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O Alto Comando do Exército se reuniu nesta sexta-feira para definir o tom de uma resposta dos militares não só ao lançamento do livro sobre desaparecidos políticos – “Direito à Memória e à Verdade” -, que relata casos ocorridos durante a ditadura militar (1964-1985) feito esta semana pelo presidente Lula, mas principalmente ao ministro da Defesa, Nelson Jobim que, após o evento, afirmou que se houvesse reação militar “haveria resposta”.

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No começou da noite, foi definida uma nota em tom mais suave, mas com as mensagens desejadas – a de mostrar que os oficiais são capazes de dar uma resposta ao ministro da Defesa, que é um civil.

Nelson Jobim foi informado do teor da nota no começo da noite pelo Comandante do Exército, general Enzo Martins Peri, em encontro que durou pouco mais de meia hora. O teor da nota foi mais uma vez modificado, mas em acordo com os militares.

No começo da reunião do Alto Comando, alguns militares tentavam adotar um tom mais incisivo e outros não queriam resposta alguma, sob a alegação de que, se a nota fosse dura demais, tomaria a manchete dos jornais de assuntos como o julgamento do STF que considerou réus os envolvidos no mensalão, muitos deles petistas, e também do caso Renan.

No fim das discussões, saiu um tom mais ameno, como defendia o Comandante do Exército, general Enzo. A nota destinada ao público interno militar fala que o Exército continua unido e que a lei de anistia não deve ser questionada.

Nos debates deste primeiro dia do 3o. Congresso do PT ficou acertada a antecipação do Processo de Eleição Direta (PED), que escolhe o novo comando partidário. Isso fortalece a possibilidade de recondução de Ricardo Berzoini à presidência do partido porque é um nome que já está pronto no comando da legenda.

Se fosse vencedora a tese de se realizar o PED no ano que vem, em março ou abril, como chegou a ser defendido correntes petistas, cresceria a possibilidade de Antonio Palocci assumir a presidência do PT. É que sua candidatura teria de ser construída como solução de consenso – ele não pretende disputar a presidência com outro candidato.

O presidente Lula transferiu sua ida ao Congresso do PT para amanhã pela manhã – e não mais para a noite desta sexta-feira, como antes estava previsto. Para alguns petistas, a troca de data tem siginificado importante: o presidente quer, primeiro, conhecer o tom dos debates para depois se apresentar ao partido.

Estava havendo possibilidade de confronto entre o discurso de Lula e o da maioria petista. Lula iria se apresentar primeiro propondo a continuidade da coalização partidária para a sucessão de 2010, inclusive sugerindo que o PT avaliasse nomes de outros partidos. O PT, em sua maioria, pensa diferente: que o partido deve ter candidato próprio sob o argumento de que é o mais indicado para levar adiante o projeto iniciado por Lula. A dúvida dos petistas era o tom. Se deveria dizer que o PT apresentará um nome para a coalizão ou se o PT diria que terá, sim, o seu candidato em 2010.

Lula só vai discursar depois que compreender melhor o que pensa a maioria petista.

Em uma semana, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Ricado Lewandowski, se envolveu em dois episódios que provocaram constrangimentos junto a seus colegas na Suprema Corte. O primeiro, quando veio a público o teor dos e-mails que trocou com a colega Carmen Lúcia e o segundo com a publicação de trecho de conversas suas por telefone, publicadas nesta quinta-feira na Folha de São Paulo. Nos dois casos, ele tratava do julgamento pelo STF dos 40 envolvidos no caso do mensalão.

– Estou acabrunhado – afirmou.

Ao blog, Lewandowski fez questão de dizer que quando falou em “faca no pescoço” – numa conversa por telefone com seu irmão Marcelo, ouvida pela repórter da Folha Vera Magalhães – ele se referia a situação que ficou depois da publicação do teor das mensagens eletrônicas que trocou com a ministra Carmen Lúcia. O jornal Folha de São Paulo diz que ele teria dito ao interlocutor que “o STF votou com a faca no pescoço”, atribuindo a pressão à mídia.

– A conversa foi um desabafo com meu irmão, meu querido irmão que se solidarizava comigo por conta da divulgação dos e-mails – disse Lewandowski, acrescentando que não houve pressão qualquer e que não mudou o voto, embora tenha discordado várias vezes do relator do processo, Joaquim Barbosa.

