SIMPLESMENTE ou SIMPLISMENTE?
Logo que as redes sociais tomaram conta da comunicação, alguns errinhos mais localizados passaram a se reproduzir sem controle algum.               

Alguém escreve uma frase na sua rede social, e ela é vista e compartilhada por dezenas, talvez centenas de pessoas.

Um dos erros mais frequentes que tenho visto é a confusão entre SIMPLESMENTE (com ES) e SIMPLISMENTE (com IS). Não se sabe por quais forças estranhas da natureza, o adjetivo SIMPLES (que termina em ES), ao virar advérbio, tem o E trocado por I na escrita de algumas pessoas.

A palavra é SIMPLESMENTE, com ES. "Simplismente" (com IS) simplesmente não existe.

O advérbio SIMPLESMENTE é formado do adjetivo SIMPLES mais o sufixo MENTE. Significa "de modo simples, descomplicado".

Quando alguém age de forma cortês, age CORTESMENTE.

Quando alguém age de forma apressada, age APRESSADAMENTE.

E quando alguém age de modo simples, age SIMPLESMENTE.

Não precisa mudar letra nenhuma. Não é simples?

A confusão se deve, talvez, ao substantivo SIMPLICIDADE, que, assim como FELICIDADE, ESPONTANEIDADE, ATIVIDADE, OCIOSIDADE..., deve ser escrito com “i”, em razão do sufixo “idade”.

Então, não esqueça: o advérbio é SIMPLESMENTE e o substantivo é SIMPLICIDADE.

REINVINDICAR ou REIVINDICAR?
Ah, os discursos políticos, as manifestações de rua... Vira e mexe, alguém solta um REINVINDICAR, esticando esse primeiro IN logo após o RE: REIINNNVINDICAR.

Não tem nada disso. Esse N não existe, o correto (na pronúncia e na escrita) é REIVINDICAR.

Assim se escrevem e se pronunciam todas as palavras dessa família: REIVINDICAÇÃO, REIVINDICADO, REIVINDICANTE, etc.

De agora em diante, se ouvir alguém proferindo errado essa palavra, reivindique a atenção e corrija.
 
ME TORNAREI, TORNAREI-ME ou TORNAR-ME-EI?
Vamos observar um pouco de colocação dos pronomes. Você saberia apontar qual destas três opções é a correta?
1ª) “ME TORNAREI o líder do grupo.” (pronome ME antes do verbo = próclise)
2ª) “TORNAR-ME-EI o líder do grupo.” (pronome ME no meio do verbo = mesóclise)
3ª) “TORNAREI-ME o líder do grupo.” (pronome ME depois do verbo = ênclise)

Segundo a gramática tradicional lusitana, que é normativa, a opção correta seria “TORNAR-ME-EI o líder do grupo.”

A próclise no início da frase “ME TORNAREI” deveria ser evitada em textos formais, porque a gramática tradicional diz que não se pode iniciar frases com pronome oblíquo.

No Português do Brasil, principalmente na fala do dia a dia, porém, esse uso é bem comum.

A opção "TORNAREI-ME" é inaceitável. Não se usa ênclise (pronome após o verbo) com verbos no FUTURO DO INDICATIVO. Sempre que isso ocorrer, estará errado.

Quando o verbo está no FUTURO do presente ou do pretérito do indicativo, podemos usar o pronome átono em MESÓCLISE, isto é, inserido no meio do verbo:
“Realizar-SE-á o evento na semana que vem.”
“Encontrar-NOS-emos em nova confraternização por ocasião da Páscoa.”

Se você achar pedante, mude a frase: inverta as palavras (O evento se realizará na semana que vem) ou usando um verbo auxiliar (Vamos nos encontrar em nova confraternização...)

COCO ou CÔCO?
O nosso problema agora é acentuação gráfica, mais especificamente um acento que incomoda muita gente. Só não sei ainda se o que incomoda é a presença ou a ausência dele.

Você certamente já foi à praia e tomou uma água de coco. Já reparou no que está escrito na placa ou cartaz dos quiosques ou dos carrinhos? Muito provavelmente, a palavra COCO aparece com acento no primeiro O: “Água de côco”..

É tanto medo de que a palavra seja lida como oxítona (o que seria um sinônimo de "fezes"), que, por via das dúvidas, o dono do carrinho achou melhor acentuar a primeira sílaba: “CÔCO”.

Não existe esse acento circunflexo no primeiro “o”, pois não se acentuam as palavras paroxítonas (que têm sílaba tônica na penúltima sílaba) que terminam em A, E e O. O correto, portanto, é COCO, sem acento algum.

Pior é quando, na ânsia de não parecer outra coisa, o vendedor de água de coco manda acentuar, mas alguém erra e o acento é colocado justamente na última sílaba, o que resulta exatamente no nome dessa outra coisa: o cocô.

Aí o erro é tão malcheiroso que nem precisa comentar.