Filtrado por português Remover filtro
  • Pronomes pessoais oblíquos tônicos

    Você sabia que a palavra COMIGO é um pronome formado pela preposição COM mais o pronome MIM?

                       Escreve-se tudo junto: COMIGO.

                       Esse é um PRONOME OBLÍQUO TÔNICO, assim como CONTIGO, CONSIGO, CONOSCO e CONVOSCO.

                       O COMIGO é o mais usado de todos eles, mas o CONOSCO não fica muito atrás.

                       Só que, ao contrário de COMIGO, o pronome CONOSCO deixa muita gente em dúvida na hora de falar e de escrever.

                       Afinal, deve-se usar sempre CONOSCO ou também podemos falar e escrever COM NÓS?

                       Diga ou escreva, por exemplo:
    “Doutor Almir jantou CONOSCO”;
    “Quero que você fique CONOSCO”.

                       Entretanto, quando após o pronome houver pronomes como OUTROS, MESMOS, PRÓPRIOS, TODOS, numerais ou mesmo uma frase, devemos usar a expressão COM NÓS:
    “Doutor Almir jantou COM NÓS TODOS”;
    “Quero que você fique COM NÓS MESMOS”;
    “Ele quer se reunir COM NÓS TRÊS”.


    Pronomes pessoais de tratamento
                       Você já viu na TV alguma discussão entre deputados ou entre juízes num tribunal?

                       É um tal de VOSSA EXCELÊNCIA para lá, VOSSA EXCELÊNCIA para cá; Vossa Excelência FEZ isso, FALOU aquilo...proferidos às vezes antes de algum desaforo.

                       VOSSA EXCELÊNCIA é um pronome pessoal de tratamento usado quando nos dirigimos a altas autoridades, como deputados, juízes, Presidente da República, ministros, prefeitos e governadores, entre outros.

                       Você observou que se diz “Vossa Excelência FEZ”, “Vossa Excelência FALOU”?

                       É isso mesmo: os pronomes de tratamento sempre fazem a concordância de terceira pessoa, embora se refira à segunda. E tanto faz ser do plural ou do singular.

                       Então, devemos dizer:
    “Vossa Excelência RECEBEU o convite”, e não recebestes.
    “VossasExcelências PEDIRAM a revisão das provas”, e não pedistes.

                       Mais uma informação: os pronomes de tratamento devem fazer também a concordância de gênero.

                       Observe os exemplos:
    “VOSSA EXCELÊNCIA parece PREOCUPADO” (quando se fala com um homem);”VOSSA SENHORIA está CALMA” (se você falar com uma mulher).

                       E mais um lembrete:

                       Ao falar COM uma dessas autoridades, devemos usar VOSSA Excelência:
    "VOSSA Excelência poderia me acompanhar?".

                       Mas quando falar SOBRE (a respeito de) uma autoridade, usamos SUA Excelência:.
    “Você poderia me ajudar a me encontrar com SUA Excelência?”

    Ele REQUIS ou REQUEREU?

                       O verbo REQUERER parece ser uma eterna dor de cabeça.

                       Já sabemos que:
    REVER é derivado do verbo VER;
    INTERVIR é derivado de VIR;
    REPOR é derivado de PÔR.

                       Mas será que REQUERER é derivado de QUERER?

                       De jeito nenhum! Esse é apenas mais um verbo que confunde muita gente.

                       REQUERER não significa “querer de novo”.

                       REQUERER é solicitar por meio de requerimento, dirigir petição a uma autoridade ou pessoa em condições de despachar o que é pedido.

                       Então, nem pense em conjugar o verbo REQUERER como o verbo QUERER.

                       Ouça com atenção:
    “EU REQUEIRO”, e não eu requero.
    “EU REQUERI”, e não eu requis.

                       Aliás, o REQUIS é uma praga que sempre está na boca de muita gente.

                       Então, não esqueça que o correto é:
    “Ele REQUEREU a revisão da prova”;
    “Ele REQUEREU uma audiência”.
    “Se eu requeresse”, “quando eu requerer”...

  • Acordo ortográfico: o que muda a partir deste mês?


    O acordo ortográfico começou a valer em janeiro para todos os países da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP). Neste mês, destacamos no blog o que mudou e o que não mudou em nosso idioma.

    1. ACENTUAÇÃO GRÁFICA – parte 2

    As regras que sofreram alguma alteração.

