28/08/2013 13h43 - Atualizado em 28/08/2013 14h08

Testemunha do caso Eliza diz que réus sabiam do cárcere de Bruninho

Depoimento indica que funcionários sabiam que bebê estava no sítio.
Defesa alega que eles apenas cumpriram ordens de Dayanne de Souza.

Pedro TriginelliDo G1 MG

A única testemunha ouvida no júri popular de Elenislon Vitor da Silva e Wemerson Marques, o Coxinha, disse, durante depoimento nesta quarta-feira (28), que os dois réus julgados hoje sabiam que o filho de Eliza Samudio estava sendo mantido no sítio do goleiro Bruno Fernandes, em Esmeraldas, durante os primeiros dias de junho de 2010. Os dois réus são acusados de sequestro e cárcere privado do filho da jovem com o atleta.

Nesta manhã, o policial Sirlan Versiani, que foi o primeiro agente a chegar no sítio, após denúncia do desaparecimento de Eliza, contou sua versão do caso. Segundo ele, apesar de terem, a princípio, negado os fatos, Elenilson e Coxinha admitiram, em um depoimento prestado à polícia no início de junho de 2010, que o filho da jovem estaria dentro da propriedade do goleiro. 

A outra testemunha, que chegou a ser procurada pela Justiça, foi dispensada pela defesa.

Nesta tarde, a sessão será retomada com o interrogatório dos réus. E o TJMG acredita que o veredito possa ser dado ainda nesta quarta-feira.

Segundo as duas defesas, os réus agiram no cumprimento de ordens de Dayanne de Souza, que foi absolvida do sequestro e cárcere privado em março deste ano. Elenilson e Coxinha eram funcionários de Bruno e de Dayanne. As defesas afirmam que os réus só fizeram o que Dayanne havia mandado. Como ela foi absolvida, os dois advogados acreditam que seus clientes também possam ter o mesmo veredito. 

O julgamento
A juíza Marixa Fabiane Lopes iniciou, nesta quarta-feira (28), o júri popular dos dois últimos réus do caso Eliza Samudio. A sessão começou às 9h10, no Fórum Doutor Pedro Aleixo, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.  O Ministério Público (MP) será representado pelo promotor Henry Wagner Vasconcelos de Castro. Cinco mulheres e dois homens compõem o júri.

"A expectativa, desde o início, é a mesma. Nós esperamos a absolvição", disse o advogado de Coxinha, Paulo Sávio Guimarães. Ainda segundo o defensor, Coxinha apenas acatou uma ordem de Dayanne Rodrigues, ex-mulher do goleiro Bruno, que à época era patroa dele. "Obedecendo a uma ordem de Dayanne, sua patroa, ele [Wemerson Marques] pegou a criança e a entregou aos cuidados de uma babá".

O reú também disse estar confiante. "Confio em Deus e na Justiça", disse Coxinha, ao chegar ao fórum.

O advogado de Elenilson, Frederico Franco, negou a participação do cliente no sequestro e cárcere privado da criança. "O Elenilson era um caseiro. Nâo participou de nada. Ele desconhecia o sequestro. Ele não desconfiou de nada", falou.

Júri
O júri popular começa com as alegações preliminares, segue com o sorteio dos jurados, as oitivas de testemunhas e autoridades policiais e na sequência ocorrem os interrogatórios dos réus, segundo a Justiça.

Depois disso, vem a fase dos debates, que deve durar nove horas: acusação e defesa terão duas horas e meia cada uma. Para a réplica, o MP terá mais duas horas; para a tréplica, a defesa terá duas horas.

Além dos réus, devem ser ouvidos o primo de Bruno, Jorge Luiz Lisboa Rosa, a psicóloga Renata Garcia Costa, o policial Sirlan Versiani Guimarães, o ex-caseiro João Batista Alves Guimarães, o detento Jailson Alves de Oliveira, Tayara Júlia Dimas, Célia Aparecida Rosa Sales, o delegado Júlio Wilke e o vereador Edson Moreira, que na época do crime era delegado e chefiou as investigações.

