Férias
Estou entrando de férias.
Volto no dia 12 de março.
Até lá.
Estou entrando de férias.
Volto no dia 12 de março.
Até lá.
A idéia pode parecer inadequada, mas o presidente Lula está, de fato cogitando: deixar nas mãos do ministro Walfrido Mares Guia, do Turismo, a tarefa da articulação política.
Há uma semana, ele pensou em transferí-lo de posto – do Turismo, para o Planalto no ministério de Relações Institucionais, substituindo Tarso Genro que irá para a Justiça. Mas Walfrido Mares Guia é um entusiasmado com o Turismo e não quer largar o posto.
Lula pensa em deixar que ele acumule as funções.
É esperar para ver.
O presidente Lula receberá o ministro da Defesa, Waldir Pires, em audiência no Palácio do Planalto nesta quarta-feira. Junto ele, os três comandantes militares que saem e os três que vão entrar. Será iniciado o processo de transição na área militar, conforme um assessor do Planalto.
Depois vai chegar a vez de tratar do caso do próprio ministro. Lula já teria decidido substituí-lo, mas resolveu esperar, conforme um auxiliar. Ao mesmo tempo, tem feito sondagens sobre nomes para a vaga.
Tem dado a impressão de que não vai tirar Waldir do cargo de ministro da Defesa porque estaria esperando a resposta de um convidado para o posto.
O fato é que Waldir Pires já esteve mais longe do comando da Defesa do que estaria agora.
O presidente Lula vinha mantendo firme a decisão de nomear José Gomes Temporão para o Ministério da Saúde. Temporão foi “abençoado” pelo governador Sérgio Cabral e iria representar o PMDB. Mas a bancada na Câmara está reagindo e insistir em ter um deputado no cargo. Só Eliseu Padilha, que muito atuou na eleição de Arlindo Chinaglia, indicou dois nomes: Darcísio Perondi e Osmar Terra.
Mas Lula estaria simpatizando com a indicação do deputado pelo Piauí Marcelo Castro. É psiquiatra e foi eleito pelo PMDB. E teve boas referências do petista Wellington Dias, governador do Piauí.
?
A última avaliação no Palácio do Planalto é a de que Luiz Fernando Furlan deverá continuar à frente do Ministério do Desenvolvimento.
Ele já não tem mais falado em sair. A interpretação que dá é a de que teria convencido sua família a continuar no posto.
A pressão para que voltasse à vida privada era de seus familiares.
O presidente Lula retoma nesta quarta-feira as conversas com os representantes dos partidos aliados para a montagem do ministério do segundo mandato com a decisão de manter em seus postos as quatro mulheres que hoje estão na equipe. São elas: Dilma Roussef, na Casa Civil; Marina Silva, no Meio-Ambiente; Nilcéa Freira, na Secretaria das Mulheres e Matilde, na Secretária da Igualdade Racial. E, ainda, voltou a cogitar a nomeação de Marta Suplicy para o Ministério das Cidades.
Segundo assessores do Palácio do Planalto, Lula não conseguiu superar a dificuldade da semana passada sobre o destino de Marta na equipe. Ele teria decidido não afastar Fernando Haddad do Ministério da Educação, mas a pressão do PR por ter a ex-prefeita na equipe só fez aumentar. A vaga que poderia ser aberta é no Ministério das Cidades, onde o PP está representado pelo ministro Márcio Fortes. O presidente teria assegurado ao PP que o partido continuaria no comando das Cidades e com Fortes. Agora, está o impasse instalado. Se afastar Márcio Fortes, Lula criará um problema com o partido aliado. Se mantiver a escolha, o problema será com o PP.
A primeira audiência de Lula nesta quarta-feira de Cinzas será com Márcio Fortes. Algum sinal pode sair dali.
A conversa do presidente do PT, Ricardo Berzoini com o presidente Lula, nesta tarde, não animou os petistas. Depois de uma reunião da Executiva do partido, Berzoini levou ao presidente a lista de reivindicações do partido. A mais vistosa delas, a de Marta Suplicy para o ministério – ou das Cidades ou da Educação. Pelo relato de Berzoini aos colegas, a resposta de Lula foi de desestímulo, indicando que ele deve manter Fernando Haddad no comando da Educação. E para o Ministério das Cidades, pelo menos por enquanto, Lula tem dado indicações de que será mantido o ministro Márcio Fortes, com as bênçãos do PT.
O presidente Lula tem dado sinais contraditórios sobre a composição do ministério do segundo mandato. Ora dá indicações de que poderá atender o pedido do PT e nomear Marta Suplicy; ora afasta a idéia. Nos últimos dias, no entanto, Lula tem deixado transparecer que Haddad vai continuar.
– Por que vou tirar o Fernando Haddad de lá, ele que está indo tão bem, para colocar a Marta? – disse numa conversa com peemedebistas, conforme o relato de um dos presentes.
Para não ficar só na indicação de Marta e ter seu único pedido rejeitado, o PT fez outras indicações: a do deputado Walter Pinheiro (BA) que é da tendência DS – Democracia Socialista – para o ministério da Reforma Agrária e dois nomes para a Secretaria de Direitos Humanos: o ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalg e Renato Simões, ambos de São Paulo que perderam a eleição.