    B) – Regras especiais

    1ª) Regra dos hiatos (abolida pela reforma ortográfica):

    Como era?
    Todas as palavras terminadas em “oo(s)” e as formas verbais terminadas em “-eem” recebiam acento circunflexo:
    vôo, vôos, enjôo, enjôos, abençôo, perdôo; crêem, dêem, lêem, vêem, relêem, prevêem.

    Como fica?
    Sem acento:
    voo, voos, enjoo, enjoos, abençoo, perdoo; creem, deem, leem, veem, releem, preveem.

    O que não muda?
    a)    Eles têm e eles vêm (terceira pessoa do plural do presente do indicativo dos verbos TER e VIR);
    b)    Ele contém, detém, provém, intervém (terceira pessoa do singular do presente do indicativo dos verbos derivados de TER e VIR: conter, deter, manter, obter, provir, intervir, convir);
    c)    Eles contêm, detêm, provêm, intervêm (terceira pessoa do plural do presente do indicativo dos verbos derivados de TER e VIR).

    Como fica?

    ELE/ELA        ELES/ELAS        ELE/ELA        ELES/ELAS
    -ê                    -eem                   -em/-ém         -êm
    crê                  creem                  tem                têm
    dê                   deem                   vem               vêm
    lê                     leem                   contém          contêm
    vê                    veem                  provém          provêm


    2ª) Regra do “u” e do “i” (parcialmente abolida):

    O que não mudou?
    As vogais “i” e “u” recebem acento agudo sempre que formam hiato com a vogal anterior e ficam sozinhas na sílaba ou com “s”:
    Gra-ja-ú, ba-ú, sa-ú-de, vi-ú-va, con-te-ú-do, ga-ú-cho, eu re-ú-no, ele re-ú-ne, eu sa-ú-do, eles sa-ú-dam;

    I-ca-ra-í, eu ca-í, eu sa-í, eu tra-í, o pa-ís, tu ca-ís-te, nós ca-í-mos, eles ca-í-ram, eu ca-í-a, ba-í-a, ra-í-zes, ju-í-za, ju-í-zes, pre-ju-í-zo, fa-ís-ca, pro-í-bo, je-su-í-ta, dis-tri-bu-í-do, con-tri-bu-í-do, a-tra-í-do...

    Observações:
    a)     A vogal “i” tônica, antes de “NH”, não recebe acento agudo: rainha, bainha, tainha, ladainha, moinho...
    b)    Não há acento agudo quando o “u” e o “i” formam ditongo e não hiato: gra-tui-to, for-tui-to, in-tui-to, cir-cui-to, mui-to, sai-a, bai-a, que eles cai-am, ele cai, ele sai, ele trai, os pais...
    c)    Não há acento agudo quando as vogais “i” e “u” não estão isoladas na sílaba: ca-iu, ca-ir-mos, sa-in-do, ra-iz, ju-iz, ru-im, pa-ul...

    O que mudou?
    Perdem o acento agudo as palavras em que as vogais “i” e “u” formam hiato com um ditongo anterior: fei-u-ra, bai-u-ca, Bo-cai-u-va, Guaiba, Guaira...

    Como era/ como fica?
    Feiúra – feiura;
    Baiúca – baiuca;
    Bocaiúva – Bocaiuva:

    3ª) Regra dos ditongos abertos “éu”, “éi” e “ói” (parcialmente abolida):
    Como era?
    Acentuavam-se todas as palavras que apresentam ditongos abertos:
    ÉU: céu, réu, chapéu, troféus...
    ÉI: papéis, pastéis, anéis, idéia, assembléia...
    ÓI: dói, herói, eu apóio, esferóide...

    Observações:
    a)    Não se acentuam os ditongos fechados:
    EU: seu, ateu, judeu, europeu...
    EI: lei, alheio, feia...
    OI: boi, coisa, o apoio...
    b)    No Brasil, colmeia e centopeia são pronunciados com o timbre aberto.   
     
    O que mudou?
    Perdem o acento agudo somente as palavras paroxítonas: ideia, epopeia, assembleia, jiboia, boia, eu apoio, ele apoia, esferoide, heroico...

    O que não mudou?
    O acento agudo permanece nas palavras oxítonas: dói, mói, rói, herói, anéis, papéis, pastéis, céu, réu, troféu, chapéus...

  • Dizer 'repetir de novo' é uma redundância?


    Repetir de novo?


