Que o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, terá filiação partidária, não é mais novidade para ninguém. Na semana passada, ele conversou com o presidente licenciado do partido, Michel Temer, e acertou seu futuro partidário com o PMDB. Mas ele pediu prazo para avisar antes ao presidente Lula pois, a partir de agora, a autoridade monetária brasileira terá partido.
No mundo da política, não houve surpresa com a decisão de Meirelles de se filiar a um partido. Há mais de um ano se fala nisso e ele nunca esconceu o desejo de disputar as eleições do ano que vem. A novidade ficou por conta da opção partidária – o PMDB. Ele estava em negociações com o PP do governador de Goiás, e recebeu o convite do PTB – que lhe ofereceu até a vaga de candidato a presidência da República. Mas, com projeto regional em Goiás, Meirelles optou pelo PMDB para ter a segurança de que o principal cabo eleitoral do Estado, Iris Resende, estará em seu palanque.
No mundo das finanças, a filiação partidária de Meirelles já foi compreendida e não deve causar impactos importantes neste momento. A dúvida fica em relação ao segundo momento – o mes de março, data prevista para a desincompatibilização daqueles que forem disputar as eleições do ano que vem. Se Meirelles for mesmo candidato, será a hora de Lula escolher o sucessor.
É nessa ocasião que pode haver alguma agitação no mundo da economia. É que todos sabem que não há na diretoria do Banco Central alguém com a autoridade e força perante o presidente Lula para conduzir o BC na forma independente como tem acontecido nestes sete anos de gestão Meirelles.
A apreensão aumenta quando as análises indicam que o Brasil deve registrar crescimento robusto o que, para o BC de hoje, seria momento de se pensar em elevação da taxa de juros (o BC sempre atuou com a política de juros como forma de conter o risco de inflação, apesar das críticas de petistas e de outras autoridades do governo). Sem Meirelles por lá, a pressão pode aumentar o a diretoria do futuro não ter força suficiente para tocar a política monetária a seu modo.
Na lista de cotados para a presidência do Banco Central, caso Meirelles decida disputar as eleições do ano que vem, entra com força o nome de Luciano Coutinho, um dos mais assíduos frequentadores do gabinete do presidente Lula e do da ministra Dilma Roussef.