Ele disse que tinha dúvidas sobre aspectos do processo e, por isso, recorreu às mensagens eletrônicas para diálogos com assessores de seu gabinete e também com colegas – no caso a ministra Carmen Lúcia – porque “são instrumentos de trabalho”. Lewandowski foi o único voto contrário ao enquadramento de José Dirceu no crime de formação de quadrilha. Ele fez questão de dizer que não sofreu qualquer pressão e que não conhece nennhum dos 40 indiciados.

– Posso ter apertado a mão de um ou outro numa solenidade – afirmou.

Entre o julgamento do STF sobre o caso do mensalão e o início do 3o. Congresso Nacional do PT, deputados de várias tendências do partido se reuniram para avaliar a condução do encontro no fim de semana que terá o presidente Lula como estrela principal na abertura, na noite de sexta-feira.

Todos sabem que o presidente deve reafirmar em seu discurso o que vem dizendo em conversas reservadas: que a coalizão de hoje deve ser mantida na eleição de 2010. Lula tem avançado um pouco mais para dizer que os petistas precisam olhar para a frente e ver que lá está Ciro Gomes, do PSB, e também Nelson Jobim, do PMDB.

O PT está preparando para aprovar no Congresso – com os votos do antigo Campo Majoritário, da tendência Novos Rumos e também PT de Lutas e Massas – que o partido terá um nome para indicar aos partidos da coalizão. Será quase uma resposta ao presidente Lula, mas, sem estabelecer um confronto direto.

– O presidente Lula sabe que o PT tem personalidade própria – disse um deputado do comando petista.

Algumas correntes do PT, especialmente ligadas ao Campo Majoritário, têm articulado para que se evite, no 3o. Congresso, discursos sobre a decisão do Supremo Tribuna Federal de abrir processo contra os petistas envolvidos no caso do mensalão, entre eles, o ex-ministro José Dirceu. A idéia deles é ignorar o fato sob a alegação de que foi a abertura de um processo e não a condenação.

– Se houver discursos sobre o assunto, não será dos petistas mais importantes – revelou um deputado.

É esperar para ver. O assunto está na pauta.

Parafraseando o presidente Lula, nunca neste país uma indicação para o Supremo Tribunal Federal foi tão rapidamente aprovada pelo Senado como a de Carlos Alberto Direito. Em 24 horas, Direito foi sabatinado e aprovado pelo Senado.

Agora, tudo pronto para a nomeação e a posse.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva convidou na manhã desta terça-feira (28) o ministro Carlos Alberto Direito para uma vaga no Supremo Tribunal Federal no lugar de José Paulo Sepúlveda Pertence. Direito deixará, assim, o Superior Tribunal de Justiça. Ele é considerado um conservador.

A indicação está assinada para ser enviada ao Congresso e será publicada uma edição extra do Diário Oficial da União.

A pressa se justifica. A Constituição estabelece que um ministro do Supremo só pode ser empossado se tiver entre 35 e 65 anos idade. Direito completa a idade limite no dia 8 de setembro deste ano.

Ele precisa ser sabatinado pela CCJ, ter seu nome aprovado pelo plenário do Senado, ter sua nomeação feita pelo presidente Lula e ser empossado pela presidente do STF até essa data.

No Palácio do Planalto, não se ouve declarações públicas sobre a decisão do Supremo Tribunal Federal de abrir processo contra o ex-deputado José Dirceu por corrupção ativa – justamente, por ações dele no período em que ocupou a chefia da Casa Civil e era chamado pelo presidente Lula de “capitão do time”.

– Não há o que falar – disse um ministro, acrescentando que a decisão do STF, tomada por unanimidade, não representou uma novidade para o governo, mas também não quer dizer que Dirceu é culpado.

A avaliação que está sendo feita lá é a de que a denúncia foi aceita e, só agora, vão começar as investigações.

– Aceitar a denúncia não significa condenar. Mas se o STF não acolhesse a denúncia seria absolver – insistiu um ministro.

No governo, a avaliação feita internamente é a de que o caso do “mensalão” já produziu o desgaste que deveria e, agora, não irá mais afetar a imagem do governo e tampouco a do presidente Lula. Por isso mesmo, as autoridades preferem não comentar o assunto para evitar “levá-lo para dentro do Palácio”.

– Estava claro que o Supremo iria abrir o processo com maior ou menor consistência – acrescentou o ministro.