A fé revolucionária de Francisco

qui, 25/07/13
por Francisco Borba |
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Cada vez mais solto no domínio do idioma português, o papa Francisco vai improvisando, interagindo com os jovens e imprimindo seu estilo peculiar à JMJ. Na festa da acolhida, primeiro encontro oficial do Papa com os peregrinos, sua mensagem foi marcante em termos de propor uma “fé revolucionária”, numa afirmação que está sendo repercutida por toda a mídia mundial.

Muito se discutiu, no período que antecedeu a JMJ, se nela o Papa faria alguma coisa para enfrentar a perda de fiéis da Igreja Católica na América Latina e no Brasil. Bem, independentemente do que vem por aí, hoje ele deu sua resposta a esta questão. O problema dos cristãos, sejam eles de qual denominação forem, não é o proselitismo ou a porcentagem de pessoas na população que dizem professar a mesma fé que eles. O problema dos cristãos é viver esta fé que realiza uma “revolução copernicana”, porque nos tira do centro e põe Deus nele.

Ora, num mundo individualista como o nosso, esta afirmação pareceria exatamente aquela que afastaria os jovens da fé. Hoje em dia, todos querem ser o centro de tudo, quem vai querer perder a centralidade na própria vida? Resposta: a pessoa que vive uma grande paixão, porque para o apaixonado verdadeiro o centro da vida é o objeto da paixão. Francisco, quando proclama esta revolução copernicana proclama uma vida dominada por uma grande paixão.

Por que as pessoas se afastaram da Igreja Católica? Não foi por escândalos de corrupção, por padres insensíveis e distantes, nem porque a Teologia da Libertação foi perseguida ou até mesmo porque a moral católica é muito rígida. Tudo isso pode ter sua parte de culpa no processo, mas a razão mais importante é porque seus jovens deixaram de encontrar adultos apaixonados pela fé, homens e mulheres que realizaram esta “revolução copernicana” – não por moralismo ou imposição social, mas porque descobriram um amor tão grande que justificava este sair do centro da própria vida para que Outro entrasse.

Francisco tem um impressionante “jogo de cena”. Sua habilidade de comunicador se equipara à do carismático João Paulo II. Mas suas palavras são duras: condena como ídolos a uma série de ideais que são típicos de nossa sociedade, que orientam a vida da maioria das pessoas, que até mesmo os pais apresentam aos filhos, como riqueza, poder e sucesso. Esta dureza de suas palavras é acolhida entusiasticamente pelos jovens não por uma capacidade comunicativa, mas sim pela percepção de uma autoridade moral que só nasce em quem é sincero, em quem proclama com a boca aquilo que está no coração e é praticado pelo corpo.

Esta fé revolucionária encontra eco em milhões de jovens católicos no mundo e a JMJ é o lugar simbólico de encontro entre eles. A Igreja está perdendo fiéis? Estatisticamente sim. Mas a contabilidade de Deus com certeza se baseia em corações e não em declarações num questionário de censo. Por isso, é para o coração destes jovens que a Igreja e o papa se voltam.

E neste diálogo entre os velhos Papas apaixonados e os jovens igualmente apaixonados, a Igreja vislumbra seu futuro com otimismo e confiança.

12 comentários sobre “A fé revolucionária de Francisco”

  1. maria cristina disse:

    Como é possível não ter uma cobertura,um simples toldo,para proteger da chuva um senhor de 76 anos,ainda por cima o mais importante da igreja católica?não consigo acreditar num absurdo desses.Quem foi o responsavel,ou melhor,o irresponsável???

  2. Guilherme de Souza disse:

    Nem paro mais para ler a bajulação explícita da imprensa chapa branca. Enqto isso o dinheiro público vai sendo queimado de forma irresponsável por políticos e “religiosos”.

  3. Christiane disse:

    Concordo em gênero, número e grau com seu texto! Estou acompanhando com atenção todos os acontecimentos da JMJ, as palavras do Santo Padre e tenho comigo a mais firme certeza: a revolução na Igreja Católica já começou! Não com alteração na doutrina, mas com o retorno à Igreja primitiva, os valores cristãos recolocados no lugar de destaque, de onde nunca deveriam ter saído, a volta ao primeiro amor, o encontro pessoal de cada um com Jesus.

