Nos Estados Unidos, maio é o mês dedicado aos idosos (Older Americans Month), com uma agenda cheia de eventos voltados para a questão do envelhecimento. Na semana passada, assisti a seminário on-line inspirador que discutia formas de aumentar as conexões sociais dos mais velhos. Contou, inclusive, com a participação do médico Vivek Murthy, o 21º. ocupante do cargo de cirurgião-geral (surgeon general) nos EUA. Ao contrário do que possa parecer, o posto não lhe confere a atribuição de estar em salas de cirurgia: Murthy é a autoridade máxima em saúde pública no país. Autor do livro “O poder curativo das relações humanas: a importância dos relacionamentos em um mundo cada vez mais solitário”, sua bandeira é diminuir os efeitos da epidemia de solidão – seu diagnóstico é de que se trata de uma das principais enfermidades do planeta, afetando especialmente idosos e pessoas com deficiências.
Num painel com especialistas, o consenso foi de que os serviços de saúde deveriam ser capazes de rastrear e avaliar o grau de isolamento dos idosos que procuram atendimento, porque nem sempre as agências e instituições dedicadas ao envelhecimento conseguem mapear todos os que estão numa situação de risco.
Para Rani Snyder, executiva da The John A. Hartford Foundation, ainda estamos longe de ter conseguido conscientizar as pessoas sobre a gravidade do quadro: “inclusão é uma determinante social de saúde. Temos que treinar os profissionais e estabelecer parcerias entre os sistemas de saúde, que não são amigáveis para os idosos, e as organizações comunitárias”. Foram citadas inúmeras iniciativas relevantes, como as que listo abaixo.
O “Meals on Wheels” (“Refeições sobre Rodas”), criada pelo Council on Aging, tem um papel que vai além de distribuir refeições para cerca de 2.2 milhões de indivíduos: muitas vezes, o responsável pela entrega é o único a interagir socialmente com o idoso e a monitorar seu estado. Eddie Garcia, criador da Foundation for Social Connection, ressalta que ações que promovam a convivência entre gerações representam um antídoto contra a solidão: “os mais velhos podem se tornar mentores de crianças e adolescentes em programas de reforço escolar, ou de apoio a gestantes em situação de risco social. Não devem se restringir a centros de convivência, sua experiência tem que ser aproveitada”.
O Council on Aging também mantém o “Tellegacy Program”, no qual um voluntário visita um idoso durante oito semanas para conversar sobre sua trajetória. No final, é produzido um pequeno livro sobre seu legado. The Virtual Senior Center é uma comunidade on-line que possibilita que as pessoas assistam a aulas e socializem entre si. O Elder Care Locator traz informações sobre benefícios, leis, saúde e serviços, como subsídios para a reforma da residência. O engAGED (que faz uma sopa de letras com as palavras engajamento e idade) compartilha iniciativas de entidades que podem ser replicadas por outras instituições.
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