. Depois de ler umas tantas vezes o seu texto e assistir ao filme, baseado na obra de Shakespeare, me peguei pensando se somos capazes de detectar o momento exato do início de uma paixão.
    Acho que não. Sobre isso vou assistir a um filme que acabei de ler aqui na internet e me interessei: ” O despertar de uma paixão”.
    Na trama de Shakespeare vemos que a paixão de Beatrice e Benedick já existia, mas estava bem camuflada por causa do orgulho. Ninguém queria dar o primeiro passo, mas ao saberem por outros que eram amados, as defesas foram esquecidas. Pode-se dizer que houve uma manipulação, mas se os dois não se gostassem de nada adiantaria.
    Beijos,

  13. 47
    Andréa:

    Bom dia, Zeca.

    Magnífico texto. Dos poucos textos que li por aqui, este foi o melhor texto sob sua autoria. Digo isso por 3 fatores:
    Pela interligação entre os 3 temas abordados, pela humildade em confessar uma compreensão parcial em relação a obra assistida e pela sensibilidade reflexiva sobre nossas verdadeiras paixões.
    Destaco, então, a parte na qual me fez refletir:

    \"De certa maneira, essa estranha manipulação do nosso gosto acontece em outras áreas da expressão artística também. Somos constantemente bombardeados com indicações do que “devemos gostar” – do que é “cool”, do que é “hot”, do que é “in”, do que é “it”… E pouco paramos para refletir o quanto gostamos dessas coisas apenas por inércia ou se genuinamente absorvemos aquilo por uma escolha discriminada e pessoal…\"

    Parabéns. A partir de hoje tornarei uma leitora assídua.

    Resposta do Zeca – fala Andréa! Seja bem-vinda! Um abraço.

  14. 46
    Cristiane:

    Zeca, a sua incansável busca e admiração por lugares desconhecidos (eu gostaria de estar ao seu lado em um museu, ia ficar bem quietinha para não te incomodar, eu não iria tentar descobrir os seus pensamentos não, buscaria um momento… poético!)e o que você escreveu sobre o quanto somos sugestionados a gostar de uma coisa ou outra, a olhar para determinada pessoa ou falar de determinado assunto me fez refletir o seguinte: quantas coisas passam pelos nossos olhos e ouvidos e não nos damos conta… e quantos discursos são incompreendidos. É por isso que muitas vezes na análise clínica não podemos nos prender a ele (discurso). Estar atento aos lugares que não são comuns, boa! Sabe de uma coisa: Enigma lembra esfinge, esfinge lembra Édipo e por conta do post da quinta acabei descobrindo que o The Doors tem uma música sobre esse tema (complexo de Édipo). Tá bom, uma descoberta atrasada (minha especialidade?!)… quem sabe chego no Parque Ecológico do Tietê nesse fim de semana. Brincadeira!

    https://www.youtube.com/watch?v=NoBFhdeR9PE

    Também acabei chegando ao nome de um livro que tinha fugido à minha memória: “A bagagem do viajante” Saramago. Mas isso não condizia com o que você estava dizendo… por isso fiquei quieta. Muitas vezes embolamos o meio de campo (gostou?) porque, ao invés de entendermos o que está sendo dito atravessamos a conversa! Um abraço.

    Resposta do Zeca – fala Cristiane! Qualquer referência do Doors é bem-vinda. E juntando com Saramago então, fica melhor! Você é boa de conexões (como o modesto autor de um certo blog…)! Um abraço.

  15. 45
    Matheus:

    “…gets rid of everything and helps you rock and roll…” > https://youtu.be/P3gWF9Zxrt0

    Decidi compartilhar (talvez você leia, talvez não) essa música que trata dos efeitos das drogas de uma forma lírica e até mesmo engraçada. Amy se entregou a intensidade da qual estrelas como ela estão sujeitas. Uma falha. Acabou como um buraco negro para todos que a amavam e admiravam seu trabalho.

    Afinal, quem quer algo real quando podemos não ter nada? Por que não desistir? Quem quer tentar? Algumas questões levantadas por essa canção e que me deixaram engasgado durante a semana que se seguiu após a morte da voz mais especial do meu, do seu, do nosso tempo.

    Girls é Christopher Owens e Chet White – e essa música é do EP Broken Dreams Club, lançado no final de 2010 – precedendo uma mudança sonora antes do lançamento do segundo álbum. Espero que você goste.

    Grande abraço,
    Matheus.

  16. 44
    Junior Mundim:

    Zeca,

    Sua reflexão foi bem interessante, quem controla essa dona paixão? Acaba que em um contexto você vai descobrindo e refinando o que é bom ou ruim, se não ocorrer essa seleção fica algo doentio, (Falo de qualquer tipo de paixão) e improdutivo!

    Fugindo do assunto olha que voz e sentimento (soul total).

    Nina Simone – Feeling good https://www.youtube.com/watch?v=h8tuTSi6Sck

    Abraço a todos!

  17. 43
    Vera Lúcia:

    Zeca, valeu a dica da música africana \"La le la\" Shikisha, a melodia é animada e dançante. Felicidades!!

  18. 42
    cinara almeida:

    vasculhando o youtube olha o achei sobre vc
    https://www.youtube.com/watch?v=KWmeSGu5e38&feature=youtu.be

    Resposta do Zeca – fala Cinara! Bons tempos do “MTV no ar”! Bandas “antes”! Saudades! Um abraço.

  19. 41
    Alisson Henrique:

    OI Zeca!!!

    Como as paixões mandam e desmandam…. e como as pessoas que aproveitam desse nosso estado vulneravel, para mostrar a pior face do ser humano… desculpe, como vc estar desabafando aqui, mas terminaram um relacionamento maravilhoso de uma noite ruim comigo ontem, pelo telefone… o que me fez gastar muito meu cd da Adele… nao sei mais quantas vezes eu ouvi “Turning Tabels”, que foi bem sujestiva para situação… Encarecidamente pelo desculpa novamente, mas as vezes utilizamos de mecanismo onde podemos falar o que estamos sentindo sem ninguem nos conhecer, do qual a realidade ao nosso redor nao nos permite tal coisa….

    Parabéns pelo post….

    Abraço

    Alisson Henrique

    Ps: Você está sabendo algo da vinda da Britney ao Brasil??? é com extrema paixão que eu pergunto.

  20. 40
    AGILSON RIBEIRO:

    ZECA, Quanto:” Algo grande, quase extraordinário,paixões inexplicáveis”
    É que fomos Criados a viver amando e estar próximo uns aos outros.No filme Nàufrago(ano2000), o ator Tom Hanks, perdido numa ilha, cria um persongens a parti de uma bola para diálogar.Por isso quando da morte da Amy Winehouse, sentimos a sensação que poderia ter durado um pouco mais…É importante o convívio no dia de Hoje, pois o Ontem já passou o Amanhã é uma dúvida.

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