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  • 'Asterisco' ou 'asterístico'? Aprenda a grafia desta e de outras palavras


    ASTERISCO ou ASTERÍSTICO?


    Nossa dúvida de hoje é como se fala e se escreve o nome de um famoso sinalzinho (*): asterisco ou asterístico?.
    Vamos começar perguntando: como você chama aquela pequena estrelinha que colocamos no texto, ao lado de alguma palavra, para explicá-la ou comentar logo depois (*)?
    Esqueça "asterístico". Isso não existe.
    O nome desse sinal gráfico é ASTERISCO. Essa palavra vem do grego e significa exatamente "pequeno astro" ou "estrelinha".
    O sufixo “-isco” indica diminutivo, como em CHUVISCO, que significa uma pequena chuva, uma chuvinha.
    Como o sinal (*) é uma “estrelinha, um pequeno astro”, devemos falar e escrever ASTERISCO.
    Lembre-se: se não falamos “chuvístico”, também não falamos “asterístico”.

    Causou um REBOLIÇO ou um REBULIÇO?

    O problema agora é uma palavrinha que gera muitas dúvidas.            
    Quem nunca causou um REBOLIÇO (com O)? Ou será que foi um REBULIÇO (com U)? Qual é o correto?
    Nessa frase, o correto é REBULIÇO (com U), que significa "confusão" ou "desordem".
    Então REBOLIÇO (com O) não existe?
    O curioso é que existe. Embora pouco usado, o adjetivo REBOLIÇO se refere à pessoa que rebola muito. Como é adjetivo, concorda com o substantivo a que se refere: homem REBOLIÇO, mulher REBOLIÇA.
    Agora não precisa mais ficar REBOLIÇO (ou REBOLIÇA), com O, para tirar essa dúvida.
    Já sabe que atitudes inusitadas ou barulhentas causam REBULIÇO (com U). É bom lembrar a forma abreviada: o famoso REBU. Se a festa foi o maior REBU, é porque houve um grande REBULIÇO.

    Dor NA COSTA ou dor NAS COSTAS?

    Agora vamos falar um pouco de geografia e um pouco de anatomia. Claro que do ponto de vista da língua portuguesa.

    Quando a gente dorme de mau jeito, se senta todo torto, qual é o resultado?
    “Dor NA COSTA ou dor NAS COSTAS ou dor NAS COSTA?”
    Talvez você pense que "tanto faz, não faz diferença usar o singular ou o plural". Mas não é bem assim.
    Algumas palavras têm significados diferentes se usadas no singular ou no plural. Uma delas é COSTA, cujo plural é COSTAS.
    COSTA é a faixa litorânea de uma localidade. Dizemos, por exemplo:
    “A COSTA brasileira é repleta de belas praias.”
    Já a forma COSTAS, usada somente no plural, refere-se ao dorso, à parte que fica atrás do tórax.
    “Neymar foi retirado do campo após uma joelhada nas COSTAS.”
    Agora você já sabe a resposta à nossa dúvida.
    Quando for viajar para a COSTA catarinense, não se esqueça de passar protetor solar... nas COSTAS.
    É importante lembrar que aquele profissional conhecido como “segurança” pode ser chamado também de guarda-costas. Isso mesmo, você pode ter um GUARDA-COSTAS ou vários GUARDA-COSTAS.
    A palavra GUARDA-COSTAS pode ser usada para o singular e para o plural.

    CABEÇALHO ou CABEÇÁRIO?

