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Por Jornal Nacional


Lula volta a criticar taxa de juros e questiona meta de inflação no Brasil

Lula volta a criticar taxa de juros e questiona meta de inflação no Brasil

A poucos dias de completar cem dias de governo, o presidente Lula reuniu jornalistas em um café da manhã em Brasília. Lula voltou a condenar os juros altos do Banco Central e a defender a possibilidade de mudar a meta de inflação no Brasil.

O café com os jornalistas durou quase duas horas. O presidente Lula começou dizendo que está muito satisfeito com os primeiros 100 dias de governo; destacou a volta dos programas sociais, mas afirmou que eles ainda não surtiram o efeito necessário. Frisou que, daqui para frente, a prioridade é a volta do crescimento da economia; reiterou as críticas aos juros altos, mas prometeu não brigar mais com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

“Eu não vou ficar brigando com o presidente do Banco Central. Não vou ficar brigando porque ele tem dois anos de mandato, quem indicou ele foi o Senado e daqui a dois anos vai se discutir um novo presidente do Banco Central. E os novos diretores que precisarem mudar, nós vamos mudar de acordo com os interesses do governo. Só posso dizer para vocês que essa taxa de juros é incompreensível para o desenvolvimento do país. Nós vamos ter que encontrar um jeito, e que o Banco Central começa a reduzir a taxa de juros. Não é compreensível porque nós não temos inflação de demanda. Não existe inflação de demanda no país”, afirmou Lula.

Lula questionou a meta da inflação, parâmetro do Banco Central para definir a taxa básica de juros. Em 2023, a meta é de 3,25%, podendo oscilar 1,5% para cima ou para baixo. Aos jornalistas, o presidente mencionou a possibilidade de alterar a meta, que é definida pelo Conselho Monetário Nacional, e em que o governo tem maioria. Além do presidente do Banco Central, o conselho é formado pelos ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e do Planejamento, Simone Tebet.

Lula lembrou de uma declaração dada em março pelo presidente do Banco Central. Roberto Campos Neto disse que se fosse cumprir a meta de inflação de 2022, os juros teriam que estar em 26,5% e não nos 13, 75% atuais.

“Eu não sei se foi para algum de vocês que eu vi uma frase esses dias, que eu não sei se foi dita pelo presidente do Banco Central, de que para atingir a meta de 3% precisaria ter juros de 20%. Olha, eu não, não sei se foi verdade, se ele disse isso, mas é, no mínimo, uma coisa não razoável de ser dita, porque se a meta está errada, muda-se a meta. O que não é compreensível é imaginar que o empresário vai tomar dinheiro emprestado a essa taxa de juros”, disse o presidente da República.

O presidente disse que foi pego de surpresa com as declarações do ministro das Minas e Energia. Alexandre Silveira disse, na quarta-feira (5), que a política de preços da Petrobras vai mudar. A empresa e o mercado financeiro reagiram. Lula desautorizou o ministro.

“Eu, na verdade, fui pego de surpresa hoje com uma discussão na imprensa entre uma posição do ministro das Minas de Energia e uma suposta decisão da direção companhia. Deixa te dizer uma coisa... Primeiro, a política de preço da Petrobras será discutida pelo governo, no momento em que o Presidente da República convocar o governo para discutir política de preço. Enquanto o Presidente da República não convocar o governo para discutir política de preço, a gente não vai mudar o que está funcionando hoje. Nós vamos mudar, mas com muito critério, porque durante a campanha eu disse que era preciso 'abrasileirar' o preço da gasolina, o preço do óleo diesel”, afirmou Lula.

O presidente afirmou que não vai revogar a reforma do Ensino Médio. Esta semana, o MEC suspendeu, por dois meses, o cronograma de implementação do modelo, que já tem impacto no Enem de 2024. A intenção, segundo Lula, é aperfeiçoar a reforma.

“Nós não vamos revogar. Nós suspendemos e vamos discutir com todas as entidades interessadas em discutir como aperfeiçoar o Ensino Médio desse país”, declarou.

Lula falou, ainda, da queda de braço dos presidentes da Câmara, Arthur Lira, do Progressistas, e do Senado, Rodrigo Pacheco, do PSD, sobre o rito de tramitação das medidas provisórias. Cobrou que cheguem logo a um acordo para que as matérias importantes sejam votadas.

O presidente disse que, até agora, não sentiu dificuldade na relação com o Congresso e que a reforma tributária será um teste para o governo, assim como o arcabouço fiscal. Além de prometer conversar com todos, Lula argumentou que as pautas são matérias que importam ao país.

Sobre política externa, Lula disse que o Brasil já criticou a invasão da Rússia à Ucrânia e que, agora, é hora de negociar um processo de paz. Um dos temas que, segundo ele, deverá tratar com o presidente da China, Xi Jinping , em um encontro entre os dois na semana que vem.

“(Vladimir) Putin não pode ficar com o terreno da Ucrânia. Talvez nem se discuta a Crimeia, mas o que ele invadiu vai ter que repensar. O (Volodymyr) Zelensky não pode querer também tudo o que ele pensa que vai querer. A Otan não vai poder se instalar na fronteira. Tudo isso é assunto que tem que ser colocado na mesa”, afirmou Lula.

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