• Como devo escrever? Florescente ou fluorescente, sínico ou cínico?

    Qual é o plural de júnior e sênior?
    As palavras JÚNIOR, com acento agudo, e SÊNIOR, com acento circunflexo, assim se escrevem porque são paroxítonas terminadas em “R”, como éter, mártir, repórter, caráter...

    Mas e o plural dessas palavras, como fica? O que devemos fazer com o acento? Deixamos ou tiramos?
                       
    Anote aí: tanto JÚNIOR quanto SÊNIOR perdem o acento no plural: JÚNIOR, com acento agudo no U, se torna JUNIORES, sem acento gráfuco. E SÊNIOR, com acento circunflexo no E, se torna SENIORES, sem acento também.
                      
    É importante lembrar que na formação do plural de palavras terminadas em “R”, acrescentamos a desinência “ES”: flor fica flores, açúcar se torna açúcares, repórteres, revólveres...

    Então, por analogia, júnior e sênior vão para o plural, apenas acrescentando ES ao final da palavra.

    A novidade é que tiramos o acento gráfico porque a posição da sílaba tônica muda.

    A pronúncia oficial é seniores e juniores. Tornam-se palavras paroxítonas: a sílaba mais forte está na vogal “o”.

    Florescente ou fluorescente?
    Você sabe me dizer se uma lâmpada é FLORESCENTE, sem U, ou FLUORESCENTE, com U?

    Acertou, se disse FLUORESCENTE, com U!

    Lâmpada FLUORESCENTE, com U, são aquelas lâmpadas econômicas que usamos em casa. O nome vem de fluorescência, que é a capacidade de uma substância de emitir luz ao ser exposta a algum tipo de radiação.

    Mas não pense que a palavra FLORESCENTE, sem U, não existe, porque existe sim e está no dicionário.

    FLORESCENTE vem do verbo FLORESCER e pode ser usada para dizer que alguma coisa ou alguém está FLORESCENDO, ou seja, está em desenvolvimento.

    Entendeu? Então, peça uma lâmpada fluorescente na hora da compra. E diga que a florescente indústria de tecnologias está mudando o mundo.


    Sínico ou cínico?
    Vamos para mais uma dúvida de ortografia.

    Você sabe qual a forma certa: CÍNICO, com C, ou SÍNICO, com S?

    Pois saiba que as duas palavras existem, mas têm significados diferentes.

    Então preste atenção e aprenda quando usar uma e outra:

    1ª) CÍNICO, com C, tem vários significados, entre eles alguém sem escrúpulos, desavergonhado, sarcástico ou que age com sarcasmo:

    “Além de mau-caráter, ele é muito cínico.”

    2ª) SÍNICO com S refere-se a coisas ou pessoas provenientes da China, veja o exemplo:

    “Os produtos sínicos são muito bonitos e baratos”.

    Isso significa, portanto, que “produtos sínicos” é o mesmo que “produtos chineses”.

    Entendeu a diferença? Então tome cuidado, e quando quiser ofender alguém, devemos escrever CÍNICO, com C. Não se confunda.


    Cheque ou xeque?
    Você sabe quando usar a palavra CHEQUE com CH e XEQUE com X?

    Elas têm a mesma pronúncia, mas significados diferentes.

    CHEQUE com CH refere-se a uma ordem de pagamento, é equivalente a dinheiro. Você talvez tenha um talão de CHEQUES por aí, não?  
    Também é a flexão do verbo checar, quando você confere alguma coisa: “É preciso que você CHEQUE se todas as lâmpadas foram desligadas.”

    A palavra XEQUE com X também tem mais de um significado.     

    Pode ser o mesmo que xeique, um chefe muçulmano.

    E pode ser o ataque sofrido pelo rei no jogo de xadrez, como em xeque-mate. E significa uma situação perigosa; uma contrariedade, um risco.

    Então não coloque em xeque (com X) seu conhecimento, busque sempre checar (com CH) como se escrevem as palavras.

