17/12/2015 05h45 - Atualizado em 17/12/2015 15h37

Idoso põe espelho em 'pau de selfie' para procurar focos de dengue no DF

Agente de saúde patenteou invenção, que custa R$ 50 para ser produzida.
DF tem 9,3 mil casos de dengue, 234 de chikungunya e 9 de microcefalia.

Raquel MoraisDo G1 DF

Agente de saúde usa espelho acoplado a 'pau de selfie' para procurar por larvas de mosquito da dengue no DF (Foto: Renan Ribeiro/Arquivo Pessoal)Agente de saúde usa espelho acoplado a 'pau de selfie' para procurar por larvas de mosquito da dengue no DF (Foto: Renan Ribeiro/Arquivo Pessoal)

O agente de saúde Sebastião Cardoso Anunciação, de 70 anos, misturou criatividade e baixo custo e passou a usar o "pau de selfie" como ferramenta no combate ao mosquito Aedes aegypti no Distrito Federal. A picada do inseto transmite vírus que provocam dengue, febre amarela, chikungunya, microcefalia e Guillain-Barré. Com um espelho acoplado ao local onde geralmente se colocam celulares, o idoso consegue enxergar larvas em brechas no oco de árvores e em cima de paradas de ônibus.

A criação tem dez meses e poupou até mesmo machucados. O homem trabalha em área rural e costuma percorrer a pé todos os dias dois quilômetros às margens da BR-060, que liga a capital do país a Goiânia (GO), em busca de criadouros do mosquito.

Equipamento, que foi batizado de focalizador, é usado para identificar focos de dengue no DF (Foto: Renan Ribeiro/Arquivo Pessoal)Equipamento, que foi batizado de focalizador, é usado para identificar focos de dengue no DF (Foto: Renan Ribeiro/Arquivo Pessoal)

"[Como surgiu?]  Foi necessidade, luta de cada dia, dificuldade de localizar as larvas. A escada já quebrou comigo uma vez, já levei tombos", lembra. "O primeiro fiz pegando um espelho de plástico de supermercado e parafusando uma dobradiça em um cabo de madeira. Depois fui aperfeiçoando. Arrumei um bastão que já vem com a moldura pronta e colei o espelho, ficou melhor, mais acabado."

Desde que adotou o "focalizador" no trabalho, Anunciação conta já ter identificado 240 focos do Aedes aegypti. Colegas gostaram da ideia e também pediram um exemplar da ferramenta. O idoso confeccionou cem, cada um ao custo de R$ 50, e prevê fazer mais 180 para outros agentes de saúde. Ele registrou a patente do produto.

"É um serviço muito bem feito, muito bem acabado", afirma. "[É muito bom] Para enxergar água parada em laje. Você põe ali em cima, vê pelo espelho, você pode regular [a extensão do cabo] e ver de fora a fora o telhado de uma casa."

Agente de saúde usa espelho acoplado a 'pau de selfie' para procurar por larvas de mosquito da dengue no DF (Foto: Renan Ribeiro/Arquivo Pessoal)Agente de saúde usa espelho acoplado a 'pau de selfie' para procurar por larvas de mosquito da dengue no DF (Foto: Renan Ribeiro/Arquivo Pessoal)

O homem diz se preocupar com a propagação das doenças. O DF registrou até 9 de dezembro 9,3 mil casos de dengue, 234 de chikungunya e 9 de microcefalia (em apenas 1 há confirmação de ligação com o zika vírus, transmitido pelo mosquito e que também causa Guillain-Barré).

A ação nas ruas é feita por 972 agentes da Vigilância Ambiental, 150 militares do Exército e da Marinha e 100 bombeiros. "É muito importante cada um ter um ['focalizador'] para que a gente reduza os índices dessas coisas que a gente vê aí", declarou Anunciação.

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