Moto-esqueleto customizaçãoDeixar a moto do seu jeito, ao seu gosto, a “sua cara”. Esta não é uma tendência nova mas recentemente vem ganhando força, cada vez mais espaço. Para falar desse mundo efervescente onde preservar a originalidade não é a praia, escolhemos três tipos tipos de personagens-motociclistas. Veja em qual deles você se encaixa.

TIPO 1, VISUAL TOTAL: Ah, o charme da customização! A palavrinha é batida, remete sempre à busca de uma aparência exclusiva, diferente de todas as outras motos. Caçar uma nova e singular identidade visual para a motocicleta é o alvo e nesse “Tipo 1” se encaixam não apenas os clássicos donos das custom (a mãe deste estilo de moto é a americaníssima Harley-Davidson) como também os cada vez mais numerosos fãs das café-racers.

Essa “religião” prevê mandamentos simples mas rígidos. Primeiro deles é o desprezo à originalidade. A moto 0 km que acaba de chegar a garagem da casa precisa ser imedatamente “exorcizada” de suas características comuns.

É um rito de passagem que tanto pode ocorrer com a troca de um simples par de pedaleiras por outro mais “style” como desencavar do armário de tralhas o lendário par de semiguidões da moto de seu avô que há 50 ou mais anos esperam para voltar à ativa. Radicalismo faz parte do  mundo do Tipo 1. Serrar o subchassi para encaixar um banco diferente ou uma rabeta monoposto? Pode!Moto ouro customização

 Lixar o tanque arrancando a tinta para que a ferrugem seja a cor predominante, no melhor estilo rat-bike? Pode! E na direção oposta, também é autorizado folhear a ouro o quadro ou comprar logotipos cravejados de perdas sempireciosas no melhor estilo custom-ostentação. Bom ou mau gosto para os customizadores ou café-racers lovers são conceitos individuais.

Meu conselho, qualquer que seja a atitude, tendência ou gosto, é não perder de vista a funcionalidade: deixar a moto legal de olhar, atraente, chamativa, impressionante; mas sem matar a maneabilidade, a capacidade de frear, curvar e acelerar. Ou seja, deixar a moto boa para andar e não só olhar.

TIPO 2, RACING PRO: Esta turminha em vez da caça à individualização estética prefere fuçar, alterar a parte técnica. Performance é o nome de seu Deus e extrair o máximo tanto do motor como da parte ciclística (freios, suspensões, chassi) é um objetivo de vida.

A boa aparência até pode até ser uma consequência do trabalho, mas não seu objetivo principal, que é a busca de mais esportividade. A timidez no começo – substituir apenas a ponteira de escape por exemplo – pode dar lugar à uma grave evolução da “doença”, a obsessões caras e complexas, como substituir todo o sistema de escapamento por um feito do leve e caríssimo titânio.

E como se fosse um tumor, a coisa se espalha: do escape a rodas mais leves, calçadas com pneus chiclete, passando por freios de especificação superplus e, finalmente, ele, o motor. Aumento da capacidade cúbica, algo que no passado era comum, hoje é mais raro pois compensa mais buscar mais cavalos atuando em aparatos eletrônicos, reprogramando a ECU, o cérebro que comanda parâmetros ligados a gestão da alimentação e etc.
Ducati PanigaleCaríssimas são as alterações que envolvem suspensões, onde para se ter um click aqui e outro acolá determinando mais isso ou menos aquilo (compressão, retorno…) é preciso cifras que muitas vezes superam o valor da moto original, acredite.

Meu conselho: seja qual for o poder da conta bancária, raciocinar sobre a efetiva possibilidade de usar a melhor performance é exercer sabedoria. Em geral, as superesportivas atuais já tem um nível de desempenho que está bem além da maioria da capacidade dos pilotos. Melhorá-las tecnicamente não é, porém, errado nem impossível. Mas seja honesto com pelo menos duas realidades: seu talento, sua capacidade de desfrutar das melhorias e a condição para uso. Para andar na pista de vez em quando, ok. Para apavorar (e se apavorar) na estrada, melhor não exagerar nem na fuçada, nem na animação… 

TIPO 3, PRÁTICOS: Este terceiro grupo tem menos charme, é menos vistoso mas talvez seja o mais disseminado. Trata-se da turma que quer simplesmente ajustar a suas necessidades detalhes da moto que tanto podem ser de ordem estética quanto prática. Neste segmento de motociclistas se encaixam vários “personagens”.

Pode ser desde o motociclista que instala um baú na rabeta para carregar pequenas tralhas como também o praticante de fora de estrada em fins de semana, que sem bala para ter uma moto específica para a trilha ajusta a sua trail para diversão sem chateação, percebendo a possibilidade de melhorar detalhes que tanto podem ser relacionados à utilização prática como para preservar a integridade da máquina. Exemplo?

Trocar manetes de freio e embreagem por outros que tanto podem ser mais robustos como menores, dobráveis e… mais resistentes às quedas. Encapar o tanque com adesivo é coisa antiga mas eficaz, e o mesmo se aplica a instalar uma cinta na rabeta para a eventualidade de ter de desatolar a moto.Moto com baú
Já os que terra não gostam de ver nem em fotografia poderão optar por outro gênero de mudanças de ordem prática, que podem ir desde um assento mais adequado à pernas curtas como espelhos retrovisores de outro formato e/ou altura, passando por guidões assim-assado, pedaleiras assado-assim ou aparatos de conforto/proteção como parabrisas, protetores de mão e reforço no aparato de iluminação. Tudo visando a melhora da utilização, enfim.

Meu conselho: respeitar especificações e leis. No caso do baú traseiro, saber quanto que o fabricante do acessório recomenda em termos de peso máximo é meio caminho andado para não ter dor de cabeça. A outra metade é ler o manual da moto e saber quanta massa e onde pode ser instalada na traseira sem que exista prejuízo da maneabilidade e segurança. Sensibilidade para avaliar o que muda quando componentes cruciais (os manetes!) são trocados é mais que óbvio.

Enfim, seja qual for o tipo de motociclista, 1, 2 ou 3, é brutalmente importante lembrar sempre que exagero, em qualquer coisa, seja de ordem estética, técnica ou prática é sempre isso mesmo, um exagero.

VEJA DICAS DE COSTUMIZAÇÃO EM MOTOS DE BAIXA CILINDRADA:



FOTOS: Onno Wieringa / Frank Sander/ Divulgação / Marcelo Camargo/Agência Brasil