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  • Desafio do acento: quando usar 'vem', e quando o correto é 'vêm'?

    DÚVIDAS ETERNAS

    VEM, VÊM ou VEEM?
    O problema agora são os verbos com formas parecidas. Você saberia quando usar VEM (sem acento), VÊM (com acento circunflexo) e VEEM (com dois ês)?
    A forma VEM (sem acento) é a 3ª pessoa do singular do verbo VIR (presente do indicativo). Veja o exemplo:
    “Ela já confirmou que VEM de metrô e vai chegar mais tarde.”
    Já a forma VÊM, com acento circunflexo, também é do verbo VIR, só que da 3ª pessoa do plural. Observe:
    “Querido, papai e mamãe VÊM almoçar com a gente domingo!”
    Por outro lado, VEEM, com dois ês, não é do verbo VIR, mas do verbo VER, e se refere à 3ª pessoa do plural do presente do indicativo. Confira o exemplo:
    “Acidentes acontecem ali porque os motoristas não VEEM a placa  encoberta pela vegetação.”
    Antes do Novo Acordo Ortográfico, essa forma do verbo VER (VEEM) se escrevia com circunflexo no primeiro E: VÊ-EM. Desde 2009, quando o Acordo entrou em vigor, não existe mais essa forma.

    CESSÃO, SEÇÃO ou SESSÃO?
    Vamos analisar o uso de três palavras que têm a mesma pronúncia, mas de grafia e significados diferentes.
    Você sabe a diferença entre CESSÃO (com C no começo e SS), SEÇÃO (com S no começo e Ç), SECÇÃO (com S e depois C e Ç) e SESSÃO (com um S no início e dois no meio)?
    CESSÃO (com C e SS) é o ato de CEDER alguma coisa. Veja o exemplo:
    “A CESSÃO dos bens foi assinada em cartório pelo doador.”
    Para não errar, lembre que o verbo CEDER começa com C.
    Já SEÇÃO (com S e Ç) – ou SECÇÃO (com S e um C antes do Ç) – significa uma divisão, um corte, um setor, uma parte de alguma coisa. Veja esta frase:
    “Esse creme pode ser encontrado na SEÇÃO de cosméticos.”
    “O círculo resulta da SEÇÃO (ou SECÇÃO) de uma esfera.”
    Por fim, SESSÃO é qualquer tipo de reunião: sessão de cinema, sessão espírita, sessão do júri, sessão plenária. Observe no exemplo:
    “O presidente da Câmara deu por encerrada a SESSÃO que alterou a lei.”

    REFEM ou REFÉM?
    Vamos para mais uma dica de português!
    A dúvida agora é o uso de uma palavrinha que, volta e meia, aparece no noticiário pronunciada de maneira inadequada.
    Com os sequestros que acontecem todo dia, o coitado do repórter às vezes se atrapalha e diz que foi libertado um "rÉfem", como se a palavra não tivesse acento algum, ou tivesse na primeira sílaba.
    Isso não existe. O certo é REFÉM, com acento agudo na última sílaba.
    Todas as palavras oxítonas (as que têm sílaba tônica na última sílaba) terminadas em EM e ENS recebem acento agudo se tiverem mais de uma sílaba: RECÉM, PORÉM, ALGUÉM, NINGUÉM, ARMAZÉNS, PARABÉNS, (tu) INTERVÉNS, (tu) DETÉNS, etc.
    Observe que as palavras monossílabas (ou seja, que têm uma só sílaba) terminadas em EM e ENS não são acentuadas: BEM, TREM, (ele) TEM, (ele) VEM, etc.
    Portanto nada de sair inventando. "Réfem" não existe, é REFÉM.

    ARREAR ou ARRIAR?
    Qual é a forma correta de dizer: ARREAR (com E) ou ARRIAR (com I)?
    Depende do que você quer dizer, porque os dois estão certos.
    ARREAR significa pôr os arreios. Veja o exemplo:
    “Se vai galopar, não se esqueça de ARREAR a montaria.”
    ARRIAR significa abaixar, descer, pôr no chão. Confira:
    “Rendidos, os rebeldes foram obrigados a ARRIAR as armas.”
    Para não errar mais, pense na seguinte situação: antes de sair a galopar, é preciso ARREAR o cavalo. Quando terminar, é só ARRIAR.

  • Quando você tira 'xerox', qual sílaba é a tônica? Veja a resposta

    Látex ou latex? Xérox ou xerox?
    Temos aqui uma dupla de palavrinhas cuja pronúncia sempre gera confusão. Afinal, aquela substância extraída da seringueira se chama LÁTEX ou LATEX? E a fotocópia, é XÉROX ou XEROX?
    Vamos começar pela primeira. A palavra que designa a matéria-prima da borracha é LÁTEX, com acento agudo no A, é paroxítona, ou seja, a sílaba mais forte é a penúltima: LÁ-tex.
    A forma "latex" não existe, não tem registro.
    LÁTEX também designa um tipo de tinta, usado em paredes.
    Quanto a XÉROX ou XEROX, as duas pronúncias e duas formas de escrever são aceitas, fica a gosto do freguês.
    Essa palavra é um daquelas marcas que acabaram dando o nome ao produto, como gilete, cotonete, bombril etc.
    A pronúncia em inglês é paroxítona (e daí vem XÉROX), mas o produto ficou tão conhecido no Brasil que seu nome foi aportuguesado como oxítona (XEROX).

