Paglia revela belezas, surpresas e problemas da Foz do São Francisco
O Globo Mar desta quinta vai ao Nordeste, na divisa entre Sergipe e Alagoas. E quem faz a linha divisória entre os dois estados é a natureza. De um lado, está o mar. Do outro, o Rio São Francisco, um dois mais importantes do Brasil, um dos maiores do mundo, cheio de histórias, cheio de polêmica. A região vive de pesca, turismo e agricultura. E o repórter Ernesto Paglia foi à sede do encontro das águas riquíssimas do São Francisco e do poderoso Oceano Atlântico.
Já era noite quando chegamos a Brejo Grande, nosso ponto de partida, 80 quilômetros ao norte de Aracaju, capital do Sergipe; 117 quilômetros ao sul de Maceió, capital de Alagoas. De Brejo Grande até a foz do Velho Chico, onde o rio encontra o mar, vamos navegar cerca de 20 quilômetros.
A partir de 1876 e durante muito tempo, o navegante que chegasse pelo mar à foz do Rio São Francisco sabia que podia confiar em um ponto de referência sólido, que estava lá sempre, piscando a noite inteira, indicando o caminho: é o Farol do Cabeço. Hoje, ele está fora de combate. Praticamente, metade dele está debaixo d’água. A água do Atlântico avançou sobre a foz do São Francisco e hoje ele foi substituído por outro farol, que fica do lado alagoano.
O velho farol ficava na Ilha do Cabeço, em uma comunidade sergipana, que se chamava Cabeço e que hoje está totalmente submersa. Em 1988, metade do vilarejo já tinha sumido. Em 2000, saíram os últimos moradores. Fora d’água ficaram só a ponta do farol e um pequeno pedaço mais alto da ilha, que não era habitado.
Mas Ernesto Paglia encontra sinal de vida atual no local: parabólica, caixa d’água nova, aquecimento solar. É que o pescador Benito também tinha ido embora, mas voltou para o que sobrou do Cabeço e construiu uma nova casa só para passar temporadas. “Em um dia só, praticamente, ele destruiu quase o resto todo do Cabeço. Retiramos umas coisas da igreja, os bancos”, conta.
Quando o mar encobriu a vila do Cabeço, os moradores foram transferidos para Saramém, onde desembarcamos no dia seguinte. Na cidade, percebemos a preocupação com a força da água do mar. A força do mar vem comendo terra, tirando pedaços inteiros do barranco.
O mar avança porque o São Francisco enfraqueceu. O volume de água que chega à foz começou a cair nos anos 80 com a construção, rio acima, de hidrelétricas que represaram a água. São nove hidrelétricas só no São Francisco, 33 somando todas as construídas nos afluentes.
Para evitar nova tragédia, Saramém foi erguida longe da foz, a quase um quilômetro da margem do rio. Mas é na beira do São Francisco que tudo continua acontecendo. Na Ilha do Cabeço, todos viviam da pesca. Em Saramém, foi preciso improvisar. Os moradores revelam que agora a comunidade vive de pesca e turismo.
As cocadeiras pegam carona no barco dos turistas até a maior atração turística da foz: as dunas da margem alagoana. E os compradores desembarcam por uma verdadeira escadaria. Hoje, as dunas são a marca registrada da foz do Rio São Francisco, do encontro das águas do Velho Chico com o Atlântico.
Antigamente essa área era sujeita a inundações. Uma vez por ano, na época das chuvas, o rio crescia, transbordava, formava lagoas, pântanos salgados, mangue, importantes para a reprodução dos peixes da região. Hoje em dia, só tem duna e areia. O visual é bonito para turistas, mas muito ruim para a pesca e para os pescadores da região.
No local onde o São Francisco encontra o Oceano Atlântico, quem espera ver o choque poderoso da água doce com a água salgada do mar se frustra. A água do São Francisco diminuiu muito de vazão. Com isso, hoje esse encontro é um encontro entre amigos, um aperto de mãos.
Navegamos em mar aberto e seguimos pelo São Francisco. O rio entra pelo Atlântico e tinge o mar de marrom em uma faixa de litoral que avança 25 quilômetros para o sul, direção Sergipe, e mais 18 quilômetros para o norte, por Alagoas.
Vamos rumo ao norte. E nossa preocupação é checar o estrago da onda que varreu nosso convés. Na segunda manhã, na foz do São Francisco, pegamos carona para ver o trabalho dos camaroneiro em Pontal do Peba.
O camaroneiro chega, passa sua carga para um caiaque, que por sua vez transfere para uma carrocinha. A mesma charrete que trouxe o camarão leva o óleo para os barcos continuarem o seu trabalho, porque não para 24 horas por dia. Dois pescadores trabalham em um turno. Quando voltam, outra dupla pega o barco e vai pescar mais camarão.
