Globo Mar embarca em aventura no Navio-Escola da Marinha do Brasil

sex, 03/05/13 por thiago.brandao | categoria Episódio da temporada 2013, Temporada 2013

O Globo Mar chega ao Mar do Caribe, no México, na paradisíaca Ilha de Cozumel, que será o nosso porto de partida para uma aventura por estas águas carregadas de história. Foi explorando este mar azul que grandes navegadores como Cristóvão Colombo e Américo Vespúcio, incluíram o novo mundo, as Américas, no mapa do Planeta. E o mais interessante de tudo isso é que vamos fazer esta jornada a bordo de uma embarcação muito especial: o Navio-Escola Brasil. Como já diz o nome, uma espécie de faculdade flutuante, que navega pelos 7 mares, dando polimento final, preparando os futuros oficiais da marinha brasileira.

Bossa nova, moqueca, caipirinha. Antes de zarpar a tripulação oferece um gostinho de nossas tradições aos visitantes estrangeiros. Afinal, uma das missões do navio é nos aproximar dos países amigos.

Galeria de fotos revela bastidores de gravações no navio-escola

“Hoje nós temos aqui o representante do governador, nós temos o prefeito da cidade, nós temos autoridades da marinha e cidadãos mexicanos em geral, que têm a chance de vir aqui, conhecer um pouco de Brasil. Ou seja, são 400 pessoas que nós mandamos pra conhecer o mundo e 400 pessoas que aproveitam e mostram ao mundo como é o Brasil”, diz o embaixador do Brasil no México.

Dia seguinte, é hora de deixar Cozumel. Manobrar o gigante de 130 metros e 3.200 toneladas, dentro do porto, é missão delegada a quem conhece bem essas águas.

Vamos ganhando a imensidão azul do Mar do Caribe. A bordo do Navio-Escola Brasil 450 pessoas. 180 são jovens recém-saídos da escola naval. Ao final desta viagem, eles serão oficiais. Por enquanto ainda são guardas-marinha. A navegação deles começou em julho do ano passado. Esta moçada saiu do Rio de Janeiro pra visitar 22 portos, em 18 países. Não é turismo.

“Eles estão colocando em prática aqueles conhecimentos teóricos adquiridos na escola naval e no ciclo pós escolar. Em cada porto eles têm a oportunidade de praticar aquilo que eles aprenderam academicamente”, afirma o instrutor/capitão de corveta, Marcos Vinícius Póvoa Nóbrica.

A própria partida já é exercício valendo nota.

“O que se espera desses jovens?”, pergunta Paglia.

“Se  espera que ao final da viagem, eles estejam preparados para serem distribuídos pelas diversas organizações militares da marinha, ao longo do Brasil”, responde o comandante.

Bom, chegou a hora da gente se uniformizar. Isso é uma honra porque nós vamos ficar iguais à tripulação.

Embarcou com a Marinha tem que estar pronto para tudo. Para os futuros oficiais é diferente. Eles são treinados para salvar o navio e a tripulação.

O Navio-Escola tem um leito que funciona como UTI. E o laboratório faz exames básicos. Dois médicos e um dentista aplicam aqui uma medicina especial.

“Medicina operativa é justamente o profissional de saúde aplicar seus conhecimentos técnicos num ambiente que pode ser hostil ou num ambiente que não é controlado”, revela Hemerson dos Santos Luz – capitão de corveta e médico.

Rancho é como os militares chamam a comida. E fazer rancho pra este batalhão dá trabalho. Só que comer em alto mar não é assim tão simples. A gente se escora e aproveita pra saber um pouco mais sobre a vida desses jovens brasileiros.

Bom, a gente ouviu dizer que os guardas-marinha, a essa altura, depois do jantar, estão fazendo uma atividade muito curiosa, chamada de preparar o céu. Essa parte realmente eu não sabia que eles faziam. Vamos ver do que se trata.

