ter, 21/07/09
por Cássio Barbosa |
Exatamente 40 anos depois de o homem conquistar a Lua e 15 anos depois de Júpiter ter sido alvejado pelo cometa Shoemaker-Levy 9, novamente assistimos a um evento explosivo em Júpiter. Desta vez, Anthony Wesley, um astrônomo amador australiano, notou que Júpiter tinha ganhado uma nova mancha escura nas proximidades do seu polo sul. Isto se deu entre 3 e 6 horas da manhã do dia 20 e logo depois do amanhecer ele comunicou esse fato.
Mas, melhor ainda, imediatamente após o impacto, uma equipe de astrônomos que estava trabalhando no Telescópio para o Infravermelho da Nasa (IRTF em inglês), que fica no Havaí, obteve as primeiras imagens do ocorrido. Essa imagem no infravermelho mostra o local do impacto como uma pequena mancha brilhante, que representa o efeito de aquecimento da alta atmosfera. A pequena mancha ovalada que segue para a esquerda e para cima numa diagonal deve ser efeito dos detritos do corpo que atingiu o planeta. O arco brilhante abaixo do local do impacto é a emissão da aurora polar de Júpiter.
Ninguém sabe exatamente o que atingiu Júpiter, se foi um asteróide ou um cometa, mas a mancha produzida tem o tamanho aproximado da Terra. Logo depois do impacto, uma tempestade, do tamanho de Marte, surgiu nas imediações do local.
Mais imagens devem chegar no decorrer da semana, pois a equipe no IRTF observou até não poder mais. E isso não foi quando o dia nasceu! No infravermelho é possível observar de dia, eu mesmo já fiz isso, mas não é muito fácil. Os astrônomos no telescópio disseram que, mesmo com o Sol já raiando, eles continuaram a tirar imagens nos mais diversos filtros. Vamos ver o que vem por aí.
A respeito do “novo” Hubble: eu conversei com um colega que trabalha na Alemanha e ele me disse que os testes e a integração dos novos instrumentos estão indo muito bem. As primeiras observações estão programadas para o começo de setembro. Tudo indo assim, devemos ter as primeiras imagens na metade de setembro.
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ter, 14/07/09
por Cássio Barbosa |
Sabe aqueles números de circo, em que uma moto a uns 100 km/h atravessa uma tela ou parede, muitas vezes em chamas? Agora imagine uma cena dessas, mas troque a moto por uma galáxia se movendo a quase 2 milhões de quilômetros por hora! É isso que esta imagem mostra.
Esta foto é na verdade uma combinação de imagens, obtidas pelo Chandra (raios-X em azul no centro) e pelo Observatório Franco-Canadense-Havaiano (óptico em amarelo, vermelho, branco e azul). Ela mostra um grupo compacto de galáxias descoberto há 130 anos na constelação de Pégaso. Um grupo compacto é uma classe de aglomerados de galáxias que estão interagindo umas com as outras. Este em especial é conhecido como Quinteto de Stephan, mas na verdade apenas quatro dessas galáxias estão em interação. A NGC 7320 está na frente do restante do grupo.
Os efeitos das interações podem ser notados pela cauda em NGC 7319 e pelas deformações em NGC 7318a. Essas deformações indicam que NGC 7317 passou pelo centro do aglomerado uma ou mais vezes. Agora, o que o Chandra nos mostra em raios X é que NGC 7318b está atravessando o centro deste aglomerado e que o espaço entre as galáxias em aglomerados está longe de ser um simples vácuo.
Permeado por gás a alta temperatura, o gás que perpassa as galáxias em aglomerados emite raios-X. Com uma galáxia dessas atravessando esse gás, ela o comprime, deixando-o mais quente ainda e produzindo uma onda de choque. Essa onda de choque é detectada como a mancha azul no centro do aglomerado. A interação com esse gás é ainda mais complexa, nesta imagem não aparece, mas um halo gigantesco de gás circunda o aglomerado. Além da compressão pelo choque, este halo é aquecido também por explosões de supernovas nas galáxias do grupo.
Grupos compactos são importantes do ponto de vista da evolução de aglomerados. Eles representam uma rara oportunidade de estudar como um aglomerado que emite pouco raios-X, dominado por galáxias espirais, vira um sistema dominado por galáxias elípticas e que emitem muito raios-X. Estudar essa evolução também permite entender as complexas interações que produzem o halo que circunda os aglomerados.
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