Todos parecem descontentes. Hoje, ninguém pode fazer nada no barracão, se não gelar. Ninguém pode fazer filé, beneficiar camarão nenhum no Peba. Mas as fileteiras precisam trabalhar e continuam o serviço de qualquer jeito, em barracões improvisados.
O Ministério Público proibiu a limpeza do camarão por causa da sujeira. A cidade não tem esgoto e os restos acabam na praia. O que já seria ruim em qualquer lugar é ainda pior em Pontal do Peba, que fica em uma área de proteção ambiental. O governo exige que a comunidade faça adaptações para continuar produzindo o camarão.
Juarez, que pesca há 40 anos, acha que tudo isso se resolve. Pior, é a falta de camarão. “Para você ter ideia, às vezes, era tanto que fazia buraco, enterrava, para não ter comércio. Hoje acabou tudo isso”, comenta.
“Uma barragem no meio do São Francisco tem reflexo no camarão oceânico. Existem pesquisas que mostram que a produção de camarão está associada à vazão de grandes rios. Quanto maior a vazão, maior a produção de camarão, porque mais alimento chega para esses camarões”, explica Marcelo Vianna.
A vazão do São Francisco diminuiu 45%. A quantidade de sedimentos caiu 95%.
“É incrível isso, porque você faz uma hidrelétrica rio acima, a quilômetros. E isso tem uma consequência no mar, na produção pesqueira, bem distante, fora do rio, já no oceano”,
Deixamos a comunidade do Pontal. Nosso rumo agora é sul. Vamos conhecer o litoral de Sergipe, também banhado pelas águas do São Francisco. Ressabiados, evitamos uma nova saída pela foz. O caminho para o mar desta vez será por um braço de rio, em meio ao manguezal da Reserva Biológica de Santa Isabel. Nas praias da reserva, fica a maior área de desova das tartarugas oliva. Em 10 anos, a população de tartarugas-oliva na reserva aumentou 15 vezes.
Com muita energia, começa a festa de Bom Jesus dos Navegantes em Saramém. O povo vai chegando, mas tem gente que guardou lugar com antecedência. Tem comida, bebida, trio elétrico.
No ponto de largada da corrida de canoas, do lado alagoano, vivemos momentos de tensão. Os barcos já estão com suas velas levantadas. E o vento começa a fazer seu trabalho. O Globo Mar coloca sua bandeira gloriosa no Barco Charmoso.
Os barcos largam, e começa a regata. Sai a primeira categoria. Depois, é a vez da segunda. No passado, alguém já chamou essas embarcações de borboletas do São Francisco. Quando elas ficam em pé, lembram mesmo borboletas. Movidos a puro orgulho e brio, lá vão eles.
Perto da boia de chegada, em Saramém, uma manobra radical garante à canoa de velas azul e verde a vitória na segunda bateria. Na primeira, o nosso bravo representante ficou em último lugar. Com uma ultrapassagem no final, a canoa de velas azuis leva à vitória. O Sheba termina em um segundo lugar. Em terceiro, vem o Ajax, a canoa que virou na largada.
A cultura do povo do São Francisco ainda é capaz de fazer festas bonitas. Mas o grande rio sofre, reduzido à metade de suas águas e quase sem trazer mais os nutrientes que alimentavam os peixes no passado. É o preço que o rio paga para produzir 15% da energia do país.
1 junho, 2012 as 8:05 pm
Muito lindo… Passei minha infância e metade da minha vida vivida nessas águas lindas e gloriosas que embelezam a Cidadezinha de Brejo Grande-Se (terra do meu belo e amado pai) e Piaçabuçú-Al (onde tenho parentes tão amáveis). Sou feliz por ter nascido nas margens desse Velho Chico na Cidade linda e tão histórica que se chama Penedo. Que Deus e São Francisco protejam essa grandeza de Rio e águas. Saudades
1 junho, 2012 as 11:44 pm
ESTIVE NA FOZ DO SÃO FRANCISCO É MUIIIIIIIITOOOOOOOOOOOO BONITO, VALE A PENA CONFERIR.
2 junho, 2012 as 10:02 am
ola paglia estamos te esperando na nossa atrativa cidade de tramandai ,litora norte do rio grande do sul onde os nossos atrativos sao a pesca com o boto a beira do rio tramandai ,a festa estadual do peixe ea ponte garibalde que divide dois municipios imbe e tramandai tamo te esperando forte abraço a toda equipe do globo mar .
2 junho, 2012 as 1:02 pm
Que lugar maravilhoso isso e um paraiso!!!!!!!!!
2 junho, 2012 as 4:30 pm
Apesar do horário ainda não ser o melhor para a maioria das pessoas que amam este programa,o Globo Mar mais uma vez cumpre seu papel informativo e de conscientização qua é preciso amar para preservar.Saudades!