    Ao encontro de OU de encontro a?
    AO ENCONTRO DE e DE ENCONTRO A são duas expressões que ouvimos muito todos os dias, mas muita gente se confunde ao usá-las.     

    Então, anote aí:
    1ª) AO ENCONTRO DE passa a ideia de estar de acordo com alguma coisa, de ser favorável a alguma coisa, estar junto a alguma coisa ou alguém. Por exemplo: “Hoje, vou AO ENCONTRO DE Fernanda.”

    2ª) DE ENCONTRO A tem outro significado, quer dizer ir contra alguma coisa ou alguém. Veja este exemplo: “Sua proposta vai DE ENCONTRO Aos interesses da nossa empresa.”

    Tome cuidado para não se confundir e trocar as duas expressões, pois os significados são opostos.

  • Como devo escrever? Segmento OU seguimento, morto OU matado, anexo OU em anexo?

    Segmento OU Seguimento?
    Vamos retomar o assunto das palavras homônimas.
    Lembra-se delas? São aquelas com a mesma pronúncia e/ou a mesma grafia, mas sentidos diferentes.
    É o caso das palavras SEGMENTO - com G seguido do M - e SEGUIMENTO - com GUI antes do M. Elas têm a mesma pronúncia, porém significados bem diferentes.

    Vamos aprender como usá-las:
    1ª) SEGUIMENTO vem do verbo SEGUIR, ou seja, refere-se ao ato de seguir, continuar:
               “Vamos dar seguimento ao projeto para não termos atrasos.”

    2ª) SEGMENTO é sinônimo de SEÇÃO, PARTE:
        “Este SEGMENTO da sociedade precisa de mais cuidados do governo.”

    Ficou claro?
    Então não perca a próxima dica para dar seguimento aos seus estudos.


    MORTO ou MATADO?
    É comum aparecer na TV ou no rádio a expressão “Depois de TER MORTO o ladrão...”.  Mas atenção: isso não é aceitável.

    Saiba por quê:
    Morto e matado são formas do particípio do verbo matar. Porém, devem ser usadas em situações diferentes.
    Nas locuções em que o verbo MATAR vem antecedido dos auxiliares SER ou ESTAR, usamos a forma MORTO:
        “Ele FOI MORTO a tiros.”

    Nas locuções em que o verbo MATAR vem antecedido dos auxiliares TER ou HAVER, usamos a forma MATADO. Por exemplo:
        “Ela foi reprovado porque TINHA MATADO muitas aulas.”
        “Foi condenado porque HAVIA MATADO dois vizinhos.”

    Anexo OU em anexo?
    Você sabe usar a palavra ANEXO da forma correta?
    ANEXO indica ligação e pode ser usado de duas formas: sozinho, como adjetivo; ou na expressão invariável EM ANEXO.

    Confira:
    ANEXO sozinho, como adjetivo deve concordar com o substantivo ao qual está ligado. Por exemplo: "Envio documento ANEXO” ou “As cópias estão ANEXAS”.
    Já a expressão EM ANEXO não varia nem em gênero nem em número, como nos exemplos a seguir:
        “EM ANEXO, estão os comprovantes.”
        “Encaminho as planilhas EM ANEXO.”

    Paraquedista OU para-quedista OU pára-quedista?
    O PARAQUEDAS, aquele artefato que serve para PARAR a queda dos corajosos que pulam com ele nas costas, deve ser escrito de forma diferente depois do acordo ortográfico?

    É verdade. Paraquedas e suas derivadas paraquedista e paraquedismo agora se escrevem tudo junto, sem hífen e sem acento.
    Escreve-se sem acento porque desapareceu o acento diferencial do verbo PARAR na terceira pessoa do singular (ele PARA).

    E sem hífen porque palavras formadas pela justaposição (no caso, o verbo PARAR e o substantivo QUEDA) em que já se perdeu esta ideia de composição: pontapé, girassol,madrepérola... São algumas exceções previstas no novo acordo ortográfico.

    O problema é outras palavras compostas com a forma verbal “para” mantiveram o hífen: para-brisa, para-lama, para-raios...  