    Foi diagnosticado com câncer?
    Tem se tornado comum, em manchetes de jornais, internet e até na TV, frases como "Fulano FOI DIAGNOSTICADO com câncer".
    Se você tivesse que relatar essa triste notícia a alguém, diria também que "Fulano foi diagnosticado"?
    Bem, a verdade é que DIAGNOSTICADA É A DOENÇA, não a pessoa, por isso deveríamos evitar dizer que "Fulano foi diagnosticado".
    Vamos olhar no dicionário? O que significa DIAGNOSTICAR?
    É fazer o diagnóstico DE UMA DOENÇA. DIAGNÓSTICO, por sua vez, é a arte de reconhecer A DOENÇA por seus sinais e sintomas.
    Portanto, em vez de dizer que "Fulano foi diagnosticado com câncer", deveríamos dizer que "Fulano RECEBEU O DIAGNÓSTICO de câncer", ou então que "Fulano TEVE O CÂNCER DIAGNOSTICADO", ou ainda que "FOI DIAGNOSTICADO O CÂNCER de Fulano."
    Não que seja errado dizer que "Fulano foi diagnosticado", mas é bom evitar.

    MÚSICO tem feminino?
    Como devemos nos referir a uma mulher que toca algum instrumento?
    Claro, podemos nos basear no instrumento que ela toca. Se toca piano, é pianista, "A" pianista. Caso toque violão, é "A" violonista.
    Quando o profissional é homem, essa dúvida não existe, e nem precisamos saber que instrumento ele toca. Nós o chamamos de "O" músico, e está resolvido.
    Mas dá para chamar a mulher instrumentista de... "A" música? Fica muito estranho, não fica? É capaz de alguém perguntar "que música?", "quem toca?"
    Os dicionários permitem esse uso. Se procurarmos a palavra MÚSICA no dicionário, veremos que também é o feminino de músico.
    Mas também podemos usar a forma "o músico" tanto para homens quanto para mulheres.
    Quando isso acontece, o substantivo é chamado de sobrecomum, isto é, um único gênero que serve aos dois sexos. Observe outros exemplos: a criança, a vítima, o indivíduo, etc.
     
    Encarar de frente?
    Sempre que alguém está em crise, um time de futebol em má fase, uma empresa com dificuldade para saldar os compromissos, lá vem a frase: "É preciso ENCARAR DE FRENTE os problemas" ou então "ENFRENTAR DE FRENTE os problemas".
    O que há de errado nessa frase? Gramaticalmente, nada. Mas, cá entre nós, você conseguiria encarar alguma coisa ou alguém de lado? Ou de costas? E enfrentar? Essa então é terrível, pois ENFRENTAR já tem na origem a palavra FRENTE.
    Isso é uma espécie de PLEONASMO. É a redundância, o excesso de palavras para dizer a mesma coisa.
    Outro exemplo, bastante comum, é SORRISO NOS LÁBIOS. Às vezes, essas duas expressões vêm na mesma frase: "É preciso ENFRENTAR DE FRENTE os problemas, mantendo um SORRISO NOS LÁBIOS". Seria possível sorriso nas orelhas?
    Veja como ficaria a frase sem essas redundâncias: "É preciso enfrentar os problemas mantendo um sorriso."
    Sentiu falta de alguma coisa? Nem eu.

  • Oxítona tem acento? E se terminar em 'i'?

     GARI ou GARÍ?

                       Como você escreve aquela palavra que designa nosso amigo varredor de rua, responsável pela limpeza urbana: GARI (sem acento) ou GARÍ (com acento)?

                       Por ser oxítona (tem acento na última sílaba), muita gente acentua graficamente, para deixar clara a inflexão tônica.

                       Mas nosso sistema ortográfico vigente determina que oxítonas terminadas na letra "I" antecedida de consoante NÃO recebem acento agudo: assim são abacaxi, aqui, juriti, Parati e as formas verbais comi, parti, vivi, bebi, sorri etc.

                       GARI, portanto, NÃO tem acento.

                       Se você tem curiosidade de saber como essa palavra surgiu na nossa língua, saiba que ela vem do nome Aleixo Gary, contratado em 1876 pelo imperador Pedro II para cuidar da limpeza do Rio de Janeiro. Em 1885, Gary criou o primeiro aterro sanitário do Rio, e ficou tão famoso que seu nome passou a designar uma profissão.

     

    ENXADA ou ENCHADA?

                        Nossa dica é para quem gosta de cuidar do jardim e da horta.

                       Se você tiver de escrever sobre aquela ferramenta usada pra cavar, como seria? ENXADA (com X) ou ENCHADA (com CH)?

                       Na grande maioria das vezes, sempre que na palavra houver um som de "CH" após um "EN" (com E e N), o fonema /che/ deve ser escrito com a letra “x”.

                       Dessa forma são escritas palavras como enxurrada, enxame, enxuto, enxergar, enxaqueca, etc. E a nossa enxada não foge à regra: devemos escrever com “x”: ENXADA.

                       Agora, não vá cavar erro à toa: escreva certo, escreva ENXADA, com X.

                       Por outro lado, não podemos esquecer que palavras derivadas de palavras que começam com CH devem ser escritas com CH: cheio = encher, enchimento; charco = encharcar...

Autores

  • Sérgio Nogueira

    Sérgio Nogueira é professor de língua portuguesa formado em letras pela UFRGS, com mestrado pela PUC-Rio. É consultor de português do Grupo Globo.

Sobre a página

O professor Sérgio Nogueira esclarece dúvidas de português dos leitores com exemplos e dicas que facilitam o uso da língua. Mostra erros comuns e clichês que empobrecem o texto.