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Lâmpada elétrica, teclado Qwerty, indústria automobilística, como imaginar a vida no século XXI sem essas magníficas invenções? Mais interessante é, no entanto, pensar sobre como os responsáveis por cada um destes inventos chegaram a concepção das soluções que lhes renderam fama; afinal, seriam obras de gênios inquestionáveis ou frutos de momentos de iluminação divina? Nem uma coisa, nem outra, visto que nenhum dos 3 feitos corresponde à uma invenção genuína. Surpresos? Pois saibam que a primeira máquina de escrever, por exemplo, era uma adaptação rudimentar do mecanismo do teclado de um piano. Henry Ford, por sua vez, não inventou o automóvel, a linha de montagem ou o conceito de peças passíveis de reposição, apenas colocou tudo junto para lançar o primeiro carro produzido em escala, assim como Thomas Edison, que, diferente do que muitos pensam, não inventou a lâmpada, mas sim uma versão comercialmente viável do produto.
Revelações como estas podem ser encontradas no excelente vídeodocumentário que integra o acervo do blog “Everything is a Remix”, do qual já me tornei visitante assíduo. Como o próprio nome sugere, trata-se de um espaço virtual dedicado a propor reflexões sobre a crença de que criatividade não é mágica, e sim parte de um processo que sempre se inicia com a cópia, passa pela transformação e termina na combinação de elementos que isolados não teriam nada de genial. Para Kirby Ferguson, autor do projeto, as grandes obras da civilização seriam tão somente uma organização funcional de ideias já conhecidas. Como o processo de aprendizado da espécie humana se baseia na reprodução, a cópia seria como um destino inevitável, o estágio inicial inerente à qualquer criação, princípio que se aplica, inclusive, à própria tese, uma vez que esta ecoa o discurso de outros pensadores.
Por razões óbvias, não resisti a curiosidade de estender o raciocínio ao campo das artes, mais precisamente ao da música, buscando validar a teoria a partir das bandas e artistas de que gosto. Alguém aí consegue supor qual foi o resultado do exercício? “Cópia” na cabeça. Em todos os casos, sem exceção, consegui identificar ao menos uma referência explícita, ou, se preferirem, a chamada “inspiração involuntária”. O que dizer das manjadas coincidências entre os primórdios de Strokes e Nirvana em comparação a Television e Pixies? Isso para mencionar apenas dois exemplos de excelentes bandas que se apropriaram de uma linguagem estabelecida, tornaram-se fluentes nela, para, então, conceber trabalhos de fato autênticos e de reconhecido valor artístico. Indo um pouco além, e contrariando a máxima que diz “em casa de ferreiro espeto é de pau”, eu mesmo posso atestar que o Los Hermanos da época de fita demo era uma inspiração não tão involuntária assim do Acabou la Tequila, e por aí vai.
O problema é que para cada caso de “inspiração” bem sucedida existem dezenas de arremedos, ou seja, artistas e bandas incapazes de se desvencilhar de suas influências mais diretas a fim de agregar algo de único à música que fazem. Devo confessar que ando um pouco de má vontade com as novidades que volta e meia chegam aos meus ouvidos. Muitas vezes trata-se de música de indubitável qualidade, mas que perde um tanto da graça quando torna-se muito claro de onde partiu tamanha “criatividade”. Parece que quanto mais se vive (e digo isso do alto de meus primeiros fios de cabelo branco) mais se tem a impressão de estar assistindo a um filme cujo final é conhecido. Se isso for mesmo verdade, duas escolhas: conformar-se com as infindáveis reprises ou convencer-se de que, por mais requentado que seja o filme, há sempre uma nova cena a ser descoberta.
Bom, caso alguém se anime em indicar artistas ou bandas novas que valha a pena conhecer, façam as honras…
Faz todo sentido.
Tanta coisa boa e inovadora já foi feita. É difícil nos tempos de hj com tanta modernidade encontrar algo completamente original.
Mas acredito que pode sim existir esse algo inovador, o complicado vai ser encontrá-lo. rs
Ótimo texto, Bruno.
Oi, Medina! Um tema sempre válido de se debater é o da criatividade, como fez desta vez mas que lembro perpassar textos anteriores seus. A cultura pop é o caso mais dramático do que expôs: na maioria das vezes, o teor de criatividade é tão diluído, rarefeito, que não passa de um verniz. Não resiste à abrasão de uma memória mais atenta.