    Pizza a domicílio ou em domicílio?
    Vemos muito por aí as expressões EM DOMICÍLIO, com EM, e A DOMICÍLIO, com A. Você sabe quando usar uma ou outra forma?

    Então, vou explicar:
    A expressão A DOMICÍLIO pode ser usada com verbos que indicam movimento, como levar, enviar, trazer... Por exemplo: O restaurante leva almoço A domicílio.

    Na frase: "O restaurante entrega almoço A minha casa", o uso do A não faria sentido. Se fazemos “entregas EM casa”, deveríamos só fazer “entregas EM domicílio”.
    Por isso, a expressão EM DOMICÍLIO deveria ser usada com verbos que não passam ideia de movimento, como entregar.

    A realidade, porém, é que a forma “entrega a domicílio” se consagrou de tal forma que não existe mais o certo e o errado. As duas formas, hoje, são aceitáveis.
    Assim sendo, a pizza pode ser entregue em domicílio ou a domicílio.

  • Reforma ortográfica: o que muda na acentuação (parte 3)

    O acordo ortográfico começou a valer em janeiro para todos os países da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP). Neste mês, destacamos no blog o que mudou e o que não mudou em nosso idioma.


    1.    ACENTUAÇÃO GRÁFICA - parte 3
    A regra do acento diferencial foi parcialmente abolida:

    Como era?
    Recebiam acento gráfico as palavras homônimas homógrafas tônicas (para diferenciar das átonas):
    Ele pára (do verbo PARAR - só a 3ª. pessoa do singular do presente do indicativo);
    Eu pélo, tu pélas e ele péla (do verbo PELAR);
    O pêlo, os pêlos (substantivo = cabelo, penugem);
    A pêra (substantivo = fruta – só no singular);
    O pólo, os pólos (substantivos = jogo ou extremidade).

    Como fica?
    Sem acento gráfico:
    Ele para (do verbo PARAR - 3ª. pessoa do singular do presente do indicativo);
    Eu pelo, tu pelas e ele pela (do verbo PELAR);
    O pelo, os pelos (substantivo = cabelo, penugem);
    A pera (substantivo = fruta);
    O polo, os polos (substantivos = jogo ou extremidade).

    O que não mudou?
    a)    PÔR (verbo – infinitivo): “Ele deve pôr em prática tudo que aprendeu”; POR (preposição): “Ele vai por este caminho”;
    b)    PÔDE é a 3ª pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo: “Ontem ele não pôde resolver o problema”; PODE é a 3ª pessoa do singular do presente do indicativo: “Agora ele não pode sair.”
    Observação:
                       Sugiro que acentuemos fôrma (“fôrma de pizza”), como orienta o dicionário Aurélio e como permite o novo acordo ortográfico, a fim de diferenciar de forma (“forma física ideal”).

    2.    Uso do TREMA (totalmente abolido)
    Como era?
    Usávamos o trema na letra “u” (pronunciada e átona), antecedida de Q ou G e seguida de E ou I.             
    O objetivo do trema era distinguir a letra “u” muda (= não pronunciada) da letra “u” pronunciada:

    QUE = quente, questão, quesito; QÜE = freqüente, seqüestro, delinqüente;
    QUI  = quilo, adquirir, química; QÜI  = tranqüilo, eqüino, iniqüidade;
    GUE = guerra, sangue, larguemos; GÜE = agüentar, bilíngüe, enxagüemos;
    GUI  = guitarra, distinguir, seguinte; GÜI  = lingüiça, pingüim, argüir.

    Palavras que recebiam trema:
    agüentar, argüir, argüição, averigüemos, apazigüemos, bilíngüe, cinqüenta, conseqüência, conseqüente, delinqüência, delinqüente, deságüe, enxágüe, freqüência, freqüente, lingüiça, pingüim, qüinquagésimo, qüinqüênio, qüinqüenal, sagüi, seqüência, seqüestro, tranqüilo...

    Palavras que NÃO recebiam trema:
    adquirir, distinguir, distinguido, extinguido, extinguir, seguinte, por conseguinte, questão, questionar, questionário...   