“O preparo do céu nada mais é do que um planejamento para o início do dia da navegação astronômica amanhã”, explica o instrutor.

Quem conhece o céu sabe se achar no mapa. A navegação astronômica é arte antiga que orienta comandantes a séculos. É tecnologia confiável, do tempo em que não havia satélite nem computador. Pra quem sabe, basta ter um sextante, um bom cronômetro e complicadas tabelas de cálculo.

“Quer dizer, é mais uma técnica mais antiga, digamos assim, não digital, não eletrônica?”, questiona Ernesto Paglia.

“Eles aprendem as duas formas. Vai que não tem outra. Pra manter a tradição e também caso o sistema de navegação por satélite venha a falhar, a gente tem a opção desse recurso tão tradicional, mas muito importante a bordo de qualquer navio”, explica o instrutor.

O melhor cálculo da posição é feito ao raiar do dia. Naquela hora em que ainda tem estrelas, mas já dá pra ver o horizonte. Traduzindo: vamos ter que madrugar!

Todo mundo lá fora de novo. Já temos a posição exata do navio. É só o começo de um longo dia de medições.

“É uma realização poder ver o que a gente estudou na teórica acontecer na prática”, diz Leonardo Machado Ribeiro.

Em águas internacionais, a bordo do Navio-Escola Brasil, o Globo Mar sai do México e navega rumo a Colômbia. Mais um trecho de uma viagem que é um divisor de águas, o toque final na formação dos jovens oficiais da Marinha.

“Agora a gente vai ver um momento crítico: é a simulação do ataque de uma aeronave inimiga. Vamos ver como eles reagem”, conta o repórter Ernesto Paglia.

Os alunos formam três equipes e partem para o combate. Vence quem usa a melhor estratégia. É um exercício diário. E depois de pelo menos 2 horas de tensão.

Os rapazes já viraram lobos do mar. A equipe do programa, em compensação, custa a firmar pé no chão inclinado. Culpa do vento que sopra a 50km por hora. O navio não sai da rota, mas aderna que é uma beleza. Na sala dos guardas-marinha ninguém tá nem aí. No raro momento de lazer, concentração total no dominó e no futebol.

Agora, tem uma única moça a bordo, que é a oficial de Marinha Mercante Letícia Amaral. Ela foi a primeira aluna da turma na Marinha Mercante e, por isso, recebeu o convite para participar desta viagem.

“Muitas pessoas acham equivocado a minha escolha, acham ‘você escolheu máquinas, mas máquinas é um trabalho masculino, tem que ter força’. Eu digo: ‘não necessariamente, se você usar a cabeça você consegue fazer as mesmas coisas que um homem vai fazer utilizando a força, você usa uma talha, uma alavanca você vai conseguir fazer as mesmas coisas’. Então não tem problema nenhum”, diz Letícia.

“Todo mundo que entra na sala de máquinas, quem passa no corredor, tem que saber quem está lá dentro, então a gente tira o nome e põe do lado”, conta o instrutor.

“No convés 2  a gente encontra uma misteriosa fila, guardas marinha e outros tripulantes do Navio-Escola brasil, esperando pacientemente por algo que acontece, quando o balanço do navio permite, atrás dessa porta. o que será?”, diz Paglia.

A barbearia. Não é vaidade é treinamento. Os futuros comandantes aprendem a dar o exemplo para a tropa.

Confinamento não é fácil pra ninguém. Que o diga um fuzileiro naval treinado para uma vida ao ar livre, pra desembarques heroicos. Bem, a vida embarcada não é só de estudo, exercício. Tem os aniversários do mês e até espaço para oração.

“A liberdade religiosa a bordo do Navio-Escola brasil, como de todos os navios nacionais, é total. Enquanto a missa católica acontece no saguão. Com um quórum um pouco menor temos um encontro dos espíritas kardecistas que estão a bordo e em outra sala de aula, temporariamente transformada em local de culto, uma celebração evangélica”, revela Paglia.