E o que dizer de originalidade, então?! Se a gente pegar pelo radical da palavra, \"original\" é aquilo que se mantém fiel ao que o originou. É aquele produto cultural a partir do qual é possível remontar à origem e nos permite refazer o percurso de (res)significação. E não algo nunca visto, sem paralelo com qualquer outra coisa. O nada, por não existir, não pode produzir o que quer que seja.
Há uma banda brasileira chamada \"A Banda de Joseph Tourton\" que lançou ano passado um disco instrumental, disponível na internet para ser baixado sem custo. Há um tônus de rock no som deles, e algumas nuances de choro. Uma de suas influências alegadas é o Jethro Tull, e que perpassa mesmo todas as faixas. Vale conhecer, pois não investem na mesmice.
Outra banda, desta vez de Minas Gerais, chama-se Quebrapedra. Há duas bandas com esse nome no cenário musical mineiro atualmente, mas a que me refiro é a que tem por vocalista Leonora Weissmann. Lançaram um disco em 2008, que pode ser encontrado no site \"Um que tenha\". A influência principal é a MPB, embora não estejam isentos do rock e do pop. Considero o som deles do mesmo nível que o do Los Hermanos, devido à introspecção. Porém, no lugar dos metais tão largamente usados pela banda carioca, o Quebrapedra prefere o naipe das madeiras.
Uma banda internacional que não recebeu o reconhecimento devido aqui é o Supergrass. Todo mundo cita o Coldplay, Radiohead, Blur, Oasis, suas contemporâneas, mas o quarteto de Oxford costuma passar batido. Acho que a indústria fonográfica se deixa seduzir demais por aquilo que é sombrio, crepuscular. Sem contar que nos países com marcante tradição católica, só tem valor o que é sofrido, produções que de alguma forma cultuam o sofrimento.
O Supergrass pautou-se por um som solar, ainda que trabalhado. No Brasil a MTV só exibiu \"Alright\" e \"Grace\" que, embora sejam boas, não resumem o legado do Supergrass. E em comparação com suas bandas primas, Gaz e Rob Coombes, Mick Quinn e Danny Goffey são melhores instrumentistas e compositores do que os irmãos Gallagher, Thom Yorke etc. As influências musicais deles são: Buzzcocks, The Jam, The Kinks, The Who e Jimi Hendrix. Alguma influência do Supertramp há no fato que, também como o quinteto inglês, o Supergrass mistura suas influências de tal forma que se alguém se deixar influenciar por eles, produzirá apenas plágio.
Dado interessante: o Supergrass acabou em abril de 2010, o que é uma credencial a ser levada em conta ao avaliar a qualidade do trabalho que desenvolveram. Bandas e artistas que têm o que dizer costumam acabar ou entrar em recesso por razões misteriosas. É uma espécie de contágio geracional…
Bruno, gostei de Yuck, uma banda que tem um som melhor que o nome. Lembra muito Sonic Youth, alguma coisa de Dino Jr (salve J Mascis), mas original apesar disso, recomendo que ouça. E essa popularização do indie teve seu lado bom como seu lado ruim, mas acho que o bom ainda ganha, enquanto a moda não se apoderar completamente da cena e estragar tudo, como ela sempre faz, tornando tudo frio, falso, maquiado e arrogante…
A vida é uma eterna repetição. O assunto abordado no texto, por exemplo, é recorrente tema atemporal de discussão em rodas de conversa, redes sociais, talks shows, blogs, enfim. Às vezes tenho a impressão de que o ser humano vive em um eterno looping.
Se é assim na música, você deve saber bem também que na publicidade é muito pior! haha Até porque, na publicidade, ser original é uma OBRIGAÇÃO, o que acredito não seja ou deva ser o primeiro objetivo na música. A graça está na combinação de uma letra bacana, som de qualidade, bons músicos, um bom vocalista, e por aí vai… acho que depois, o original passa a ser uma questão de evolução, como aconteceu com os Beatles “Ok, vimos que ser uma banda normal de rock já sabemos ser. Agora vamos aloprar e tentar ser melhor do que isso.”
E, na minha humilde opinião, é um pouco do que aconteceu com Los Hermanos também. Falo isso como super fã, e vendo que o 4 veio diferente do Ventura meio nesse sentido. Mais do mesmo poderia ser feito, mas pq não mudar o foco um pouco e experimentar outros caminhos?
