Brasileiros votam em portugal (Foto: Vitor Sorano/G1)
“Cheguei a 5 minutos do fim para não perder a classe. Brasileiro sempre atrasado”, diz a socorrista carioca Patrícia Pascoa, de 40 anos, uma dos últimos eleitores que conseguiram entrar na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, onde ocorreu a eleição 2010 na capital portuguesa.
Cerca de 10 pessoas não tiveram a mesma sorte. A mineira Ana Carneiro, enfermeira de 41 anos, foi a primeira deles. “O metrô demorou a passar. Não tem 15 minutos de tolerância. Nem vou justificar também”, disse. Logo em seguida foi a vez da também mineira CristianeAlves Ferreira, de 37 anos. Moradora de Palmela, afirma ter ficada presa no trânsito. “É difícil, né, a gente vem de tão longe para chegar
atrasado”, diz.
No 1º turno, o número de atrasados foi maior. No dia 3 de outubro, logo que as portas fecharam, havia cerca de 15 pessoas barradas para fora.
Entre elas estava o vidraceiro paranaense Edmilson Frasson, de 41 anos, que chegou poucos minutos após às 17h. Hoje, entrou na Faculdade de Direito pocos antes.v”Cheguei faltando 5 minutos para o fim. Hoje consegui. Tô feliz. Um cidadão brasileiro tem que votar, né?”,disse.
“Tinha muita gente na estação que estava desistindo, mas meu amigo insistiu”, diz o construtor Dante oliveira, capixaba de 62 anos, que
chegou por volta das 17h15. “Devia ficar até as 18h30″, diz ele, que culpa o transporte pelo atraso.
Segundo o cônsul-geral do Brasil em Lisboa, Renan Paes Barreto, não houve nenhuma ocorrência – como compra de votos ou falha de urnas -
durante a votação. “O processo ocorreu como deveria ter ocorrido”, diz.
Crescimento de eleitores
O número de eleitores cadastrados para votar em Portugal subiu de 7.630 em 2006 para 23.182 neste ano. Segundo o cônsul-geral, o
processo de legalização de brasileiros feito entre 2005 e 2008 – conhecido como Acordo Lula e que beneficiou aproximadamente 20 mil,
segundo o Itamaraty – pode ser uma das causas do aumento. De acordo com o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, há cerca de 116 mil
brasileiros em situação regular em Portugal.
Outros motivos apontados por Paes Barreto foram as campanhas de cadastramento realizadas tanto pela Justiça Eleitoral como pelas
representações dos partidos políticos no estrangeiros. “Houve uma intencionalidade para elevar a porcentagem de votantes no exterior”,
diz Paes Barreto.
Com isso, Lisboa passou a ser o segundo maior colégio eleitoral no exterior, atrás de Nova York. Porto é o 5º. No total, há 153 cidades no no
estrangeiro onde houve votação nas eleições 2010, com 200.043 eleitores aptos a votar. O índice de abstenção ficou em 55,5% no
primeiro turno – nos Estados brasileiros variou de 13% em Roraima a 23% no Maranhão.
Por Vitor Sorano, de Portugal, especial para o G1