Elenilson da Silva e Wemerson Marques respondem ao processo em liberdade.

Condenados
O réu Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, foi condenado a 22 anos de prisão pela morte de Eliza Samudio e pela ocultação do cadáver da ex-amante do goleiro Bruno. A pena, lida pela juíza Marixa Fabiane Rodrigues Lopes na noite do dia 27 de abril, determina 19 anos de prisão em regime fechado pelo homicídio e mais três anos de prisão em regime aberto pela ocultação do cadáver.

Condenação tira goleiro Bruno do Boa Esporte. (Foto: Renata Caldeira / TJMG)Bruno de cabeça baixa durante o julgamento
(Foto: Renata Caldeira / TJMG)

Bruno Fernandes foi condenado a 22 anos e 3 meses pelo assassinato e ocultação de cadáver de Eliza Samudio e também pelo sequestro e cárcere privado do filho, Bruninho. A pena é de 17 anos e 6 meses em regime fechado por homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, asfixia e uso de recurso que dificultou a defesa da vítima), a outros 3 anos e 3 meses em regime aberto por sequestro e cárcere privado e ainda a mais 1 ano e 6 meses por ocultação de cadáver. A pena foi aumentada porque o goleiro foi considerado o mandante do crime, e reduzida pela confissão do jogador.

Dayanne Rodrigues, ex-mulher do jogador, foi absolvida da acusação de sequestro e cárcere privado do bebê.

Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, foi condenado a 15 anos de prisão - pena mínima por homicídio qualificado em razão de sua confissão. Conforme a sentença da juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues, Macarrão foi condenado a 12 anos em regime fechado por homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, asfixia e uso de recurso que dificultou a defesa da vítima) e mais três anos em regime aberto por sequestro e cárcere privado. Ele foi absolvido da acusação de ocultação de cadáver.

Fernanda Gomes de Castro, ex-namorada do goleiro, foi condenada a 5 anos de prisão dois crimes de sequestro e cárcere privado, de Eliza Samudio e de seu filho, Bruninho, condenada à pena de 2 anos e 3 anos respectivamente, ambas em regime aberto.

Eliza Samúdio - Globo News (Foto: Globo News)Eliza Samudio (Foto: Reprodução/Globo News)

O caso
Eliza desapareceu em 2010 e seu corpo nunca foi achado. Ela tinha 25 anos e era mãe do filho recém-nascido do goleiro Bruno, de quem foi amante. Na época, o jogador era titular do Flamengo e não reconhecia a paternidade.

Em março deste ano, Bruno foi considerado culpado pelo homicídio triplamente qualificado, sequestro e cárcere privado da jovem. A ex-mulher do atleta, Dayanne Rodrigues, foi julgada na mesma ocasião, mas foi inocentada pelo conselho de sentença. Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, amigo de Bruno, e Fernanda Gomes de Castro, ex-namorada do atleta, já haviam sido condenados em novembro de 2012.

O ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, foi condenado a 22 anos de prisão.

Enfrentam o júri nesta semana o Elenílson Vitor da Silva, caseiro do sítio, e Wemerson Marques de Souza, amigo do goleiro. O julgamento, que havia sido marcado inicialmente para 15 de maio, foi remarcado para ter início nesta quarta-feira (28). Sérgio Rosa Sales, primo de Bruno, foi morto a tiros em agosto de 2012. Outro suspeito, Flávio Caetano Araújo, que chegou a ser indiciado, foi absolvido (saiba quem são os réus).

Jorge Luiz Rosa, outro primo do goleiro, que era menor de idade na época da morte, cumpriu medida socioeducativa por crimes similares a homicídio e sequestro. Atualmente tem 19 anos e é considerado testemunha-chave do caso.

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