06/03/2013 14h36 - Atualizado em 06/03/2013 15h48

Bruno nega ser o mandante, mas diz se sentir culpado pela morte de Eliza

Depoimento do goleiro começou à 14h04 desta quarta (6), no 3º dia do júri. Para o MP, ele matou modelo para não reconhecer filho nem pagar pensão.

Rosanne D'AgostinoDo G1, em Contagem (MG)

06/03/2013 - Bruno de cabeça baixa antes de prestar depoimento (Foto: Maurício Vieira/G1)06/03/2013 - Bruno de cabeça baixa antes de prestar depoimento (Foto: Maurício Vieira/G1)

O goleiro Bruno Fernandes de Souza disse nesta quarta, no início do seu depoimento, que se sente culpado pela morte de Eliza Samudio, mas que não foi o mandante do crime. "Como mandante, dos fatos, não, eu nego. Mas de certa forma, me sinto culpado", disse Bruno após questionado pela juíza se é culpado das acusações.

(Acompanhe no G1 a cobertura completa do julgamento do caso Eliza Samudio, com equipe de jornalistas trazendo as últimas informações, em tempo real, de dentro e de fora do Fórum de Contagem, em Minas Gerais. Conheça os réus, entenda o júri popular, relembre os momentos marcantes e acesse reportagens, fotos e infográfico sobre o crime envolvendo o goleiro Bruno.)

O interrogatório de Bruno no seu júri popular teve início às 14h04. Antes disso, a juíza Marixa Fabiane concedeu à defesa do jogador 30 minutos para conversar com ele em particular. O atleta pode exercer seu direito de permanecer em silêncio, não sendo obrigado a responder perguntas sobre o caso. O advogado Lúcio Adolfo afirmou que Bruno não vai responder a nenhuma pergunta da acusação. "É uma determinação deste advogado".

Bruno e a ex-mulher Dayanne Rodrigues enfrentam júri popular por crimes relacionados ao desaparecimento e à morte de Eliza Samudio, com quem o goleiro teve um filho. O atleta responde pela morte e ocultação de cadáver da modelo e pelo sequestro e cárcere privado da criança. A ex-mulher responde pelo crime de sequestro e cárcere privado de Bruninho.

O goleiro, que na época do crime era titular do Flamengo, é acusado pelo Ministério Público de planejar a morte para não precisar reconhecer o filho nem pagar pensão alimentícia. Eliza foi levada à força do Rio de Janeiro para o sítio do goleiro em Esmeraldas (MG), segundo a denúncia, onde foi mantida em cárcere privado. Depois, foi entregue para o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, que a asfixiou e desapareceu com o corpo, nunca encontrado.

Como mandante, dos fatos, não, eu nego. Mas de certa forma, me sinto culpado"
Bruno Fernandes, sobre morte de Eliza Samudio
ATUALIZADO Arte estática Caso Eliza Samúdio (Foto: arte)

Para a Justiça, a ex-amante do jogador foi morta em 10 junho de 2010, em Vespasiano (MG). A certidão de óbito foi emitida por determinação judicial. O bebê, que foi encontrado com desconhecidos em Ribeirão das Neves (MG), hoje vive com a avó em Mato Grosso do Sul. Um exame de DNA comprovou a paternidade.

'Não precisava daquela crueldade'
Antes do início da sessão, na porta do fórum, o assistente de acusação José Arteiro disse que vai mostrar a verdade sobre a morte de Eliza. "Ele podia ter matado a Eliza com um tiro na cabeça, mas não precisava daquela crueldade toda, daquela sacanagem que fizeram com ela. Que ela pediu, que ela falou que já não aguentava mais apanhar. Mataram ela com a criança no colo e com a malinha do outro lado. O Bruno não tem saída, nós vamos mostrar a verdade".

Dayanne depõe no 2º dia
Dayanne Rodrigues, ex-mulher do goleiro Bruno, disse na terça-feira (5), em depoimento no seu júri popular, que "não são verdadeiras" as acusações contra ela e que o jogador e Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, pediram para ela mentir sobre o paradeiro do filho de Eliza Samudio com o atleta.

No segundo dia do julgamento, a fase de testemunhas foi encerrada. Durante a exibição de vídeos sobre o caso, o jogador chorou e a mãe da vítima, Sônia Moura, passou mal ao ver uma reportagem em que a filha denunciava ter sido ameaçada pelo goleiro.

Choro de Bruno no 1º dia
No primeiro dia do júri popular, o goleiro Bruno Fernandes de Souza também chorou durante a sessão. Ele leu a Bíblia e, de cabeça baixa durante as quase oito horas de julgamento, viu sua defesa dispensar todas as testemunhas que havia arrolado.

O corpo de jurados, composto por cinco mulheres e dois homens, também foi escolhido na segunda-feira, quando o julgamento começou às 11h45 e foi encerrado às 19h20.

Acusados e condenados
A Promotoria afirma que, além de Bruno e Dayanne, mais sete pessoas tiveram participação nos crimes. Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, amigo de Bruno, e Fernanda Gomes de Castro, ex-namorada do atleta, foram condenados em júri popular realizado em novembro de 2012.

No dia 22 de abril, Bola será julgado. Em 15 de maio, enfrentarão júri Elenílson Vitor da Silva, caseiro do sítio, e Wemerson Marques de Souza, amigo de Bruno. Sérgio Rosa Sales, primo de Bruno, foi morto a tiros em agosto de 2012. Outro suspeito, Flávio Caetano Araújo, que chegou a ser indiciado, foi absolvido (saiba quem são os réus).

Jorge Luiz Rosa, outro primo do goleiro, era adolescente à época do crime. Cumpriu medida socioeducativa por crimes similares a homicídio e sequestro. Atualmente tem 19 anos e é considerado testemunha-chave do caso.

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