    Vamos abordar o uso de uma palavra que gera dúvida em muita gente.
    Afinal, as linhas iniciais de uma carta ou de um texto, contendo data e local, como são chamadas: CABEÇALHO (com L-H-O) ou CABEÇÁRIO (com R-I-O e acento agudo no segundo A)?
    O correto é CABEÇALHO (com L-H-O). A palavra, como deu para perceber, vem de "cabeça", isto é, o que fica em cima, mais o sufixo ALHO.
    Em Portugal, CABEÇALHO também é o título de maior destaque numa página no jornal – o que nós, brasileiros, chamamos de "manchete".
    A forma "cabeçário", ao contrário do que muita gente pensa, não existe. Só se fosse um lugar para cabeças, pois berçário é local para berços. O sufixo “-ario” geralmente indica “lugar”: vestiário, aquário, sanitário...
    Curioso é o armário, que já foi o lugar para armas, e hoje serve para guardar qualquer coisa: livros, roupas, pratos...

  • Multiúso é com hífen ou sem hífen? Tem acento ou não?

    DÚVIDAS ETERNAS

    MULTIUSO ou MULTIÚSO?

    Você já deve ter reparado que, hoje em dia, é tudo "multiúso":
    “detergente multiúso, escova multiúso, roupa multiúso...”, tudo em nome da praticidade para facilitar o dia a dia.
    Mas como se escreve essa palavrinha: MULTIUSO (sem acento) ou MULTIÚSO (com acento agudo no U)?
    A maioria das embalagens traz a palavra sem acento. Há quem atribua a ausência do acento à formação da palavra: prefixo MULTI + palavra USO.
    Realmente, o argumento está correto, mas a conclusão é incorreta.
    A junção do prefixo MULTI com o substantivo USO deu origem a uma nova palavra, e esta deve seguir as normas ortográficas. Nesse caso, as normas são claras: devem-se acentuar o I e o U que fizerem hiato com a vogal anterior, ou seja, que não ficarem na mesma sílaba que essa vogal. É o caso de RE-Ú-NE, SA-Ú-DE, SU-Í-ÇA, etc.
    Essa regra praticamente não foi alterada com o novo acordo ortográfico.
    Só perderam o acento agudo aquelas palavras em que as vogais “i” ou “u” formam hiato com um ditongo decrescente na vogal anterior: fei-u-ra, bai-u-ca, Bo-cai-u-va, Sau-i-pe...
    Nos demais casos, ainda devemos usar o acento agudo em palavras como: saída, eu saí, país, raízes, prejuízo, Icaraí, baú, Grajaú,
    Por essa razão é que MUL-TI-Ú-SO deve receber o acento no U.

    Obedeça O sinal ou Obedeça AO sinal?

    Você já deve ter reparado, nas ruas e rodovias brasileiras, aquela placa onde se lê: “OBEDEÇA O SINAL”.
    Será por isso que ninguém obedece? O certo é: “OBEDEÇA AO SINAL”. Todos nós aprendemos que o verbo OBEDECER é transitivo indireto, ou seja, ele exige a preposição A.
    E o que dizer então de “OBEDEÇA A SINALIZAÇÃO”? É lógico que falta aí o acento indicador da crase: “OBEDEÇA À SINALIZAÇÃO”.
    A crase, não custa lembrar, é a união da preposição A com outro A, geralmente o artigo definido feminino A.
    Prevenir acidentes é dever de todos. “Obedeça À sinalização”, “Obedeça AOS sinais”, são as formas corretas, e não dê bola para a regência verbal mal usada nas placas de trânsito.

    Criança MAL-EDUCADA, MAU-EDUCADA ou MÁ-EDUCADA?

    Quem é mãe ou pai de primeira viagem, logo se depara com a dúvida. Essa criança é MAL-EDUCADA ou MÁ-EDUCADA?
    A dúvida faz sentido. Afinal, CRIANÇA é palavra feminina, portanto o adjetivo deve concordar com ela, MÁ, certo?
    Errado. Nesse caso, o único adjetivo da frase é EDUCADA, que está no feminino para concordar com CRIANÇA. Mas qual a resposta, então?
    O correto é CRIANÇA MAL-EDUCADA. MAL é um advérbio, ou seja, palavra INVARIÁVEL que modifica adjetivos, verbos e até outro advérbio.                 
    Observe como ela não se modifica:
         Crianças MAL-EDUCADAS
         Menino MAL-EDUCADO
         Meninos MAL-EDUCADOS
    Mas por que o hífen?
    Devemos usar hífen para separar MAL da palavra seguinte que começar por H ou vogal, como em MAL-ESTAR, MAL-HUMORADO, MAL-ACABADO.
    Se a palavra seguinte começar por uma consoante diferente de H, devemos escrever tudo junto. Por exemplo:
    Criança MALCRIADA.
    Serviço MALFEITO.
    Rodovia MALCONSERVADA.
    Noites MALDORMIDAS.
     