Sobre novos sons, ando nessa vibe também… por sorte, fiz um projeto de música que visa ajudar a realização e produção de shows, divulgar bandas e atender fãs de cada cidade, o https://www.tokaki.com.br, e cadastrando as bandas por lá acabei achando umas bem bacanas e desconhecidas do grande público até então! Se quiser te aventurar a dar uma navegada pelas bandas (ou até mesmo cadastrar umas que tu conheça, são legais e não estão lá), fica a vontade!
Beijos!
yeasayer!!
Olá Bruno… a banda não é nova, não é conhecida por mais de 1000 pessoas, mas é boa, Ah! Isso é!
Chama-se Oniriah: https://www.oniriah.palcomp3.com
Forte abraço.
Bem! Gostei muito da banda Apanhador Só.
Segue o link do site deles, não sei, mas o som me soa como uma imagem do Los Hermanos… claro, muita coisa é diferente, mas sinto uma fagulha no som deles que me remete ao Hermanos, segue o link:
https://www.apanhadorso.com/
Ironia e Sarcasmo:
https://neoquiproquo.wordpress.com/
Resumo do texto Cultuura – Um conceito Antropológico – Roque de Barros Laraia.
Não citei todos os autores presentes no texto, pois são muitos, cada um com uma importância, mas tentei, da melhor forma possível, incluir todos que chamaram a minha atenção.
A aula do dia 05/09/2011 abordou o texto do autor Roque de Barros Laraia – Cultura – Um conceito Antropológico, que é divido em duas partes principais, além dos subitens contidos em cada parte: A primeira parte aborda o desenvolvimento do conceito de cultura, começando com as manifestações iluministas até os autores modernos, e a segunda parte mostra como a cultura influência o comportamento social e diversifica a humanidade.
Tratando da primeira parte do texto, o que é abordado é a conciliação da unidade biológica e a grande diversidade cultural da espécie. O texto mostra o primeiro estranhamento do outro, de diferentes hábitos, como o exemplo que o autor oferece, que é o estranhamento de Heródoto diante dos costumes dos Lícios, e chega a uma conclusão que permanece com a humanidade até hoje: se oferecêssemos costumes diferentes e os costumes que já estão inseridos na vida das pessoas, elas escolheriam os costumes que já fazem parte das suas vidas. O autor cita outros estranhamentos como os dois provocados pelos índios Tupinambás, um vindo do Padre José de Anchieta e outro por Montaigne, que tentou explicar o estranhamento, dizendo que cada qual considera bárbaro tudo aquilo que não é comum nos seus costumes. Essas diferenças sociais são explicadas de duas formas:
“Criatividade não é mágica, e sim parte de um processo que sempre se inicia com a cópia, passa pela transformação e termina na combinação de elementos que isolados não teriam nada de genial.”
Genial essa frase, Bruno. Concordo em gênero, número e grau.
Ah, mandei um e-mail pra você sobre um trabalho da faculdade. Se você puder ler e responder, ficarei extremamente grato.
Abraços.
Bruno, recomendo a banda carioca “Dorgas”. Apesar do nome, o som pode ser… surpreendente…
Vale a pena parar por alguns minutos pra ouvir a viagens desses moleques: https://dorgas.bandcamp.com/
(Se é que vc já não conhece, eles ganharam um certo destaque na mídia depois dos belíssimos sinlges que lançaram)
Um professor que eu tive disse que temos apenas uma idéia original durante toda a vida. E olhe lá, se ela é original! O restante, já sabe…
O que vem sendo feito no interior de Minas, entre as montanhas, pracinhas e cachoeiras: https://www.youtube.com/watch?v=0tD9-8ZbQQA
Abraço.
Olá Bruno,
Seu texto remeteu-me a outro que escrevi a uns 3 anos atrás (e nem terminei), baseia-se na obra de Theodor Adorno, segue trecho:
Os detentores dos veículos de comunicação e defensores da expressão “Cultura de Massa” querem dar a entender que se trata de algo como uma cultura surgida espontaneamente das próprias massas. Para Adorno, que diverge dessa visão, a Indústria Cultural não apenas adapta seus produtos para o consumo das massas, más determina o próprio consumo.
Fonte: https://pt.shvoong.com/social-sciences/communication-media-studies/1904066-ind%C3%BAstria-cultural-sociedade/#ixzz1YmL1ZYYQ
Na verdade não tem muito ver, mas é uma boa sugestão de tema.