Depois de quatro dias de mar mais uma etapa vai chegando ao fim. Os alunos apresentam o que estudaram sobre a próxima escala. Cartagena na Colômbia vai entrar para o álbum, ao lado de Paris, Londres, Roma, Istambul, Nova Iorque. Uma bagagem pra vida toda.

“Acho até que é difícil encontrar jovens que tenham tido uma oportunidade como essa, logo após a sua formatura acadêmica, de crescer ainda mais no lado profissional, no lado prático, na sua profissão, e ao mesmo tempo ter essa oportunidade grande de crescimento pessoal e cultural”, afirma Vitor Mesquita.

“O que se espera deles é que se tornem grandes oficiais, que consigam conduzir a Marinha daqui a 20, 30 anos. Serão os chefes navais. Dentro dessa turma temos aí pelo menos uns 10 almirantes”, ressalta o capitão de corveta Leonardo Mesquita.

 

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29 Respostas para “Globo Mar embarca em aventura no Navio-Escola da Marinha do Brasil”

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  1. 10
    Jose Silva Oliveira:

    Foi muito legal o progama, pois fiz esta viagem em 1990 e a duração da mesma foi 7 meses, é complicado a saudade da familia.

  2. 11
    Melissa:

    Adorei , a matéria só me ajudou a enriquecer o meu desejo de entrar na Marinha Brasileira , tenho 15 anos e estou pensando em fazer a prova ano que vem , ainda estou pesquisando sobre o assunto mais com um foco muito grande em entrar para Escola de Aprendizes da Marinha .

  3. 12
    robson Marques:

    Venho aqui parabenizar este programa,vcs fizenran uma matéria mto especial,a MARINHA BRASILEIRA é uma força de mto respeito e tecnologia.

  4. 13
    Waldir Ribeiro de rezende junior:

    Tenho um filho que esta na Escola Naval, e sinto muito orgulhoso vendo o futuro que meu filho esta seguindo. Esta reportagem foi linda demais.

  5. 14
    Régia:

    Ano que vem é meu filho adentrando os mares. Parabéns, matéria belíssima.

  6. 15
    maria fatima:

    O meu filho é o instrutor capitão de corveta, Marcus Vinícius Povoa Nóbrica que apareceu no programa. Muito orgulho em ter um filho assim!!!

  7. 16
    Paulo Roberto:

    Boa reportagem, mais deveria mostrar o trabalho de todos que estão no navio, pois os praças não serão oficiais da Marinha no final da viajem, mais sem esses profissionais o Navio Escola Brasil jamais sairia do porto do Rio de Janeiro.

  8. 17
    Otaciana:

    Gostaria de ver toda a reportagem. Meu irmão participou dessa viagem/treinamento e gostaríamos muito de mostrar a reportagem para nossos pais, devido o horário do programa, eles já estavam dormindo! Abç!

  9. 18
    Junior:

    Só Deus sabe o que as praças passam para fazer o NEBrasil suspender, remuneração baixa, escala de serviço apertada por falta de pessoal e muitas horas depois do expediente sem qualquer gratificação, fora os abusos de poder por parte dos superiores. Retrato esse, de uma Marinha que existe só por causa da tradição, parada no tempo, sem tecnologia e com demanda de recursos e pessoal. Triste realidade de nossas FFAA.

  10. 19
    Ruy:

    Fiquei emocionado. Fiz essa viagem em 1977, no antigo Navio-Escola Custódio de Mello e o nosso preparo não era nem sombra do que é hoje. Minha viagem durou 4 meses e meio. Que belo programa!!!