    TENÇÃO ou TENSÃO?
     
    Essa é uma dúvida que pega muita gente. Essa palavra se escreve com Ç (TENÇÃO) ou com S (TENSÃO)?
    A verdade é que as duas formas existem, mas cada uma tem um significado.
    A forma TENÇÃO (com Ç) é o mesmo que INTENÇÃO, ou seja, refere-se àquilo que se pretende fazer:
    “Eu não tive a TENÇÃO de ofendê-lo.”
    A forma com S, TENSÃO, se refere à qualidade do que está TENSO, do que está em vias de um rompimento:
    “O varal está com muita TENSÃO, vai acabar arrebentando”;
    “A TENSÃO na Faixa de Gaza preocupa os países vizinhos”.
    Em eletricidade, TENSÃO é usada para se referir à voltagem de uma instalação ou de um aparelho:
    “A TENSÃO do equipamento é de 220 volts.”
    Portanto, não erre mais. Confira o significado do que pretende dizer. Para se referir ao propósito, à INTENÇÃO de algo, é com Ç.
    Se a intenção é dizer que algo está TENSO, então use TENSÃO, com S.

  • Você sabia? 'Apreçar' é um verbo tão correto quanto 'apressar'

    APRESSAR OU APREÇAR?

                        Você conhece a palavra APRESSAR com “dois esses”? E APREÇAR com “cê-cedilha”?

                       Qual delas está certa?

                       Aposto que muitos diriam: "Eu sei! O certo é com dois SS, porque é derivado de PRESSA."

                       É verdade. Acertou mesmo, mas só a metade.

                       Acertou somente a metade da pergunta. Realmente, APRESSAR, com dois SS, realmente deriva de PRESSA, e por isso se escreve assim.

                       Mas não significa que o outro verbo não exista. APREÇAR (com Ç) é um verbo que muita gente erra, pensando que deveria escrever com dois SS. 

                       APREÇAR (com Ç) significa perguntar ou avaliar o PREÇO de alguma coisa.

                       Está vendo? Por causa de afobação, muita gente se APRESSA (com SS) e não APREÇA (com Ç) corretamente o produto que está à venda..


    GASOLINA ADTIVADA OU ADITIVADA?

                        Você tem carro? Se tem, certamente já foi abastecê-lo no posto de combustível. Chegando lá, o que pediu? Gasolina ADTIVADA (com o chamado “D mudo”) ou ADITIVADA (com D-I)?

                       Antes de mais nada, vamos tentar lembrar o que significa esse adjetivo. Esse tipo de gasolina difere da comum por alguns componentes que, garantem as distribuidoras, melhoram o desempenho do carro com mais economia. Esses componentes são ACRESCENTADOS, são ADICIONADOS à gasolina comum.

                       Por acaso você diria que esses componentes foram "adcionados" à gasolina? Claro que não. Você diria que eles são aDIcionados. E como se chamam esses componentes? Muito bem: ADITIVOS.

                       É por causa deles, dos A-DI-TI-VOS, que a gasolina se chama A-DI-TI-VADA. "Adtivada", com D mudo, não existe.

                       Devemos tomar cuidado com palavras em que a vogal “i” está presente: adição – aditivo, aditivado; divino = adivinhar, adivinhação.

                       E existem palavras com a chamada “consoante muda” (sem a vogal a seguir): adjetivo, apto, adaptar, advogado, pneu...