    Como fica?
    Todas sem trema:
    aguentar, arguir, arguição, averiguemos, apaziguemos, bilíngue, cinquenta, consequência, consequente, delinquência, delinquente, deságue, enxágue, frequência, frequente, linguiça, pinguim, quinquagésimo, quinquênio, quinquenal, sagui, sequência, sequestro, tranquilo.

    Observações:
    a)    Embora o trema não seja mais usado, a pronúncia das palavras que
    recebiam o trema não mudará, ou seja, deveremos continuar pronunciando a letra “u”.
    b)    Não esqueça que jamais houve trema quando a letra “u” estava
    seguida de “o” ou “a”: ambíguo, longínquo, averiguar, adequado...
    c)    Se a letra “u”, antes de “e” ou “i”, fosse pronunciada e tônica, devíamos
    usar acento agudo em vez do trema: que ele averigúe, que eles apazigúem, ele argúi, eles argúem...(No Brasil, averígue e apazígue)
    Este acento também foi abolido: que ele averigue, que eles apaziguem,
    ele argui, eles arguem...
    d)    Palavras com dupla pronúncia (o uso do trema era facultativo):
    antiguidade, antiquíssimo, equidistante, liquidação, liquidar, liquidez, liquidificador, líquido,sanguinário, sanguíneo.
    e)    Também com dupla pronúncia (sempre sem trema):
    Catorze e quatorze
    Cota OU quota
    Cotizar OU quotizar
    Cotidiano OU quotidiano

  • Acordo ortográfico: o que muda a partir deste mês?


    O acordo ortográfico começou a valer em janeiro para todos os países da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP). Neste mês, destacamos no blog o que mudou e o que não mudou em nosso idioma.

    1. ACENTUAÇÃO GRÁFICA – parte 2

    As regras que sofreram alguma alteração.

    B) – Regras especiais

    1ª) Regra dos hiatos (abolida pela reforma ortográfica):

    Como era?
    Todas as palavras terminadas em “oo(s)” e as formas verbais terminadas em “-eem” recebiam acento circunflexo:
    vôo, vôos, enjôo, enjôos, abençôo, perdôo; crêem, dêem, lêem, vêem, relêem, prevêem.

    Como fica?
    Sem acento:
    voo, voos, enjoo, enjoos, abençoo, perdoo; creem, deem, leem, veem, releem, preveem.

    O que não muda?
    a)    Eles têm e eles vêm (terceira pessoa do plural do presente do indicativo dos verbos TER e VIR);
    b)    Ele contém, detém, provém, intervém (terceira pessoa do singular do presente do indicativo dos verbos derivados de TER e VIR: conter, deter, manter, obter, provir, intervir, convir);
    c)    Eles contêm, detêm, provêm, intervêm (terceira pessoa do plural do presente do indicativo dos verbos derivados de TER e VIR).

    Como fica?

    ELE/ELA        ELES/ELAS        ELE/ELA        ELES/ELAS
    -ê                    -eem                   -em/-ém         -êm
    crê                  creem                  tem                têm
    dê                   deem                   vem               vêm
    lê                     leem                   contém          contêm
    vê                    veem                  provém          provêm


    2ª) Regra do “u” e do “i” (parcialmente abolida):

    O que não mudou?
    As vogais “i” e “u” recebem acento agudo sempre que formam hiato com a vogal anterior e ficam sozinhas na sílaba ou com “s”:
    Gra-ja-ú, ba-ú, sa-ú-de, vi-ú-va, con-te-ú-do, ga-ú-cho, eu re-ú-no, ele re-ú-ne, eu sa-ú-do, eles sa-ú-dam;

    I-ca-ra-í, eu ca-í, eu sa-í, eu tra-í, o pa-ís, tu ca-ís-te, nós ca-í-mos, eles ca-í-ram, eu ca-í-a, ba-í-a, ra-í-zes, ju-í-za, ju-í-zes, pre-ju-í-zo, fa-ís-ca, pro-í-bo, je-su-í-ta, dis-tri-bu-í-do, con-tri-bu-í-do, a-tra-í-do...

