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  • Como devo escrever? Segmento OU seguimento, morto OU matado, anexo OU em anexo?

    Segmento OU Seguimento?
    Vamos retomar o assunto das palavras homônimas.
    Lembra-se delas? São aquelas com a mesma pronúncia e/ou a mesma grafia, mas sentidos diferentes.
    É o caso das palavras SEGMENTO - com G seguido do M - e SEGUIMENTO - com GUI antes do M. Elas têm a mesma pronúncia, porém significados bem diferentes.

    Vamos aprender como usá-las:
    1ª) SEGUIMENTO vem do verbo SEGUIR, ou seja, refere-se ao ato de seguir, continuar:
               “Vamos dar seguimento ao projeto para não termos atrasos.”

    2ª) SEGMENTO é sinônimo de SEÇÃO, PARTE:
        “Este SEGMENTO da sociedade precisa de mais cuidados do governo.”

    Ficou claro?
    Então não perca a próxima dica para dar seguimento aos seus estudos.


    MORTO ou MATADO?
    É comum aparecer na TV ou no rádio a expressão “Depois de TER MORTO o ladrão...”.  Mas atenção: isso não é aceitável.

    Saiba por quê:
    Morto e matado são formas do particípio do verbo matar. Porém, devem ser usadas em situações diferentes.
    Nas locuções em que o verbo MATAR vem antecedido dos auxiliares SER ou ESTAR, usamos a forma MORTO:
        “Ele FOI MORTO a tiros.”

    Nas locuções em que o verbo MATAR vem antecedido dos auxiliares TER ou HAVER, usamos a forma MATADO. Por exemplo:
        “Ela foi reprovado porque TINHA MATADO muitas aulas.”
        “Foi condenado porque HAVIA MATADO dois vizinhos.”

    Anexo OU em anexo?
    Você sabe usar a palavra ANEXO da forma correta?
    ANEXO indica ligação e pode ser usado de duas formas: sozinho, como adjetivo; ou na expressão invariável EM ANEXO.

    Confira:
    ANEXO sozinho, como adjetivo deve concordar com o substantivo ao qual está ligado. Por exemplo: "Envio documento ANEXO” ou “As cópias estão ANEXAS”.
    Já a expressão EM ANEXO não varia nem em gênero nem em número, como nos exemplos a seguir:
        “EM ANEXO, estão os comprovantes.”
        “Encaminho as planilhas EM ANEXO.”

    Paraquedista OU para-quedista OU pára-quedista?
    O PARAQUEDAS, aquele artefato que serve para PARAR a queda dos corajosos que pulam com ele nas costas, deve ser escrito de forma diferente depois do acordo ortográfico?

    É verdade. Paraquedas e suas derivadas paraquedista e paraquedismo agora se escrevem tudo junto, sem hífen e sem acento.
    Escreve-se sem acento porque desapareceu o acento diferencial do verbo PARAR na terceira pessoa do singular (ele PARA).

    E sem hífen porque palavras formadas pela justaposição (no caso, o verbo PARAR e o substantivo QUEDA) em que já se perdeu esta ideia de composição: pontapé, girassol,madrepérola... São algumas exceções previstas no novo acordo ortográfico.

    O problema é outras palavras compostas com a forma verbal “para” mantiveram o hífen: para-brisa, para-lama, para-raios...  

    Pizza a domicílio ou em domicílio?
    Vemos muito por aí as expressões EM DOMICÍLIO, com EM, e A DOMICÍLIO, com A. Você sabe quando usar uma ou outra forma?

    Então, vou explicar:
    A expressão A DOMICÍLIO pode ser usada com verbos que indicam movimento, como levar, enviar, trazer... Por exemplo: O restaurante leva almoço A domicílio.

    Na frase: "O restaurante entrega almoço A minha casa", o uso do A não faria sentido. Se fazemos “entregas EM casa”, deveríamos só fazer “entregas EM domicílio”.
    Por isso, a expressão EM DOMICÍLIO deveria ser usada com verbos que não passam ideia de movimento, como entregar.

    A realidade, porém, é que a forma “entrega a domicílio” se consagrou de tal forma que não existe mais o certo e o errado. As duas formas, hoje, são aceitáveis.
    Assim sendo, a pizza pode ser entregue em domicílio ou a domicílio.

  • 'Tinha trago' ou 'tinha trazido'? Veja essa e outras 'dúvidas eternas' do português

    TINHA TRAGO OU TINHA TRAZIDO?

                        Vamos voltar a uma dúvida que muita gente tem: uso do particípio.

                        Alguns verbos apresentam dois particípios. E o que isso significa? Veja os exemplos:

     “Não sabia que o poeta HAVIA MORRIDO.”

     “Não sabia que o poeta ESTAVA MORTO.”

     “Quando liguei para o banco, o gerente já TINHA ACEITADO a promissória.”

     “A promissória FOI ACEITA pelo banco.”

                        Percebeu? Com os verbos TER e HAVER, devemos usar um tipo de particípio (terminado por –ado ou –ido), que é a forma "regular"; com os verbos SER e ESTAR, outro tipo, chamado "irregular".

                        Mas será que isso também acontece com o verbo TRAZER? A verdade é que esse verbo só tem um particípio: a forma regular (TRAZIDO)

                        É inaceitável, portanto, o uso da forma “trago” como particípio: "Perguntou à aluna se ela tinha trago o trabalho."

                       Diga sempre TINHA TRAZIDO, HAVIA TRAZIDO, FOI TRAZIDO.

     

    RAINHA ou RAÍNHA?

                       Você sabe que cargo ocupa Elizabeth Segunda, da Inglaterra? Você escreve RAINHA (sem acento) ou RAÍNHA (com acento)?

                       Muita gente talvez perca a majestade com essa dúvida. Não é para tanto. Vamos começar separando as sílabas. São três: RA - I - NHA.

                       E qual é a sílaba mais forte? É a segunda, formada apenas pela letra "i". A letra anterior a ela é outra vogal ("a"), que está na sílaba anterior. Forma-se assim o que chamamos hiato: duas vogais juntas em sílabas separadas.

                       Normalmente, quando isso acontece (duas vogais seguidas, em sílabas diferentes), a vogal "i" recebe acento agudo, se ficar sozinha na sílaba ou com “s”. Observe exemplos: sa-í-da, fa-ís-ca, a-ça-í, tra-í-ra, Lu-ís, Lu-í-sa, I-ca-ra-í,  

                       Então, resolvido? Ainda não. Veja que é diferente quando, depois do "i", vêm duas letrinhas, um N e um H (o grupo NH), formando o som que a gente encontra em baNHO, amaNHÃ, viNHO, etc.

                       Aí é que está o problema. Quando isso acontece, o "I" não recebe acento agudo, como em TAINHA, LADAINHA, MOINHO, BAINHA, FUINHA, COROINHA, etc.

                       Por isso, nada de trocar seu reino por um dicionário. É bom ter um, mas agora já sabe: RAINHA não tem acento.

Autores

  • Sérgio Nogueira

    Sérgio Nogueira é professor de língua portuguesa formado em letras pela UFRGS, com mestrado pela PUC-Rio. É consultor de português do Grupo Globo.

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O professor Sérgio Nogueira esclarece dúvidas de português dos leitores com exemplos e dicas que facilitam o uso da língua. Mostra erros comuns e clichês que empobrecem o texto.