     

    No calor, a gente SUA ou a gente SOA?

                        Suar ou soar, eis uma questão!

                       SUAR é um daqueles verbos que deixam muita gente no sufoco. Na hora de conjugar, a pessoa fica vermelha, começa a transpirar...

                       Afinal, como se conjuga?

                       SUAR é um verbo regular. Conjuga-se da mesma forma que aqueles terminados em "-uar", como "jejuar", "atenuar", “atuar”, “pontuar”, “compactuar”, “flutuar” etc.

    Eu jejuo, tu jejuas, ele JEJUA.

    Eu atenuo, tu atenuas, ele ATENUA.

                       Portanto, como não podia deixar de ser, o correto é dizer que, no calor, a gente SUA.

    Eu suo, tu suas, ele SUA.

                       Então "a gente soa" não existe? Bem, existir, existe, porém o sentido é bem diferente. Ao dizer "a gente SOA", estamos dizendo que nós produzimos som, pois SOAR significa exatamente isso: produzir som.

                      Combinados?

                      Quem produz suor SUA; o que produz som SOA.

     

    MAISENA ou MAIZENA?

                        Você já deve ter visto no supermercado, ou até comprado, para fazer seu mingau, seu pudim ou bolo, aquela caixinha amarela de farináceo, com o rótulo escrito MAIZENA, com "z".

                       Mas será que o rótulo está correto?

                       Essa palavra provém do grão com que é fabricado: o milho, também chamado, em algumas regiões do Brasil, de "maís" (com “s” e acento no “i”).

                       Mas o produto vendido nos supermercados existe há muito tempo, e por isso sua marca usa a ortografia da época em que foi criado. Respeita-se o que está no rótulo, pois se trata de uma marca registrada, mas, para se referir genericamente àquela farinha, deveríamos escrever MAISENA com S.

                       Como já foi explicado aqui, é prática comum no Brasil o desrespeito às regras ortográficas quando grafamos nomes próprios.

                       Outro exemplo é a marca da farinha “Granfino”. É importante saber, entretanto, que o adjetivo referente à pessoa muito fina é GRÃ-FINO: “Trata-se de uma pessoa grã-fina”.

  • 'Coletânea' ou 'coletânia'? Veja qual é a grafia correta

    Essa é uma dúvida bastante comum. O encarregado de fazer uma capa de CD, por exemplo, com os grandes sucessos de um cantor famoso, de repente se pergunta: "E agora, o que eu escrevo? É COLETÂNEA (com E) ou COLETÂNIA (com I).

                       Podemos dar duas sugestões: a primeira é substituir a palavra por "antologia"; a segunda seria procurar no dicionário.

                       E lá só encontramos a palavra COLETÂNEA, com E, significando coleção de várias obras, várias canções, vários poemas, vários álbuns, etc.

                       Quanto à "coletania", com "i", essa nem existe. Portanto não tem o que errar: a palavra é COLETÂNEA, com E.

                       A dúvida, mais uma vez, se deve a pronúncia da vogal átona “e” como se fosse “i”: páreo, cidade, dente, futebol...

                       Embora alguns pronunciem forte a vogal “E”, a maioria dos brasileiros pronuncia como se fosse “i”; /pário/, /cidadi/, /denti/, /futibol/...

                       Na hora de escrever, entretanto, é bom lembrar que devemos usar a letra “e”.

     

                        Manauense ou manauara?

                        Recentemente abordamos o problema dos adjetivos gentílicos.

                       É bom lembrar uma curiosidade da nossa língua: como se chama quem é proveniente de Manaus, aquela bela cidade, cercada pela exuberância da natureza amazônica com um povo hospitaleiro e feliz, com muitos matizes étnicos, resultado da miscigenação?

                       Da maneira tradicional, muita gente usaria MANAUENSE, assim como usamos "fluminense", "paranaense", "canadense”.

