Por Júlia Carvalho, g1


Fogo se espalha pelo Pantanal. As mudanças climáticas e a ação do homem são fatores que contribuem para a diminuição da superfície de água. — Foto: Guilherme Giovanni /Arquivo Pessoal

Pela segunda vez em três anos, o Brasil teve redução na superfície de água em 2023 em comparação à média histórica, segundo o MapBiomas. O Pantanal foi o bioma que mais secou ao longo da série histórica, com a superfície úmida ficando 61% abaixo da média em 2023. (entenda mais abaixo)

Segundo dados divulgados nesta quarta-feira (26) pelo MapBiomas Água, a extensão coberta por água em todo o país teve queda de 1,5% em relação à média histórica no ano passado.

🛶A superfície de água engloba os corpos hídricos naturais – isto é, as bacias hidrográficas, que correspondem a 77% da superfície total – e também os corpos hídricos antrópicos – água armazenada em reservatórios, hidrelétricas e mineração, que compõem os outros 23%.

👉A última vez que foi registrada uma diminuição na superfície hídrica foi em 2021, quando houve redução de 7%.

O relatório aponta que o país enfrentou perda de água em todos os meses de 2023 em relação a 2022, incluindo nos meses da estação chuvosa.

Dez estados brasileiros tiveram queda na superfície de água em relação à média histórica. Mato Grosso e Mato Grosso do Sul foram os que registraram as diminuições mais expressivas, com redução de 33% e 30%, respectivamente.

Situação em cada bioma

O levantamento, que reuniu dados de 1985 a 2023, também apontou como está a situação nos diferentes biomas brasileiros.

De acordo com Juliano Schirmbeck, coordenador Técnico do MapBiomas Água, as mudanças climáticas e a ação humana são fatores relevantes que contribuem, para as tendências de seca.

"Enquanto o Cerrado e a Caatinga estão experimentando aumento na superfície da água devida à criação de hidrelétricas e reservatórios, outros como a Amazônia e o Pantanal enfrentam uma grave redução hídrica", comenta Schirmbeck.

Veja abaixo os destaques do relatório.

Amazônia

  • A região concentra mais da metade da superfície de água de todo o país, com 62%;
  • Em 2023, o bioma apresentou uma redução de 3,3 milhões de hectares em relação à média histórica.

Pantanal

  • O Pantanal foi o bioma que mais secou ao longo da série histórica;
  • Em 2023, a superfície de água anual foi de 382 mil hectares, 61% abaixo da série histórica. Houve redução na área alagada e também no tempo da permanência da água;
  • Apenas 2,6% do bioma estava coberto por água.

"Em 2024, nós não tivemos o pico de cheia. O ano registra um pico de seca, que deve se estender até setembro. O Pantanal em extrema seca já enfrenta incêndios de difícil controle", alerta Eduardo Rosa, do MapBiomas.

Cerrado

  • Em 2023, o Cerrado teve a maior superfície de água desde 1985: 1,6 milhão de hectares ou 9% do total nacional. Esse total é 11% acima da média histórica no bioma;
  • O ganho de superfície de água aconteceu em áreas antrópicas, que tiveram um aumento de 363 mil hectares – uma variação positiva de 56,4%. Os corpos de água naturais, por sua vez, perderam 696 mil hectares – queda de 53,4%.

Caatinga

  • Após um longo período de seca, que se estendeu por sete anos, houve uma tendência de acréscimo na superfície de água na Caatinga: em 2023, a superfície de água foi de quase 975 mil hectares – 6% acima da média histórica;
  • A partir dos dados de 2023, os especialistas concluem que está se consolidando um ciclo mais chuvoso no bioma, o que garante maior disponibilidade hídrica nas regiões mais secas do território brasileiro.

Pampa

  • A superfície de água dos reservatórios do Pampa apresentou área 40% inferior à média da série histórica em 2023;
  • Segundo os dados do MapBiomas, o bioma teve primeiro quadrimestre mais seco da série histórica. Os quatro primeiros meses de 2023 estiveram entre os cinco meses mais secos da série.

Mata Atlântica

  • A superfície de água na Mata Atlântica em 2023 ficou 3% acima da média histórica, superando os 2,2 milhões de hectares. A água responde por 2% da superfície do bioma;
  • A Mata Atlântica é o bioma com maior superfície de água antrópica, onde a área de superfície de água em hidrelétricas e em reservatórios é maior do que a área de superfície de água natural.

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