    Nossa dúvida agora é sobre o uso do verbo REPETIR, que provoca  dor de cabeça em muita gente.
    Recentemente, um locutor de futebol, narrando uma partida, disse o seguinte: "O árbitro, acertadamente, mandou o atacante REPETIR DE NOVO a cobrança do pênalti".
    O pênalti já havia sido cobrado, mas o árbitro viu uma irregularidade e mandou repetir. Nesse caso, "repetir de novo" é desnecessário, é redundante, pois só houve uma repetição.
    Se fosse a terceira cobrança (duas repetições), aí sim o locutor teria razão, pois o árbitro realmente teria mandado REPETIR DE NOVO (três cobranças, sendo duas repetidas) a cobrança do pênalti.
    Ainda no caso de terceira cobrança, seria inaceitável dizer que "o atacante repetiu três vezes a cobrança do pênalti", pois só houve duas repetições.
    Ou se diz "bateu o pênalti três vezes" ou então "repetiu duas vezes a cobrança do pênalti".

    Ele tinha VIDO ou VINDO para o Rio de Janeiro?

    O problema de hoje é o particípio do verbo VIR e seus derivados
    O gerúndio é fácil: VINDO. Veja o exemplo:
    “Ela telefonou, dizendo que ESTÁ VINDO à reunião.”
    Mas, e o particípio?
    Uma peculiaridade do verbo VIR (e seus derivados, ADVIR, PROVIR, CONVIR, INTERVIR) é que o gerúndio e o particípio são iguais. Acompanhe os exemplos:
    “Ele tinha VINDO para o Rio de Janeiro”.
    “Eles tinham VINDO de outra empresa.”
    Se o particípio do verbo VIR é VINDO, os derivados seguem o verbo primitivo:
    “Quando chegou a solicitação do presidente, o diretor já havia INTERVINDO no caso.”
    “Descobriu que a epidemia tinha PROVINDO da falta de saneamento no local.”


    Eu VALHO ou VALO?

    Agora observaremos o uso de um verbo que faz muita gente se engasgar na hora de conjugar. É o verbo VALER.
    Como você diria: “Vou pedir aumento porque VALO (com L-O) ou porque VALHO (com L-H-O) mais do que eu ganho?”
    Pode parecer estranho, mas o certo é VALHO.
    O verbo VALER é considerado irregular justamente por apresentar LH na 1ª pessoa do singular do presente do indicativo.
     Consequentemente, todo o presente do subjuntivo também tem LH. Acompanhe os exemplos:
    “Invista num negócio que VALHA a pena.”
    “Mesmo que aquelas terras VALHAM tudo isso, ninguém tem tanto dinheiro.”
    “Só 1 milhão? – disse o astro do filme. – Eu VALHO mais que isso!”
    Portanto, se você pretende mesmo pedir aquele aumento, diga EU VALHO, caso contrário, seu aumento ficará mais difícil...
    É importante lembrar que o verbo EQUIVALER, derivado de VALER e que significa “valer igual”, deve seguir a conjugação do verbo primitivo. Isso significa que a forma correta é EQUIVALHA:

    A PRINCÍPIO ou EM PRINCÍPIO?

    O problema agora é o uso de uma expressão que aparece em várias situações, mas que confunde muita gente. Na verdade, são duas expressões.
    Como você diz: A PRINCÍPIO ou EM PRINCÍPIO?
    As duas expressões existem, e não há erro nelas. O problema está no uso de cada uma, pois elas tinham significados diferentes.
    A PRINCÍPIO (com preposição A) significa "inicialmente", "num primeiro momento". Veja o exemplo:
    “A PRINCÍPIO (ou seja, no início da investigação), a polícia não tinha pistas do assassino.”
    “A PRINCÍPIO (ou seja, inicialmente), os alunos devem ficar no pátio e aguardar a chamada.”
    Já a expressão EM PRINCÍPIO (com preposição EM) significava somente "em tese", "teoricamente", "por convicção". Acompanhe:
    “EM PRINCÍPIO (equivale a “em tese” ou "por convicção"), sou contra a pena de morte.”
    “EM PRINCÍPIO (isto é, teoricamente), o medicamento começa a fazer efeito após duas horas.”
    A realidade, porém, é que a expressão EM PRINCÍPIO é, hoje em dia, muito usada com o sentido de “inicialmente, num primeiro momento”. O uso se consagrou de tal forma que os novos dicionários já registram EM PRINCÍPIO como sinônimo de A PRINCÍPIO.
    Em nome da clareza, podemos evitar as duas formas. Se a ideia for de “início, começo”, podemos usar NO PRINCÍPIO (ou inicialmente, ou no começo); se a ideia for de “em tese, teoricamente, por valores”, sugiro que se use a forma POR PRINCÍPIOS.