                       Mas também é correto dizer MANAUARA, formado de outra maneira, dada a influência das línguas indígenas na região. A terminação "ara" vem do tupi e significa "origem".

                       É essa a forma preferencial das pessoas que nascem e vivem em Manaus.

                       Vários dicionários registram também a palavra "manauense", embora seja pouco usada pelos... manauaras.

  • Relembre as principais mudanças com o Novo Acordo Ortográfico

    Entender nosso sistema ortográfico é, sem dúvida, um passo importante. Para tanto, vamos conhecer o pouco que mudou com novo acordo ortográfico. É bom lembrar que a reforma ortográfica está vigente desde janeiro de 2009.

    Que fique bem claro: o que houve recentemente foi a prorrogação da fase de adaptação às mudanças por mais alguns anos.

    Que tal um resuminho? Vamos, então, as principais mudanças:

    1ª) Nos acentos gráficos:

    a) Palavras terminadas em “ôo(s)” perdem o acento circunflexo: voo(s), enjoo(s), perdoo, magoo, abençoo...

    b) Verbos terminados em “êem” perdem o acento circunflexo: eles creem, deem, leem, veem, releem, preveem...

    Obs.: as formas plurais dos verbos TER e VIR e seus derivados mantêm o acento circunflexo: eles têm, eles vêm, eles detêm, eles intervêm...

    c) A vogal tônica do hiato formado com ditongo decrescente perde o acento agudo: fei-u-ra, bai-u-ca, Bo-cai-u-va...

    Obs.: o acento agudo permanece se o hiato não é formado com ditongo decrescente: sa-ú-de, ga-ú-cho, con-te-ú-do, sa-í-da, pre-ju-í-zo...

    d) Os ditongos abertos “éi” e “ói”, em palavras paroxítonas, perdem o acento agudo: i-dei-a, as-sem-blei-a, ge-lei-a, eu-ro-pei-a, joi-a, eu a-poi-o, he-roi-co, as-te-roi-de, an-droi-de...

    Obs.: o acento agudo permanece nas palavras oxítonas e nas monossílabas: papéis, anéis, pastéis, herói, destrói, troféu, chapéu, réu, céu, dói...

    e)  Palavras homônimas que perderam o acento diferencial de timbre ou tonicidade: ele para, o(s) pelo(s), eu me pelo (tu te pelas, ele se pela), o(s) polo(s), a pera.

    Obs.: o verbo PÔR e a forma PÔDE (passado do verbo PODER) mantiveram o acento circunflexo.

    2ª) No uso do trema:

    Foi abolido: frequente, consequência, tranquilo, aguentar, bilíngue, linguiça, arguição...

    Obs.: o trema só foi mantido nas palavras derivados de nomes estrangeiros: mülleriano...

    3ª) No uso do hífen:

    Perdem o hífen:

    a) Palavras compostas com elemento de conexão: dona de casa, pé de cabra, quartas de final, mão de obra, dia a dia, passo a passo, sobe e desce, disse me disse...

    Obs.: as palavras ligadas à zoologia e à botânica mantiveram o hífen: joão-de-barro, copo-de-leite...

    b) Palavras derivadas com prefixos dissílabos terminados em vogal, se a palavra seguinte não começar por “H” ou “vogal igual” à vogal final do prefixo: autoatendimento, autorretrato, autossustentável, antivírus, antiético, antissocial, antirracista, infraestrutura, contraindicação, minissaia, minirreforma...

    Obs.: o hífen se mantém se a palavra seguinte começar por “H” ou “vogal igual” à vogal final do prefixo: auto-hipnose, anti-horário, infra-hepático, mini-hospital, contra-ataque, sobre-erguer, anti-inflacionário, anti-inflamatório, auto-observação, micro-ondas...

    c) Todas as palavras derivadas com o prefixo “co-“: coprodução, cofundador, coirmão, coabitar, coerdeiro, cosseno, corresponsável...

    d) Todas as palavras formadas com o advérbio NÃO ficam separadas sem hífen: não fumante, não agressão, não governamental, não pagamento...