Bem verdade, eu que ainda não tenho cabelos brancos já tenho essa sensação. Recomendo uma gurizada nova do sul, Kols, que faz um tipo de rock bem interessante com letra em português e uma pegada mais gringa.
Bruno, te vi comentando o rock in rio
Acho que ontem não estivemos no mesmo lugar, com certeza não com os mesmos olhos (e ouvidos). O melhor som foi, sem nenhuma dúvida, de Elton John. Dizer que Kate Perry ganhou a noite é um excesso absurdo, talvez por conta da simpatia, carisma com as meninas presentes, e profissionalismo da moça que fez de tudo que sabia para superar a sua incapacidade vocal num palco daquele tamanho. Confesso que foi fácil aturar os gritos ao microfone e as apelações de chamar meninos sem camisa ao palco só pela alegria da minha filha ao reconhecer e cantar as musiquinhas chiclete. Porém, daí a dizer que foi o melhor da noite há uma enorme distância. Cheguei a preferir a Claudia Leite que atua num gênero que considero repetitivo e cansativo, mas mostra mais plástica desenvoltura natural no palcão. Sir John still rules. Baixou o sol à meia noite. Foi fantástico. Não vi ninguém desanimado, mas curtindo, embalados. Não era show de levantar as pernas, mas os olhos e os braços. E se o público não reconheceu, não sei porque então vi, a cada fim de performance, os mais longos aplausos da galera. Ainda bem que também foi um longo show, valeu o frio e a fome.
Bruno,
Concordo e compartilho da falta de entusiasmo com as novidades que chegam aos meus ouvidos, porém, pude assistir ao show de uma banda no RJ que serviu de alento para encarar o cenário musical atual.
Pelo nome já podemos ter uma idéia da criatividade da galera: SUPERDIVOS E A MOÇA
São músicas de letras criativas e irreverentes, um bom humor inteligente, embora simples.
Sem afetação, com muita simpatia. Pena que não tem todo o repertório da banda disponível.
Vc pode ouvir no myspace: https://www.myspace.com/superdivoseamoca
Quem sabe vc não da uma luz pra essa galera.
Bjos
Oi, Bruno!
Li, reli, li de novo, li os comentários, e, não fosse o seu último parágrafo pedindo sugestões, não teria muito o que acrescentar.
Porém, já que você pediu indicações de bandas, lembrei-me de um conhecido meu de Porto Alegre, que tem um projeto chamado Musictopia. O som deles (é uma dupla) é beeeeeeeem diferente de tudo que eú já ouvi, mas ainda assim, soa familiar a muitas coisas.
O que eu sei é que a “discografia virtual” deles está disponível pra download no link https://m-topia.tumblr.com, sendo que o último trabalho saiu em julho desse ano e é o mais maduro do duo.
Forte abraço,
Daniel =)
Tudo é um remix, ou pelo menos começa de um remix….mas penso que quando não se tem pretensões financeiras e/ou comerciais facilmente um trabalho criativo atinge autenticidade….é só estar mais preocupado com o processo artístico/criativo do que com a fama…sou compositora e conheço inúmeros amigos-exemplos de músicos, compositores que dialogam com este fora-dentro da vida humana, este jogo do que está dentro e fora de nós…o que engolimos, mas o que colocamos pra´ fora também….é simples…basta apenas levar uma vida mais verdadeira.
Ótima banda Gaúcha que posso recomendar é a Pata de Elefante. Sonzeira instrumental!
https://www.patadeelefante.com/
Que tal essa banda alagoana que mais parece gringa… Neon Night Riders
https://www.myspace.com/nnrbr
Abraço
https://www.youtube.com/watch?v=ql6Y7pcMQz4
essa banda é de Manaus. Tentando fazer a diferença aqui no norte.
A internet tem seu lado bom.
Mesmo com uma distância de km’s da Paraíba, descobri na internet essa banda e é muito boa. Vale a pena conferir: https://www.myspace.com/avalsademolly
Abraços.
Bruno,
Sinceramente acho q vc nem vai ver este comentário pq o post é antigo pra cara%$%, mas a banda Tono é um cado boa, mas sinceramente até hoje não vi álbum melhor do q o último do los hermanos, pra vc que fez parte de tudo talvez nem tenha tanta importância talvez a mágica tá no que não vemos.
Tudo é bala e chiclete, vai demora pra mudar.