Naim Qassem é eleito novo chefe do Hezbollah
O Hezbollah elegeu nesta terça-feira (29) o sheik Naim Qassem, número 2 do comando, para suceder Hassan Nasrallah como número 1 do grupo extremista. Membro sênior desde a década de 1990, Qassem assumiu o comando do Hezbollah de forma inteirina após a morte de Nasrallah, no final de setembro.
"O conselho da Shura, órgão dirigente do Hezbollah, concordou em eleger o sheik Naim Qassem", afirma um comunicado divulgado pelo grupo libanês, que está em guerra contra Israel.
Nasrallah morreu após um ataque aéreo israelense contra instalações do Hezbollah em Beirute em 27 de setembro. Ele era o chefe do grupo extremista desde 1992, e o principal rosto do grupo. Na ocasião, Israel confirmou que o bombardeio tinha como missão a sua morte. Desde então, Qassem era um dos cotados a assumir, junto com Hashem Safieddine --que teve morte confirmada em 23 de outubro.
Naim Qassem é uma figura sênior do Hezbollah há mais de 30 anos e participou das reuniões que levaram à fundação do grupo extremista libanês, na década de 1980. Leia mais sobre quem é Naim Qassem.
Apoiado pelo Irã, o Hezbollah é um dos principais partidos políticos do Líbano e também tem um braço armado. Atualmente, o grupo está em guerra contra Israel no sul do país.
Após o anúncio da promoção de Qassam, Israel fez ameaças e disse que seu tempo no comando do Hezbollah será curto. "Nomeação temporária, não por muito tempo. A contagem regressiva começou", disse o ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant.
Quando assumiu a chefia interina do Hezbollah, Qassem fez um discurso televisionado em 8 de outubro, em que afirmou que o conflito entre o Hezbollah e Israel era uma guerra sobre quem choraria primeiro, e o Hezbollah não seria o primeiro a chorar. Durante seu discurso, Qassem disse apoiar cessar-fogo, mas que grupo não "baixará as armas", e que as capacidades do Hezbollah estavam intactas, apesar dos "golpes dolorosos" de Israel.
Quem é Naim Qassem
Naim Qassem — Foto: Al-Manar / AFP Photo
Naim Qassem foi nomeado vice-comandante do Hezbollah em 1991 pelo então secretário-geral do grupo armado, Abbas al-Musawi, que foi morto por um ataque de helicóptero israelense no ano seguinte.
Qassem permaneceu em sua posição quando Hassan Nasrallah se tornou o número 1 do grupo extremista e tem sido um dos principais porta-vozes do Hezbollah, concedendo entrevistas à mídia estrangeira, inclusive durante as trocas de agressões com Israel no último ano.
O discurso de Qassem na televisão em 8 de outubro foi seu segundo desde que as hostilidades entre Israel e o Hezbollah se intensificaram em setembro.
Ele foi o primeiro membro da liderança superior do Hezbollah a fazer declarações televisivas após a morte de Nasrallah. Falando em 30 de setembro, Qassem disse que o Hezbollah escolheria um sucessor para o posto de número 1 "na primeira oportunidade" e continuaria a lutar contra Israel em solidariedade com os palestinos.
"O que estamos fazendo é o mínimo. Sabemos que a batalha pode ser longa", afirmou em um discurso de 19 minutos.
Nascido em 1953 em Beirute, numa família do sul do Líbano, o ativismo político de Qassem começou no Movimento Xiita Libanês Amal.
Ele deixou o grupo em 1979 após a Revolução Islâmica do Irã, que influenciou o pensamento político de muitos jovens ativistas xiitas libaneses.
Qassem participou das reuniões que levaram à formação do Hezbollah, estabelecido com o apoio da Guarda Revolucionária do Irã em resposta à invasão israelense do Líbano em 1982.
Ele tem sido o coordenador geral das campanhas eleitorais parlamentares do Hezbollah desde que o grupo disputou pela primeira vez em 1992.
Em 2005, ele escreveu uma história do Hezbollah, considerada uma rara "visão de um insider" sobre a organização. Qassem usa um turbante branco, ao contrário de Nasrallah e Safieddine, cujos turbantes pretos denotavam seu status como descendentes do Profeta Muhammad.
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