    Observações:
    a)     A vogal “i” tônica, antes de “NH”, não recebe acento agudo: rainha, bainha, tainha, ladainha, moinho...
    b)    Não há acento agudo quando o “u” e o “i” formam ditongo e não hiato: gra-tui-to, for-tui-to, in-tui-to, cir-cui-to, mui-to, sai-a, bai-a, que eles cai-am, ele cai, ele sai, ele trai, os pais...
    c)    Não há acento agudo quando as vogais “i” e “u” não estão isoladas na sílaba: ca-iu, ca-ir-mos, sa-in-do, ra-iz, ju-iz, ru-im, pa-ul...

    O que mudou?
    Perdem o acento agudo as palavras em que as vogais “i” e “u” formam hiato com um ditongo anterior: fei-u-ra, bai-u-ca, Bo-cai-u-va, Guaiba, Guaira...

    Como era/ como fica?
    Feiúra – feiura;
    Baiúca – baiuca;
    Bocaiúva – Bocaiuva:

    3ª) Regra dos ditongos abertos “éu”, “éi” e “ói” (parcialmente abolida):
    Como era?
    Acentuavam-se todas as palavras que apresentam ditongos abertos:
    ÉU: céu, réu, chapéu, troféus...
    ÉI: papéis, pastéis, anéis, idéia, assembléia...
    ÓI: dói, herói, eu apóio, esferóide...

    Observações:
    a)    Não se acentuam os ditongos fechados:
    EU: seu, ateu, judeu, europeu...
    EI: lei, alheio, feia...
    OI: boi, coisa, o apoio...
    b)    No Brasil, colmeia e centopeia são pronunciados com o timbre aberto.   
     
    O que mudou?
    Perdem o acento agudo somente as palavras paroxítonas: ideia, epopeia, assembleia, jiboia, boia, eu apoio, ele apoia, esferoide, heroico...

    O que não mudou?
    O acento agudo permanece nas palavras oxítonas: dói, mói, rói, herói, anéis, papéis, pastéis, céu, réu, troféu, chapéus...

  • Acordo ortográfico: o que muda a partir de 16 de janeiro?

    A partir de 16 de janeiro o acordo ortográfico começa a valer para todos os países. Neste mês de janeiro, destacamos no blog o que mudou e o que não mudou.

    1.    ACENTUAÇÃO GRÁFICA

    As regras básicas NÃO foram alteradas.

    Posição da sílaba tônica:
    1)    Proparoxítona (sílaba tônica na antepenúltima): lido;
    2)    Paroxítona (sílaba tônica na penúltima): palito;
    3)    Oxítona (sílaba tônica na última): pale.

    Uso dos acentos gráficos:

    A)    - Regras básicas (nada muda com a nova reforma ortográfica):

    1ª) Proparoxítonas – TODAS recebem acento gráfico:
    máximo, cálice, lâmpada, elétrico, estatística, ínterim, álcool, alcoólico...

    Observações:
    a)    déficit (forma consagrada) OU défice (forma aportuguesada registrada no VOLP) OU deficit (forma latina = sem acento gráfico);
    b)    habitat, sub judice, per capita (formas latinas);
    c)    récorde (usual, mas sem registro nos dicionários e no Vocabulário Ortográfico da ABL) ou recorde (forma registrada).

    2ª) Paroxítonas – Só recebem acento gráfico as terminadas em:

    ã(s) – ímã, órfã, ímãs, órfãs;
    ão(s) – órfão, bênção, órgãos, órfãos;
    i(s) – táxi, júri, lápis, tênis;
    (u)s – jiu-jítsu, vírus, bônus, ânus, Vênus;
    um, uns – álbum, álbuns, quórum, fórum, fóruns;
    om, ons – iândom, rádom, íons, prótons, nêutrons;
    ps – bíceps, tríceps, fórceps;
    R – éter, mártir, açúcar, júnior, Méier, blêizer, destróier;
    X – tórax, ônix, látex, Fênix;
    N – hífen, pólen, próton, elétron, herôon;
    L – túnel, móvel, nível, amável;
    ditongos – secretária, área, cárie, séries, armário, prêmios, arbóreo, água, mágoa, tênue, mútuo, bilíngue, enxáguem, deságuam...

