“Governo está com dificuldade para colocar em votação a Previdência, e, pelo visto, de não colocar também”, disse o economista de uma grande instituição financeira ao Blog, depois que o presidente Michel Temer desmentiu o senador Romero Jucá sobre a votaçao da reforma da previdência.
 
Mal deu tempo de apurar com economistas e operadores de mercado o que poderia acontecer com adiamento da votação e já voltou tudo como era antes, ou seja, sem definição. A não definição já está praticamente “precificada” no mercado. Nos últimos dois meses a correção de preços, destaque para bolsa de valores e dólar, foi relativamente forte.
 
A Bovespa, que experimentou os 78 mil pontos, voltou para os 72 mil e deve ficar por aí até inicio do próximo ano. O dólar, que bateu R$ 3,09 em setembro, subiu para a casa dos R$ 3,38 e tudo indica que permanecerá mais caro no período. Se um milagre acontecer e a reforma for votada este ano, daí serão outros quinhentos. Enquanto a briga continuar em Brasília, a volatilidade seguirá ditando os mercados, mesmo que em menor intensidade.
 
“Foco agora é total nas eleições! O cenário macro da economia nos próximos 12 meses já está definido. A eleições sempre foram mais importantes que a Previdência e a proposta discutida é tímida, o próximo presidente terá que fazer outra. As questões agora são: Lula será ou não condenado? Alckmin fecha um acordo com o PMDB? Meirelles sai candidato? Mercados só vão olhar isso”, disse um experiente economista de um banco brasileiro.
 
Eu liguei para um alto executivo de uma das maiores instituições do país e ouvi dele um longo suspiro quando perguntei sobre o que esperar do comportamento do mercado diante deste quadro estapafúrdio. O suspiro dele diz tudo, desde a frustração com o tratamento dos políticos dado a um tema tão sério e relevante, até um cansaço real de viver no sobe-e-desce, no vai-não-vai.
 
“É frustrante ver como tantas concessões foram dadas, como o Funrural e o Refis para MPE’s e o compromisso com a reforma da Previdência, que é uma questão séria ao país, sendo tratado dessa forma. O relevante a partir de agora serão as eleições, quem serão os candidatos, tudo que gira em torno delas. Isto que vai fazer preço no mercado”, avaliou a fonte.
 
O mercado pede folga. A volatilidade excessiva causa distorções na formação dos preços dos ativos. Faz muita gente perder dinheiro – e outros ganharem, mas estes apostam contra tudo e não são a maioria. Aliás, acho que o país todo pede esta folga.