Governo vai iniciar estudos sobre novo canal para escoar água da Lagoa dos Patos para o oceano

Por Ana Flor, Gerson Camarotti, Marcos Losekann


Cheia da Lagoa dos Patos alaga ruas em Rio Grande — Foto: Reprodução/RBS TV

O governo federal vai iniciar estudos para a construção de um canal de cerca de 20 quilômetros entre a Lagoa dos Patos e o Oceano Atlântico para escoar a água da lagoa.

A obra de engenharia é vista como uma das possibilidades para evitar alagamentos nas cidades em redor da lagoa, inclusive a capital Porto Alegre.

Ao blog, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, avaliou que o canal vai evitar inundações da magnitude que se viu no mais recente desastre ambiental. E que vai ajudar, principalmente, a região metropolitana de Porto Alegre.

"Vamos iniciar os estudos", disse Rui Costa.

Ainda não há prazos ou custos estimados. Segundo o ministro, o estudo vai buscar alternativas que não impliquem em danos adicionais ao meio ambiente – por exemplo, que não alterem a salinidade da lagoa com a entrada de mais água do oceano.

O aumento do nível da Lagoa dos Patos põe em risco cidades do sul do RS

Em alguns trechos da Lagoa dos Patos, a altura é de nove metros acima do nível do mar – o que facilita o escoamento por gravidade.

Ao mesmo tempo, é preciso haver uma espécie de dique para bloquear o fluxo da água no sentido oposto, do oceano para a lagoa.

Essas comportas seriam abertas, principalmente, antecipando períodos chuvosos – como uma ação preventiva para "esvaziar" a lagoa e evitar transbordamento.

No governo federal, a percepção é de que um dos principais problemas foi o não funcionamento das comportas do sistema anticheias da capital gaúcha.

A informação que chegou ao Palácio do Planalto é de que, das 23 casas de bombas desse sistema – de responsabilidade das prefeituras –, apenas uma estava em pleno funcionamento.

Características da Lagoa dos Patos explicam o risco de inundação

A percepção no governo é de que, se o sistema estivesse funcionamento melhor, o dano registrado até aqui poderia ter sido bem menor na região metropolitana.

Nesta segunda (13), o próprio presidente Lula chegou a falar sobre o tema em reunião com os 37 ministros para discutir medidas de socorro ao estado.

"Me parece que não foi só o fenômeno da chuva. Me parece que teve um fenomeno também, sabe, que não cuidaram das comportas que deveriam ser cuidadas há muito tempo. Mas tudo isso é um problema a ser resolvido daqui para frente. Nós vamos tentar apresentar a nossa contribuição ao povo do RS. Inclusive, apresentando uma discussão nacional sobre a questão de resolver as questões das enchentes na cidade de Porto Alegre e na região metropolitana", declarou Lula.