    Observações:
    Não recebem acento gráfico as paroxítonas terminadas em:
    a(s) – bola, fora, rubrica, bodas, caldas;
    e(s) – neve, aquele, cortes, dotes;
    o(s) – solo, coco, sapato, atos, rolos;
    em, ens – nuvem, item, hifens, ordens;
    am – falam, estavam, venderam, cantam.  
     

    3ª) Oxítonas – Só recebem acento gráfico as terminadas em:

    a(s) – sofá, atrás, maracujá, babás, dirá, falarás, encaminhá-la, encontrá-lo-á;
    e(s) – café, pontapés, você, buquê, português, obtê-lo, recebê-la-á;
    o(s) – jiló, avô, avós, gigolô, compôs, paletó, após, dispô-lo;
    em, ens – além, alguém, também, parabéns, vinténs, ele intervém, tu intervéns.

    Observações:
    Não recebem acento gráfico as oxítonas terminadas em:
    i(s) – aqui, saci, Parati, anis, barris, adquiri-lo, impedi-la;
    u(s) – bauru, urubu, Nova Iguaçu, Bangu, cajus, expus;
    az, ez, oz – capaz, rapaz, talvez, xadrez, atroz, arroz;
    or – condor, impor, compor;
    im – ruim, assim, folhetim.


    4ª) Monossílabas – Só recebem acento gráfico as palavras tônicas (substantivos, adjetivos, verbos, pronomes, advérbios, numerais) terminadas em:

    a(s) – pá, gás, má, más, ele dá, há, tu vás, dá-lo, já, lá;
    e(s) – fé, ré, pés, mês, que ele dê, ele vê, vê-los, tu lês, três;
    o(s) – pó, dó, nó, nós, cós, vós, pôs, pô-lo.

    Observações:
    a)    Não recebem acento gráfico os monossílabos tônicos terminados em:
    i(s) – ti, si, bis, quis;
    u(s) – tu, cru, nus, pus;
    az, ez, oz – paz, traz, fez, vez, noz, voz;
    or – cor, for, dor;
    em, ens – bem, sem, trens, ele tem, ele vem, tu tens, tu vens.

    b)    Não recebem acento gráfico os monossílabos átonos:
    artigos definidos: o, a, os, as;
    conjunções: e, mas, se, que;
    preposições: a, de, por;
    contrações (combinações): da, das, no, nos;
    pronome relativo: que.

    c)    A palavra QUE recebe acento circunflexo, quando substantivada ou no fim de frase, já que se torna uma palavra tônica:
    As crianças tinham um quê todo especial.
    Procurava não sabia o quê.
    Ele viajou por quê?

  • Dizer 'repetir de novo' é uma redundância?


    Repetir de novo?


    Nossa dúvida agora é sobre o uso do verbo REPETIR, que provoca  dor de cabeça em muita gente.
    Recentemente, um locutor de futebol, narrando uma partida, disse o seguinte: "O árbitro, acertadamente, mandou o atacante REPETIR DE NOVO a cobrança do pênalti".
    O pênalti já havia sido cobrado, mas o árbitro viu uma irregularidade e mandou repetir. Nesse caso, "repetir de novo" é desnecessário, é redundante, pois só houve uma repetição.
    Se fosse a terceira cobrança (duas repetições), aí sim o locutor teria razão, pois o árbitro realmente teria mandado REPETIR DE NOVO (três cobranças, sendo duas repetidas) a cobrança do pênalti.
    Ainda no caso de terceira cobrança, seria inaceitável dizer que "o atacante repetiu três vezes a cobrança do pênalti", pois só houve duas repetições.
    Ou se diz "bateu o pênalti três vezes" ou então "repetiu duas vezes a cobrança do pênalti".

    Ele tinha VIDO ou VINDO para o Rio de Janeiro?

