Mais um ministério

qui, 31/03/11
por Cristiana Lôbo |
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    A presidente Dilma Rousseff assinou proposta de projeto de lei a ser enviado ao Congresso criando a Secretaria de Pequenas e Microempresas, vinculada à presidência da República – uma de suas promessas de campanha. Com esta nova secretaria, serão 39 ministérios, secretarias e órgãos com status de ministério na estrutura administrativa do governo. Esta é a primeira secretaria criada pela presidente Dilma. 

     A criação da Secretaria de Pequenas e Microempresas será publicada no Diário Oficial desta sexta-feira. A promessa de campanha de Dilma estava em banho-maria até que no governo foi lembrado que o dia 31 de março, pela Lei de Diretrizes Orçamentárias, é o último permitido para criar novos cargos. Portanto, se não fosse assinado hoje, ficaria para o próximo exercício orçamentário, ou no ano que vem.

     Na período da montagem de governo, o nome mais cotado para a pasta era o do senador Antonio Carlos Valadares que chegou a ser sondado para o posto, mas deu uma declaração que não gostaria de ir para uma pasta recém-criada, e sim para um ministério com maior importância política e já estruturado. A nomeação dele tinha o objetivo principal de abrir uma vaga no Senado para o suplente de Valadares, o petista José Eduardo Dutra, presidente nacional do PT.

     Neste momento, Dutra está afastado da presidência do PT por licença médica. Segundo petistas, está com problemas de coluna e de hipertensão – e com o diagnóstico de estresse.  Para petistas, Dutra se sentiu escanteado no período de formação de governo e estaria deprimido por isso. Após a vitória de Dilma, ele era o negociador com os demais partidos aliados mas, em determinado momento, Dilma transferiu a tarefa para Antonio Palocci. Dutra ficou sem atribuição.

Homônimos em alta

qua, 30/03/11
por Cristiana Lôbo |
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     Fábio Barbosa – nome em alta no Palácio do Planalto para os cargos mais cobiçados no momento.

     O ex-secretário de Tesouro e ex-diretor da Vale agora é um nome citado para a presidência da Vale, em substituição a Roger Angelli, com quem se desentendeu nos tempos em que estiveram juntos na companhia.

    O presidente da Febraban e da diretoria do banco Santander é agora citado para a disputadíssima Secretaria de Aviação, ligada diretamente à Presidência da República. Ele também foi cotado para a Vale, mas outro acionista, o Bradesco, faria restrições a alguém do mercado financeiro que não fosse de seu próprio banco – o que inviabilizou a indicação.

     De tanta especulação, o que se vê é que não está nada fácil preencher – ao gosto da presidente Dilma e com as exigências necessárias – cargos tão importantes.

Solução interna na Vale

qua, 30/03/11
por Cristiana Lôbo |
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O nome do engenheiro de Minas Tito Botelho Martins, de 47 anos, presidente da Inco, subsidiária da Vale no Canadá, é o mais forte para substituir Roger Agnelli na presidência da Vale. Ele é o nome mais citado no Ministério da Fazenda. Mas, no Palácio do Planalto, está sendo lembrado que funcionários da Inco permaneceram em greve no Canadá durante ano, na gestão de de Martins – o que seria, na visão de um assessor, um ponto negativo para a indicação.

Conforme o acordo de acionistas, cabe ao Bradesco fazer aos demais sócios a indicação no presidente da Vale, o que permitiu a gestão de mais de dez anos de Roger Agnelli. Neste momento, o Bradesco estaria interessando na indicação de Tito Martins, selando, assim, uma solução técnica para a Vale.

A saída de Roger Agnelli está selada desde o início do governo Dilma. Em recentes conversas reservadas, a presidente deixara claro que a gestão da empresa, a segunda maior mineradora do mundo e que tem forte participação do governo por meio de fundos de pensão de empresas estatais, não deveria continuar. Lembrada de que pelo acordo de acionistas, o presidente da empresa é escolhido pelo Bradesco, ela reagiu:

– Mas tem de agradar aos três socios (Bradesco, Mitsui e o governo, representado pelos fundos de pensão de estatais) – disse ela logo no começo do seu governo, indicando que esperaria apenas a finalização do mandato de Agnelli previsto no contrato.