  4. Marcio disse:

    A fé nunca foi nem nunca será algo que se altere, quanto mais revolucionaria. O que pode ser é o método que ele usa para despertar a fé, que também nao deve ser sustentada num Papa.

  5. Grégory Antunes Neves disse:

    Só gostaria de saber, porque vocês (da globo) acolhem os conselhos do papa, fazem toda uma imagem da fé cristã, e vós mesmo não praticam, pois em suas novelas só ensinam o que não presta como o adultério, traição, roubo, ganancia pelo dinheiro, relacionamentos sem compromisso, homossexualismo, sensualismo, fornicação, deslealdade, injustiça, enfim dentre tantas outras porcarias. Posso pelo direito da Palavra, que é a principal base da fé cristã, relacionar vocês como os fariseus judaicos, que o próprio Jesus repreendeu, pois pregam uma coisa e praticam outra. Enfim vocês vivem com a famosa “mascara” que manipula o povo brasileiro com uma cobertura completa do papa no Brasil – o que faz que ele pareça mais um ídolo do que um exemplo de fé, lembrando que a idolatria é pecado – e logo depois contradizem esta fé com inúmeras porcarias. Não critico aqui a esperança do cristianismo, mas sim do que vocês fazem com a população brasileira, visto que é o maior canal aberto do país.

  6. Fernando de Souza disse:

    Ressalto que esta revolução copernicana não é o retorno ao teocentrismo vivido no período medieval, mas um apelo ao encontro pessoal com Cristo. Isto sim, provoca tal revolução. A fé verdadeira parte desse encontro pessoal com o Cristo e se concretiza nos atos de justiça, paz e caridade com os mais pobres.

  7. Amauri Braga disse:

    Vejo em todo esse,barulho midiático, um forte contraste com a paz e srenidade das pregações do filho de Deus. Um pastor tem que pregar e aprofundar-se na verdades e caminhos da fé, que deverá ser parte o tempo todo na vida de um cristão.
    Sou todo ouvidos.

  8. Diogo disse:

    Ao ler os comentários, achei interessante a colocação de Gregory. Concordo em parte. Sou cristão convicto, atuante em minha comunidade, participante em equipes na minha igreja. Sobre a Globo, não acho que seja uma emissora de fariseus. Como um canal aberto, deve mesmo mostrar realidades diversas para públicos diversos. Para nós, cristãos católicos, existem canais específicos, direcionados somente para a Palavra e valores que defendemos. Não acredito que os canais abertos tenham a obrigação de defender quaisquer posições, mas sim informar, independente das crenças políticas e/ou religiosas. Afinal, sei que existem muitos cristãos espalhados pelo mundo, mas também budistas, esotéricos, espíritas, ateus, taoístas, hindus, etc…

  9. Dalva Senna disse:

    Infelizmente a igreja católica não tem a Bíblia como o único livro de regra e prática e vive também de tradições que muitas delas levam seus seguidores a erros graves que vêm de encontro com a Palavra de Deus. Em 2 Timóteo 3. 16 e 17, diz: Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para repreenção, para a correção e para a instrução na justiça, para que o homem de Deus seja apto e plenamente preparado para toda boa obra. Não precisamos de tradições que nos levam a erros, a Bíblia é suficiente.

  10. Claudio Fernando disse:

    Nunca botei fé em nenhum Papa. Este vai embora e me deixa com um olhar diferente, com um coração marcado de VOLTE SEMPRE, de PAZ. Ao “Tio” Francisco, muito obrigado e volte sempre.

  11. rafael disse:

    rafael amigão fala luta

  12. Ricardo-Rodrigues disse:

    Resposta-à-Dalva Senna

    Minha irmã, você precisa ler sobre a tradição da Igreja.
    Só pra você ter uma ideia, se não fosse essa tradição, hoje teríamos dificuldades no acesso a palavra.
    Te dou um conselho: não perde tempo e nem energia para falar ou até pesar em coisas erradas, antes faça como as pessoas sensatas, busque a informação certa e depois reflita em cima das suas conclusões.
    Todos os CRISTÃO são gratos a IGREJA PRIMITIVA.



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