Ao abordar a laicidade, Francisco confirma a doutrina do Concílio Vaticano II

sáb, 27/07/13
por Edson Luiz Sampel |
categoria Sem categoria

No seu discurso aos políticos no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, Sua Santidade, o Papa Francisco, enfatizou a importância da laicidade do Estado. De fato, o sucessor de São Pedro apenas confirma a doutrina do Concílio Vaticano II, exposta no decreto “Dignitatis Humanae”.

Em sua fala neste sábado, o Papa disse: “Será fundamental a contribuição das grandes tradições religiosas, que desempenham um papel fecundo de fermento da vida social e de animação da democracia. Favorável à pacífica convivência entre religiões diversas é a laicidade do Estado que, sem assumir como própria qualquer posição confessional, respeita e valoriza a presença do fator religioso na sociedade, favorecendo as suas expressões concretas. Quando os líderes dos diferentes setores me pedem um conselho, a minha resposta é sempre a mesma: diálogo, diálogo, diálogo”.

A laicidade do Estado é uma condição indispensável para a liberdade de culto. O cristianismo é sempre uma proposta da Igreja, que pode ou não ser aceita. Qualquer religião deve ser professada com inteira disponibilidade do crente. Num Estado que não seja laico, a religião é oficial e professar um credo diferente implica, muitas vezes, consequências desagradáveis para o praticante. No Estado laico, em suma, o cidadão é livre para abraçar a religião que quiser ou para não aderir à religião nenhuma.

O Brasil é um Estado laico. Todavia, não é ateu, porquanto os constituintes de 1988 erigiram um Estado “sob a proteção de Deus”, conforme está escrito no preâmbulo da Constituição Federal. Curiosamente, o papa Francisco advém de um país, a Argentina, onde a religião católica é a oficial e os padres são quase funcionários públicos. Sem embargo, a Igreja Católica defende a grande utilidade do princípio da laicidade do Estado, porque quando a pessoa humana adere ao catolicismo, isto se dá sem constrangimento, em condições totalmente livres.

4 comentários sobre “Ao abordar a laicidade, Francisco confirma a doutrina do Concílio Vaticano II”

  1. Marcia disse:

    Estado Laico= separado da igreja, portanto a Cosntituição deve proteger todos os cidadãos, sejam eles ateus.agnósticos ou de qualquer religião!!!

  2. Diego disse:

    Belo discurso do Papa Francisco e comentário preciso do Dr.Sampel. Ambos alinhados com os princípios balisadores dos estados democráticos de direito.

  3. Hėlio Teixeira disse:

    Nada mais sensato que a laicidade do Estado, em respeito à liberdade do cidadão. Entendo que religiosidade não necessariamente exige uma religião, que é criação humana com interesses nem sempre santos. Impor uma religião é obrigar o povo à hipocrisia, o que deixa de ser sensato. Minha ligação com Deus é direta, sem intermediários, em silêncio e em recolhimento, como ensina S. Mateus.

  4. Elizângela disse:

    Um Estado laico é garantia de respeito e de que a busca de Deus passa por uma adesão livre e não imposta. Contudo, precisa sair de quatro paredes! Do contrário não se torna conhecida. Só é possível conhecer que existiu um evangelho de S. Mateus, por exemplo, porque alguém escolheu anunciar, participar de grupos, mobilizar-se, para tornar o evangelho conhecido a outros. Jesus Cristo tinha plenas condições, por ser Deus, de trazer todo seus ensinamentos sem auxílio de ninguém… Mas Ele escolheu um grupo de 12, e, porque estes 12 não ficaram trancados em seus quartos dirigindo-se solitariamente à Deus é que hoje posso também eu anunciar, sair de mim, ir ao encontro de quem precisa, levar o evangelho a quem não conhece, ser cristã, lutando contra minha preguiça, apego ao comodismo, para ser como Cristo foi. Só assim sou plenamente feliz! Quando me venço a cada dia!



Formulário de Busca


2000-2015 globo.com Todos os direitos reservados. Política de privacidade