Para Dilma, a Vale não deve apenas tem em mente os interesses dos acionistas Bradesco e Mitsui, mas também os interesses do governo, que também tem ações da empresa. Ela chegou a lembrar que a Vale, por ter sido uma estatal, de condições distintas e favoráveis em relação a outras – e por isso mesmo deve compensar o governo por isso. Um exemplo, segundo a presidente, é espaço em portos, estradas e ferrovias particulares. Dilma chegou a comentar com interlocutores que a Vale cobra preço semelhante ao cobrado por rodovias, portanto, mais altos, para que a produção de grãos seja escoada por sua ferrovia, na região Norte. Isso desagradou a presidente.

Akcmin defende “colegiado” no PSDB

ter, 29/03/11
por Cristiana Lôbo |
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    Sempre discreto em suas manifestações políticas, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, defendeu hoje em Brasília a criação de um colegiado  para comandar as decisões do PSDB. O partido vai renovar sua direção nacional em maio e, desde já, nos bastidores, fala-se no desejo de José Serra de assumir a presidência do partido, enquanto o atual presidente, Sérgio Guerra, também tem defensores de sua permanência no cargo.

    – Acho que o partido deveria ter um conselho superior – disse Alckmin, lembrando que este modelo, com rodízio na presidência do partido, já existiu quando da criação do PSDB, em 1988.

    Na ocasião da fundação do PSDB, quatro tucanos foram eleitos para o conselho: Mário Covas, Franco Montoro, José Richa e Fernando Henrique Cardoso. A cada oito meses, um assumia a presidência do partido. O primeiro presidente foi Mário Covas, hoje homenageado no Senado, em função dos dez anos de sua morte.

     – Precisamos criar uma cultura de valorização partidária – disse Alckmin, evitando expor sua preferência entre Serra e Guerra. Mas disse que, como parlamentaristas, os tucanos deveriam adotar essa fórmula de comando do partido.

Antes de sair da sala da liderança do PSDB no Senado, Alckmin respondeu assim a pergunta de um jornalista sobre o que ele achava do partido criado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab:

      – Lembro-me do ensinamento de meu pai, que citava Santo Antonio de Pádua: “se você não puder falar bem, não diga nada”.

     Mais claro, impossível.

De carona

ter, 29/03/11
por Cristiana Lôbo |
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    O ex-presidente Lula voará de Portugal a Brasil no “aerodilma” – de carona com a presidente Dilma para chegar a Brasília a tempo do velório de José Alencar no Palácio do Planalto.

José Alencar

ter, 29/03/11
por Cristiana Lôbo |
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     José Alencar foi um exemplo na luta contra a doença, todos ressaltam. Mas, além dessa face do ex-vice presidente que morreu hoje aos 79 anos, chamava minha atenção o bom-humor constante dele. Até para falar da doença que o consumiu.

     Mineiro “bom de prosa” como se diz, José Alencar formou com Lula uma chapa ideal para o momento: “o trabalho e o capital”, lembrou-se na ocasião. Lula representava os trabalhadores por sua trajetória como operário e sindicalista e buscava um empresário para compor sua chapa e suavizar temores que existiam no país à chegada de um presidente de esquerda.

     Nos oito anos de mandato, a dupla atuou de forma afinada. Alencar não foi um vice mudo, mas quando falou, estava tudo combinado com o titular, o então presidente Lula. O que mais falava era sobre a taxa de juros.

     José Alencar se foi e deixa um exemplo de como ser um vice, com personalidade própria, mas sem deixar de lado a lealdade ao companheiro de chapa e titular.

Dilma promete canal aberto com cineastas

sáb, 26/03/11
por fcarneiro |
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A presidente Dilma Rousseff disse a mulheres cineastas que tem sentido por onde passa “a presença mais próxima” das mulheres que, na campanha eleitoral, eram mais reticentes à sua candidatura. Ao final de cinco horas de encontro, no qual foi exibido “É proibido fumar”, de Ana Muylaert, seguido de jantar, ela pôde sentir que esse ambiente favorável também contagiou a área cultural. Atrizes, diretoras e roteiristas sacaram de suas bolsas máquinas fotográficas ou aparelhos celulares para fazerem registros pessoais do encontro com a presidente. Dilma prometeu “canal sempre aberto” às cineastas, o que agradou ainda mais a plateia.

- A eleição de uma mulher para a Presidência não é uma coisa trivial num país; é uma mudança importante – disse ela a 29 cineastas e seis jornalistas, todas mulheres.