  • Quando usar 'há' ou 'a'?

    Existem algumas palavras da nossa língua que só dão problema na hora de escrever. Isso acontece muito com as palavras têm o mesmo som, mas grafia e significado diferentes.

    Os exemplos de casos em que isso acontece são muitos, mas hoje vamos nos concentrar numa duplinha que nos atormenta: a diferença entre HÁ com agá e A sem agá.

    A dica mais importante para entender a diferença entre eles é lembrar que HÁ com agá é verbo (forma do verbo HAVER) e por isso pode ser substituído por outro verbo.

    Assim, devemos escrever com agá:

    “Há dúvidas na prova”.

    Nesse caso, podemos substituir o HÁ pelo verbo existir: “Existem dúvidas na prova”.

    Na frase “Há muito tempo não o vejo”, também é com agá, pois podemos dizer: “Faz tempo que não o vejo”.

    Já na frase “Estamos a dois minutos de casa”, o A deve ser escrito sem agá, pois não pode ser substituído por um verbo. Não tem sentido dizer: "Estamos faz dois minutos de casa" ou "Estamos existem dois minutos de casa".

    Trata-se da preposição “A”. Podemos usar quando nos referimos à distância ou a tempo futuro: “Estamos a vinte quilômetros do aeroporto”, “Ele chegará ao trabalho daqui a dez minutos”.

    Goteira no teto!

    Falar a nossa língua materna, geralmente, não exige muito esforço. Agora, falar BEM a nossa língua exige alguns cuidados. O problema é que para falar BEM devemos estar sempre muito atentos. E essa atenção não se limita apenas a estrutura da língua. Devemos também estar atentos para não sermos redundantes. Ou seja, para não ficarmos repetindo desnecessariamente as ideias, o que é muito comum numa fala mais descontraída.

    Onde está o problema da frase:

    Havia goteiras no teto do quarto?

    Além do pinga-pinga que acaba com a paciência de qualquer pessoa, o problema dessa frase está no fato de que só existe goteira no teto.

    Não existem goteiras nas paredes e muito menos no chão, ou você consegue imaginar água pingando de baixo para cima?

    Assim, bastaria dizer apenas que “Havia goteiras no quarto”.
     
    Ciúme OU ciúmes?

    Com frequência me perguntam se a palavra ciúme pode ser usada no plural: CIÚMES.

    Será que existem dois ciúmes? Estranho, não é mesmo?

    O caso é que a palavra CIÚMES existe sim. Você pode sentir ciúme ou ciúmes de alguém.

    O que você não pode é misturar o singular com o plural e dizer que sente MUITO CIÚMES. Isso seria a mesma coisa que dizer que sente MUITO MEDOS!

    Assim, se você optar por empregar a palavra no plural: CIÚMES, não se esqueça de também colocar no plural o verbo, o adjetivo, o artigo...

    Diga:
    Ele tem UNS ciúmes do carro! OU Ele tem UM ciúme do carro!
    Os ciúmes do meu filho são exagerados OU O ciúme do meu filho é exagerado.
    O mesmo acontece com a palavra SAUDADE. Podemos escolher empregá-la no singular ou no plural: SAUDADE ou SAUDADES. Só não pode deixar de fazer a concordância correta com o verbo, o adjetivo e o artigo.
    Senti MUITA saudade OU MUITAS saudades de você.
    AS saudades me deixam triste...

    Aceito OU aceitado?

    Qual é a forma do particípio que devemos usar quando o verbo apresenta duas opções?

    Vamos pegar como exemplo o verbo ACEITAR que tem duas formas corretas para o particípio: ACEITO e ACEITADO.

    O problema é saber em que situações devemos empregar a forma irregular ACEITO e em que situações a forma regular ACEITADO. 

    Você, por exemplo, diria:

    “Ele tinha aceitado a recompensa” OU “Ele tinha aceito a recompensa”?

    O correto, nesse caso, é “Ele tinha ACEITADO a recompensa”.

    A regra é simples.

    Quando o verbo tem dois particípios, como o verbo ACEITAR, devemos usar a forma regular (aquela terminada em -ado ou -ido) com os auxiliares TER e HAVER. Por isso, o correto é: Ele tinha aceitado a recompensa.

    Com os verbos auxiliares SER e ESTAR, devemos usar a forma irregular ACEITO, como nas frases:

    O seu pedido está aceito.
    Ele foi aceito pelo grupo.

