Lulin na avenida

seg, 23/02/09
por Cássio Barbosa |
categoria Observatório

Como eu havia falado em um post mais abaixo, o cometa Lulin está se aproximando da Terra. Mas muita calma, na quinta-feira, durante uma sessão de observação do céu aqui na UNIVAP fui perguntado sobre um “planeta que está vindo bater na Terra agora em fevereiro”. O cometa está se aproximando sim, mas a menor distância prevista é de “apenas” 62 milhões de quilômetros.

Após passar nas imediações do Sol no começo deste ano, o cometa Lulin está saindo do Sistema Solar, mas nesse caminho ainda está aumentando de brilho. Segundo reportes de observadores pelo mundo afora ele já atingiu 5,6 de magnitude — o que o faz ser visível a olho nu. Algumas pessoas relatam ter visto o cometa de dentro de cidades, mas isso é muito mais difícil. Em locais escuros, por outro lado, o cometa é presa fácil e deverá ficar ainda mais fácil neste Carnaval. Mantido esse ritmo de aumento de brilho, é possível que ele atinja magnitude 5 no dia 24, quando estará mais próximo de nós.

A foto ao lado foi tirada dia 18 agora por Jack Newton, no Arizona, e mostra o cometa com sua cor esverdeada, característica da emissão de cianeto, quase sem cauda. O cometa Lulin já perdeu sua cauda duas vezes no prazo de uma semana.

E como fazer para observá-lo? Simples, em primeiro lugar procure um local escuro e lá pelas 3 da manhã procure por uma mancha esbranquiçada no céu na direção do nordeste. A carta celeste ao lado foi feita para as 3 da manhã do dia 24. O Lulin estará na constelação do Leão, vindo da constelação de Virgem, e neste dia em específico, o cometa estará muito próximo de Saturno, o que facilita muito sua localização. Saturno está visível no céu já a partir das 21h30 e seu brilho amarelo pálido (sem cintilar) não deixa dúvidas.

Aproveitando a melhora no tempo e que a Lua nasce apenas na alta madrugada, temos aí o feriado para tentar achar este cometa. De acordo com os relatos, este cometa, além de brilhante, é grande o suficiente para ser achado facilmente no céu.

Bom feriado!

Uma galáxia anêmica

qui, 05/02/09
por Cássio Barbosa |
categoria Observatório

A galáxia NGC 4921 foi descoberta por William Herschel no final do século XVIII. Ela faz parte do chamado Aglomerado de Coma, uma grande concentração de galáxias localizada a 320 milhões de anos luz na direção da constelação de Coma Berenices, que quer dizer simplesmente a cabeleira da rainha Berenice.

Galáxia

Por si só, esta galáxia já destoa do resto do grupo, pois ela é uma galáxia do tipo espiral, a minoria em aglomerados, mas NGC 4921 é mais especial ainda. Ela é considerada uma galáxia anêmica.

Galáxias espirais são marcadas pelas elevadas taxas de formação de estrelas. Essa taxa elevada pode ser evidenciada através dos braços espirais que as caracterizam. Mas, como podemos ver nesta foto do Hubble, mal dá para se perceber que NGC 4921 tem algum braço. Como resultado dessa baixa “fertilidade”, essa galáxia mais parece uma água-viva gelatinosa, tão tênue que nos permite ver através dela. Daí vem a classificação de anêmica.

A imagem teve um tempo total de exposição de 27 horas e, com tanto tempo assim, não é difícil de achar uma vasta quantidade de objetos astronômicos. Na própria NGC 4921 podemos ver alguns rastros de poeira (que ressaltam os braços), pequenos aglomerados de estrelas jovens, aglomerados de estrelas antigas, estrelas de nossa galáxia, o núcleo de NGC 4921 e uma quantidade imensa de galáxias mais distantes. Várias delas podem ser vistas como se estivessem salpicadas na galáxia, mas elas estão muito mais distantes. Estamos vendo a luz delas após passar através da galáxia. E são galáxias de todos os tipos, espirais, elípticas e irregulares. A respeito de várias delas, não dá nem para dizer de que tipo são, de tão deformadas.

A equipe de pesquisadores que produziu esta imagem observava estrelas Cefeidas, um tipo peculiar de estrelas variáveis que permite obter a distância até a galáxia em que ela está. Para isso é preciso observar uma galáxia em épocas diferentes, para procurar variação de brilho nas estrelas e depois descobrir seu período. Só que a Câmera Avançada de Busca (ACS em inglês) quebrou no início de 2007 e interrrompeu essa sequência de observações, de modo que a pesquisa ficou prejudicada. Pelo menos deu para fazer mais uma daquelas imagens inesquecíveis do Hubble.

PS: O Ano Internacional da Astronomia está em andamento. Aqui em São José dos Campos (SP) começaremos as atividades na segunda feira (09/02). Quem estiver na
região pode dar uma olhada na programação no endereço:
https://www.univap.br/dialogo_informativo/2009/ed28_sem26jan_01fev.html
Todos estão convidados!



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