A impressão de Dilma está confirmada em pesquisa DataFolha publicada no último domingo, indicando que Dilma tem a aprovação de 51% das mulheres e de 43% dos homens.

O encontro inédito – de uma presidente com mulheres cineastas –foi elogiado pelas convidadas. Ana Muylaert disse que ficava emocionada e citou como emblema do encontro o “cinema de batom” e poderia gerar pedido dos cineastas homens de se fazer o “cinema da cueca”. Outras convidadas aproveitaram para entregar cópia de suas produções à presidente, como Mariana Caltabiano, que fez “Brasil animado”. Dilma se interessou pelo filme que fala sobre o Brasil em desenho animado, e perguntou se poderia liberar a produção para o MEC. “Eu adoraria”, respondeu Mariana.

Mas nem só de cinema se falou.  Eliane Caffé levou à Dilma demanda sobre a ocupação da região de Alcântara (onde está uma base de lançamento de foguetes), o que, pela demora, incomodou algumas colegas. Ana Carolina disse à presidente que um amigo comum pediu que ela dissesse à presidente sobre o transporte de gás no estado do Mato Grosso. Dilma respondeu: “Já anotei”.

Para as convidadas, o ponto alto do encontro foi quando Dilma prometeu que o cinema do Palácio do Alvorada, como um espaço público, estará aberto às produções nacionais. “Não vai dar para fazer toda semana, mas pelo menos uma vez por mês”, disse Dilma, estendendo o espaço também a produções no teatro, e completou: “O Brasil tem fome de cultura”.

- Quando se tem um surto de transposição como o que estamos vivendo (mobilidade social) há um momento cultural forte no país – lembrando o crescente papel da mulher na área cultural, em particular, na produção de cinema.

Tizuka Yamasaki falou a Dilma da transferência da Ancine do âmbito da Casa Civil para o Ministério da Cultura – o que, segundo avaliação dela, tira força do setor.

- Cinema não é só cultura, é também indústria – disse.

Todos os diálogos se deram em ambiente de descontração sem “saias justas”. Após o jantar, Dilma fez questão de passar em todas as mesas para ter conversas com todas as convidadas. Em seguida, começou a sessão de fotos e também de autógrafos.

Em todas as conversas, ficou claro o empenho da presidente na valorização da mulher – segundo ela, é quem tem de ser chamada para enfrentar os problemas do país “a pobreza é infantil, a pobreza é negra…” disse, acrescentando que a sensibilidade feminina ajuda a superar as deficiências.

Ao final, depois de posar ao lado de Glória Pires, de Patricia Pillar e tantas outras diretoras, Dilma disse que a área cultural será valorizada em seu governo. Neste momento, depois da exposição de telas de artistas mulheres, seu desafio é o de reunir todas as obras de Portinari e de Di Cavalcanti que pertencem a órgãos públicos para uma exposição especial – que poderá ser itinerante, para que brasileiros de todos os Estados possam vê-la.

- Nosso país tem fome de cultura; as pessoas querem se divertir, ver o mundo – disse.

Sem demonstrar impaciência ou pressa para encerrar o encontro, Dilma contou que o governador do Distrito Federal ofereceu o Museu da República, na Esplanada dos Ministérios, para a exposição de obras de arte.

- Se o governo do Distrito Federal nos der aquele museu, a gente manda reformar, equipar com os meios necessários para ali termos exposições de obras que já temos – disse.

A noite de Dilma foi de descontração e de assuntos relativos à cultura. Em nenhum momento, deu prosseguimento a abordagens sobre assuntos de governo. O nome do substituto de Roger Agnelli na presidência da Vale foi tema proibido. “Não sei quem vai ser”, desconversou. E seguiu a noite em conversas animadas com cineastas e jornalistas.

Saída anunciada

qui, 24/03/11
por fcarneiro |
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Desde o início do governo, Maria Fernanda Coelho comunicou seu desejo de deixar a presidência da Caixa Econômica Federal, mas, pressionada pelos partidos aliados para nomear políticos que perderam as eleições de outubro, a presidente Dilma pediu para ela esperar mais um pouco. Na verdade, a presidente não queria que Maria Fernanda deixasse o governo.

Para Maria Fernanda não deixar o governo, foi oferecida a ela a vaga de representante do Brasil junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), no lugar de José Carlos Miranda.