2 junho, 2012 as 9:24 pm
Sou mineira e estive na foz do São Francisco algum tempo atrás. Encantei-me com a natureza e com a receptividade da gente do lugar. Naveguei no Gasparino IV e me emocionei ao ver o barco ainda inteirão. É um lugar ma-ra-vi-lho-so, que deveria ser conhecido por todos os que amam este país.
3 junho, 2012 as 9:11 am
O melhor programa de todos os tempos, porém deveria SER EXIBIDO mais cedo compartilhando num dia diferente ao globo repórter que também é outro bom programa… Basta de BBB, faustão, Xuxa… esses programas não acrescenta em nada em cultura!!!!
3 junho, 2012 as 3:02 pm
Gostaria de agradecer a Deus por esta maravilha de lugar, nossa se vocês acharam o documentario lindo, agora imaginem ao vivo. A minha famíla teve esta oportunidade foi um dos mais belos passeios que já fiz,meu filho amou queria ficar morando em Maceió.Também aparecemos no documentário para minha surpresa ao olhar nossa adorei ……vale a pena conhecer … Abraços!!
4 junho, 2012 as 8:38 am
Bom dia ! tive o grande prazer de fazer parte deste programa a equipe do GLOBO MAR ESTAR DE PARABENS, pois não só mostrou a beleza do lugar mostrou tambem sua cultura o povo que tenta viver do Rio e seus problemas e o turismo como fonte de renda para esse povo mesmo com todos esses problemas .mas um povo feliz
Um grande abraço para toda equipe do GLOBO MAR
Albanir Augusto
4 junho, 2012 as 6:44 pm
gostaia que vcs fizesse uma material sobre itapissuma e itamaacá falacem das cultura de lá eles sâo um povo muito sofredor vivem de pesca e venda de crústacios por lá ernesto por favor faz essa materia
4 junho, 2012 as 10:46 pm
Sou de Belo Horizonte, e tive o imenso prazer de conhecer a foz do São Francisco, sindo de Piaçabuçu, foi um dos lugares mais bonitos que já fui.
5 junho, 2012 as 9:58 pm
o globo mar e um programa excelente ,que poderia ser mais cedo
6 junho, 2012 as 6:01 pm
Trabalhei anos como guia de turismo levando turistas de Maceió até a foz do Velho Chico, hoje estou longe,mas minhas lembraças são maravilhosas daquele lugar fantástico,da semana era sempre o lugar que mais gostava de trabalhar… ou melhor aproveitar… saudades.
7 junho, 2012 as 12:54 am
O Globo Mar é um programa simplesmente sensacional.Adorei o programa sobre o Rio São Francisco. A competência e a simpatia do repórter Ernesto Paglia é o máximo.A globo está de parabéns pelos dois. “Também me ligo em vocês.
7 junho, 2012 as 9:55 pm
Concordo plenamente que o horário escolhido pela Globo para exibir o Globo Mar não podia ser pior. Por que colocar programas tão medíocres nos horários nobres, seja em dias de semana ou fim de semana? A Globo sabe produzir coisa boa, só não contribui para a melhoria da educação do nosso povo, infelizmente.
7 junho, 2012 as 11:05 pm
RIO SÃO FRANCISCO…LUGAR MAIS LINDO,CHEIO DE PAZ,NÃO EXISTE.É TRISTE SABER COMO ELE ESTA SOFRENDO,E PIOR SERÁ COM A TRANSPOSIÇÃO.SERÁ QUE NÃO HÁ OUTRA SOLUÇÃO?VALERÁ A PENA ACABAR COM ESSE PARAISO,COM A VIDA DAS PESSOAS QUE LÁ VIVEM?DEUS CRIOU PERFEITAMENTE O VELHO CHICO,E O HOMEM ACABARÁ COM ELE….TRISTE,MUITO TRISTE
8 junho, 2012 as 7:53 pm
Trabalhei Durante mtos anos como guia de turismo em Maceió, levando turistas semanalmente a Foz do velho Chico, lugar mais belo não existe,hoje vivo longe e morro de saudades daquele lugar encantado,parabéns ao Globo Mar pela bela matéria… lembranças a todo aquele povo lutador. Carlo Brotherhood
9 junho, 2012 as 4:51 pm
Durante mtos anos fui guia de turismo na minha bela e linda Maceió,semanalmente visitava a Foz do São Francisco, levando turistas e também aproveitando o belo passeio, sempre adorei aquele lugar encantado… parabéns ao belo Globo Mar pela matéria, saudades. Carlo Brotherhood
11 junho, 2012 as 11:15 am
Mar avilhoso !!!!!!!!
25 abril, 2013 as 10:13 am
Eu a Luci e o Alessando , estivemos ai em 2011, lugar belíssimo, com certeza voltaremos para natal e esse lugar lindo, muitas saudades, parabéns para o Globo Mar pela bela repostagem