  11. 20
    Aline:

    Podia fazer uma reportagem da Marinha Mercante também…falando EFOMM

  12. 21
    REGINALDO:

    EM, 2007 TIVE O PRIVILÉGIO DE SER CONVOCADO POR MERICIMENTO PARA FAZER PARTE DA TRIPULAÇÃO DO NAVIO ESCOLA BRASIL (U-27) E COMO CONSEQUÊNCIA TAMBÉM 2008, CONHECENTO NESSA OCASIÃO 27 PAISES. PORTANTO MINHA RESPOSABILIDADE FOI DOBRADA COM A PREPARAÇÃO DO NAVIO; PARA SER CUMPLIDA A MISSÃO DA REALIZAÇÃO DA VIAGEM DOS GUARDAS-MARINHA CONSECUTIVAMENTE 2007 & 2008. HOJE OFICIAIS. A EMOÇÃO É ÚNICA. ASSISTI À REPORTAGEM CONFESSO FIQUEI EMOCIONADO AO VER O NAVIO ESCOLA BRASIL.
    BRAVO ZULU, PARA TRIBULAÇÃO DO NAVIO E TODA EQUIPE DO GLOBO MAR.

  13. 22
    eliana:

    muito boa essa reportagem,meu filho Lauro Jorge e aspirante do primeiro ano da escola naval entrou neste ano de 2013 ,fiquei muito emocionada em saber que vai passar por tudo aquilo que vi.

  14. 23
    Edilson:

    Esta matéria me fez lembrar ás viagens que fiz neste belo navio, pena que não mostrou quase nada da vida diária da tripulação. porém no contexto geral foi excelente matéria. saudades da minha gloriosa marinha.

  15. 24
    Marcelo jeronimo:

    Tive o prazer de participar dessa comitiva em 94.Hoje como oficial graduado ainda me emociono.
    CC-FN Marcelo Jeronimo

  16. 25
    Carlos H Mayato:

    Muito boa a matéria, sugiro fazer uma em um dos Navios Polares.
    Parabéns a todos que realizaram mais uma viagem do NE BRASIL, VIVA A MARINHA.

  17. 26
    ROBERTO MIRANDA:

    PARABENIZO A TODA EQUIPE DA GLOBO MAR PELA EXCELENTE REPORTAGEM QUE ME FEZ VOLTAR NO TEMPO, POIS EU TAMBÉM FIZ PARTE POR DUAS VEZES DA TRIPULAÇÃO DO “NE BRASIL”, FIZ UMA VIAGEM COMO CABO E OUTRA JÁ COMO SARGENTO (MT), E PARA OS ANTIGOS E OS NOVOS TRIPULANTES DE TÃO ORGULHOSO NAVIO DA MARINHA DE GUERRA O MEU MAIS CALOROSO “BRAVO ZULU”

  18. 27
    elisa:

    Gente que alegria ! Se tivesse nascido homem,provavvelmente papai me teria levado pra Marinha,até tentou qdo abriram os quadros e eu ainda tinha idade,não me arrependo de ter dito não à ele,mas foi MUITO BOM assistir a este programa e como que rever-nos todos pequeninos aguardando papai nos Portos com mamãe e ou já participando mais velha de recepções em navios que ele estivesse embarcado.Ver este novos membros foi muito agradável,mesmo por ter um de meus primos no Comando Marcos Sertã e relembrar de meu paizão querido e caladão,mais conhecido como Napoleão por sua turma,quando Guarda Marinha e posterior Historiador desta mesma Marinha que era parte de seu DNA assim como de tantos outros de sua família de Oficiais:Lauro Nogueira Furtado de Mendonça minhas saudades a ti papai.

  19. 28
    vanessa:

    Muito boa reportagem adoreiiii!!!!!!vcs podiam fazer uma sobre CAP marinha seria muito bom…parabens a todos!!!!

  20. 29
    Cláudia:

    Parabéns pela reportagem !!! Meu filho se forma este ano na Escola Naval e fará esta maravilhosa viagem de instrução em 2014, agora sei um pouco mais o que lhes aguarda em mar.

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