    É isso aí. Bom proveito.

    Por fim, uma velha dúvida: coco OU côco?
                      
    Não há quiosques de beira de praia, bares e restaurantes que não escrevam “côco”, com acento circunflexo no primeiro “o”.

    O problema é que a palavra COCO nunca teve acento gráfico. Esse é o perigo, pois “ortografia é memória visual”. Todos nós vemos diariamente e em vários lugares o tal “côco” e isso nos faz acreditar que assim deveria ser escrito. A mesma memória visual que nos ajuda tanto pode, às vezes, devido ao mau uso desenfreado, criar uma “falsa ortografia”: “côco”, “mussarela”, “paralização”, “impecilho”, “previlégio”...

    A grafia oficial, registrada no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa da Academia Brasileira de letras, é: muçarela, paralisação, empecilho, privilégio e COCO.

    E por que COCO não tem acento circunflexo? Simples. Nunca acentuamos graficamente as palavras paroxítonas terminadas em “o”: ovo, olho, novo, bolo, jogo, teto, sapato, palito...

    Assim sendo, COCO também se escreve sem acento gráfico.

    As palavras terminadas em “o” só recebem acento gráfico quando são oxítonas: avó, avô, jiló, gigolô, paletó...

    Quem tem acento circunflexo, portanto, é o COCÔ.

  • Quando devemos usar as letras K, W e Y?

    Reforma Ortográfica: o que mudou no nosso alfabeto com o novo acordo ortográfico?

    A volta do K, do W e do Y

    Nosso alfabeto, agora, tem 26 letras: A, B, C, D, E, F, G, H, I, J, K, L, M, N, O, P, Q, R, S, T, U, V, W, X, Y, Z.

    O que diz o novo acordo ortográfico sobre a volta do K, do W e do Y? As letras K, W e Y usam-se nos seguintes casos especiais:

    - Em antropônimos originários de outras línguas e seus derivados: Franklin, frankliniano; Kant, kantismo; Darwin, darwinismo; Wagner, wagneriano; Byron, byroniano; Taylor, taylorista;

    - Em topônimos originários de outras línguas e seus derivados: Kwanza; Kuwait, kuwaitiano; Malawi, malawiano;

    - Em siglas, símbolos e mesmo em palavras adotadas como unidades de medida de curso internacional: TWA, KLM, K-potássio (de Kalium), W-oeste (West); kg-quilograma, km-quilômetro, kw-kilowatt, yd-jarda (yard); Watt.

    Observações:
    1) Em congruência com os casos anteriores, mantêm-se nos vocábulos derivados eruditamente de nomes próprios estrangeiros quaisquer combinações gráficas ou sinais diacríticos não peculiares à nossa escrita que figurem nesses nomes: comtista, de Comte; garrettiano, de Garrett; mülleriano, de Müller; shakespeariano, de Shakespeare.

    Os vocabulários autorizados registrarão grafias alternativas admissíveis, em casos de divulgação de certas palavras de tal tipo de origem (a exemplo de fúcsia/fúchsia e derivados, buganvília/buganvílea/bougainvíllea).

    2) Os dígrafos finais de origem hebraica CH, PH e TH podem conservar-se em formas onomásticas (nomes próprios personativos) da tradição bíblica, como Baruch, Loth, Moloch, Ziph ou então simplificar-se: Baruc, Lot, Moloc, Zif. Se qualquer um destes dígrafos é mudo (não pronunciado), elimina-se: José, Nazaré, em vez de Joseph, Nazareth; e se algum deles, por força do uso, permite adaptação, substitui-se, recebendo uma adição vocálica: Judite, em vez de Judith.