Já na presidência da Caixa havia muitos anos e, também aborrecida com o que chamou de operação “goela abaixo” e  com conotação política a de compra do banco Panamericano pela CaixaPar, Maria Fernanda não mudou de opinião.

Enquanto não foi efetivada a saída de Maria Fernanda do comando da Caixa Econômica, as outras nomeações ficaram paralisadas. O temor do governo era o de fazer as nomeações dos políticos – o PMDB reivindicava diretorias para Geddel Vieira Lima e para José Maranhão – e, logo depois, Maria Fernanda efetivar o desejo de deixar o cargo. Passaria a ideia de tomada do comando do banco pelos políticos. Esta foi uma das razões do atraso nas nomeações para a nova diretoria, e, ainda, de ser aberta disputa entre os partidos para a indicação do sucessor.

O sucessor de Maria Fernanda é Jorge Hereda, hoje vice-presidente, mas não pôde o governo escapar da vinculação política do novo presidente. Hereda é petista, baiano, mas trabalha há alguns anos em São Paulo, onde foi secretário na administração de Marta Suplicy.

O novo presidente da Caixa é politicamente ligado ao governador da Bahia, Jacques Wagner. Ironia do destino: Hereda será o chefe de Geddel Vieira Lima, que deve ser nomeado hoje ou amanhã para a diretoria de Loterias ou para a de Pessoa Jurídica – hoje, o principal desafeto de Jacques na Bahia.

A ficha limpa… sujou

qua, 23/03/11
por Cristiana Lôbo |
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     A Lei Ficha Limpa é constitucional, diz o Supremo Tribunal Federal, mas só vai valer a partir da eleição de 2012.

     É como aquela história do copo: está meio cheio ou está meio vazio? Para quem queria a aplicação imediata da Lei, o copo está meio vazio; para quem acha que ter uma lei, ainda que vigore só em 2012 já é um avanço, o copo está meio cheio.

     A sociedade queria a vigência imediata da lei. Mas o STF interpretou de outra maneira. Mas a lei como está já é um avanço. Ao mesmo, demonstra uma anomalia.

     Um exemplo: Jader Barbalho poderá recorrer à Justiça para assumir a vaga de senador pelo Pará. Portanto, se ganha com base na decisão de hoje do STF, ele poderá se tornar senador, com mandato de 8 anos. Mas em 2012 não poderá ser candidato a prefeito de Belém, por exemplo. Mas poderá cumprir todo o mandato no Senado.

     O caso do Amapá também é simbólico: João Capiberibe (PSB) perdeu o mandato para o qual foi eleito em 2002, sob a acusação de “compra de voto”. Disputou novamente em 2010. Só agora aparecem denúncias de que houve fraude na composição das provas que sustentaram o processo de casssação de seu mandato – as testemunhas teriam sido compradas. Naquela ocasião, em seu lugar assumiu Gilvam Borges. Agora, de novo, Gilvam, tendo sido o terceiro mais votado, assumiu a vaga para o Senado com a impugnação da candidatura de Capiberibe. Ou seja, Capiberive foi punido duas vezes por um “crime eleitoral” – que agora se averigua se ocorreu mesmo; e Gilvam ganhou dois mandatos com a mesma história.

      Agora, Capiberibe pode assumir o mandato.

     Agora,

O ausente

seg, 21/03/11
por Cristiana Lôbo |
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    Lula não compareceu ao almoço no Itamaraty oferecido por Dilma Rousseff a Barack Obama, no sábado, e até hoje se fala nisso.

     Há explicações para todo os gostos: para uns, Lula não foi para “não ofuscar” a presidente Dilma Rousseff em seu primeiro evento internacional. Para outros, Lula não gostou de ter sido convidado, juntamente com os outros ex-presidentes, pelo cerimonial do Itamaraty – e não pela presidente Dilma, pessoalmente. Há até os que dizem que ele tinha compromisso – o churrasco de aniversário do filho.

   Um petista chegou a dizer que Lula  não é um ex-presidente como os outros que estiveram no Itamaraty – Sarney, Fernando Henrique, Itamar e Collor. Ele saiu do cargo há pouquíssimo tempo e com altíssima popularidade. Por isso, poderia atrair mais atenção do que a própria presidente.

       Tenha sido uma ou outra a razão, o que ficou é que Lula não se acostumou, ainda, com a vida de ex-presidente. Como dizia Ulysses Guimarães, “em política, toda vez que é preciso dar explicação, não é bom”.



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