  • Eu me lembro disso OU eu lembro isso?

    Todos conhecem os verbos LEMBRAR e ESQUECER. Mas, talvez, o que muitos não saibam é que devemos tomar cuidado na hora de empregar esses verbos.

    É preciso ficar atento, principalmente, para ver se eles devem vir ou não acompanhados da preposição DE.

    Por exemplo, você diria: Eu nunca esqueço DO aniversário dos meus amigos OU Eu nunca esqueço O aniversário dos meus amigos?

    Aqui, o correto é: Eu nunca esqueço O aniversário dos meus amigos.

    Isso acontece, porque os verbos LEMBRAR e ESQUECER só devem vir acompanhados da preposição DE quando forem empregados na sua forma pronominal, ou seja, quando usarmos as formas: eu ME lembro DE, ele SE esquece DE, nós NOS lembramos DE, eles SE esquecem DE. 

    Se usarmos esses verbos desacompanhados dos pronomes ME, SE e NOS, não usamos a preposição DE. Assim, está igualmente correto dizer:

    “Eu sempre lembro o aniversário dos meus amigos” e “Eu sempre ME lembro DO aniversário dos meus amigos”.

    Ano-novo OU ano novo?

    É muito comum, em dezembro, desejarmos e ouvirmos os votos de feliz Natal e próspero ano-novo. O problema é quando vamos escrever esses votos. O primeiro problema que surge é com a palavra Natal que deve ser escrita com N maiúsculo, pois se trata do nome da festa em que se comemora o nascimento de Jesus.

    O outro problema é decidir se devemos escrever ano-novo com hífen ou sem hífen. As duas formas existem, mas querem dizer coisas diferentes. Ano novo sem hífen significa um novo ano. Você pode escrever:

    Espero que neste ano novo (sem hífen) eu consiga arrumar um emprego. O presidente prometeu para o ano novo mais investimentos na saúde.

    Note que, nesses casos, não se trata da festa de réveillon, mas sim do novo ano que está começando. Quando a intenção for referir-se à celebração da passagem de ano, à festa de réveillon, devemos escrever "ano-novo" com hífen.

    Os dois João OU os dois Joões?

    Você alguma vez já esteve naquela situação embaraçosa de não saber se deve colocar um nome próprio no plural ou deixá-lo no singular?

    Por exemplo, como você diria:

    Hoje é aniversário dos dois Joões OU Hoje é aniversário dos dois João?

    Para você não passar mais por essa situação desconfortável de não saber como falar, lembre-se de que os nomes próprios estão sujeitos às mesmas regras de formação de plural que as outras palavras da nossa língua.

    Assim, se dizemos: um cartão/dois cartões e um feijão/dois feijões, devemos dizer: um João/dois Joões; uma Maria/três Marias; um Cléber/vários Cléberes; uma Cláudia/duas Cláudias...

    Agora, cuidado (com exceção do plural de Luís que é Luíses) os nomes que terminam com S ou Z não variam sua forma no plural. Diga: os dois Rodrigues, dois Carlos, os Muniz, os Lopes...

    Viagem OU viajem?

    A palavra VIAGEM se escreve com G ou com J? As duas formas existem, mas é preciso tomar cuidado, pois VIAGEM com G é uma coisa e VIAJEM com J é outra.

    Devemos escrever VIAGEM com G quando se tratar do substantivo, ou seja, quando antes da palavra VIAGEM tiver:

    a) um artigo:
    Essa foi A viagem dos meus sonhos.

    b) um numeral:
    Fiz DUAS viagens a Manaus.

    c) um pronome:
    MINHA viagem foi inesquecível.

    Mas devemos escrever VIAJEM com J quando se tratar do verbo VIAJAR na terceira pessoa do plural do presente do subjuntivo. Nesse caso, geralmente, a palavra VIAJEM vem precedida das palavras QUE ou TALVEZ.

    Assim, nas frases:  “Espero que vocês viajem em paz” e “Talvez as crianças viajem nas férias”.

    Então não esqueça: VIAGEM com G é substantivo: A viagem foi ótima; e VIAJEM com J é verbo: Quero que vocês viajem bem cedinho.

  • O certo é 'eu me precavenho' ou 'eu me precavejo'? Veja essa e outras dúvidas de português

    VOCÊ SABE...

    ...o que é lugar-comum?