    O problema de hoje é o particípio do verbo VIR e seus derivados
    O gerúndio é fácil: VINDO. Veja o exemplo:
    “Ela telefonou, dizendo que ESTÁ VINDO à reunião.”
    Mas, e o particípio?
    Uma peculiaridade do verbo VIR (e seus derivados, ADVIR, PROVIR, CONVIR, INTERVIR) é que o gerúndio e o particípio são iguais. Acompanhe os exemplos:
    “Ele tinha VINDO para o Rio de Janeiro”.
    “Eles tinham VINDO de outra empresa.”
    Se o particípio do verbo VIR é VINDO, os derivados seguem o verbo primitivo:
    “Quando chegou a solicitação do presidente, o diretor já havia INTERVINDO no caso.”
    “Descobriu que a epidemia tinha PROVINDO da falta de saneamento no local.”


    Eu VALHO ou VALO?

    Agora observaremos o uso de um verbo que faz muita gente se engasgar na hora de conjugar. É o verbo VALER.
    Como você diria: “Vou pedir aumento porque VALO (com L-O) ou porque VALHO (com L-H-O) mais do que eu ganho?”
    Pode parecer estranho, mas o certo é VALHO.
    O verbo VALER é considerado irregular justamente por apresentar LH na 1ª pessoa do singular do presente do indicativo.
     Consequentemente, todo o presente do subjuntivo também tem LH. Acompanhe os exemplos:
    “Invista num negócio que VALHA a pena.”
    “Mesmo que aquelas terras VALHAM tudo isso, ninguém tem tanto dinheiro.”
    “Só 1 milhão? – disse o astro do filme. – Eu VALHO mais que isso!”
    Portanto, se você pretende mesmo pedir aquele aumento, diga EU VALHO, caso contrário, seu aumento ficará mais difícil...
    É importante lembrar que o verbo EQUIVALER, derivado de VALER e que significa “valer igual”, deve seguir a conjugação do verbo primitivo. Isso significa que a forma correta é EQUIVALHA:

    A PRINCÍPIO ou EM PRINCÍPIO?

    O problema agora é o uso de uma expressão que aparece em várias situações, mas que confunde muita gente. Na verdade, são duas expressões.
    Como você diz: A PRINCÍPIO ou EM PRINCÍPIO?
    As duas expressões existem, e não há erro nelas. O problema está no uso de cada uma, pois elas tinham significados diferentes.
    A PRINCÍPIO (com preposição A) significa "inicialmente", "num primeiro momento". Veja o exemplo:
    “A PRINCÍPIO (ou seja, no início da investigação), a polícia não tinha pistas do assassino.”
    “A PRINCÍPIO (ou seja, inicialmente), os alunos devem ficar no pátio e aguardar a chamada.”
    Já a expressão EM PRINCÍPIO (com preposição EM) significava somente "em tese", "teoricamente", "por convicção". Acompanhe:
    “EM PRINCÍPIO (equivale a “em tese” ou "por convicção"), sou contra a pena de morte.”
    “EM PRINCÍPIO (isto é, teoricamente), o medicamento começa a fazer efeito após duas horas.”
    A realidade, porém, é que a expressão EM PRINCÍPIO é, hoje em dia, muito usada com o sentido de “inicialmente, num primeiro momento”. O uso se consagrou de tal forma que os novos dicionários já registram EM PRINCÍPIO como sinônimo de A PRINCÍPIO.
    Em nome da clareza, podemos evitar as duas formas. Se a ideia for de “início, começo”, podemos usar NO PRINCÍPIO (ou inicialmente, ou no começo); se a ideia for de “em tese, teoricamente, por valores”, sugiro que se use a forma POR PRINCÍPIOS.

Autores

  • Sérgio Nogueira

    Sérgio Nogueira é professor de língua portuguesa formado em letras pela UFRGS, com mestrado pela PUC-Rio. É consultor de português do Grupo Globo.

Sobre a página

O professor Sérgio Nogueira esclarece dúvidas de português dos leitores com exemplos e dicas que facilitam o uso da língua. Mostra erros comuns e clichês que empobrecem o texto.