Por enquanto, o presidente Lula não tem se importado com a reação do PMDB à idéia dele de nomear José Gomes Temporão para o Ministério da Saúde. Mesmo com o desejo do partido de ter lá um de seus deputados, Lula tem mantido a preferência pelo técnico que se filiou ao PT sob a bênção do governador Sérgio Cabral.
A nova equipe só deverá ser conhecida depois do carnaval e as mudanças devem ser feitas de uma só vez, conforme assessores do Palácio do Planalto.
Os aliados de Arlindo Chinaglia avaliam que foi surpreendentemente positiva a primeira semana de trabalho da Câmara sob o comando do petista.
Foi aprovada a criação da chamada Super-Receita, um projeto que estava na fila de votações há mais de um ano. E, nesta quarta-feira, a Câmara conseguiu se sintonizar com a opinião pública, votando projetos na área de segurança pública.
A Câmara estava devendo entrar no assunto da semana para se sintonizar com a opinião pública, desde o bárbaro assassinato do menino João Hélio, no Rio.
O governo está analisando a pauta de reivindicações dos governadores, que têm reunião com o presidente Lula no dia 6 de março, mas está longe de aceitar a proposta de partilha da CPMF e a de ampliar a cota da Cide, o chamado imposto sobre combustíveis, para divisão com Estados e municípios.
O ministro Tarso Genro conversou com governadores aliados nesta quarta-feira, em Brasília, para reunir apoios a outras propostas da União. Como, por exemplo, mudar o peso na participação dos Estados no Fundeb (há, aí, uma briga por recursos entre Estados e municípios) e outros penduricalhos.
Nada que faça o governo federal abrir mão de recursos para os Estados.
A briga interna no PSDB vai além da disputa entre os governadores José Serra e Aécio Neves pelo comando da legenda como forma de garantir a candidatura à presidência da República em 2010. O grupo serrista quer o partido mais à esquerda e sonha até com a possibilidade de ter o apoio do PT num eventual segundo turno na próxima eleição, caso o PT não tenha candidato nesta rodada.
O apoio de tucanos à eleição de Arlindo Chinaglia à presidência da Câmara foi calculado milimetricamente por aliados do governador José Serra. Conforme raciocínio deles, o PT não tem hoje um “candidato natural” à presidência e não terá um candidato forte à eleição presidencial de 2010. Portanto, avaliam os tucanos, o PT poderá estar fora do segundo turno que seria, então, disputado pelo tucano, no caso Serra, e do outro lado, o mais visível adversário do governador paulista, o deputado Ciro Gomes. Eles avaliam que foi “corretíssimo” o apoio de parcela do PSDB a Chinaglia, ainda que isso tenha representado uma recuperação de espaço do PT e até um novo fôlego ao partido que ficou marcado na presidência da Câmara.
– O que é preferível para nós? Ver um partido forte (PT) sem um candidato forte à presidência; ou ver um partido fraco (PSB) com um candidato forte à presidência (Ciro Gomes)? – questiona o deputado Eduardo Gomes (PSDB-TO), um dos principais aliados de Serra na Câmara.
Eduardo Gomes prepara uma proposta a ser apresentada ao PSDB no sentido de inverter o debate interno. Em lugar de o partido realizar um congresso este ano para debater suas idéias e suas propostas para 2010, que o partido inicie um processo de debate nos diretórios municipais, levando a discussão de baixo para cima, da base para a cúpula – disse ele, ironizando a proposta da direção do partido de fazer um “aggiornamento” no programa partidário.
– Como é que vou explicar aos tucanos de Xambioá (cidadezinha no bico do extremo Norte do Estado) e dizer que vamos fazer um aggiornamento? – brinca do deputado, ironizando a proposta feita pelo presidente do partido, o senador Tasso Jereissati. Para Eduardo Gomes, o congresso do PSDB, pela forma como está sendo organizado, mais parece um seminário, com dois debatedores sobre cada tema – sem ouvir o que chamou “de bases sociais” do partido.
Os deputados que querem o PSDB mais à esquerda afirmam claramente que, se em 2010 o deputado Ciro Gomes estiver na disputa, uma boa parcela de tucanos ficará do outro lado, mesmo que o outro concorrente seja do PT. Por isso a crença de que o mesmo faria o PT se estiver fora do segundo turno na disputa presidencial – que milhões de votos petistas iriam para o tucano candidato – , embora garantam que, na negociação do apoio a Chinaglia este tema não tenha entrado em discussão.
O grupo ligado a José Serra na Câmara tenta ampliar a base de apoio ao governador paulista na bancada por acreditar que a escolha do próximo candidato do partido à presidência será escolhido num colegiado maior. O comando do PSDB ainda não decidiu a fórmula, mas Tasso Jereissati já afirmou que irá propor ao partido um processo semelhante às primárias que são prática nos Estados Unidos.
O outro potencial postulante, o governador Aécio Neves, tem sido bem mais discreto. Não se vê a movimentação ostensiva dele, por enquanto, para garantir a vaga de candidato tucano à presidência da República em 2010. Mas seus adeptos também atuam.
– Não sou ansioso quanto a isso – disse ele, quando abordado sobre o assunto.