    Se você imaginou que era um lugar comum, enganou-se. Quero falar do lugar-comum, com hífen. Trata-se daquela expressão batida e tão repetida que já perdeu a graça. É o mesmo que chavão ou clichê.

    Vejamos alguns exemplos encontrados com alguma frequência em nosso meio jornalístico:

    1)    O agente da lei teve que invadir a aeronave.

    2)    Ao apagar das luzes, o Palmeiras conseguiu dar a volta por cima e, finalmente, fez as pazes com a vitória.

    3)    O Chefe do Executivo respondeu em alto e bom som.

    4)    Via de regra, esse tipo de notícia estoura como uma bomba no congresso nacional.

    5)    É preciso aparar as arestas e chegar a um denominador comum.

    6)    Foi dar o último adeus ao amigo, e foi obrigado a dizer cobras e lagartos para o administrador do cemitério.

    7)    Sua explicação deixou a desejar.

    8)    Nada vai empanar o brilho da sua conquista.

    9)    Sua contratação veio preencher uma lacuna.

    10) Vamos encerrar com chave de ouro.

    11) O atacante estava completamente impedido.

    12) O todo-poderoso Manchester United perdeu para um desconhecido clube da terceira divisão.

    13) A festa não tem hora para acabar, mas amanhã o carioca volta à dura realidade.

    14) São imagens impressionantes que nos deixam uma lição de vida.

    15) Mas nem só de shows vive a cantora.

    16) Muitos finalmente poderão realizar o sonho da casa própria.

    17) Resta saber, se o governo vai pôr a ideia em prática.

    18) Bandidos fortemente armados invadiram o banco e transformaram o saguão numa verdadeira praça de guerra.

    19) E o cidadão tupiniquim continua sua via crúcis.

    20) A fúria da natureza deixou um rastro de destruição.

    21) As ruas viraram verdadeiros rios e o barco era o único meio de transporte.

    22) O artista foi recepcionado por um batalhão de repórteres e cinegrafistas.

    23) A ousadia dos traficantes não tem limites.

    24) Para você ter uma ideia, eram 20 quilos de cocaína pura.

    25) Cinco times ainda lutam para fugir do fantasma do rebaixamento.

    26) O estádio virou um verdadeiro caldeirão.

    27) Conseguiu carimbar o passaporte para as Olimpíadas.

    28) O jogo está eletrizante.

    29) O trânsito está complicado.

    30) As eleições estão literalmente pegando fogo.

     

     

    A DICA

    Verbos – parte 13

    Eu me PRECAVENHO ou PRECAVEJO?

    Nenhum dos dois.

    O verbo PRECAVER-SE é defectivo:

    a)    no presente do indicativo, só apresenta PRECAVEMOS e PRECAVEIS;

    b)    no presente do subjuntivo, nada;

    c)    o pretérito e o futuro são regulares (ele se PRECAVEU, ele se PRECAVERÁ).

    Se as formas “precavejo” e “precavenho” não existem, a solução é “estou me precavendo” ou substituir por sinônimo (=”eu me previno”, “eu tomo cuidado”...)

     

     

    O DESAFIO

    Que é um monegasco?

    a)    quem nasce em Mônaco;

    b)    homem ou mulher que só tem um cônjuge;

    c)    relativo aos monges.

    Resposta:

    Letra (a). Monegasco é o natural ou habitante de Mônaco.

    Quem só tem um cônjuge é monogâmico ou monógamo.

    Monacal ou monástico é relativo aos monges.

     

     

    DÚVIDA DO LEITOR

    Leitor apresenta versão diferente do dicionário Houaiss para a origem da palavra pindaíba: “Vem do tupi-guarani pindá (anzol) e yba (vara), formando-se no português para designar a vara de pescar. Pindaíba, no sentido de pobreza absoluta, origina-se do seguinte fato: o índio vivia principalmente da pesca. Quando o anzol e a vara não o ajudavam, ele ficava sem os peixes, ou seja, na miséria, sem recursos, sem seu principal meio de subsistência.”

    Acho que entendi. Se isso for verdade, ficar na pindaíba era ficar sem os peixes ou, em outras palavras, era ficar só com a vara...


Autores

  • Sérgio Nogueira

    Sérgio Nogueira é professor de língua portuguesa formado em letras pela UFRGS, com mestrado pela PUC-Rio. É consultor de português do Grupo Globo.

Sobre a página

O professor Sérgio Nogueira esclarece dúvidas de português dos leitores com exemplos e dicas que facilitam o uso da língua. Mostra erros comuns e clichês que empobrecem o texto.