    3) As consoantes finais grafadas B, C, D, G e T mantêm-se, quer sejam mudas quer proferidas nas formas onomáticas (nomes próprios) em que o uso consagrou, nomeadamente em antropônimos e topônimos de tradição bíblica: Jacob, Job, Moab, Isaac, David, Gad, Gog, Magog, Bensabat, Josafat.

    Integram-se também nesta forma: Cid, em que o D é sempre pronunciado; Madrid e Valladolid, em que o D ora é pronunciado, ora não; e Calecut ou Calicut, em que o T se encontra nas mesmas condições.

    Nada impede, entretanto, que os antropônimos em apreço sejam usados sem a consoante final: Jó, Davi e Jacó.

    4) Recomenda-se que os topônimos de língua estrangeiras se substituam, tanto quanto possível, por formas vernáculas, quando estas sejam antigas e ainda vivas em português ou quando entrem, ou possam entrar, no uso corrente. Exemplo: Anvers, substituído por Antuérpia; Cherbourg, por Cherburgo; Géneve, por Genebra; Jutland, por Jutlândia; Milano, por Milão; München, por Munique; Torino, por Turim; Zürich por Zurique etc.    

    Curiosidades etimológicas

    Qual é a origem da palavra piscina? E o que significa o elemento “dromo” de autódromo, hipódromo, sambódromo e camelódromo?

    1) Piscina vem de peixe. Na sua origem, piscina é um “viveiro de peixes”. É um reservatório de água onde era comum criar peixes. Hoje em dia, designa também um tanque artificial para natação. Em razão disso, nós fomos para a piscina e pusemos os peixes no aquário, que vem de água.

    Além da piscina, é bom lembrarmos outras palavras derivadas de peixe: pisciano (quem nasce sob signo de Peixes); piscicultura (arte de criar e multiplicar peixes); pisciforme (que tem forma de peixe); piscoso (lugar em que há muito peixe).

    2) Dúvida de muitos: “O elemento de composição dromo, de origem grega, tem o significado de 'lugar para correr', como atestam os bons dicionários. Assim existem as palavras autódromo, velódromo, hipódromo... Entretanto, o popular, nos últimos anos, fez a criação de sambódromo, camelódromo, para designar, respectivamente, o lugar onde as escolas de samba desfilam e o lugar onde se reúnem os camelôs. Esses neologismos, que estão sendo incorporados ao idioma, estariam 'errados', já que o que se faz num sambódromo e num camelódromo não é nenhuma corrida.”

    A crítica se deve à alteração do sentido original do elemento “dromo” (=pista, lugar para corridas). Daí o autódromo, que é o local próprio para corridas de automóveis; o hipódromo, que é a pista para corrida de cavalos; velódromo, para corridas de bicicletas.

    Hoje em dia, “dromo” passou a designar apenas o “lugar”, e não mais a pista: sambódromo é o lugar para os desfiles de escolas de samba (não há a necessidade de nossos sambistas desfilarem “correndo”); camelódromo é o local próprio para os camelôs venderem suas mercadorias (lá, os camelôs não precisam fugir “correndo”); fumódromo é o local apropriado para os fumantes (não significa que é preciso fumar “correndo” para voltar logo ao trabalho).

    A língua é viva. Em razão disso, não há nada errado em uma palavra ou elemento formador ganhar novos sentidos e usos. É dessa forma que as línguas evoluem e se transformam com o passar dos tempos. A língua portuguesa que falamos hoje não é a mesma dos nossos avós, não é a mesma dos tempos de Machado de Assis e José de Alencar, muito menos da época de Camões.

    As mudanças fazem parte da evolução das línguas vivas. Isso é natural.

Autores

  • Sérgio Nogueira

    Sérgio Nogueira é professor de língua portuguesa formado em letras pela UFRGS, com mestrado pela PUC-Rio. É consultor de português do Grupo Globo.

Sobre a página

O professor Sérgio Nogueira esclarece dúvidas de português dos leitores com exemplos e dicas que facilitam o uso da língua. Mostra erros comuns e clichês que empobrecem o texto.